terça-feira, 29 de setembro de 2009

O sonho de Borges e o nosso

Neste dia 29 de setembro, a lição de número 272 nos convida a refletir a respeito das ilusões que criamos e construímos para a satisfação do ego, neste mundo de formas e sentidos. E a pergunta/ideia para as práticas é bem clara: Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus? Eu diria que, se pensarmos bem, as ilusões não satisfazem nem mesmo o ego. Ou já não nos apercebemos de que os egos não se satisfazem com nada? Querem sempre mais. Sonham sempre mais.

Agora, em se tratando deste mundo, existe alguma coisa além da ilusão? Do sonho? Em um poema intitulado Descartes, Jorge Luis Borges, o grande poeta argentino, e desculpem-me se me alongo nesta introdução, mas creio que vale a pena pensar um pouco mais a respeito do que imaginamos ser o mundo, diz o seguinte:

Sou o único homem sobre a terra e talvez não exista terra nem homem.
Talvez um deus me engane.
Talvez um deus tenha-me condenado ao tempo, essa longa ilusão.
Sonho a lua e sonho meus olhos, que percebem a lua.
Sonhei a tarde e a manhã do primeiro dia.
Sonhei Cartago e as legiões que desolaram Cartago.
Sonhei Lucano.
Sonhei a colina do Gólgota e as cruzes de Roma.
Sonhei a geometria.
Sonhei o ponto, a linha, o plano e o volume.
Sonhei o amarelo, o azul e o vermelho.
Sonhei minha enfermiça infância.
Sonhei os mapas e os reinos e aquele duelo ao alvorecer.
Sonhei a inconcebível dor.
Sonhei minha espada.
Sonhei Elizabeth da Boêmia.
Sonhei a dúvida e a certeza.
Sonhei o dia de ontem.
Não tive ontem, talvez; talvez não tenha nascido.
Quem sabe eu sonhe ter sonhado...

Dando sequência à parte introdutória e tema central desta nova série de lições, conforme prometi ontem, vamos ao segundo paráfrafo do texto, que buscando responder à pergunta: O que é o Cristo? e diz o seguinte [amanhã teremos o terceiro paráfrafo]:

2. Cristo é o elo que te mantém uno com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está; aonde todas as decisões já foram tomadas e os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois, embora Seu Pai tenha posto n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, do mesmo modo que Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

Lembrando que as práticas de cada lição em cada série pedem que estudemos o tema que as unifica, a lição de hoje se apresenta assim:

Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus?

1. Pai, a verdade me pertence. Meu lar está estabelecido no Céu por Tua Vontade e pela minha. Sonhos podem me satisfazer? Ilusões podem me trazer felicidade? O que, a não ser a lembrança de Ti, pode satisfazer Teu Filho? Não aceitarei nada menos do que Tu me deste. Estou cercado por Teu Amor, sereno para sempre, eternamente bondoso e seguro para sempre. O Filho de Deus tem de ser tal qual Tu o criaste.

2. Hoje não tomaremos conhecimento das ilusões. E, se ouvirmos a tentação nos chamar para pararmos e nos demorarmos em um sonho, nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, poderíamos nos contentar com sonhos, quando tão facilmente quanto o inferno podemos escolher o Céu, e o amor substituirá todo o medo com alegria.

5 comentários:

  1. Tive dificuldades para postar ...

    Ontem, tive o que poderia chamar de um exercício de " visão" e que gostaria de compartilhar.

    A noite,acabei lendo as últimas lições juntas, sobre as expectativas e quem é Cristo, antes de desligar o computador e ligar a tv.
    Nesta parei na Discovery, onde se iniciava um documentário sobre os criminossos de guerra nazistas, perseguidos por sobreviventes judeus, voluntários solidários e investigadores ( e autoridades ), numa busca frenética e cheia de esperança de encontra-los, para que a justiça fosse feita. Ainda com as lições em mente, tive um "estalo", durante a sua apresentacão, com todo aquele horripilante cenário do holocausto, com milhares de corpos mortos em valas, câmaras de gás, incineradores etc... e a narrativa das ações dos mais cruéis e principais " assassinos nazistas procurados" do alto escalão.
    Ali me fiz uma pergunta:- Se Jesus, estive em corpo entre nós hoje, e encontrasse um desses criminosos, ele o teria entregado as autoridades, para que se fosse feita a justiça e cumprida suas devidas punições ? Como qualquer um de nós desejaria fazer em nossa interpretação mundanda desses horrores ?
    A resposta me veio clara, NÃO ! E porque ele, na sua Visão Crística, primeiramente não teria visto o " criminoso", mas apenas o verdadeiro ser por trás deste, o irmão santo, experimentando suas escolhas insanas dentro desse "sonho-pesadelo". No seu reconhecimento da Verdade, em Amor, ele saberia da irrealidade de tudo. No máximo teria repetido sua frase, _ Perdoai Pai, eles não sabem o que fazem ! - e reensinado o perdão, não ao criminoso, mas em nós mesmos, na parte de nós que está "doente dessa insanidade " e precisando de cura, pois só através do perdão, esta cura é possível.

    Nisso, percebi a paz que essa escolha tras, provei desse vislumbre por um instante com a certeza de que isso é mais que possível, é certo, e como essa escolha é capaz de eliminar completamente qualquer expectativa, e junto todos os sofrimentos oriundos dela, como o que percebi nos buscadores de seus assassinos, com suas indignações pelos que sairam ilesos à justiça, e a angústia que eles transpareciam por isso...ou seja, porque passaram anos a fio de suas vidas imersos nessa busca incessante, " sem paz" na incapacidade de perdoar tamanhas atrocidades, aliás, com um resultado bem longe do que esperavam. E percebi que, assim como nesse caso, o fazemos em praticamente todos os outros, em nosso dia a dia, onde criamos uma 'realidade" e acreditamos nela, no que "decidimos" que é certo, ou errado, bom ou mal, escolhendo sempre no dual, o que queremos ou não, e nos lotando de expectativas dos resultados dessas escolhas, que praticamente nunca, como bem disse Moisés, nos satisfazem plenamente, além de sempre nos levarem a mais desejos e idéias de necessidades e outras expectativas.

    Resumo da ópera: - Jesus através do curso nos ensina o caminho da paz que buscamos tanto, mais que isso, o caminho da cura verdadeira de todos os tipos de infortúnios que podemos imaginar, e que tanto nos atormentam. E para isso só é necessário um gesto, o da escolha. Como diz a lição de hoje, que complementa as anteriores.
    Temos as opções do céu ou do inferno em nossas mãos, mas a pergunta é, o quanto realmente queremos abandonar todas nossas crenças adquiridas e experimentadas como "reais" ao qual estamos tão acostumados ou "viciados", mesmo não sendo o que queríamos, por uma nova realidade, a de um mundo justo, bom, amoroso e cheio de paz e fazer esse sonho, feliz... perfeitamente possível na promessa de Jesus. Uma escolha que podemos fazer diariamente, transformando essa falsa realidade dia a dia, até que alcancemos essa paz tão almejada.

    Continua.....

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  2. Cito aqui um exemplo do quanto somos capazes,de "escolher e realizar", atravéz da vontade, que nos leva a enormes dedicação e empenho, exemplificando com uma de nossa acões mais comuns.

    Alguém nos diz num determindado ponto de nossas vidas, que devemos estudar e nos formar em alguma profissão, para "sermos alguém na vida". Adotamos isso como verdadeiro, e passamos do primário de nossa infancia até a nossa formacão numa faculdade, estudando de 4 à 5 hs por dia numa sala de aula, diariamente, dia após dia, ano após ano, além de ter que estudar e fazer trabalhos em casa, para atingir essa meta e obtermos nosso "diploma".
    Isso representa quase 15 anos de nossas vidas dedicadas à estudos e exercícios, e mesmo não gostando de todo esse trabalho, o fazemos, porque acreditamos na meta, e no retorno que ela nos dará.
    Deste outro lado onde buscamos soluções e ou curas para vários problemas ou dilemas em nossas vidas, mesmo sabendo como faze-lo, por termos todo o ensinamento disponível para isso, não conseguimos o mesmo empenho nem a mesma dedicação, para atingir essa meta-feliz.
    Isso porque esse caminho que temos em mãos, através do curso, nos pede apenas alguns minutos de nosso dia, ou momentos de introspecção e contato como quem realmente somos.
    Porque ainda resistimos tanto a tão pouco,
    se já fomos capazes de esforços muito maiores ?
    E para obter uma meta que pode ter nos dado algum momento de felicidade, mas que nunca foi capaz de mante-la ?
    Deixo estas perguntas:
    O quanto realmente cremos nesse caminho e em seus milagres e o quanto estamos realmente dispostos a alcançar essa meta-feliz ?
    Tanto quanto acreditou que estudar te faz "alguém na vida " ?
    Tente se responder.

    Me perdoem, se cometi algum despropósito...
    E muitíssimo grata, por mais essa oportunidade, que você Moisés e todos os participantes de mais esse espaço em pról de nossa felicidade me oferecem, e a todos, compartilhando, mesmo apenas lendo, com cada um desses exercícios e as preciosas reflexões resultantes destes.

    Muitíssimo grata...
    Carmen.

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  3. Olá Moisés! As vezes também me sinto falando sozinha no meu blog rsrs. Mas tenha certeza que você não está, muito pelo contrário, leio seus posts sempre que possivel, e sinto muita falta quando por algum motivo não consigo entrar na internet! Tenho aprendido muito aqui e também tento repassar tudo o que tenho aprendido. Acredito que quando sou abençoada, não só eu sou abençoada, mas todos ao meu rdor também são! Ou seja, nosso Pai tem uma abundância incrivel de Amor, de saude, de riqueza para todos!
    Gostaria de deixar uma opinião sobre o tema em questão: "O que é Cristo". Para mim, o mais importante acrescentar á lição é que Ele (Cristo) foi Humano! Não foi uma ilusão! Isso torna mais verdade a nossa lição! A sua historia nos mostra que Ele esteve aqui, passou por tudo o que nós passamos e no final obteve a vitoria. Não sei se esse foi o propósito dessa lição! mas foi o que me veio a mente e foi o que eu entendi sobre ela!
    Um grande abraço e Paz!

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  4. Olá,
    Nossa a Carmem arasou heim?
    Gostei do comentário dela, é nos pedido tão pouco, apenas alguns minutos do dia!!
    Quanto ao perdão estou praticando, sem forçar, porque tem que ser de coração, e tem coisas obscuras, que ainda não perdoei, mas quero perdoar de todo coração, só no perdão é possível achar a paz.
    Preciso praticar para trazer para o meu consciente o que preciso perdoar, e perdoar de verdade, para que a vida fique leve!!
    Obrigada!
    BJs

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  5. Obigado, Carmen.

    Obrigado, Cá Almeida. Se pensarmos, de fato, bem profundamente no que o Curso nos ensina, falamos mesmo sozinhos neste mundo. Pois ele é apenas reflexo do que trazemos interiormente. Então, mesmo quando falamos a outro ou outros é a nós mesmos que falamos, não é? Muito louco isso, não?

    Obrigado, Duda. Uma observação. É verdade. Não há que forçar o perdão. Nunca. Mas é bom lembrar que só perdoamos a nós mesmos. Sempre.

    Obrigado por compartilharem.

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