terça-feira, 31 de agosto de 2010

Para voltarmos a ser como as criancinhas

LIÇÃO 243

Não julgarei nada do que acontecer hoje.

1. Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei aquilo que tem de permanecer além de minha compreensão atual. Não pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos de minha percepção, que são tudo o que posso ver. Reconheço hoje que isto é verdadeiro. E, por esta razão, fico desobrigado de julgamentos que não posso fazer. Deste modo, eu me liberto e liberto àquilo que vejo para ficar em paz tal como Deus nos criou.

2. Pai, hoje deixo a criação livre para ser ela mesma. Aceito todas as suas partes, nas quais me incluo. Somos um só porque cada parte contém a memória de Ti e porque a verdade tem de brilhar em todos nós como um só.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para esta terça-feira, dia 31 de agosto, nos remete imediatamente à lição de número 132: Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que ele fosse. Uma lição de importância muito grande para a meta do desaprender aquilo que o mundo nos ensina, que praticamos durante os exercícios da primeira parte deste Livro de Exercícios.

O tema que orienta nossas práticas atuais é: O que é o mundo? Ora, como podemos aprender ou apreender o significado do mundo, se o mantivermos preso a conceitos e pré-conceitos, baseados apenas na experiência de nossas percepções individuais, que mudam tantas vezes quantas mudam as posições de um ponteiro que marca os segundos em um relógio? (Se é que alguém ainda se lembra como é um relógio com ponteiros).

A verdade é que, se estivemos atentos ao trabalho que fizemos durante a primeira parte, aprendemos que ele se destinava a nos ensinar a desaprender os conceitos e pré-conceitos do sistema de pensamento mundano [do ego], que aprendêramos ao longo do tempo. E que continuamos e continuaremos a aprender enquanto ainda influenciados por aquele sistema, vivendo esta experiência, neste mundo.

Ora, só o desaprender de um sistema de pensamento pode ser o facilitador do aprendizado de outro [ou um salto a uma consciência mais abrangente]. É mais ou menos como aquela historinha zen, uma xícara cheia não pode receber mais chá do que sua capacidade, não importa o quanto continuemos a vertê-lo. Para colocar um chá novo e quente é necessário esvaziá-la primeiro.

A ideia que praticamos hoje também tem a ver com a exortação de Jesus a que voltemos a ser como as criancinhas, não no sentido de uma regressão a um estado infantil, mas no sentido de experimentar o mundo e as coisas do mundo sempre como se fora a primeira vez. As criancinhas não têm nenhum pré-conceito. Olham para o mundo com os olhos da inocência. E conseguem se maravilhar com as coisas mais simples, que nós já reputamos corriqueiras. A xícara de sua inteligência continua vazia. Pronta para receber o chá da sabedoria e da informação que se lhes apresente. O tempo não tem significado para elas. Seu maravilhar-se com a vida e com as formas que a vida lhes revela é sempre novo. E se renova a cada instante, a cada experiência, a cada descoberta.

O segredo [se é que existe algum] de que nos esquecemos - por acumularmos conceitos e pré-conceitos ao longo de nossa jornada, sem os descartamos a cada passo na direção do novo - é a prontidão que as crianças têm para aprender. A capacidade de se entregarem à experiência, à brincadeira presente, sem reservas. A capacidade de abandonar o que aprenderam anteriormente, a brincadeira anterior, para viverem apenas a do momento. E, como o Curso ensina, elas sabem naturalmente que não precisam fazer nada. Basta ser!

É a isso que as práticas de hoje, feitas de forma honesta e aberta, podem conduzir.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Para desfrutar a alegria e a paz de Deus

LIÇÃO 242

Este dia é de Deus. É meu presente a Ele.

1. Não conduzirei minha vida sozinho hoje. Eu não compreendo o mundo e, por isto, tentar conduzir minha vida sozinho só pode ser tolice. Mas há Alguém Que conhece tudo o que é melhor para mim. E Ele está contente em não fazer nenhuma escolha por mim, a não ser aquelas que levam a Deus. Dou este dia a Ele, pois não quero atrasar minha volta ao lar e é Ele Quem conhece o caminho para Deus.

2. E, então, Te damos o dia de hoje. Vimos com mentes inteiramente abertas. Não pedimos nada do que podemos pensar querer. Dá-nos aquilo que Tu queres que recebamos. Tu conheces todos os nossos desejos e todas as nossas necessidades. E Tu nos darás tudo aquilo de que precisamos para nos ajudar a encontrar o caminho para Ti.

*

COMENTÁRIO:

O que é o mundo? É este o tema que norteia nossas práticas desde ontem. Com isto em mente, vamos reconhecer, como nos aconselha a ideia da lição desta segunda, dia 30 de agosto, que não compreendemos o mundo e que, por isto, não podemos conduzir nossas vidas sozinhos.

Ao reconhecer isto, somos capazes de abrir nossas mentes por completo, para que o Espírito Santo atue em nós e nos conduza de volta a casa, a nosso lar em Deus, onde encontramos novamente o Ser que buscamos esquecer enquanto acreditamos na ideia da separação.

E, assim, podemos oferecer este dia a Deus com serenidade, preparando-nos para desfrutar de Sua alegria e de Sua paz completas, pois compreendemos, enfim, que nossa vontade e a Vontade d'Ele são a mesma.

domingo, 29 de agosto de 2010

Ver o mundo pelos olhos de Cristo

3. O que é o mundo?

1. O mundo é percepção equivocada. Ele nasce do erro e não abandona sua fonte. Ele não continuará a existir quando o pensamento que lhe deu origem deixar de ser apreciado. Quando a ideia de separação se transformar em um pensamento de perdão verdadeiro, o mundo será visto sob outra luz; e uma luz que leva à verdade, na qual o mundo inteiro tem de desaparecer e todos os seus erros sumirem. Como consequência disto, sua fonte desaparece e seus efeitos também.

2. O mundo foi feito como um ataque a Deus. Ele simboliza o medo. E o que é o medo exceto ausência de amor? Desta forma o mundo tinha por objetivo ser um lugar aonde Deus não pudesse entrar, e onde Seu Filho pudesse estar separado d'Ele. A percepção nasceu aqui, pois o conhecimento não poderia produzir tais pensamentos insanos. Mas os olhos enganam e os ouvidos escutam de forma errada. Então, os erros se tornam bem possíveis, pois a certeza desaparece.

3. Em seu lugar nasceram os mecanismos da ilusão. E, agora, eles partem para encontrar o que lhes cabe buscar. Seu objetivo é servir à finalidade para a qual o mundo foi feito para testemunhar e tornar verdadeira. Eles veem, em suas ilusões, apenas uma base sólida na qual a verdade existe, mantida ao lado das mentiras. Porém, tudo o que elas informam é só ilusão que é mantida ao lado da verdade.

4. Do mesmo modo que a vista foi feita para conduzir para longe da verdade, ela pode ser reorientada. Os sons se tornam o chamado por Deus e toda percepção pode receber uma nova finalidade d'Aquele a Quem Deus nomeou Salvador do mundo. Segue Sua luz e vê o mundo da forma que Ele vê. Ouve só a Voz d'Ele em tudo o que fala a ti. E deixa Ele te dar a paz e a certeza que jogaste fora, mas que o Céu preserva n'Ele para ti.

5. Não nos acomodemos até que o mundo se junte a nossa percepção transformada. Não nos demos por satisfeitos até que o perdão se torne total. E não tentemos mudar nossa função. Temos de salvar o mundo. Pois nós, que o fizemos, temos de vê-lo pelos olhos de Cristo, para que aquilo que foi feito para morrer possa ser devolvido à vida eterna.

LIÇÃO 241

A salvação chegou neste instante santo.

1. Quanta alegria há hoje! É um momento de celebração especial. Pois o dia de hoje oferece ao mundo sombrio o instante em que se dá sua liberação. Chegou o dia em que a tristeza acaba e a dor desaparece. Hoje a glória da salvação desponta sobre um mundo liberto. Este é o momento da esperança para incontáveis milhões. Eles serão reunidos agora à medida que os perdoas a todos. Pois hoje serei perdoado por ti.

2. Nós nos perdoamos uns aos outros agora e, por isto, chegamos finalmente a Ti mais uma vez. Pai, Teu Filho, que nunca partiu, volta ao Céu e a seu lar. Quão alegres estamos por ter de volta nossa sanidade e por lembrar que somos todos um só.

*

COMENTÁRIO:

Nossas práticas neste domingo, dia 29 de agosto, começam a partir da terceira instrução, dada para as próximas dez lições. O tema desta vez é: O que é o mundo?

Lembremo-nos de ler mais uma vez esta instrução a cada dia antes das práticas da lição. Hoje, depois de receber a orientação a respeito de como olhar para o mundo a partir da percepção verdadeira, vamos praticar com a ideia de que "a salvação chegou neste instante santo".

Isto porque aprendemos como olhar para o mundo, para libertá-lo de todos os equívocos que o aprisionam a nossa percepção errada. Aprendemos a perdoar o mundo e a tudo o que há nele. Olhamos para ele sob uma nova luz. A luz que nos torna livres e liberta também o mundo.

Demos graças por isto durante todo o dia. 

sábado, 28 de agosto de 2010

Para abandonar qualquer ideia de medo

LIÇÃO 240

O medo não se justifica de nenhuma forma.

1. Medo é engano. Ele revela que tu te vês de uma forma que nunca poderias ser e, por esta razão, olhas para um mundo que é impossível. Nem sequer uma única coisa neste mundo é verdadeira. Não importa a forma na qula ela possa se apresentar. Ela apenas testemunha tuas próprias ilusões acerca de ti mesmo. Não nos deixemos enganar hoje. Nós somos os Filhos de Deus. Não há nenhum medo em nós, pois cada um de nós é uma parte do Próprio Amor.

2. Quão tolos são nossos medos! Tu permitirias que Teu Filho sofresse? Dá-nos fé hoje para reconhecermos Teu Filho e para libertá-lo. Vamos perdoá-lo em Teu Nome, para podermos compreender a santidade dele e sentir por ele o amor que é também Teu Próprio Amor.

*

COMENTÁRIO:

Duas coisinhas apenas do texto para reforçar e, quiçá, nos convencer a abandonar qualquer ideia de medo, conforme o Curso nos pede para fazer com as práticas deste sábado, dia 28 de agosto.

A primeira é do capítulo cinco e diz: "Sempre que não estiveres totalmente alegre é porque reagiste com uma falta de amor a uma das criações de Deus". Ora, reagir a qualquer criação de Deus, não lhe oferecendo apenas amor, que é o que somos na verdade e que é o que são todas as criações de Deus, só pode nos afastar da alegria e nos levar na direção do medo. Mas já aprendemos que "isto não precisa ser assim". Podemos escolher de modo diferente.

A segunda, mais longa, está no sétimo capítulo e diz o seguinte: "Tu podes ser percebido com significado apenas pelo Espírito Santo, porque teu ser é o conhecimento de Deus. Qualquer crença diferente desta, que aceites, esconderá a Voz de Deus em ti e, por isto, esconderá Deus de ti. A menos que percebas verdadeiramente a criação d'Ele não podes conhecer o Criador, uma vez que Deus e Sua criação não estão separados. A Unidade do Criador e da criação é tua completude, tua sanidade e teu poder infinito. Este poder infinito é a dádiva de Deus para ti, porque é o que tu és. Se dissocias tua mente dele, percebes a força mais poderosa do universo como se ela fosse fraca porque não acreditas que és parte dela".

Acreditar que essa dissociação impossível possa ser verdadeira é a crença na separação e o resultado dela só pode ser o medo, pois, a partir da visão do medo, nos vemos separados do amor.

Daí a necessidade de nos voltarmos para o Espírito Santo em nós diariamente em nossas práticas para pedir que Ele nos ensine a lembrar, a todo instante, que Deus vai conosco aonde formos, como aprendemos em uma das lições da primeira parte deste Livro de Exercícios.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Reconhecendo-nos portadores da glória e da luz

LIÇÃO 239

A glória de meu Pai é minha própria glória.

1. Não deixemos que a verdade acerca de nós mesmo fique escondida hoje por uma humildade falsa. Sejamos gratos, em vez disto, pelas dádivas que nosso Pai nos concedeu. Podemos ver qualquer sinal de pecado ou culpa naqueles com quem Ele compartilha Sua glória? E é possível que não estejamos entre eles, se Ele ama Seu Filho para sempre total fidelidade, sabendo que ele é como Ele o criou?

2. Nós Te agradecemos, Pai, pela luz que brilha em nós para sempre. E nós a exaltamos porque Tu a compartilhas conosco. Somos um só, unidos nesta luz Contigo, em paz com toda a criação e com nós mesmos.

*

COMENTÁRIO:

Nesta sexta, dia 27 de agosto, vamos praticar o reconhecimento, sem falsa humildade, de que somos portadores da glória e da luz de Deus, nosso Pai.

Vamos reconhecer também que todos aqueles que andam pelo mundo conosco são igualmente portadores desta glória e desta luz, pois sabemos que Deus compartilha tudo de Si com todos e com cada um de Seus Filhos, na unidade de que somos parte.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Total e completa responsabilidade pelo mundo

LIÇÃO 238

A salvação inteira depende de minha decisão.

1. Pai, Tua confiança em mim é tão grande que eu tenho de ser digno dela. Tu me criaste e me conheces com sou. E, mesmo assim, Tu puseste a salvação de Teu Filho em minhas mãos e permitiste que ela dependa de minha decisão. Tenho de ser, de fato, amado por Ti. E tenho também de permanecer imperturbável na santidade para que Tu queiras, na certeza de que ele está seguro, me entregar Teu Filho, Que ainda é parte de Ti e, ao mesmo tempo parte de mim, porque Ele é meu Ser.

2. E, por isto, mais uma vez hoje, paramos para pensar o quanto nosso Pai nos ama. E quão caro Seu Filho, criado por Seu Amor, continua sendo para Aquele Cujo Amor se torna completo nele.

*

COMENTÁRIO:

Quando falamos, no início do ano, a respeito do ho'oponopono e do livro Limite Zero, a tônica recaiu sobre a responsabilidade total e completa que temos com o mundo inteiro e com tudo o que vemos e colocamos nele. Isto é, tudo, tudo, absolutamente tudo que vemos no mundo é fruto de nossos próprios pensamentos e, se quisermos que qualquer coisa mude nele - seja ela a coisa aparentemente mais insignificante que for -, é preciso que a mudemos em nós mesmos, no interior de nós mesmos, em nossa forma de pensar a respeito dela e do mundo.

É isto que praticamos e buscamos aprender e integrar a nossa experiência com a lição desta quinta-feira, 26 de agosto. A ideia que o Curso nos oferece para as práticas hoje é a mesma ideia do ho'oponopono dita de maneira diferente, dita com outras palavras.

Ou dizer que "a salvação inteira depende de minha decisão" não lhes parece o mesmo que dizer que eu tenho total e completa responsabilidade por tudo o que acontece no mundo, inclusive por sua salvação?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Ser, a Vida, a Mente e Deus, O Divino

LIÇÃO 237

Agora quero ser como Deus me criou.

1. Hoje aceitarei a verdade acerca de mim mesmo. Eu me elevarei em glória e deixarei que a luz em mim brilhe sobre o mundo ao longo de todo o dia. Trago ao mundo as boas novas da salvação que ouço quando Deus, meu Pai, fala comigo. E vejo o mundo que Cristo quer que eu veja, ciente de que põe fim ao sonho amargo de morte, ciente de que ele é o Chamado de meu Pai para mim.

2. Cristo é os meus olhos hoje e Ele é os ouvidos que ouvem a Voz por Deus hoje. Pai, venho a Ti por meio d'Ele, Que é Teu Filho e também meu Ser verdadeiro. Amém.

*

COMENTÁRIO:

"Agora quero ser com Deus me criou". É isto que praticamos nesta quarta-feira, 25 de agosto. Esquecemo-nos de que é só isto que podemos querer, no mais íntimo de nós mesmos. Ao darmos ouvidos ao mundo da ilusão, e às coisas do mundo da ilusão, perdemos, aparentemente, nossa Identidade verdadeira. Afastamo-nos do Ser.

Isto não é verdade. É só uma ilusão passageira da qual podemos nos libertar num piscar de olhos. Basta que tomemos a decisão a que nos convida a ideia que praticamos hoje. A decisão de ser. A decisão de ser como Deus nos criou. Pois não pode existir outra forma. Não há como ser diferente, a não ser nos delírios do ego, que acredita numa separação que nunca aconteceu.

Ou para aproveitar o que nos diz Bernardo Soares em seu Livro do Desassossego:

"A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe é ainda pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais do que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida".

Ou, ouvindo ainda mais uma vez o que nos diz Ken Wilber a respeito da Mente, ou Deus, ou o nível mais profundo do espectro da consciência, em um capítulo intitulado "Aquilo que é sempre já", em seu livro O Espectro da Consciência:

"Embora por conveniência falemos da Mente como o "nível mais profundo" do espectro, ela não é, de fato, um nível particular, que dirá "profundo". O "nível" da Mente não está de forma alguma enterrado ou escondido nas profundezas ocultas de nossa psique - ao contrário, o nível da Mente é nosso estado de consciência atual e comum, pois, sendo infinito e todo-abrangente de forma absoluta, ele é compatível com cada nível ou estado de consciência imaginável. Isto é, o "não-nível" da Mente não pode ser um nível particular separado de outros níveis, pois isso imporia uma limitação espacial à Mente. A Mente é, antes, a realidade todo-abrangente, embora sem dimensão, da qual cada nível representa um desvio ilusório.Por esta razão deve-se enfatizar isto - nosso estado de consciência atual, do dia-a-dia, seja ele qual for, triste, alegre, deprimido, em êxtase, agitado, calmo, preocupado ou com medo - justamente este, tal qual ele é, é o Nível da Mente. Brahman [Deus, O Divino] não é uma experiência particular, um nível de consciência ou estado de alma - em vez disso ele é precisamente qualquer nível de consciência que tenhamos agora, e perceber isto claramente dá-nos um vívido centro de paz, que se sustenta e subsiste ao longo das piores depressões, ansiedades e medos".

Aprender isto não será parte de aprender o que é a salvação?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aprender uma lição das mais importantes

LIÇÃO 236

Eu controlo minha mente, que só eu tenho de controlar.

1. Possuo um reino que tenho de governar. Às vezes não parece absolutamente que sou seu rei. Ele parece triunfar sobre mim e me dizer o que fazer e o que sentir. E, não obstante, ele me foi dado para servir a qualquer propósito que eu perceba nele. Minha mente só pode servir. Hoje ofereço os préstimos dela para que o Espírito Santo os utilize como achar melhor. Deste modo, controlo minha mente, que só eu tenho de controlar. E, assim, eu a liberto para fazer a Vontade de Deus.

2. Pai, hoje minha mente está aberta para Teus Pensamentos e fechada para qualquer pensamento que não os Teus. Eu controlo minha mente e a ofereço a Ti. Aceita minha dádiva, pois ela é Tua para mim.

*

COMENTÁRIO:

Como já lhes disse certa vez, uma das primeiras coisas que aprendi em meus primeiros contatos com o UCEM foi o que as práticas desta terça-feira, dia 24 de agosto, nos orientam a exercitar. A ideia que praticamos hoje talvez, em certa medida, seja a mais importante que podemos aprender, pois de seu aprendizado dependem e resultam todos, ou quase todos, os outros aprendizados. Até mesmo o aprender o que é a salvação.

A ideia para as práticas de hoje traz em si o aprendizado de que tudo o que existe aparentemente é fruto de meu pensamento e meus pensamentos são só meus e só eu os posso e devo controlar. A lição primeira, de onde extraí este conhecimento, foi, é e continua sendo a mais importante, pois ela revela que todas as transformações por que passa meu corpo são resultado de alterações químicas provocadas na biologia pelas mudanças nas emoções, pelas mudanças em meu estado de consciência.

É claro que estas alterações nas emoções são provocadas por meus pensamentos. Ou seja, toda a gama de emoções que experimento pode ser modificada, se eu decidir mudar meu modo de pensar, em qualquer momento ou em qualquer situação que se apresente a minha experiência.

Assim, por exemplo, quando sou tomado de uma raiva incontrolável por alguém, por acreditar que este alguém tenha feito alguma coisa que me prejudicou, envergonhou ou humilhou, tudo o que faço na verdade é entregar o controle de minha mente, de meus pensamentos, à emoção. Isto é, à raiva e, por consequência, entregar o controle de minha vida, naquele momento, à pessoa a quem responsabilizei por minha raiva incontrolável.

E isto funciona para tudo, para todas as situações, para todas as emoções e para quaisquer experiências que se apresentem em minha vida. Sou eu quem as cria. Só eu. E se não tenho consciência disto e não aceito a responsabilidade total pelo mundo, ainda não aprendi, como a lição de hoje ensina, que sou eu quem controla minha mente e que só eu tenho de controlá-la. 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Escolher a alegria ou o acidente sem importância?

LIÇÃO 235

Deus, em Sua misericórdia, quer que eu seja salvo.

1. Eu só preciso olhar para todas as coisas que parecem me ferir e assegurar a mim mesmo com perfeita certeza: "Deus quer que eu seja salvo disto", para vê-las desaparecerem simplesmente. Eu só preciso ter em mente que a Vontade de meu Pai para mim é só a felicidade para descobrir que só a felicidade veio a mim. E eu só preciso lembrar que o Amor de Deus envolve Seu Filho e conserva sua inocência perfeita para sempre, para ter certeza de que estou salvo e seguro para sempre nos Braços d'Ele. Eu sou o Filho que Ele ama. E estou salvo porque Deus, em Sua misericórdia, quer assim.

2. Pai, Tua Santidade é minha. Teu Amor me criou e tornou minha inocência parte de Ti para sempre. Não tenho nenhuma culpa nem pecado em mim, porque não há nenhum em Ti.

*

COMENTÁRIO:

Nunca sabemos, de fato, com antecedência o que vamos fazer quando as situações se apresentarem a nossa experiência. Tampouco sabemos, de verdade, que resultados virão de nossos gestos e ações concretos, ao enfrentarmos quaisquer dessas situações no comum de nosso dia-a-dia.

É cada vez mais interessante - para mim, pelo menos - notar o quanto tudo se encaixa de alguma forma naquilo que pensamos, naquilo que acreditamos a respeito da vida e do viver. Quem acha que poderia ser diferente? Alguém acha?

Não é à toa que o ensinamento nos adverte para termos cuidado com o que desejamos, pois, às vezes, inadverditamente, pedimos alguma coisa apenas para que ela se mostre, na materialização de nosso desejo, justamente como o contrário daquilo que nos faria felizes.

Agora mesmo, ao passar os olhos pelas frases da lição que praticamos nesta segunda-feira, dia 23 de agosto, me surpreendi ao perceber o quanto ela reflete o comentário que fiz a respeito da lição de ontem. Isto é, a afirmação da escritora de que somos livres para fazer escolhas, avaliar e chegar a conclusões por nós mesmos. E, mais ainda, que, tanto o que ela acreditava quanto o que diz a lição de hoje, confirmam que, quando escolhemos o sofrimento, nossa escolha recai sobre o acidente sem importância, pois podemos escolher dar sentido a nossa vida fazendo a opção pela alegria.

Não lhes parece? Pois, se Deus, em Sua misericórdia, quer que sejamos salvos, o que é a salvação, a não ser o aprendizado da escolha da alegria, em lugar de tudo o que representa a escolha pelo acidente sem importância. 

domingo, 22 de agosto de 2010

Somos livres para fazer escolhas.

LIÇÃO 234

Pai, hoje sou de novo o Teu Filho.

1. Hoje experimentaremos de antemão o momento em que os sonhos de pecado e de culpa desaparecem e no qual alcançamos a santa paz que nunca deixamos. Passou-se apenas um instante muito pequeno entre a eternidade e a intemporalidade. O intervalo foi tão breve que não houve lapso na continuidade nem interrupção nos pensamentos que estão unificados como um só para sempre. Nada jamais acontece para perturbar a paz de Deus Pai e Filho. Hoje aceitamos isto como inteiramente verdadeiro.

2. Pai, nós Te agradecemos porque não podemos perder a lembrança de Ti e do Teu Amor. Reconhecemos nossa segurança e damos graças por todas as dádivas que Tu nos dás, por toda a ajuda amorosa que recebemos, por Tua paciência e pela Palavra que Tu nos dás, que garante que estamos salvos.

*

COMENTÁRIO:

Da leitura ao acaso da introdução a uma biografia de uma escritora americana, nascida na Rússia, encontro o seguinte: para ela, "dor era humilhação". Esta era uma das razões pela qual ela raramente, ou praticamente nunca, se referia à experiência de vida anterior a sua mudança para a América. Ela entendia que o sentido da vida humana está na alegria que a pessoa consegue alcançar. O sofrimento é um acidente sem importância.

A segunda razão era seu compromisso com a ideia de que os seres humanos não são, em nenhum sentido, inevitavelmente criações de seus ambientes. Ela acreditava que não temos de ser influenciados ou formados pelas pessoas e acontecimentos a nossa volta. Somos livres para fazer escolhas, para avaliar e chegar a nossas próprias conclusões.

Ou, numa de suas expressões: "O homem é um ser feito por sua própria alma". Isto é quase a mesma coisa que dizer: o homem é espírito. Ou ainda, usando uma expressão já conhecida: "não somos corpos vivendo uma experiência do espírito, somos espíritos vivendo uma experiência de corpos". Ou, para lembrar das frases finais do poema Invictus, que alimentaram o espírito de Mandela na prisão: "Eu sou o senhor do meu destino; Eu sou o capitão da minha alma".

A verdade é!
A luz é!
Deus é!
O amor é!
O Ser é!

Tudo o que precisa de definição faz parte da ilusão e só atenderá às necessidades do ego, ele próprio parte da grande ilusão de que falei ontem. Aprender isto é aprender o que é a salvação, tema que unifica nossas práticas deste período.

E neste domingo, dia 22 de agosto, a lição para nossas práticas complementa em nossa mente a ideia com que trabalhamos ontem. Ao entregar a Deus o controle e deixar a cargo d'Ele a orientação para nossas vidas, voltamos a ser Seu Filho. Voltamos ao Ser.

sábado, 21 de agosto de 2010

Para ter de volta a consciência de nós mesmos

LIÇÃO 233

Dou minha vida a Deus para que Ele a guie hoje.

1. Pai, hoje Te dou todos os meus pensamentos. Não quero ter nenhum. Dá-me Teus Próprios Pensamentos em lugar deles. Também Te dou todas as minhas ações para eu poder fazer Tua Vontade em vez de buscar objetivos que não podem ser alcançados e perder tempo com fantasias inúteis. Venho a Ti hoje. Recuarei e simplesmente Te seguirei. Sê, Tu, o Guia e eu o seguidor que não questiona a sabedoria infinita, nem o Amor cuja ternura não posso compreender, mas que é, não obstante, Tua dádiva perfeita para mim.

2. Hoje temos um único Guia para nos conduzir adiante. E, enquanto caminhamos juntos, daremos este dia a Ele sem nenhuma reserva sequer. Este é o dia d'Ele. E, por esta razão, é um dia de inúmeras dádivas e graças para nós.

*

COMENTÁRIO:

O que é a salvação? Este é o tema que perpassa cada uma de nossas lições recentes e as que virão ainda na próxima semana. E é na direção da salvação que nos levam todas as lições que praticamos.

Uma salvação de que, na verdade, não precisamos. Já estamos todos salvos. Precisamos apenas aprender a desfazer o erro da percepção para ver claramente a luz em que nos encontramos o tempo todo, mesmo quando não temos consciência disto. A luz do Amor, que é nossa Identidade verdadeira conforme vimos em uma de nossas lições anteriores.

Lembrando-nos de outra lição, vista há mais tempo, somos espírito. E o espírito é simplesmente. O espírito não tem necessidades. Está salvo para sempre. É só para nos libertarmos da crença na separação - a ilusão maior, o único problema que precisamos resolver de acordo com o UCEM - que praticamos a salvação. Para aprendermos a aceitar, de uma vez por todas, a Expiação para nós mesmos, abandonando assim qualquer compromisso com quaisquer formas que a ilusão possa tomar.

Por e para isto praticamos diariamente. São práticas como a deste sábado, 21 de agosto, que nos permitem abandonar a busca do controle e a entregar a vida nas Mãos de Deus, confiando que só Ele sabe o que é melhor para cada um de nós. E só com Ele podemos ter de volta a consciência e o conhecimento de nós mesmos. E conhecer a nós mesmos é conhecê-Lo. É a salvação!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lembrar e esquecer são partes da ecologia.

LIÇÃO 232

Fica em minha mente, meu Pai, ao longo do dia.

1. Fica em minha mente, meu Pai, quando eu acordar e brilha sobre mim durante todo o dia hoje. Deixa que cada minuto seja um tempo em que habito Contigo. E não me deixes esquecer a cada hora de dar graças porque Tu permaneces comigo e vais estar sempre à disposição para ouvir meu chamado a Ti e a me atender. Quando a noite surgir, deixa que todos os meus pensamentos ainda sejam Teus e de Teu Amor. E deixa que eu durma na certeza de minha segurança, certo de Teu cuidade e na feliz consciência de que sou Teu Filho.

2. É assim que todos os dias deveriam ser. Hoje, pratico o fim do medo. Tem fé n'Aquele Que é teu Pai. Confia todas as coisas a Ele. Deixa que Ele revere todas as coisas para ti e fica contente porque tu és o Filho d'Ele.

*

COMENTÁRIO:

Atenção! Atenção! Atenção à atenção! Não é à toa que o lema dos escoteiros seja: "Sempre alerta". Apesar de nunca ter sido escoteiro, sempre busquei - alguns dizem "desde que me conheço por gente" - ficar atento a tudo o que se passa a minha volta. Como as crianças, não sabem? Muitas vezes, aparentemente entretidas com algumas brincadeiras, ouvem tudo, captam tudo o que acontece a seu redor. Esponjas. Antenas, ligadas a seu próprio receptor interno.

Se me distraio? É claro. Quem não se distrai? Ou quem não (se) trai, para usar um título de um livro conhecido nosso? Uma vez li uma resenha de um livro que diziam se tratar de uma mulher que guardava na memória absolutamente tudo o que lhe acontecera, tintim por tintim. Um pesadelo!, imagino. Vocês já pensaram não ser capazes de filtrar em suas lembranças o que teve significado e o que não teve? Livrar-se da dor e da tristeza do passado? Livrar-se do passado?

Esquecer é tão importante quanto lembrar. Apagar - hoje se diz deletar - os arquivos da memória para dar espaço ao novo, a novos interesses, é tão ou mais importante do que armazenar centenas de milhares de memórias de fatos de que nos lembramos de uma forma diferente daquela registrada por todos os envolvidos. E ajuda na tarefa de perdoar. Limpar. Purificar. É, nestes tempos de cuidados com o ambiente, uma medida absolutamente correta do ponto de vista ecológico.

Quantas vezes ficamos "ruminando" uma atitude aparentemente rude, de desatenção, ou mesmo uma grosseria declarada de alguém? Alimentamos, com isto, e fazemos crescer uma sensação interna desagradável que nos incomoda e perturba, sem nos darmos conta de que "isto não precisa ser assim". Podemos nos recusar a entregar o poder sobre nossas emoções e sensações a quem quer que seja.

A atenção ao divino em nós, ao Pai, pode fazer, e faz, milagres. E cura a percepção equivocada, mostrando-nos que aquilo que se apresenta com a aparência de ataque ou desamor é, na verdade, um pedido de ajuda. Um pedido de amor. Sempre! [Me desculpe, Salviano.]

É isto que praticamos nesta sexta-feira, dia 20 de agosto, sintonizados e afinados ao tema O que é a salvação?, que orienta estes nosso passos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Conhecer uma harmonia mais vasta

2. O que é a salvação?

1. A salvação é uma promessa, feita por Deus, de que por fim encontrarás teu caminho até Ele. Ela não pode senão ser cumprida. Ela garante que o tempo terá um fim e que todos os pensamentos que nasceram no tempo também findarão. A Palavra de Deus é dada a cada mente que pensa ter pensamentos separados e substituirá esses pensamentos de conflito pelo Pensamento de paz.

2. O Pensamento de paz foi dado ao Filho de Deus no instante em que sua mente pensou em guerra. Antes não havia necessidade de tal Pensamento porque a paz era dada sem opositores e simplesmente existia. Mas, quando a mente se divide, surge uma necessidade de cura. Por esta razão o Pensamento que tem o poder de curar a divisão se tornou uma parte de cada fragmento da mente que ainda era uma só, mas que deixou de reconhecer sua unidade. Naquele momento ela não se conhecia e pensava que sua própria Identidade estava perdida.

3. Salvação é desfazer no sentido de que, deixando de apoiar o mundo, ela não faz nada. Deste modo, ela abandona as ilusões. Por não apoiá-las, ela deixa simplesmente que elas se reduzam a pó suavemente. E, agora, revela-se o que elas escondiam; um altar ao santo Nome de Deus, sobre o qual está escrita a Palavra d'Ele, com as dádivas do teu perdão depositadas diante dele e a lembrança de Deus logo atrás.

4. Vamos entar neste lugar diariamente para passarmos algum tempo juntos. Aqui compartilhamos nosso último sonho. É um sonho no qual não há tristeza, pois ele contém um indício de toda a glória que Deus nos dá. A relva irrompe do solo agora, as árvores começam a brotar e os pássaros vêm viver em seus galhos. A terra renasce com nova perspectiva. A noite acaba e chegamos juntos à luz.

5. Daqui oferecemos a salvação ao mundo, pois é aqui que a salvação foi recebida. A canção de nosso júbilo é o aviso para todo o mundo de que a liberdade voltou, de que o tempo está quase no fim e de que o Filho de Deus só tem de esperar mais um instante até que seu Pai seja lembrado, os sonhos acabem e a eternidade brilhe afastando o mundo para que absolutamente só o Céu exista.

LIÇÃO 231

Pai, eu quero apenas me lembrar de Ti.

1. Pai, o que posso buscar a não ser Teu Amor? Talvez eu pense que busco alguma outra coisa; alguma coisa à qual dei muitos nomes. No entanto, Teu Amor é a única coisa que busco ou já busquei. Pois não há, verdadeiramente, nada mais que eu possa querer encontrar. O que mais eu poderia desejar a não ser a verdade acerca de mim mesmo?

2. Esta é tua vontade, meu irmão. E compartilhar esta verdade comigo e também com Aquele Que é nosso Pai. Lembrar d'Ele é o Céu. É isto que buscamos. E é só isto que nos será dado achar.

*

COMENTÁRIO:

Quem está atento às práticas e leu com atenção a introdução a esta segunda parte do ensinamento, há de lembrar de que ela falava de instruções periódicas a respeito de temas de particular importância entre as lições diárias.

Nesta quinta, dia 19 de agosto, recebemos a segunda destas instruções, que vai orientar nossos próximos dez passos, a contar da lição de hoje, a de número 231. O tema que vamos utilizar como apoio às lições seguintes é: O que é a salvação?

Para o ensinamento que praticamos "conhecer o milagre de Deus é conhecer" Deus. E uma vez que cada um de nós está na unidade com Ele, basta que nos conheçamos a nós mesmos para nosso conhecimento estar completo.

Porém, lembrando do que aconselha Ramana Maharshi, é preciso que busquemos usar sempre a auto-investigação, para aprendermos a nos desprender de vinculações, embora vivendo no mundo. O que não quer dizer "que somente uma atitude desprendida baste, sem uma campanha planejada [no caso do UCEM, os exercícios diários], pois o ego é sutil e tenaz e se refugiará até mesmo nas próprias ações destinadas a anulá-lo, vangloriando-se de humilhar-se ou gozando entregar-se à austeridade".

Para alcançar a salvação, é essencial que aceitemos a Expiação para nós mesmos, que da mesma forma que a salvação é um desfazer. Maharshi diz, também como o UCEM, que o auto-conhecimento pode nos levar a conhecer a harmonia mais vasta que há por trás das aparências do mundo e nos permitir, ao mesmo tempo, "exercer uma influência harmônica sobre o curso dos acontecimentos".

Diz ele: "Assim como você é, assim é o mundo. Sem compreender-se a si mesmo [de] que adianta tentar compreender o mundo? Eis uma questão que aqueles que procuram a verdade não precisam levar em conta".

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Uma lição a respeito do óbvio na prática

LIÇÃO 230

Agora quero buscar e achar a paz de Deus.

1. Fui criado na paz. E, na paz, continuo. Não cabe a mim modificar o meu Ser. Deus, meu Pai, é tão misericordioso que, quando me criou, Ele me deu a paz eterna. Agora eu peço apenas para ser o que sou. E isso me pode ser negado, se é verdadeiro para sempre?

2. Pai, busco a paz que Tu me deste em minha criação. O que foi dado então tem de estar aqui agora, pois minha criação se deu à parte do tempo e ainda continua além de toda mudança. A paz em que Teu Filho nasceu em Tua Mente brilha aí inalterada. Eu sou como Tu me criaste. Eu só preciso Te chamar para descobrir a paz que Tu deste. Foi Tua Vontade que a deu a Teu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Estava a procura de um comentário para esta lição quando uma amiga nossa muito querida, dona de uma sabedoria e de uma experiência neste mundo que já ultrapassa a casa das oito décadas bem vividas, me diz ao telefone que está lendo o Hipnotizando Maria, de Richard Bach - as primeiras cerca de vinte páginas.

Diz que o está achando muito óbvio, ao falar daquilo que, na expressão dela, "já estamos carecas de saber", que acha que ele, o autor, é capaz de "muito mais" do que este "bê-á-bá". Algo como dizer que ele apenas está chovendo no molhado, não lhes parece?

Digo-lhe, como aprendi há algum tempo, que é exatamente este o espírito do livro. O de lidar com o óbvio, o de mostrar-nos o óbvio, que é sempre o que temos maior dificuldade em aprender. Ou como diz o UCEM:

Este é um curso muito simples. Talvez não sintas que precisas de um curso que, no final, te ensina que só a realidade é verdadeira. Mas acreditas nisto? (...) Podes reclamar que este curso não é suficientemente específico para compreenderes e utilizares. Todavia, talvez não tenhas feito o que ele pleiteia de forma específica. Este não é um curso a respeito do jogo de ideias, mas a respeito da aplicação prática delas. Nada poderia ser mais específico do que ouvires que, se pedires, receberás" (T-11.VIII.1:1-3; 5:1-4).

E agora eu pergunto: alguém, de fato, acredita nisto?

Nesta quarta, 18 de agosto, vamos declarar em nossas práticas nosso único desejo verdadeiro: "a paz de Deus". Estaremos, quem sabe?, prontos para aprender o óbvio, quando estivermos, de fato, dispostos a reconhecer que não sabemos nada e que a paz de Deus é tudo o que queremos verdadeiramente.

Assim, sabendo disto, esperar "muito mais" de quem quer que seja revela apenas que ainda não abrimos nossas mentes e corações para tudo o que precisamos aprender a respeito do óbvio. Um aprendizado que vai nos levar a aceitar e a incluir o mundo inteiro, e todas as pessoas e coisas do mundo, em nosso abraço amoroso.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Amor é nossa verdadeira Identidade.

LIÇÃO 229

O Amor, que me criou, é o que sou.

1. Busco minha própria Identidade e A encontro nestas palavras: "O Amor, que me criou, é o que sou". Agora não preciso buscar mais. O Amor venceu. Ele esperou tão calmamente minha volta para casa que não vou mais me desviar da face santa de Cristo. E aquilo que vejo me afirma a verdade da Identidade que busquei perder, mas que meu Pai mantém a salvo para mim.

2. Pai, meus agradecimentos a Ti pelo que sou; por manteres minha Identidade intocada e inocente em meio a todos os pensamentos de pecado que minha mente tola inventou. E obrigado a Ti por me salvar deles. Amém.

*

COMENTÁRIO:

O que é o perdão? É o primeiro destes últimos passos que começamos a dar na direção de descobrir a verdade a respeito de nós mesmos.

Para o ensinamento de UCEM, é essencial que aceitemos a Expiação [o desfazer do erro] para nós mesmos. E é o perdão que vai nos permitir receber e aceitar a Expiação. Pois o perdão, dado a nós mesmos sempre, nos libera do julgamento, e deste mundo inventado pelo julgamento para nos fazer crer que a ilusão que vivemos é verdadeira.

Nesta terça-feira, dia 17 de agosto, vamos praticar mais uma ideia que nos põe em contato com a verdade do que somos, para afastar de vez todas as sombras em que a ilusão busca esconder nossa verdadeira Identidade.

Pratiquemos, pois, com alegria lembrar que, na verdade, tudo o que somos é apenas o Amor, que nos criou. O Amor é nossa verdadeira Identidade e tudo que não venha d'Ele é tão-somente ilusão e não existe.

Um parêntese:

Deem comigo, por favor, quem puder e quiser, as boas vindas a Cris Lobato, minha querida prima gaúcha, que se juntou a nós dia destes. Tomara ela se sinta à vontade para dividir conosco sua sabedoria e sua experiência de vida, de alegria e de amor neste mundo. Bem-vinda, Cris.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O que a crença na separação faz conosco

LIÇÃO 228

Deus não me condena. Eu também não.

1. Meu Pai conhece minha santidade. Negarei o conhecimento d'Ele para acreditar naquilo que Seu conhecimento torna impossível? Aceitarei como verdadeiro aquilo que Ele declara ser falso? Ou aceitarei Sua Palavra como aquilo que sou, uma vez que Ele é meu Criador e Aquele Que conhece a verdadeira condição de Seu Filho?

2. Pai, eu estava equivocado em relação a mim mesmo porque deixei de perceber claramente a Fonte de onde vim. Não deixei aquela Fonte para entrar em um corpo e para morrer. Minha santidade continua a ser uma parte de mim, da mesma forma que sou parte de Ti. E meus erros acerca de mim mesmo são sonhos. Hoje eu os abandono. E fico pronto para receber apenas Tua Palavra por aquilo que sou verdadeiramente.

*

COMENTÁRIO:

O que a crença do ego na separação faz conosco é esconder a unidade subjacente por trás de tudo o que vemos como aparentemente separado. Além  disso, para nos fazer continuar acreditando na possibilidade de a separação existir de fato, o ego se apresenta a nós como onipotente, onisciente e onipresente, instando-nos a acreditar em um Deus que nos julga e condena inteiramente, ora por fazermos o que fazemos, ora por não fazermos o que deveríamos saber. Como se soubéssemos o que é preciso fazer.

Isto não é verdade. É apenas parte de uma grande ilusão armada pelo ego para nos convencer a julgar as aparências, que são apenas formas ilusórias de esconder a verdade do que somos e do que o mundo realmente é.

A ideia que praticamos nesta segunda-feira, dia 16 de agosto, ainda dentro do tema O que é o perdão?, nos fala de nossa santidade e do conhecimento que Deus tem da verdade a nosso próprio respeito.

Pratiquemos, pois, aceitar o conhecimento de Deus em lugar de dar ouvidos ao que o ego quer nos fazer crer que somos, na ilusão que ele inventa para nos confundir.

domingo, 15 de agosto de 2010

Estamos sempre no lugar, no ponto final.

LIÇÃO 227

Este é meu instante santo de liberação.

1. Pai, é hoje que fico livre, porque minha vontade é Tua. Pensei atender a outra vontade. Porém não existe nada do que pensei separado de Ti. E sou livre porque estava equivocado, e não afetei de modo algum minha própria realidade com minhas ilusões. Agora desisto delas e as abandono aos pés da verdade, para serem eliminadas para sempre de minha mente. Este é meu instante santo de liberação. Pai, sei que minha vontade é una com a Tua.

2. E, assim, hoje, ficamos cientes de nossa volta alegre ao Céu, que, de fato, nunca deixamos. O Filho de Deus abandona seus sonhos neste dia. O Filho de Deus volta novamente para casa neste dia, liberado do pecado e coberto de santidade com sua mente correta devolvida a ele finalmente.

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 15 de agosto, damos mais um de nossos passos finais rumo à aquisição de percepção verdadeira. Somo gratos, infinitamente gratos, por praticar neste instante, "o instante santo" de nossa liberação.

Vou lhes pedir mais uma vez atenção para as instruções acerca do primeiro dos temas que vamos abordar neste período. Instruções que foram dadas na segunda-feira, quando iniciamos esta segunda e última parte de nossa jornada. Instruções acerca do tema: O que é o perdão?

Não estamos longe do Céu, "que, de fato, nunca deixamos". Basta que aprendamos a incluir em nós e em nossa experiência "todas as pessoas deste mundo", que "cada um está sempre procurando", como diz um dos personagens de um dos contos de Guimarães Rosa.

Este mesmo personagem fala daquilo que precisamos descobrir a nosso próprio respeito, quando buscamos alcançar o Céu, ao dizer que: "No coração a gente tem é coisas igual ao que nunca em mão não se pode ter pertencente: as nuvens, as estrelas, as pessoas que já morreram, a beleza da cara das mulheres"...

Ou ainda ao nos indicar o que há por trás da jornada que aparentemente empreendemos, dizendo: "Só estava seguindo... Estava bebendo [a] viagem. Deixa os pássaros cantarem. No ir - seja até onde se for - tem-se de voltar; mas seja como for, que se esteja indo ou voltando, sempre já se está no lugar, no ponto final".

Que me dizem? Este não é mesmo, ou pode vir a ser, o instante santo de nossa liberação?

sábado, 14 de agosto de 2010

A que caminhos o mestre nos conduz?

LIÇÃO 226

Meu lar me espera. Eu me apresso na direção dele.

1. Posso desistir inteiramente deste mundo, se assim eu escolher. Não é a morte que torna isto possível, mas a mudança do modo de pensar acerca da finalidade do mundo. Se eu acreditar que ele tem algum valor da forma com que o vejo agora, ele permanecerá assim para mim. Mas se eu não vir nenhum valor no mundo assim como o vejo, nada que eu queria manter como meu ou buscar como uma meta, ele se afastará de mim. Pois não busco ilusões para substituir a verdade.

2. Pai, meu lar espera minha volta alegre. Teus Braços estão abertos e eu ouço Tua Voz. Que necessidade tenho de me demorar em um lugar de desejos vãos e de sonhos despedaçados, se o Céu pode ser meu de modo tão fácil?

*

COMENTÁRIO:

Os mestres não são mestres apenas quando nos indicam, com seu exemplo, o caminho a seguir. Os mestres que talvez nos ensinem mais e melhor são aqueles que, com seu exemplo, servem de guia pelos caminhos que não nos convêm seguir.

Digo isto a propósito de algo de que me lembrei outro dia. Em uma das empresas em que trabalhei, passei por um treinamento com um de seus vendedores - o cargo a ocupar era o de vendedor técnico -, considerado o mais experiente, o mais capacitado, o que tinha mais tempo de casa e o maior conhecimento da área de atuação e dos clientes a serem atendidos.

Ao final do período de treinamento, o gerente de vendas me disse que ele tinha sido utilizado para me mostrar principalmente o que a empresa não queria que eu fizesse. Pois apesar de todas as qualificações do profissional que me treinou, ele tinha um série de "defeitos" e "vícios" que o impediam de exercer seu posto com a eficiência de que a empresa necessitava e, pior, deixava margem a dúvidas quanto à seriedade e o compromisso da empresa com seus clientes e com as marcas que ela representava, para as quais prestava seus serviços.

Isto me lembra ainda de outra historinha, de uma amiga, também estudande do UCEM, com grandes dificuldades não só em entender o que o ensinamento aconselha mas também em pôr em prática, entre outras coisas, o exercício do perdão. Certa ocasião, ela disse que, quando se sentia muito mal com suas próprias atitudes e decisões, acreditando ser a pior das pessoas e não servir de exemplo para ninguém, por não conseguir fazer o que o ensinamento pedia, ele se consolava ao pensar que ao menos servia de "mau" exemplo.

É para a compreensão de que abandonar os valores deste mundo é apenas abandonar a ilusão que não nos leva a lugar nenhum que nossas práticas se destinam. Lembremo-nos de que neste sábado, dia 14 de agosto, continuamos a dar os passos finais, seguindo a primeira das instruções que recebemos para esta segunda parte do livro de exercícios. É ela: O que é o perdão?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pra onde vai o amor quando o amor acaba?

LIÇÃO 225

Deus é meu Pai e Seu Filho O ama.

1. Pai, eu tenho de retribuir Teu Amor por mim, pois dar e receber são a mesma coisa. Tu me dás todo o Teu Amor. Eu tenho de retribuí-lo, pois o quero meu em plena consciência, proclamando-o em minha mente e mantendo-o ao alcance de sua luz benigna, inviolado, amado, com o medo deixado para trás e apenas a paz pela frente. Quão sereno é o modo pelo qual Teu Filho amado é conduzido a Ti!

2. Irmão, nós encontramos esta serenidade agora. O caminho está aberto. Agora nós o seguimos juntos, em paz. Tu estendeste tua mão para mim e nunca te abandonarei. Somos um só e é só esta verdade que buscamos enquanto damos estes passos finais que concluem uma jornada que não começou.

*

COMENTÁRIO:

Uma pequena reflexão. Uma querida frequentadora do grupo de estudos, certa ocasião, perguntou: "O que fazemos do amor que recebemos?"

A pergunta dela me pôs a pensar em outra pergunta que há em uma das letras de Chico Buarque: " me responde, por favor pra onde vai o meu amor quando o amor acaba".

As práticas da lição desta sexta-feira, 13, oferecem uma resposta à primeira questão, a única resposta que pareceria óbvia para tal pergunta. No entanto, na maioria das vezes não é o que fazemos, São Francisco dizia, ao dar-se conta do quanto estamos cegos ao Amor que recebemos de Deus: "O Amor não é amado". E estava certo. Não percebemos que tudo o que existe, de fato, é o amor. E que tudo o que não é amor é apenas ilusão.

O UCEM ensina que, aos olhos do Espírito Santo, tudo o que não é amor é apenas um pedido de amor. É assim que vemos? Reformulando a pergunta: conseguimos ver assim? Ou ainda é assim que queremos ver?

Já a resposta à segunda pergunta, creio, está implícita na resposta que damos à primeira. Uma vez que tudo o que, de fato, existe é o amor, ele nunca acaba. O que acaba, eventualmente, é a necessidade de que este amor se exprima no contato com uma pessoa em particular. Isto é, o que acaba é a lição que temos de aprender com esta ou aquela pessoa. E quando já aprendemos de alguém o que precisávamos aprender a nosso próprio respeito, podemos nos afastar dela amorosamente, uma vez que o aprendizado se completou. O amor, porém, nunca acaba. Estejamos aonde estivermos. E nem vai a lugar algum. Ele é simplesmente. E quanto mais o damos tanto mais o temos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Buscamos nossa identidade verdadeira.

LIÇÃO 224

Deus é meu Pai e Ele ama Seu Filho.

1. Minha identidade verdadeira é tão segura, tão sublime, inocente, gloriosa e formidável, tão completamente benéfica e livre de culpa que o Céu olha para Ela para lhe oferecer luz. Ela ilumina o mundo também. Ela é a dádiva que meu Pai me deu; a dádiva que eu também dou ao mundo. Não há nenhuma dádiva, a não ser esta, que possa tanto ser dada quanto recebida. Isto, e apenas isto, é realidade. Isto é o fim da ilusão. É a verdade.

2. Meu Nome, ó Pai, ainda é conhecido por Ti. Eu O esqueci e não sei para onde vou, quem sou ou o que faço. Lembra-me agora, Pai, pois estou cansado do mundo que vejo. Revela o que Tu queres que eu veja em seu lugar.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 12 de agosto, continuamos a jornada em direção à aquisição da percepção verdadeira, conforme nos assegura o Curso. Praticamos reconhecer que não sabemos quem somos, nem para onde vamos. Mas praticamos também a entrega ao Pai, pedindo-Lhe que nos revele o que Ele quer que vejamos no lugar do mundo da ilusão, que já não nos satisfaz.

A ideia para nossas práticas assegura que somos o Filho de Deus e que o Pai nos ama. Tudo o que o mundo nos ensinou não passa de fantasia, de sonho. Porém, estamos em busca de nossa identidade verdadeira. Só ela pode nos dar a segurança e a certeza de que precisamos para aprender e ensinar a paz e o amor que recebemos do Pai.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Tudo o que não é oração é maluqueira..."

LIÇÃO 223

Deus é minha vida. Não tenho nenhuma vida a não ser a d'Ele.

1. Eu estava errado quando pensava que vivia separado de Deus, uma existência separada que se movimentava no isolamento, independente, alojada dentro de um corpo. Agora sei que minha vida é a de Deus, não tenho nenhum outro lar e não existo separado d'Ele. Ele não tem nenhum Pensamento que não seja parte de mim e eu não tenho nenhum a não ser aqueles que são d'Ele.

2. Pai nosso, permite que vejamos a face de Cristo em lugar de nossos erros. Pois nós, que somos Teu Filho santo, somos inocentes. Queremos olhar para nossa inocência, pois a culpa afirma que não somos Teu Filho. E nós não queremos esquecer de Ti por mais tempo. Sentimo-nos solitários aqui e ansiamos pelo Céu, onde estamos em casa. Queremos voltar hoje. Nosso Nome é o Teu e reconhecemos que somos Teu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Continuamos nesta quarta-feira, dia 11 de agosto, a praticar a partir da instrução para o primeiro dos temas de que trata esta segunda parte do livro de exercícios: O que é o perdão? Lembrem-se, pois, de ler e refletir a respeito disto antes das práticas do dia.

Para estender nossa reflexão vamos acompanhar a do jagunço Riobaldo a respeito da sabedoria interior, disponível a todos nós, e a respeito de existir um plano [para a salvação]. No livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Diz ele:

Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era só uma coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondido e vivível mas não achável, do verdadeiro viver; que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel...

(...) Mas minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha? ... Olhe: tudo o que não é oração é maluqueira...

PARÊNTESE:
Convido-os a todos a darem as boas-vinda a Tati, que se juntou a nós há pouco. Ela começou a estudar o Curso sozinha há alguns meses e desde segunda se juntou também ao grupo de estudos das segundas-feiras, em Perdizes. Bem-vinda, Tati. Fique à vontade, por favor, para comentar, partilhar seu aprendizado, suas dúvidas, suas questões, sugestões e o que você achar necessário. Obrigado por se juntar a nós.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O que há para perdoar, se estamos em Deus?

LIÇÃO 222

Deus está comigo. Vivo e me movimento n'Ele.

1. Deus está comigo. Ele é minha Fonte de vida, a vida interior, o ar que respiro, o alimento que me sustenta, a água que reanima e me purifica. Ele é meu lar, onde vivo e me movimento; o Espírito que orienta minhas ações, que me oferece Seus Pensamentos e garante minha segurança contra toda dor. Ele me cumula de bondade e de atenção e conserva no amor o Filho que Ele ilumina, que também O ilumina. Quão tranquilo é aquele que conhece a verdade daquilo que Ele fala hoje!

2. Pai, não temos nenhuma palavra exceto Teu Nome em nossos lábios e em nossas mentes, ao virmos calmamente a Tua Presença agora, e ao pedirmos para descansar em paz Contigo por um momento.

*

COMENTÁRIO:

Nesta terça, dia 10 de agosto, nossa lição é a segunda desta segunda parte de Livro de Exercícios. O tema que orienta as primeiras práticas deste período inicial é: O que é o perdão?

Lembremo-nos de ler e refletir acerca da primeira instrução como forma de facilitar nossos períodos de prática. De acordo com ela "o perdão reconhece que aquilo que pensaste que teu irmão fez a ti não aconteceu", na verdade.

Por isto, nada do que penso que alguém faz ou fez a mim ou contra mim, de fato, aconteceu. A não ser como resposta a um pedido meu por uma experiência que pedi para viver. Disto se conclui que ninguém pode fazer nada por mim, nem a favor, nem contra. Nem bem, nem mal. Tudo começa e termina em mim.

Só eu posso atribuir valor, julgar, condenar ou emitir qualquer opinião a respeito do mundo que construo. Se o construo em sintonia com o Ser que vive em Deus e em mim, o mundo, e tudo o que há nele, tem de ser neutro por completo, e servir apenas para me pôr em contato com as experiências que busco.

O que há para perdoar, então?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Últimos passos para a percepção verdadeira

PARTE II

Introdução

1. As palavras farão pouco sentido agora. Nós as usamos apenas como guias dos quais já não dependemos. Pois agora buscamos somente a experiência direta da verdade. As lições que restam são simplesmente introduções aos momentos em que deixamos o mundo de dor e avançamos para penetrar na paz. Agora começamos a atingir a meta que este curso estabelece e a encontrar o fim em cuja direção nossa prática sempre esteve orientada.

2. Agora tentamos permitir que o exercício seja simplesmente um começo. Pois esperamos em calma expectativa por nosso Deus e Pai. Deus garante que Ele Mesmo dará o último passo. E temos certeza de que Ele cumpre Suas promessas. Já fomos longe na estrada e agora esperamos por Ele. Continuaremos a passar algum tempo com Ele a cada manhã e à noite, enquanto isto nos fizer felizes. Já não consideramos o tempo uma questão de duração. Usamos tanto quanto necessitarmos para o resultado que desejamos. Tampouco esqueceremos de nossa lembrança a cada hora no intervalo, chamando por Deus quanto tivermos necessidade d'Ele no momento em que formos tentados a esquecer nossa meta.

3. Continuaremos com um pensamento central para todos os dias que virão e usaremos aquele pensamento para começar nossos momentos de descanso e para acalmar nossas mentes quando necessário. Mas não nos satisfaremos simplesmentes com a prática nos instantes santos que restam, que concluem o ano que dedicamos a Deus. Dizemos algumas palavras simples de boas vindas e esperamos que o Pai Se revele, conforme Ele prometeu. Nós O chamamos e Ele assegura que Seu Filho não ficará sem resposta quando invocar o Nome d'Ele.

4. Agora vamos a Ele só com Sua Palavra em nossas mentes e corações, e esperamos que Ele dê, em nossa direção, o passo de que Ele falou pela Sua Voz, que Ele não deixaria de dar quando nós O convidássemos. Ele não abandona Seu Filho em toda sua loucura, nem trai a confiança que Seu Filho tem n'Ele. A fidelidade de Deus não O torna merecedor do convite que Ele busca para nos fazer felizes? Nós o ofereceremos e ele será aceito. Agora passaremos nossos momentos com Ele deste modo. Dizemos as palavras do convite que Sua Voz sugere e, em seguida, esperamos que Ele venha a nós.

5. Agora se cumpre o tempo da profecia. Agora todas as antigas promessas são mantidas e cumpridas por inteiro. Não resta nenhuma ação para o tempo separar de sua realização. Pois agora não podemos falhar. Senta em silêncio e espera teu Pai. Ele deseja vir a ti quando reconheceres que é tua vontade que Ele o faça. E que tu nunca poderias vir tão longe a menos que visses, ainda que de modo não muito claro, que esta é tua vontade.

6. Eu estou tão perto de ti que não podemos falhar. Pai, nós damos estes momentos santos a Ti, em gratidão Àquele Que nos ensina como deixar o mundo de tristeza em troca de seu substituto, que Tu nos deste. Não olhamos para trás agora. Olhamos para frente e cravamos nossos olhos no final da jornada. Aceita estas nossas pequenas dádivas de gratidão, uma vez que pela visão de Cristo vemos um mundo além daquele que criamos e aceitamos que esse mundo seja o substituo pleno para o nosso.

7. E agora esperamos em silêncio, sem medo e certos de Tua vinda. Buscamos encontrar nosso caminho seguindo o Guia que Tu nos enviaste. Não conhecíamos o caminho, mas Tu não nos esqueceste. E sabemos que Tu não nos esquecerás agora. Pedimos apenas que Tuas antigas promessas, que é Tua Vontade cumprir, sejam cumpridas. Ao pedir isto desejamos Contigo. O Pai e o Filho, Cujas Vontades santas criaram tudo o que existe, não podem falhar em nada. Com esta certeza empreendemos estes últimos passos em direção a Ti e descansamos na confiança de Teu Amor, que não faltará ao Filho que chama por Ti.

8. E, assim, iniciamos a parte final deste ano santo, que passamos juntos na busca da verdade e de Deus, que é seu único Criador. Descobrimos o caminho que Ele escolheu para nós e fizemos a escolha de seguí-Lo assim como Ele quer que façamos. Sua Mão nos ampara. Seus Pensamentos iluminam a escuridão de nossas mentes. Seu Amor nos chama incessantemente desde o ínício do tempo.

9. Tínhamos um desejo de que Deus fracassasse em ter o Filho a quem Ele criou para Si Mesmo. Queríamos que Deus mudasse a Si Mesmo e fosse o que queríamos fazer d'Ele. E acreditávamos que nossos desejos loucos eram a verdade. Agora estamos alegres porque tudo isto está desfeito e nós não pensamos mais que as ilusões são verdadeiras. A lembrança de Deus resplandece pelos vastos horizontes de nossas mentes. Mais um instante e ela surgirá outra vez. Mais um instante e nós, que somos Filhos de Deus, estaremos a salvo em casa, onde Ele quer que estejamos.

10. Agora, a necessidade de prática quase acabou. Pois nesta última parte chegaremos a compreender que só precisamos chamar por Deus e todas as tentanções desaparecem. Em lugar de palavras, precisamos apenas sentir Seu Amor. Em vez de preces, só precisamos invocar Seu Nome. Em lugar de julgar, só precisamos ficar calmos e deixar que todas as coisas sejam curadas. Aceitaremos o modo pelo qual o plano de Deus terminará do mesmo modo que recebemos o modo com que ele começou. Agora ele está consumado. Este ano nos trouxe até a eternidade.

11. Conservaremos ainda uma nova utilidade para as palavras. De vez em quando, instruções acerca de um tema de particular importância se intercalarão com nossas lições diárias e os períodos sem palavras, profunda experiência que deve vir posteriormente. Estes pensamentos particulares devem ser revistos todos os dias e cada um deles deve continuar até que o próximo te seja dado. Eles devem ser lidos e deve-se refletir a respeito deles lentamente com atenção por algum tempo antes de um dos instantes santos e abençoados do dia. Damos agora a primeira destas intruções.

1. O que é o perdão?

1. O perdão reconhece que o que pensaste que teu irmão fez a ti não aconteceu. Ele não perdoa os pecados e os torna reais. Ele vê que não houve pecado. E, em vista disso, todos os teus pecados são perdoados. O que é o pecado exceto uma ideia falsa acerca do Filho de Deus? O perdão simplesmente vê sua falsidade e, em razão disso, a abandona. Agora, então, o que fica livre para ocupar seu lugar é a Vontade de Deus.

2. Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um juízo ao qual não porá em dúvida, embora não seja verdadeiro. A mente está fechada e não será liberada. O pensamento oculta a projeção, apertando suas correntes a fim de que as distorções fiquem mais veladas e mais disfarçadas; menos facilmente sujeitas à dúvida e mantidas mais distante do bom senso. O que pode se interpor entre uma projeção rígida e o objetivo que ela escolhe como a meta que quer?

3. Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas. Busca seu objetivo numa ação frenética, torcendo e destruindo aquilo que vê como intromissões ao caminho que escolheu. Seu objetivo, e também o meio pelo qual quer alcançá-lo, é a distorção. Ele inicia suas tentativas furiosas de esmagar a realidade sem preocupação com qualquer coisa que pareça apresentar uma contradição a seu ponto de vista.

4. O perdão, por outro lado, é tranquilo e, de modo sereno, não faz nada. Ele não transgride nenhum aspecto da realidade, nem busca alterá-la para formas que lhe agradem. Ele olha simplesmente e espera, e não julga. Aquele que não quer perdoar tem de julgar, pois precisa justificar seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer perdoar tem de aprender a receber a verdade exatamente como ela é.

5. Não faças nada, então, e permite que o perdão te mostre o que fazer, por intermédio d'Aquele Que é teu Guia, teu Salvador e Protetor, forte em esperança e certo de teu êxito final. Ele já te perdoou, porque esta é Sua função, que Lhe foi dada por Deus. Agora tu tens de compartilhara a função d'Ele e perdoar aquele que Ele salvou, cuja inocência Ele vê a a quem Ele reconhece como o Filho de Deus.

LIÇÃO 221

Paz a minha mente. Que todos os meus pensamentos silenciem.

1. Pai, venho a Ti hoje para buscar a paz que só Tu podes dar. Venho em silêncio. Na calma de meu coração, nos recantos mais profundos de minha mente, espero e presto atenção a Tua Voz. Fala comigo hoje, meu Pai. Venho ouvir Tua Voz em silêncio e na certeza e no amor, convencido de que Tu ouvirás meu chamado e me responderás.

2. Agora esperamos em paz. Deus está aqui, porque esperamos juntos. Tenho certeza de que Ele falará contigo e de que ouvirás. Aceita minha confiança, pois ela é tua. Nossas mentes estão unidas. Nós esperamos com uma só intenção; ouvir a resposta de nosso Pai a nosso chamado, para permitir que nossos pensamentos silenciem e encontrem a paz de Deus, para ouví-Lo falar daquilo que somos e para Se revelar a Seu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 9 de agosto, começamos a dar os passos que vão nos levar em direção à percepção verdadeira, conforme o Curso nos orienta. Espero que tenhamos todos uma jornada de muita paz, de muita alegria e de muita esperança. E que caminhemos todos juntos, animados pela perspectiva de compartilhar a luz que vamos receber de volta para iluminar todos os nossos caminhos e para iluminar os caminhos de todos aqueles que caminham conosco.

É importante que renovemos o compromisso de seguir as orientações que receberemos ao longos destes últimos passos. Por isto a necessidade de toda a atenção a estes primeiros passos.

Desejo a todos uma boa jornada. Lembrem-se, por favor, de que caminhamos juntos. Todos podemos ser úteis para animar e iluminar a caminhada de quem quer que precise de nossa luz e de nossa alegria.

domingo, 8 de agosto de 2010

Paz, para não nos perdermos no caminho

LIÇÃO 220

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (200) Não há nenhuma paz a não ser a paz de Deus.

Não deixes que eu me desvie do caminho da paz, pois fico perdido em outras estradas que não esta. Mas deixa-me seguir Aquele Que me conduz para casa, e a paz é tão certa quanto o Amor de Deus.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, 8 de agosto, desejo que os pais que me leem neste espaço e todos os pais do mundo tenham um dia de felicidade, de amor e de paz. Tomara consigamos todos compreender, ao praticar, que a paz que buscamos é a única paz que existe. A paz de Deus Pai.

Lembremo-nos também de que a ideia que revisamos hoje encerra a primeira parte do Livro de Exercícios. É ela que abre o caminho para a jornada que vamos começar amanhã com a segunda parte. Uma jornada que não deve se desviar do caminho da paz, o caminho que pode nos levar a aprender a percepção verdadeira.

Pratiquemos, portanto, ficar em paz e oferecer a paz, para aprendê-la.

sábado, 7 de agosto de 2010

Aprender a questionar todas as coisas

LIÇÃO 219

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (199) Eu não sou um corpo. Sou livre.

Eu sou o Filho de Deus. Aquieta-te, minha mente, e pensa nisto por um momento. E, depois, volta à terra, sem confusão a respeito do que meu Pai ama para sempre como Seu Filho.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, 7 de agosto, revisamos a ideia que nos oferece a possibilidade de libertação completa da crença que nos aprisiona a um corpo, a uma forma. Uma ideia que nos afiança sermos livres, ao compreendermos e aceitarmos que não somos corpos. Somos espíritos. E o espírito é livre.

É esta a verdade a respeito do que somos, se acreditarmos que ainda somos como Deus nos criou. Mas quem acredita nisto, quando olha para o mundo e vê o "caos" que aparentemente se instalou sobre a terra? Porém, a ideia que praticamos também nos permite ver que o aparente "caos" é apenas a ilusão gerada pela crença em corpos e formas, frutos de uma separação que nunca existiu.

É por esta razão que a orientação para as práticas falam em aquietar a mente. Para que olhemos de modo diferente para o mundo, e para as coisas dele ou nele. Nada é o que parece ser. E quando cometemos o equívoco de acreditar que compreendemos o que percebemos, seu significado está perdido para nós (conforme T-11.VIII.2:3).

Ainda de acordo como o que o Curso ensina, não conhecemos o significado de nenhuma das coisas que vemos e não temos nenhum pensamento totalmente verdadeiro. Mas temos um Professor, Que conhece o significado de todas coisas. E podemos perguntar a Ele se estivermos dispostos a aprender. Todavia, para aprender com Ele é preciso que tenhamos disposição para questionar todas as coisas que aprendemos por conta própria [no mundo e do mundo], pois aprendemos mal quando buscamos ser professores de nós mesmos (vide T-11.VIII.3).

Aproveitemos, pois, as práticas de hoje para aprender a respeito de nossa liberdade com o único Professor Que conhece todas as coisas, aquietando nossas mentes para ouvir Sua Resposta.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O princípio que constrói nossa "realidade"

LIÇÃO 218

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (198) Só minha condenação me fere.

Minha condenação mantém minha percepção duvidosa e com meus olhos cegos não posso perceber a beleza de minha glória. Hoje, porém, posso ver esta glória e ficar alegre.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Já lhes falei do livro Hipnotizando Maria, de Richard Bach, não é mesmo? Vocês já o leram? Não? Então, estão perdendo tempo [isto é uma sugestão hipnótica, risos, vide abaixo]. Pois vi nele um ótimo instrumento auxiliar para o aprendizado do UCEM. Para a comprensão e para o domínio de algumas das ideias básicas do ensinamento.

Uma delas é a ideia que praticamos nesta sexta, dia 6 de agosto, por exemplo. De que forma ela aparece no livro de Bach? Assim:

"... toda vez que pensamos ou dizemos: eu sou..., eu sinto..., eu quero..., eu penso..., eu sei..., você parece...., você pode..., você é..., você não pode..., isto é..., isto não é...., toda vez que usamos um julgamento de valor, como bom, mau, melhor, ruim, muito bom, lindo, inútil, formidável, certo, errado, terrível, encantador, magnífico, perda de tempo... E assim por diante... cada declaração que fazemos já não é uma declaração, é uma sugestão [hipnótica], e cada sugestão que aceitamos nos empurra mais para o fundo [em direção ao transe, na direção da crença que queremos criar e que, de fato, criamos ao aceitar a sugestão como verdadeira, a nosso próprio respeito ou a respeito de quem quer que seja. É assim que construímos nossa experiência, nossa "realidade"]. Toda sugestão intensifica a si mesma".

Repetindo: "toda sugestão intensifica a si mesma". Lembram do exemplo de Madre Teresa, que dizia nunca aceitar nenhum convite para qualquer movimento contra qualquer coisa, explicando que aquilo contra o que se luta apenas se reforça e intensifica? Este é o princípio. Lembram que o Curso diz que medo é desejo? Por quê? Porque ele é uma sugestão que não conseguimos deixar de reforçar e intensificar quando pensamos nele como parte de nossa experiência em relação a alguma coisa específica.

Daí a necessidade das práticas diárias, de meditação, do contato com o divino em nós, por menor que seja o tempo que nos dedicamos a elas. As práticas buscam nos oferecer a opção da escolha consciente, que só é possível fora do transe a que o mundo e as coisas do mundo, criadas pelo sistema de pensamento do ego, nos induzem.

Da mesma maneira que o sistema de pensamento do ego nos leva a acreditar que a ilusão é verdadeira, pela repetição - desde que o mundo é mundo - das sugestões de julgamento de nós mesmos e de tudo o que nos cerca em nosso experimentar do mundo, o Espírito Santo nos ensina, pela prática das ideias das lições, a neutralizar os julgamentos, isto é , a devolver ao mundo, e a tudo o que aparentemente existe nele, sua neutralidade.

Não valerá, pois, a pena aprender que a repetição da ideia de hoje, uma sugestão hipnótica de que "só minha condenação me fere", pode me livrar de julgar a que ou quem quer que seja por eu saber que ao julgar e condenar estou apenas condenando a mim mesmo?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Trocando as expectativas pela gratidão

LIÇÃO 217

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (197) Só posso ganhar a minha gratidão.

Quem, a não ser eu mesmo, deve agradecer por minha salvação? E de que modo, a não ser pela salvação, posso descobrir o Ser a Quem devo minha gratidão?

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Meu primeiro pensamento, ao voltar a esta ideia que praticamos nesta quinta, dia 5 de agosto, foi o de que ela é a razão pela qual não se pode - nem se deve - ter expectativa em relação a alguém ou a alguma coisa. Ninguém, uma vez aprendida a gratidão, precisa, nem pode e nem deve ter expectativas em relação a nada.

Pois, como dizia a mensagem que lhes ofereci na terça, não podemos nos valer de ninguém para a satisfação de nossas próprias necessidades. Não precisamos de nada, na verdade. E temos "um depósito infinito de dádivas amorosas para oferecer".

Quem, pois, a não ser eu mesmo, se beneficia, quando dou alguma coisa amorosamente? E quem, a não ser meu ego, precisa da reverência e de agradecimentos mil, quando dou alguma coisa? E se esta reverência e estes agradecimentos não vierem?

Com nos diz o texto que introduz esta ideia para as práticas: "Não importa se outro considera tuas dádivas indignas. Na mente dele existe uma parte que se junta a tua para te agradecer. Não importa se tuas dádivas parecem perdidas e inúteis. Elas são recebidas onde são dadas. Em tua gratidão elas são aceitas universalmente e reconhecidas com gratidão pelo Coração do Próprio Deus".

Alguém pode pedir ou querer mais do que isto?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O que queremos para nossa vida?


LIÇÃO 216

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (196) Só posso crucificar a mim mesmo.

Tudo o que faço, faço a mim mesmo. Se ataco, eu sofro. Mas, se eu perdoar, a salvação me será dada.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 4 de agosto, vamos revisar uma ideia que contém uma verdade que não aprendemos com o mundo. O mundo nos ensina a julgar, a condernar, a atacar e a crucificar todos os que se apresentam em nossos caminhos como culpados pelo estado de coisas que vivemos. Um estado que, aliás, nunca é de nossa própria responsabilidade, uma vez que nós "sabemos" o que fazemos e o que queremos, enquanto os outros estão todos errados, a se dar ouvidos ao sistema de pensamento do ego.

O Curso diz várias vezes, em diversos pontos diferentes, que oferece um ensinamento muito simples. Afinal, como ele diz a certa altura, o que pode ser mais simples do que descobrir que ilusão é ilusão e que só a verdade é verdadeira?

E é isto que a ideia para as práticas de hoje nos ajuda a aprender e a compreender. Pois ela é apenas extensão é consequência natural de outra lição que diz: "Tudo o que dou é dado a mim mesmo" (Lição 126).

Isto não é simples de se aprender? Sim! Sim! É simples, mas não é fácil. E por quê? Por estarmos hipnotizados pelos modos e sugestões do mundo [do ego], grande número de vezes não nos apercebemos de que o que fazemos só atinge mais fundo, de fato, a nós mesmos.

Apesar de todos já termos experimentado em algum momento a dor que resulta de se ferir alguém, o ego nos convida a relevar esta dor e a esquecê-la, sob a justificativa de que o que fizemos era o que aquela pessoa merecia.

Na verdade, sabemos que não é assim. Pois sempre que buscamos ferir ou atacar alguém é a nós mesmos que machucamos mais. É pagamos o preço em culpa. E a culpa gera o medo. E não conseguimos mais ficar em paz.

Será isto que queremos de verdade para nossa vida?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

As boas intenções não são suficientes

LIÇÃO 215

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (195) O amor é o caminho que sigo com gratidão.

O Espírito Santo é meu único Guia. Ele caminha comigo no amor. E eu dou graças a Ele por me mostrar o caminho a seguir.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Na tentativa de fornecer elementos para aprofundar as práticas com a ideia desta terça, dia 3 de agosto, vou dividir com vocês uma mensagem recebida por Helen Schucman em 1975, conforme registro no livro Absence from Felicity, de Kenneth Wapnick. A mensagem, de acordo com Ken, é uma advertência a Helen, e, por consequência, a nós todos no mundo inteiro, a não acreditar que apenas nosso desejo de ouvir seja suficiente para ouvirmos verdadeiramente. Como o Curso bem nos adverte: "Não confies nas tuas boas intenções. Elas não são suficientes" (T-18.IV.2:1-2).

Perdoem-me se o conteúdo lhes parecer um pouco longo, mas ele me parece muito oportuno para enriquecer e complementar as práticas da ideia de hoje. A mensagem diz o seguinte:

Todas as coisas são possíveis para Deus, mas tu tens de pedir a resposta d'Ele apenas a Ele Mesmo.

Talvez penses que o fazes, mas fica certo de que, se o fizesses, estarias em paz agora e não te deixarias perturbar por nada. Não tentes imaginar a Vontade d'Ele para ti. Não pressuponhas que estás certo porque uma resposta parece vir d'Ele. Certifica-te de perguntar e, em seguida, fica quieto e deixa que Ele fale. Não há nenhum problema que Ele não possa resolver, pois nunca é Ele Quem separa algumas questões para serem resolvidas por alguém mais. Tu não podes partilhar o mundo com Ele dando metade a Ele enquanto a outra metade cabe a ti. A verdade não faz nenhuma concessão. Manter uma pequena parte separada é manter tudo separado. Tua vida, completa e total, pertence a Deus ou nada dela é d'Ele. Não há nenhuma ideia no mundo que pareça mais terrível.

Porém, é apenas quando esta ideia aparece com perfeita clareza que há esperança de paz e de segurança para a mente mantida por tanto tempo cega e posicionada de modo a evitar a luz. Isto é a luz. Recua e não dês importância às formas que parecem te manter limitado. Tu cumprirás tua função. E terás qualquer coisa de que necessites. Deus não falha. Mas não imponhas nenhum limite ao que queres oferecer a Ele para ser resolvido. Pois Ele não pode oferecer mil respostas quando existe apenas uma. Aceita esta única d'Ele e não restará uma pergunta sequer a ser feita.

Não te esqueças de que, se tentas resolver um problema, tu o julgas por ti mesmo e, deste modo, trais teu papel natural. A grandeza, que vem de Deus, estabelece que o julgamento é impossível para ti. Mas a grandiosidade insiste que julgues e tragas a ela todos os problemas que tens. E qual é o resultado? Olha com atenção para tua vida e deixa que ela fale por ti...

O que queres sonegar a Deus que esconderias por trás de teu julgamento? O que escondes sob o manto da bondade e da preocupação? Não uses ninguém para tuas necessidades, pois isto é "pecado" e pagarás a pena em culpa. Lembra-te de que não precisas de nada, mas tens um depósito infinito de dádivas amorosas para oferecer. Mas ensina esta lição apenas a ti mesmo. Teu irmão não a aprenderá de tuas palavras ou dos julgamentos que fizeste dele. Tu não precisas dizer nem mesmo uma palavra a ele. Tu não podes perguntar: "O que direi a ele?" e ouvir a resposta de Deus. Em vez disto, é melhor pedires: "Ajuda-me a ver este irmão pelos olhos da verdade e não do julgamento", e a ajuda de Deus e de todos os Seus anjos atenderá.

Pois só deste modo descansamos. Nós rejeitamos todos os nossos julgamentos mesquinhos e palavras insignificantes; nosso problemas minúsculos e nossas falsas preocupações. Tentamos ser o senhor de nossos destinos e pensamos que aí estava a paz. Liberdade com julgamento é impossível. Mas a teu lado está Aquele Que conhece o caminho. Recua para Ele e deixa Ele te conduzir ao descanso e ao silêncio da Palavra de Deus.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Liberdade é confiar o futuro às Mãos de Deus.

LIÇÃO 214

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (194) Entrego o futuro nas Mãos de Deus.

O passado se foi; o futuro ainda não existe. Agora estou livre de ambos. Pois o que Deus dá só pode ser para o bem. E eu aceito apenas o que Ele dá como aquilo que me pertence.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que revisamos nesta segunda-feira, dia 2 de agosto, se lembrarmos bem das orientações que recebemos para as práticas com ela há vinte dias, é um passo gigantesco na direção da salvação rápida, pois cobre uma distância tão grande que nos "coloca bem perto do Céu".

É esta ideia, em conjunto com as que unificam nossas práticas nesta revisão, que vai nos permitir "ultrapassar toda ansiedade, todos os abismos do inferno, todo o negror da depressão, dos pensamentos de pecado e da desolação trazida pela [crença na ideia da] culpa", que se origina da crença na separação.

Uma vez aceita esta ideia, o que podemos temer? Já não há passado e qualquer coisa que possamos esperar do futuro, que ainda não existe, está nas Mãos de Deus. Isto não é absolutamente libertador? Salvar-se - salvar o mundo - não é apenas isto: confiar o futuro às Mãos de Deus?

De que nos valeram até agora todos os esforços - e o orgulho que os motiva - para controlar nossos próprios caminhos? Alguém, alguma vez, conseguiu, consegue, ou virá a conseguir, de fato, prever ou mudar o papel que lhe cabe no plano de Deus para a salvação do mundo, sem se render por completo a Ele?

Não é este tipo de esforço que nos desgasta, que nos apavora e que nos enche de terror ao se revelar inútil? Quanto nos debatemos e quanto ainda vamos nos debater antes de aceitar que basta nos rendermos à Vontade de Deus para que tudo se ilumine e encha de alegria, de amor e de paz todos os caminhos que trilhamos?

Uma última observação: Já estou postando as lições em São Paulo, de volta após quinze dias maravilhosos de férias. Muitas experiências, muitos acontecimentos, muitas leituras e muito a partilhar. Vou fazê-lo aos poucos. Aproveito esta observação final para dar as boas vindas a Geane Cristina Schuh, que se juntou a nós neste período em que estive ausente. Bem-vinda, Geane! Como digo sempre a todos que se apresentam, fique, por favor, à vontade para comentar, dividir suas experiências e contar a respeito de você mesma e de seu contato com o UCEM e com os exercícios diários.

domingo, 1 de agosto de 2010

De quem é a responsabilidade por tudo?

LIÇÃO 213

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (193) Todas as coisas são lições que Deus quer que eu aprenda.

Uma lição é um milagre que Deus me oferece em lugar de pensamentos que tive, que me ferem. O que aprendo d'Ele é o modo pelo qual me liberto. E, por isto, escolho aprender as lições d'Ele e esquecer minhas próprias lições.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Assim como não existem acasos, conforme sabemos, também não existem coincidências. Caso contrário, a quem atribuir a responsabilidade pela experiência? Se não há nenhum mundo, a não ser o que vejo como expressão de meu mundo interior - e o de cada um individualmente - o que preciso salvar? A quem preciso salvar a não ser a mim mesmo?

É maravilhoso praticar, e compreender bem, a ideia que revisamos neste domingo, último dia do mês de julho "na contagem milenar". Ela abre diante de nós todas as possibilidades do aprendizado da percepção verdadeira. Pois é a compreensão desta ideia que vai fundamentar e facilitar nossa aceitação da responsabilidade que nos cabe por tudo o que acontece na vida. Em nossa própria vida e na vida em geral.

Lembremo-nos de que compreender é aceitar. Pois só não aceitamos aquilo que ainda não compreendemos. E, quando nos recusamos a compreender algo, estamos apenas nos aferrando a uma ideia, a um preconceito [pré-conceito, conceito prévio ou anterior], a um julgamento que fizemos e não queremos mudar.

Assim, a ideia de hoje é, de fato, um milagre que Deus nos oferece para substituir quaisquer pensamentos que tivemos a respeito de qualquer coisa que seja, e que se apresente a nós em nossa experiência. Pois permite que retiremos todo o julgamento dos fatos e das circunstâncias, e olhemos para eles com um novo olhar, um olhar diferente. Um olhar que busca apreender, compreender e aceitar a lição que se apresenta daquele modo, naquele momento, seja ela qual for, seja qual for o momento.

É importante que saibamos que, de acordo com o Curso, uma lição nos vai ser apresentada tantas vezes quanto necessário e de tantas formas diferentes até que a aprendamos. Para, então, passarmos a uma nova lição, a um novo aprendizado. Enquanto resistirmos às lições, considerando-as acaso, coincidência, má sorte, infortúnio, desgraça, algo que não deveria ter acontecido, ou nos considerando infelizes pelas experiências que vivemos, deixamos de ver o milagre que há por trás de todos os acontecimentos de nossas vidas.