domingo, 31 de janeiro de 2010

Quem se deixa enganar pelo ego?

LIÇÃO 31

Eu não sou vítima* do mundo que vejo.

1. A ideia de hoje é a introdução de tua declaração de liberdade. Mais uma vez, a ideia deve ser aplicada tanto ao mundo que vês fora quanto ao mundo que vês dentro. Na aplicação da ideia, usaremos uma forma de prática que será utilizada cada vez mais, com modificações conforme indicado. Em geral, a forma inclui dois aspectos, um no qual aplicas a ideia de modo mais contínuo e o outro que consiste em aplicações frequentes da ideia ao longo do dia.

2. São necessários dois períodos de prática mais longos com a ideia para hoje, um pela manhã e um à noite. Recomenda-se de três a cinco minutos para cada um destes períodos. Durante este tempo, olha a tua volta lentamente enquanto repetes a ideia duas ou três vezes. Em seguida, fecha os olhos e aplica a mesma ideia a teu mundo interior. Escaparás de ambos ao mesmo tempo, pois o interior é a causa do exterior.

3. Enquanto examinas teu mundo exterior deixa simplesmente que quaisquer pensamentos que passem por tua mente cheguem a tua consciência, para considerar cada um por um momento e, então, ser substituído pelo seguinte. Tenta não estabelecer qualquer tipo de hierarquia entre eles. Observa-os virem e irem com a maior imparcialidade possível. Não te demores em nenhum em particular, mas tenta deixar a corrente seguir adiante regular e tranquilamente, sem qualquer envolvimento especial de tua parte. Ao sentares calmamente para observar teus pensamentos, repete a ideia de hoje para ti mesmo quantas vezes quiseres, mas sem nenhuma sensação de pressa.

4. Além disso, repete, para ti mesmo, a ideia para hoje com a maior frequência possível durante o dia. Lembra-te de que estás fazendo uma declaração de independência em nome de tua própria liberdade. E em tua liberdade está a liberdade do mundo.

5. A ideia para hoje também é particularmente útil para ser usada como uma resposta a qualquer forma de tentação que possa surgir. Ela é uma declaração de que não cederás à tentação para te colocares em cativeiro.

* A palavra victim, do original, também tem a acepção que permitiria traduzí-la por escravo. A frase ficaria, então, "Eu não sou escravo do mundo que vejo". Em minha opinião, este significado talvez seja até mais adequado para traduzir a ideia da lição de hoje, a se considerar o que dizem as instruções para as práticas quanto à declaração de independência que fazemos ao usar a ideia. Optei por manter a versão dada por Lillian em função do fato de ser comum em nossa experiência neste mundo o contato com pessoas que se julgam vítimas das circunstâncias que as cercam, por não terem aprendido ainda a assumir a responsabilidade pelas situações que seus pensamentos criam para suas vidas.

*

COMENTÁRIO:

Creio que se pode dizer que começamos agora, neste dia 31 de janeiro, a aprender alguma coisa a respeito de responsabilidade. Quem é vítima do mundo? Quem vitima quem? E se não somos vítimas do mundo que vemos, o que somos? O que é o mundo? A quem o mundo escraviza? A quem ele pode escravizar?

Utilizar a ideia ao longo do dia, com as práticas, de acordo com as orientações, vai nos permitir perceber o quanto estamos enganados. Ou o quanto nos deixamos enganar pelo "mundo", acreditando no ego que nos diz que não há como fugir do sofrimento neste mundo. Ou que não há como mudar o mundo. Ou que nós não somos capazes de mudar. Nem a nós mesmos, nem ao mundo.

Será?

sábado, 30 de janeiro de 2010

Um programa de treinamento da mente

LIÇÃO 30

Deus está em tudo o que vejo, porque Deus está em minha mente.

1. A ideia para hoje é o trampolim para a visão. A partir desta ideia o mundo se abrirá diante de ti e olharás para ele e verás nele aquilo que nunca tinhas visto antes. E o que vias antes não será visível para ti nem mesmo vagamente.

2. Hoje tentamos usar um tipo novo de "projeção". Não estamos tentando nos livrar do que não gostamos buscando vê-lo fora. Ao contrário, tentamos ver no mundo o que está no interior de nossas mentes e aquilo que queremos reconhecer que está aí. Deste modo, tentamos nos unir ao que vemos, em lugar de mantê-lo separado de nós. Esta é a diferença fundamental entre a visão e o modo como vês.

3. A ideia de hoje deve ser aplicada tantas vezes quanto possível durante todo o dia. Sempre que tiveres um momento, repete-a para ti mesmo devagar, olhando a tua volta e tentando perceber claramente que a ideia, de fato, se aplica a tudo o que vês agora, ou ao que poderias ver agora, se estivesse ao alcance de tua vista.

4. A visão verdadeira não está limitada a noções tais como "perto" e "longe". A fim de te ajudar a começar a te acostumares com esta ideia, tenta pensar em coisas distantes de teu alcance atual tanto quanto naquelas que podes realmente ver ao aplicares a ideia de hoje.

5. A visão verdadeira não só não é limitada pelo espaço e pela distância, mas também não depende absolutamente dos olhos do corpo. A mente é sua única fonte. Também a fim de te ajudar a conseguires ficar mais acostumado com esta ideia, dedica vários períodos de prática à aplicação da ideia de olhos fechados, usando quaisquer sujeitos que venham a tua mente e olhando mais para dentro do que para fora. A ideia de hoje se aplica igualmente a ambos.

*

COMENTÁRIO:

Nos dias que correm, a própria Ciência já nos informa que não há diferença para nosso cérebro entre aquilo que é aparentemente real e visível aos nossos olhos e aquilo que existe apenas em nossos pensamentos.

Daí a importância de se praticar a ideia que o Curso nos oferece neste dia 30 de janeiro. O Curso, às vezes, se auto-define como um programa de treinamento da mente, uma vez que tudo o que precisamos mudar, de fato, se quisermos viver no mundo "o sonho feliz" de alcançar a alegria e a paz perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós, é apenas nosso modo de pensar. Pois, na verdade, são apenas os nossos pensamentos que "criam" e constróem a aparente realidade que vivemos.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Confiar na orientação do Espírito Santo

LIÇÃO 29


Deus está em tudo o que vejo.


1. A ideia para hoje explica por que tu podes ver todo o propósito em todas as coisas. Ela explica por que nada está separado, por si mesmo ou em si mesmo. E explica por que nada do que vês significa coisa alguma. De fato, ela explica cada ideia que usamos até agora e também todas as subsequentes. A ideia de hoje é a base total para a visão.

2. É provável que aches esta ideia muito difícil de apreender a esta altura. Podes achá-la tola, irreverente, absurda, engraçada e até mesmo repreensível. Deus certamente não está em uma mesa, por exemplo, da forma como tu a vês. No entanto, enfatizamos ontem que a mesa compartilha o propósito do universo. E aquilo que compartilha o propósito do universo compartilha o propósito de seu Criador.

3. Tenta, então, hoje, começar a aprender como olhar para todas as coisas com amor, gratidão e receptividade. Tu não as vês agora. Queres saber o que há nelas? Nada é como te parece. Seu propósito sagrado está além de teu pouco alcance. Quando a visão te mostrar a santidade que anima o mundo compreenderás perfeitamente a ideia de hoje. E não compreenderás como pudeste alguma vez achá-la difícil.

4. Nossos seis períodos de prática de dois minutos para hoje devem seguir um padrão agora familiar. Começa com a repetição da ideia para ti mesmo e, em seguida, aplica-a a sujeitos escolhidos aleatoriamente a tua volta, citando cada um de forma específica. Tenta evitar a tendência a uma seleção auto-direcionada, que pode ser particularmente tentadora em relação à ideia de hoje em razão de sua natureza completamente inusitada. Lembra-te de que qualquer ordem que estabeleças é igualmente estranha à realidade.

5. Por isso, tua lista de sujeitos deve ser tão livre de tua seleção pessoal quanto possível. Por exemplo, uma lista adequada poderia inlcuir:


Deus está neste cabide.
Deus está nesta revista.
Deus está neste dedo.
Deus está nesta lâmpada.
Deus está naquele corpo.
Deus está naquela porta.
Deus está naquele cesto de lixo.


Além dos períodos de prática estabelecidos, repete a ideia para hoje pelo menos uma vez por hora, olhando lentamente a tua volta enquanto, sem pressa, dizes as palavras para ti mesmo. Pelo menos uma ou duas vezes, deves experimentar uma sensação de tranquilidade enquanto fazes isso.


*

COMENTÁRIO:


A lição deste dia 29 de janeiro nos oferece uma ideia à qual não estamos acostumados. Uma ideia que pode causar alguma estranheza, por isso precisamos voltar à introdução do Livro de Exercícios, que nos orienta a aplicar as ideias da forma como o Curso nos pede, sem julgá-las. Não é preciso que acreditemos nas ideias e nem precisamos acolhê-las bem.


Se, de algum modo, alguém se sentir incomodado com a ideia para a prática de hoje, há um trecho do livro que diz o seguinte:

Este curso oferece uma situação de aprendizado muito direta e muito simples e provê o Guia [o Espírito Santo] Que te diz o que fazer. Se o fizeres, verás que funciona. Seus resultados são mais convincentes do que suas palavras. Eles te convencerão de que as palavras são verdadeiras.

Basta-nos, portanto, confiar no Espírito Santo e seguir as orientações, uma vez tomada a decisão de fazer os exercícios.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Quem de nós quer, acima de tudo, de fato, ver todas as coisas de modo diferente?

LIÇÃO 28

Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente.

1. Hoje damos, de fato, aplicação específica à ideia de ontem. Nestes períodos de prática, assumirás uma série de compromissos definidos. Não nos interessa agora se os cumprirás no futuro. Se pelo menos estiveres disposto a assumí-los agora, deste início ao movimento para mantê-los. E nós ainda estamos no começo.

2. Podes te perguntar por que é importante dizer, por exemplo, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente". Em si mesma, ela não é absolutamente importante. Mas o que é por si mesma? E o que significa "em si mesma"? Tu vês muitas coisas separadas a tua volta, o que, de fato, significa que não estás vendo em absoluto. Tu vês ou não. Quando vires uma única coisa de modo diferente, verás todas as coisas de modo diferente. A luz que verás em qualquer uma delas é a mesma que verás em todas.

3. Quando dizes, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", está assumindo um compromisso de retirar todas as ideias preconcebidas acerca da mesa e de abrir tua mente para o que ela é e para que ela serve. Tu não a estás definindo em termos passados. Está perguntando o que ela é, em lugar de lhe dizer o que ela é. Não estás amarrando seu significado a tua experiência diminuta com mesas, nem estás limitando o propósito dela a tuas ideias pessoais insignificantes.

4. Não questionarás aquilo que já definiste. E a finalidade destes exercícios é fazer perguntas e receber respostas. Ao dizeres, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", estás te comprometendo a ver. Não é um compromisso exclusivo. É um compromisso que se aplica tanto à mesa quanto a qualquer outra coisa, nem mais nem menos.

5. Poderias, de fato, obter a visão simplesmente a partir dessa mesa, se estivesses disposto a retirar todas as tuas ideias particulares a respeito dela e a olhar para ela com uma mente completamente aberta. Ela tem algo para te mostrar; algo belo e puro e de valor infinito, cheio de felicidade e esperança. Escondido sob todas as tuas ideias a respeito dela está seu propósito verdadeiro, o propósito que ela compartilha com todo o universo.

6. Portanto, ao usares a mesa como um sujeito para aplicar a ideia para hoje, tu estás realmente pedindo para ver o propósito do universo. Farás este mesmo pedido a cada sujeito que usares nos períodos de prática. E assumes o compromisso com cada um deles de permitir que seu propósito te seja revelado, em lugar de colocar teu próprio julgamento sobre ele.

7. Teremos seis períodos de prática de dois minutos hoje, nos quais primeiro se declara a ideia de hoje e, em seguida, se aplica a ideia a qualquer coisa que vejas ao teu redor. Os sujeitos não só devem ser escolhidos aleatoriamente, mas deve-se atribuir a cada um a mesma sinceridade enquanto se aplica a ideia de hoje a ele, em uma tentativa de reconhecer o valor igual deles todos em sua contribuição para teu ver.

8. Como de costume, as aplicações devem incluir o nome do sujeito que, por acaso, teus olhos encontrarem e deves fixar teus olhos nele enquanto dizes:

Acima de tudo quero este _________ de modo diferente.

Cada aplicação deve ser feita bem devagar e tão refletidamente quanto possível. Não há pressa.

*


COMENTÁRIO:

Uma vez que a ideia da lição deste dia 28 de janeiro amplia a metáfora relacionada à visão de que tratamos ontem, podemos continuar a falar a respeito do ver como capacidade física e considerá-lo inextricavelmente ligado ao ver, à visão, em seu sentido mais amplo e abrangente.

Continuemos, pois, com o exemplo de ontem do processo de Meir Schneir. Ele nos conta que o escritor britânico Aldous Huxley, a certa altura de sua vida, recorreu aos exercícios indicados por um certo Dr. Bates "para se recuperar de um problema próximo à cegueira" e escreveu um livro intitulado A arte de ver, no qual descreveu "o ver como um processo" que envolve os olhos, o cérebro e a mente. Um processo que consiste em: "sentir: as células dos olhos sensíveis à luz recebem informação sobre o ambiente por meio de raios de luz...; selecionar: a mente não consegue lidar com todos os dados visuais que chegam aos olhos; assim, ela os dirige para escolher certos dados aos quais prestar atenção; [e] perceber: os dados visuais selecionados são reconhecidos e interpretados pela mente."

Falando do processo físico de ver, Meir diz que "para aperfeiçoar nossa visão, necessitamos reconhecer que ela é uma interação complexa entre os olhos e a mente. Também necessitamos aprender como levar a mente a trabalhar para nós, e não contra nós. Um dos maiores obstáculos que necessitamos vencer é a crença de que os olhos [e, por consequência, nossa visão] nunca poderão melhorar. Essa crença pode nos impedir de reconhecer ou aceitar quando melhoramos de fato, ou convencemo-nos de que, em certas situações, simplesmente não vamos conseguir ver e assim não deveríamos tentar".

Não lhes parece que isso se refere a muito mais do que apenas a um processo físico? Será que isto não tem a ver com a conclusão a que chegamos, a maior parte das vezes inconscientemente, de que não vale apenas fazer nenhum esforço para mudar, porque "o mundo não tem jeito mesmo", independentemente do que possamos fazer?

Daí a necessidade das práticas.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O que queremos "acima de tudo"?

LIÇÃO 27

Acima de tudo eu quero ver.

1. A ideia de hoje exprime algo mais forte do que simples determinação. Ela dá prioridade à visão entre teus desejos. Podes te sentir hesitante quanto a usar a ideia, com base em que não tens certeza de que é isto que queres realmente. Isto não importa. O objetivo dos exercícios de hoje é fazer chegar mais perto o momento em que a ideia será inteiramente verdadeira.

2. Pode haver uma grande tentação em acreditares que se pede a ti algum tipo de sacrifício, quando dizes que queres ver acima de tudo. Se ficares inquieto em relação à falta de reservas pressuposta, acrescenta:

A visão não custa nada a ninguém.

Se o medo da perda ainda persistir, acrescenta ainda:

Ela só pode abençoar.

3. A ideia de hoje precisa de muitas repetições para o máximo aproveitamento. Ela deve ser usada pelo menos a cada meia hora, e mais se possível. Poderias tentar usá-la a cada quinze ou vinte minutos. Recomenda-se que, quando acordares ou pouco depois, estabelaças um intervalo de tempo definido para o uso da ideia e que tentes ser fiel a ele do início ao fim do dia. Não será difícil fazer isso mesmo se estiveres ocupado conversando ou ocupado de outra maneira no momento. Ainda assim, podes repetir uma frase curta para ti mesmo sem perturbar coisa alguma.

4. A questão verdadeira é quantas vezes tu te lembrarás? Quanto queres que a ideia de hoje seja verdadeira? Responde a uma destas perguntas e terás respondido à outra. É provável que percas várias aplicações e, talvez um número bastante grande delas. Não te incomodes com isto, mas tenta prosseguir em teu horário daí por diante. Se ao menos uma vez durante o dia sentires que foste totalmente sincero enquanto repetias a ideia de hoje, podes ter certeza de que poupaste muitos anos de esforço a ti mesmo.

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COMENTÁRIO:

O que pensamos querer "acima de tudo"? Qual é nosso maior desejo? Qual é nossa maior aspiração? Será "ver"? Quantos de nós já pensaram a este respeito? Chegaram a alguma conclusão? Será que "ver" tem alguma relação com o que precisamos fazer para alcançar nossos objetivos? Quantos de nós nos lembramos de ser imensamente agradecidos pelo fato de sermos capazes de ver, apenas no sentido de ter a faculdade da visão? E em que medida esta faculdade nos auxilia ou atrapalha na tarefa de construir o mundo no qual queremos viver? Será que o "ver" a que se refere a ideia da lição deste dia 27 de janeiro está relacionado apenas à capacidade física do corpo que acreditamos ser?

Meir Schneider nasceu cego fisicamente e tem uma história maravilhosa a respeito de seu processo de desenvolver a capacidade de ver com os olhos do corpo, um processo que envolveu muito mais do que apenas suas capacidades físicas. Para ele, "fomos treinados para acreditar que nossos olhos só podem mudar para pior, e nunca podem melhorar depois de começarem a se deteriorar". Ele diz que isto só acontece porque a maioria de nós não sabe nada a respeito de como melhorar a visão.

Diz ainda que "melhorar a visão é um processo complexo, pois a visão, em si mesma, é um processo complexo. Nossos olhos - e, assim, nossas habilidades visuais - estão ligados, inexplicavelmente, com nossos corpos, nossas mentes e nossas emoções. Nossos olhos [como de resto todos os nossos sentidos, eu diria] atuam sobre todos os aspectos de nós próprios, e são, por sua vez, afetados por todos os aspectos de nossas vidas. Trabalhar com os olhos para melhorar a visão é, portanto, sempre um desafio. No processo, você pode defrontar-se com tensões físicas profundamente arraigadas, resistência mental, bloqueios emocionais e traumas. Ao enfrentar essas coisas, entretanto, muitas pessoas descobriram a força para vencê-las, e ao melhorar a visão mudaram suas vidas".

É claro que o exemplo de Meir, de trabalho com a visão orgânica, física, pode ser estendido de forma metafórica à visão em seu sentido mais amplo e abrangente. Cito-o apenas porque a ideia que trabalhamos no exercício de hoje, da mesma forma que o trabalho com o objetivo de melhorar a visão física, vai exigir que deixemos de lado o que aprendemos do mundo a respeito de ver. E é claro que o mundo criado e construído a partir do sistema de pensamento do ego também busca nos treinar a acreditar que não há forma de melhorar nossa visão [o que poderia significar ver o mundo de modo diferente]. Isto não é verdade. E as práticas vão provar isto, se insistirmos nelas.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Assumir a responsabilidade por tudo

LIÇÃO 26

Meus pensamentos de ataque ferem minha invulnerabilidade.

1. É certamente óbvio que, se podes ser atacado, não és invulnerável. Tu vês o ataque como uma ameaça real. Isto acontece em razão de acreditares que podes, de fato, atacar. E aquilo que teria efeitos por teu intermédio também tem de ter efeitos sobre ti. É esta lei que, em última instância, te salvará, mas tu a estás utilizando de modo equivocado agora. Por isto, tu tens de aprender de que modo ela pode ser usada em favor de teus maiores interesses mais do que contra eles.

2. Uma vez que teus pensamentos de ataque serão projetados, terás medo do ataque. E, se temes o ataque, tens de acreditar que não és invulnerável. Por esta razão, os pensamentos de ataque te tornam vulnerável em tua própria mente, que é o lugar aonde estão os pensamentos de ataque. Pensamentos de ataque e invulnerabilidade não podem ser aceitos simultaneamente. Eles se contradizem.

3. A ideia para hoje apresenta o pensamento segundo o qual tu sempre atacas a ti mesmo primeiro. Se os pensamentos de ataque impõem a crença de que és vulnerável, seu efeito é o de enfraquecer tua percepção de ti mesmo. Deste modo eles atacam tua percepção de ti mesmo. E, por acreditares neles, não podes mais acreditar em ti mesmo. Uma imagem falsa de ti mesmo vem tomar o lugar daquilo que tu és.

4. A prática com a ideia de hoje te ajudará a compreender que a vulnerabilidade, ou a invulnerabilidade, é o resultado de teus próprios pensamento. Nada exceto teus pensamentos pode te atacar. Nada exceto teus pensamentos pode te fazer pensar que és vulnerável. E nada exceto teus pensamentos pode provar para ti mesmo que isto não é verdade.

5. Pede-se seis períodos de prática para a aplicação da ideia de hoje. Deve-se tentar dois minutos inteiros para cada um deles, embora o tempo possa ser reduzido para um minuto se o desconforto for grande demais. Não o reduzas mais do que isso.

6. Deves começar o período de prática repetindo a ideia para hoje, fechando os olhos, em seguida, e revisando as questões não-resolvidas, cujos resultados estão sendo causa de inquietação para ti. A inquietação pode tomar a forma de depressão, angústia, raiva, uma sensação de incoveniência, medo, pressentimento e fixação. Qualquer problema ainda indefinido que tenda a voltar a teus pensamentos durante o dia é um sujeito adequado. Tu não serás capaz de utilizar um número muito grande em qualquer um dos períodos de prática, porque deve-se dedicar a cada um um tempo maior do que o de costume. A ideia de hoje deve ser aplicada da seguinte forma:

Eu estou preocupado com ____________ .

Em seguida, examina cada resultado possível que ocorra em relação a isso e que te cause preocupação, referindo-te a cada um de modo bem específico, dizendo:

Tenho medo de que ________________ aconteça.

8. Se estiveres fazendo os exercícios de forma adequada, deves encontrar cerca de cinco ou seis possibilidades aflitivas à disposição para cada situação que usares, e é bastante provável achares mais. É muito mais proveitoso examinar por completo algumas poucas situações do que tatear em um número maior. À medida que a lista de resultados previstos para cada situação continuar, é provável que aches alguns deles menos aceitáveis, especialmente aqueles que te ocorrerem perto do final. Na medida do possível para ti, porém, tenta tratar todos do mesmo modo.

9. Depois de citares cada resultado do qual tenhas medo, dize a ti mesmo:

Este pensamento é um ataque contra mim mesmo.

Conclui cada período de prática repetindo a idea de hoje para ti mesmo mais uma vez.

*

COMENTÁRIO:

A ideia da lição deste dia 26 de janeiro me traz de volta à lembrança as perguntas feita pela Ana, a respeito das práticas da lição 21. Creio que a ideia que praticamos hoje também serve de resposta àquelas questões. Pois o ego está sempre disposto a buscar, fora de seu sistema de pensamento, uma explicação para tudo o que acontece. Isto é, para o ego, a "culpa", ou a "responsabilidade" por qualquer coisa ou situação que vemos está na "coisa" ou na situação. Ou ainda em alguém que preparou a "coisa" ou a situação para nos fossem apresentadas.

Não é deste modo que o mundo funciona. Na verdade, o que as práticas da ideia de hoje vão nos ensinar é que são os nossos pensamentos que criam a "realidade" que pensamos ver. Dito de outro modo, as práticas de hoje vão nos ensinar a assumir toda a responsabilidade pelo modo como nos sentimos em relação a tudo o que vemos. E vão ajudar a nos decidirmos a ver de modo diferente.

Uma vez entendida e aceita esta responsabilidade, vamos redescobrir nossa invulnerabilidade, o poder que recebemos de Deus para curar o mundo, trazendo a salvação para nós mesmos e para o mundo inteiro. Perdoando-nos por ter dado ouvidos ao ego por tanto tempo e escolhendo abandonar a crença na separação. Alegres e agradecidos por tudo o que recebemos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Para aprender a desaprender

LIÇÃO 25

Eu não sei para que serve coisa alguma.

1. Propósito é significado. A ideia de hoje explica por que nada do que vês significa coisa alguma. Tu não sabes para que servem as coisas. Por isto, elas não têm significado para ti. Tudo serve a teus maiores interesses. É para isto que todas as coisas servem; é este o propósito delas; é isto o que todas as coisas significam. É no reconhecimento disto que tuas metas se tornam harmoniosas. É no reconhecimento disto que aquilo que vês se reveste de significado.

2. Tu percebes o mundo, e tudo nele, como significativo em termos das metas do ego. Essas metas não têm nada a ver com teus maiores interesses, porque tu não és o ego. Esta identificação falsa te torna incapaz de compreender para que serve qualquer coisa. Por consequência, estás fadado a fazer mau uso delas. Quando acreditares nisto, tentarás retirar as metas que estabeleceste para o mundo, em vez de tentar reforçá-las.

3. Outra maneira de descrever as metas que percebes agora é dizer que todas elas estão relacionadas a interesses "pessoais". Uma vez que não tens nenhum interesse pessoal, tuas metas, de fato, estão relacionadas ao nada. Por esta razão, quando as valorizas, não tens absolutamente nenhuma meta. E, deste modo, não sabes para que serve coisa alguma.

4. Antes que possas retirar qualquer sentido dos exercícios para hoje, é necessário mais um pensamento. Nos níveis mais superficiais tu, de fato, reconheces o propósito. Mas o propósito não pode ser compreendido nestes níveis. Por exemplo, compreendes, de fato, que um telefone serve ao propósito de falar com alguém que não esteja fisicamente próximo de ti. O que não compreendes é para que queres alcançá-lo. E é isto que torna teu contato com ele significativo ou não.

5. É vital para teu aprendizado que estejas disposto a desistir das metas que estabeleceste para todas as coisas. O reconhecimento de que elas não fazem sentido, e de que não são "boas" ou "más", é o único jeito de realizar isto. A ideia para hoje é um passo nesta direção.

6. Pede-se seis períodos de prática, cada um com dois minutos de duração. Cada período deve começar com uma repetição lenta da ideia para hoje, seguida de um olhar a tua volta deixando que teu olhar se fixe em qualquer coisa que capte teus olhos casualmente, perto ou longe, "importante" ou "sem importância", "humana" ou "não-humana". Com teus olhos fixos em cada sujeito que selecionares deste modo, dize por exemplo:

Eu não sei para que serve esta cadeira.
Eu não sei para que serve este lápis.
Eu não sei para que serve esta mão.

Dize isto bem devagar, sem deslocar teus olhos do sujeito até completares a declaração a respeito dele. Em seguida, passa para o próximo e aplica a ideia de hoje como antes.

*

COMENTÁRIO:

A ideia da lição deste dia 25 me leva de volta às perguntas feitas pela nossa colega Cristina na última quinta-feira. Acho que ela serve como uma resposta perfeita para as dúvidas apresentadas. Ou não, Cristina?

Creio que, de certo modo, a lição e a prática de sua ideia nos convida, mais uma vez, ao reconhecimento de que não sabemos nada de nada e que, exatamente por esta razão, não podemos julgar nada do que acontece neste nosso mundo de ilusão.

Dizendo de outro modo, se não sabemos para que serve coisa alguma, de que vale nos iludirmos com a ideia de que podemos fazer qualquer coisa para desenvolver, melhorar, aprimorar, construir um mundo mais justo, mais humano, mais solidário?

O mundo não existe. Pelo menos, não da forma que pensamos que ele exista. Duro, não? Tudo o que existe [para cada um de nós] é a ilusão de mundo que construímos a partir de nossos pensamentos sem significado, de nossas crenças. Uma ilusão que pode conter todos os "horrores" pessoais, aqueles que experimentamos individualmente na ilusão de que podemos ter qualquer pensamento privado, e também todos os "horrores" coletivos, compartilhados, aqueles que estamos acostumados a ver ou ouvir nos noticiários.

De qualquer forma, as práticas vão nos ensinar que há um mundo que queremos, um mundo real que podemos alcançar, abandonando a ilusão. Enquanto não o vislumbramos, é melhor que nos dediquemos à prática de desaprender os equívocos que este mundo nos ensinou, conforme nos ensina o Curso com esta primeira parte do Livro de Exercícios.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Para aprender a ser como as criancinhas

LIÇÃO 24

Eu não percebo meus maiores interesses.

1. Não percebes claramente que resultado te faria feliz em nenhuma situação que surja. Por isto, tu não tens nenhum guia para a ação apropriada e nenhum modo de julgar o resultado. O que fazes é determinado por tua percepção da situação e essa percepção está errada. É inevitável, então, que não vás atender a teus maiores interesses. No entanto, eles são tua única meta em qualquer situação percebida de modo correto. De outra forma, não reconhecerás quais são eles.

2. Se te desses conta de que não percebes teus maiores interesses, poder-se-ia ensinar-te quais são eles. Mas, diante de tua convicção de que sabes quais são eles, não podes aprender. A ideia para hoje é um passo na direção da abertura de tua mente a fim de que o aprendizado possa começar.

3. Os exercícios para hoje pedem muito mais honestidade do que estás acostumado a usar. Alguns poucos sujeitos, considerados honesta e cuidadosamente em cada um dos cinco períodos de prática que devem ser empreendidos hoje, serão mais úteis do que um exame mais superficial de um número grande deles. Sugere-se dois minutos para cada um dos períodos de exame mental que os exercícios envolvem.

4. Os períodos de prática devem começar com a repetição da ideia de hoje, de olhos fechados, seguida pelo exame mental em busca de situações não resolvidas acerca das quais estejas preocupado atualmente. A ênfase deve estar em descobrir o resultado que queres. Rápido perceberás com clareza que tens em mente várias metas como parte do resultado desejado e também que essas metas estão em níveis diferentes e que, muitas vezes, são antagônicas.

5. Ao aplicares a ideia para hoje, cita cada situação que te ocorrer e depois lista cuidadosamente o maior número possível de metas que gostarias que fossem alcançadas na sua resolução. A forma de cada aplicação deve ser mais ou menos a seguinte:

Na situação que envolve _________, eu gostaria que ________
acontecesse, e que __________ acontecesse,

e assim por diante. Tenta incluir tantos tipos diferentes de resultado quantos realmente possam te ocorrer, mesmo que alguns deles não pareçam estar diretamente relacionados à situação ou que nem mesmo pertençam a ela de forma alguma.

6. Se estes exercícios forem feitos de modo correto, reconhecerás rapidamente que fazes um grande número de exigências da situação, que não têm nada a ver com ela. Também reconhecerás que muitas de tuas metas são contraditórias, que não tens nenhum resultado harmonioso em mente, e que terás de te frustrar em relação a algumas de tuas metas independentemente de como a situação se resolva.

7. Depois de examinares a lista do maior número possível de metas almejadas para cada situação não resolvida que passar por tua mente, dize a ti mesmo:

Eu não percebo meus maiores interesses.

e passa para a seguinte.

*

COMENTÁRIO:

Não sabemos nada de nada. Sabemos que não sabemos nada de nada. Tudo o que não queremos fazer, porém, é reconhecer isto. Como se pudéssemos, no ego, ser onipotentes. Como se fosse um crime, ou um pecado mortal, reconhecer e declarar isto para as pessoas que fazem parte de nosso mundo, de nossas vidas.

E vejam só. É deste reconhecimento apenas que podemos esperar vir qualquer mudança. É dele que podemos esperar aprender qualquer coisa. Pois, se soubéssemos, de fato, tudo de tudo, o que haveria para se aprender neste mundo, nesta vida? O que haveríamos de fazer aqui?

Para a lógica do mundo, a do ego, precisamos aprender mais e mais. Precisamos acumular informações e experiências até a exaustão. Até o colapso de nossas capacidades mentais. Na verdade, o que nos ensina o Curso [e que vamos aprendendo cada vez mais dia a dia com as práticas dos exercícios] é que o que precisamos fazer mesmo é desaprender tudo aquilo que o mundo nos ensinou e continua a ensinar. Esta também é a lição de todos os grandes mestres que já passaram por este mundo. E de todos aqueles que ainda estão presentes e que podem ser considerados mestres.

Não será a isto que Jesus se referia quando disse que precisamos ser como as criancinhas? Inocentes a ponto de reconhecer que não sabem e inteiramente abertas para aprender e desaprender. Para viver apenas o momento que se apresenta.

É a isto que se prestam as práticas de nossa lição, neste dia 24 de janeiro.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Disposição para aprender e ensinar a paz

LIÇÃO 23

Posso escapar do mundo que vejo
desistindo dos pensamentos de ataque.

1. A ideia para hoje contém a única saída para o medo que será sempre bem-sucedida. Nada mais funcionará; tudo o mais é sem significado. Mas este jeito não pode falhar. Todo pensamento que tens cria algum segmento do mundo que vês. É com teus pensamentos, então, que temos de trabalhar, se quisermos que tua percepção do mundo mude.

2. Se a causa do mundo que vês são os pensamentos de ataque, tens de aprender que são esses pensamentos que não queres. Não faz sentido deplorar o mundo. Não faz sentido tentar mudar o mundo. Ele é incapaz de mudança porque é apenas um efeito. Mas, de fato, faz sentido mudar teus pensamentos a respeito do mundo. Agora estás mudando a causa. O efeito mudará automaticamente.

3. O mundo que vês é um mundo vingativo e tudo nele é um símbolo de vingança. Cada uma de tuas percepções da "realidade externa" é uma representação pitoresca de teus próprios pensamentos de ataque. Cabe muito bem perguntar se isso pode ser chamado de "ver". Fantasia não é uma palavra melhor para tal processo e alucinação um termo mais adequado para o resultado?

4. Tu vês o mundo que fazes, mas não te vês como o autor das imagens. Tu não podes ser salvo do mundo, mas podes escapar daquilo que é sua causa. Isto é o que significa salvação, pois onde está o mundo quando aquilo que é causa dele acaba? A visão já tem um substituto para todas as coisas que pensas ver agora. A beleza pode iluminar tuas imagens e, assim, transformá-las de tal modo que tua as amarás, mesmo que elas forem feitas de ódio. Pois tu não as farás sozinho.

5. A ideia para hoje apresenta o pensamento segundo o qual não estás preso ao mundo que vês, porque é possível mudar aquilo que é causa dele. Esta mudança pede, primeiro, que a causa seja identificada e, em seguida, abandonada, para poder ser substituída. Os dois primeiros passos deste processo pedem tua cooperação. O último não. Tuas imagens já foram substituídas. Ao dares os primeiros dois passos, verás que isso é verdade.

6. Além de usá-la ao longo do dia, quando a necessidade surgir, pede-se cinco períodos de prática para a aplicação da ideia de hoje. Ao olhares a tua volta, repete lentamente a ideia para ti mesmo primeiro e, depois, fecha os olhos e dedica cerca de um minuto a examinar tua mente em busca de tantos pensamentos de ataque quantos te ocorrerem. À medida que cada um passar por tua mente, dize:

Posso escapar do mundo que vejo desistindo dos
pensamentos de ataque sobre ________ .

Mantém cada pensamento de ataque em mente enquanto dizes isto e, então, descarta aquele pensamento e passa ao seguinte.

7. Certifica-te de incluir tanto os pensamentos em que atacas quanto aqueles em que és atacado nos períodos de prática. Os efeitos de ambos são exatamente os mesmos porque eles são exatamente os mesmos. Tu ainda não reconheces isto e pede-se, apenas desta vez, que os trates como se fossem os mesmos nos períodos de prática de hoje. Ainda estamos no estágio de identificação da causa do mundo que vês. Quando, finalmente, aprenderes que os pensamentos em que atacas e aqueles nos quais és atacado não são diferentes, estarás pronto para abandonar a causa.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que praticamos neste dia 23 de janeiro complementa de certo modo, eu diria, a ideia das práticas de ontem, nas quais nos perguntávamos se, de fato, é este o mundo que queremos ver.

Embora a resposta a esta questão já possa nos parecer óbvia, a necessidade de desistir de nosso modo de ver pode não parecer tão evidente, uma vez que ainda carregamos os registros de um aprendizado que nos diz, entre outras coisas, que "a vingança é doce".

O aprendizado que o mundo nos oferece ensina que não podemos desistir de nada, principalmente se temos razão na situação que se apresenta. Desistir é atitude de fracassado. Por isso nos apegamos tanto às crenças que herdamos e que ajudamos a perpetuar, construindo-as ou as reconstruindo dia a dia a partir das experiências por que passamos em nossa vida.

Como abrir mão, pois, de tudo aquilo que pensamos ser verdade e que aprendemos a duras penas?

As práticas diárias vão nos dar todos os argumentos de que precisamos para responder a esta pergunta. Pois, se insistirmos nelas - nas práticas - certamente vamos nos descobrir, passado algum tempo, mais atentos a nossos pensamentos, mais tranquilos, mais serenos, mais dispostos a aprender e a ensinar a paz.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Abrindo os olhos às artimanhas do ego

LIÇÃO 22

O que vejo é uma forma de vingança.

1. A ideia de hoje descreve precisamente o modo pelo qual qualquer pessoa que mantenha pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Tendo projetado sua raiva sobre o mundo, ela vê a vingança prestes a golpeá-la. Deste modo, o próprio ataque dela é percebido como auto-defesa. Isso se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a pertubarão e povoarão seu mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

2. É desta fantasia cruel que queres escapar. Não é uma notícia alegre ouvir que isso não é real? Não é uma revelação feliz descobrir que podes escapar? Tu fizeste aquilo que queres destruir; tudo aquilo que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.
Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:

Este é o mundo que realmente quero ver?

A resposta certamente é óbvia.

*

COMENTÁRIO:

"Bem feito! Eu não avisei?"

Não é assim que pensamos ou que nos expressamos, quando vemos acontecer a alguém alguma coisa que julgamos desagradável, a respeito da qual havíamos alertado a pessoa?

Isso não é um exemplo de vingança? Uma vingança que vem atender a nosso desejo interior de que se concretize o que antevíamos ou profetizávamos. Uma vingança que nos mantém presos ao passado, que nos serve de baliza a partir da qual nos sentimos autorizados a fazer nossas previsões e julgamentos, como se quiséssemos determinar os comportamentos que as pessoas vão ter em função do que "conhecemos" de seu passado.

Não queremos ver de modo diferente. Esquecemo-nos de que "tudo muda o tempo todo no mundo", como bem diz o cantor.

Quando nos imobilizamos na rigidez, aprisionados em imagens que criamos e vemos, às quais damos realidade, fazemos um esforço na direção contrária à da paz de espírito, à da visão. E nos afastamos do centro e de nós mesmos. Damos força à crença na separação e nos vingamos do mundo acreditando na ilusão. É óbvio que a resposta que ele nos dá é a confirmação de que estamos certos. E o ego se tranquiliza e se rejubila. Atingiu seu objetivo.

As práticas deste dia 22 de janeiro visam a abrir nossos olhos para mais esta artimanha do ego.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O que precisamos ver de modo diferente?

LIÇÃO 21

Estou decidido a ver as coisas de modo diferente.

1. A ideia para hoje é, obviamente, uma continuação e extensão da anterior. Desta vez, porém, são necessários períodos específicos de exame mental, além da aplicação da ideia a situações particulares na medida em que elas possam surgir. Insiste-se em cinco períodos de prática e em que se conceda um minuto completo a cada um.

2. Nos períodos de prática, começa repetindo a ideia para ti mesmo. Em seguida, fecha os olhos e investiga tua mente com cuidado em busca de situações passadas, presentes ou previstas que te despertem raiva. A raiva pode assumir a forma de qualquer reação, desde uma irritação leve até a fúria. O grau da emoção que experimentas não importa. Tu te tornarás cada vez mais consciente de que um leve toque de contrariedade não é nada senão um véu estendido sobre uma fúria violenta.

3. Tenta, portanto, não deixar que os pensamentos "minúsculos" de raiva escapem de ti nos períodos de prática. Lembra-te de que não sabes verdadeiramente o que desperta raiva em ti e de que nada daquilo em que acreditas em relação a isto significa coisa alguma. É provável que fiques tentado a te demorares mais em algumas situações ou pessoas do que em outras, com base na crença equivocada de que elas são mais "óbvias". Isto não é verdade. É apenas um exemplo da crença de que algumas formas de ataque são mais justificadas do que outras.

4. Quando examinares tua mente em busca de todas as formas com que se apresentam os pensamentos de ataque, mantém cada uma em mente enquanto dizes a ti mesmo:

Estou decidido a ver ________ [nome de uma pessoa] de modo diferente.
Estou decidido a ver ________ [especifica a situação] de modo diferente.

5. Tenta ser o mais específico possível. Podes, por exemplo, focalizar tua raiva em uma característica particular de uma determinada pessoa, acreditando que a raiva está limitada a esse aspecto. Se tua percepção sofre desta forma de distorção, dize:

Estou decidido a ver __________ [especifica a característica]
em _________ [nome da pessoa] de modo diferente.

*

COMENTÁRIO:

Os exercícios com a ideia para este dia 21 de janeiro se assemelham à prática que sugeri para a ideia da lição 16, na semana passada. Eles podem vir a ser uma fonte de grandes revelações a nosso próprio respeito.

Basta que nos lembremos de pessoas e situações com quem, ou com as quais, nos sentimos aborrecidos, irritados e até mesmo profundamente magoados ou, quem sabe, furiosos.

"O problema de Fulano é a preguiça." "Sicrano é muito burro." "O que me irrita no(a) Fulano(a) é sua falta de interesse por qualquer coisa." "Tal e tal coisas me deixam profundamente irritado(a)." "Aquilo que ele/ela me fez não se faz nem a um cachorro." "A atitude dele(a) me deixou muito magoado(a)." "Às vezes me dá vontade de matar o(a) Fulano(a)."

Quem já não ouviu ou se valeu de algumas das expressões acima? Ou outras similares? É disso que trata a lição de hoje. É isto, entre outras coisas, que precisamos trazer à consciência para aprender a olhar de modo diferente.

*

Apenas para registro, gostaria de lembrar a todos que foi nesta data, há um ano, que este espaço foi criado. Que bom termos chegado até aqui. Parabéns a nós todos. Espero que estejamos todos mais próximos da salvação. Que tenhamos todos experimentado muito mais momentos de alegria e de paz perfeitas, como é a Vontade de Deus para todos e cada um de nós. Muito obrigado!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

As práticas ajudam na tomada da decisão

LIÇÃO 20

Estou decidido a ver.

1. Até agora fomos bem displicentes em relação a nossos períodos de prática. Não houve realmente nenhuma tentativa de determinar o momento para empreendê-los, pediu-se esforço mínimo e nem mesmo se pediu cooperação e interesses efetivos. Esta abordagem é intencional e planejada de forma muito cuidadosa. Não perdemos de vista a importância vital da mudança radical de teu modo de pensar. A salvação do mundo depende dela. Contudo, não verás se considerares que estás sendo coagido e se te entregares ao ressentimento e à contrariedade.

2. Esta é nossa primeira tentativa de introduzir uma estrutura. Não a interpretes de modo equivocado como um esforço para exercer força ou pressão. Tu queres a salvação. Tu queres ser feliz. Tu queres paz. Tu não as tens agora porque tua mente é totalmente indisciplinada e porque não podes distinguir entre alegria e pesar, prazer e dor, amor e medo. Agora está aprendendo a distinguí-las. E, de fato, tua recompensa será grande.

3. Tua decisão de ver é tudo o que a visão pede. Aquilo que queres é teu. Não confundas o pequeno esforço que se pede a ti com um sinal de que nossa meta tem pouco valor. A salvação do mundo pode ser um objetivo sem importância? E o mundo pode ser salvo se tu não fores? Deus tem um único Filho e ele é a ressurreiçãoa e a vida. A vontade dele se faz porque todo o poder lhe foi dado no Céu e na terra. A visão te é dada a partir de tua decisão de ver.

4. Os exercícios para hoje consistem em lembrares a ti mesmo durante todo o dia que queres ver. A ideia de hoje também pressupõe, tacitamente, o reconhecimento de que não vês agora. Por isso, enquanto repetes a ideia, declaras que estás decidido a mudar teu estado presente por um melhor, por um que queres realmente.

5. Repete a ideia de hoje devagar e de forma inequívoca pelo menos duas vezes por hora hoje, tentando fazê-lo a cada meia hora. Não te aflijas se esqueceres de fazê-lo, mas faze um esforço verdadeiro para lembrar. As repetições adicionais devem ser aplicadas a qualquer situação, pessoa ou acontecimento que te transtorne. Podes vê-los de modo diferente, e verás. Tu verás aquilo que desejas. Assim é a verdadeira lei de causa e efeito do modo como ela opera no mundo.

*

COMENTÁRIO:

Se, de fato, tomarmos a decisão de experimentar as práticas destes exercícios do modo que o Curso nos pede, agora, ou a partir de agora, vamos começar a perceber de que forma criamos o mundo que nos cerca. O que o exercício de hoje nos pede é apenas que tomemos a decisão de ver. Afinal queremos ver ou não?

É claro que todos nós já passamos por muitas situações em que fingimos não ver, por comodidade, para evitar conflitos e, muitas vezes, por medo de ter de assumir mais responsabilidades do que as que já tínhamos.

Aqui, porém, não há espaço para fingimentos, acomodações e medos. Até porque ninguém nos está cobrando nada. Não há fiscais. Ou assumimos, para nós mesmos, a responsabilidade por nós mesmos e pelo mundo que criamos ou vamos continuar a marcar passo e a viver a repetição de experiências, situações e relacionamentos que nos afastam da alegria e da paz, pressupostos básicos da felicidade a que todos aspiramos.

É bom salientar que as práticas sempre vão ajudar nesta tomada de decisão.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Uma lição a respeito da origem do mundo?

LIÇÃO 19

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meus pensamentos.

1. A ideia para hoje é, obviamente, a razão pela qual tua visão não afeta só a ti. Observarás que às vezes ideias relacionadas ao modo de pensar antecedem aquelas relacionadas à percepção, enquanto que outras vezes a ordem está invertida. A razão é que a ordem não importa. Pensar e seus resultados são, de fato, simultâneos, pois causa e efeito nunca estão separados.

2. Hoje estamos enfatizando mais uma vez o fato de que as mentes são unidas. Raramente esta é uma ideia totalmente bem recebida a princípio, uma vez que ela parece trazer consigo um enorme senso de responsabilidade e pode até ser considerada uma "invasão de privacidade". Porém, é um fato que não existe nenhum pensamento privado. Apesar de tua resistência inicial a esta ideia, tu ainda compreenderás que ela tem de ser verdadeira se a salvação for possível de alguma forma. E a salvação tem de ser possível porque é a Vontade de Deus.

3. O minuto aproximado de exame mental que os exercícios de hoje pedem deve ser empreendido de olhos fechados. Primeiro, a ideia deve ser repetida e, em seguida, a mente deve ser vasculhada cuidadosamente em busca dos pensamentos que contém naquele momento. À medida que refletes a respeito de cada um, cita-o tendo em vista a pessoa ou tema central que ele contém e, mantendo-o em tua mente ao fazê-lo, dize:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos
deste pensamento sobre ___________ .

4. A esta altura, a necessidade da maior casualidade possível na escolha dos sujeitos para os períodos de prática já deve ser bastante familiar para ti e não será mais repetida a cada dia, embora venha a ser incluída como um lembrete ocasionalmente. Não te esqueças, no entanto, de que a seleção aleatória de sujeitos para todos os períodos de prática continua a ser essencial do início ao fim. A ausência de ordem a este respeito tornará, finalmente, significativo para ti o reconhecimento da ausência de ordem nos milagres.

5. Sem considerar as aplicações da ideia de hoje "de acordo com a necessidade", pede-se pelo menos três períodos de prática, diminuindo a duração do tempo envolvido se necessário. Não tentes mais do que quatro.

*

COMENTÁRIO:

As práticas da ideia deste dia 19 de janeiro estende e completa as práticas da ideia de ontem. Ao mesmo tempo, se nos aprofundarmos na reflexão, vamos poder perceber nela a origem do mundo e de tudo o que existe para nós. Não lhes parece?

Vejamos. Se meus pensamentos exercem efeitos sobre tudo e todos no mundo e no próprio mundo, então não é lógico pensar que sou eu que o crio e modifico com meus pensamentos?

Entender isto e aprender a assumir por completo a responsabilidade por tudo o que pensamos, vemos ou sentimos são o único modo de salvar o mundo. E de satisfazer a Vontade de Deus. É para isto que as práticas nos encaminham.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Para entender o modo como vemos

LIÇÃO 18

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meu olhar.

1. A ideia de hoje é outro passo no aprendizado de que os pensamentos que dão origem ao que vês nunca são neutros ou sem importância. Ela também enfatiza a ideia de que as mentes são unidas, à qual se dará ênfase maior mais tarde.

2. A ideia de hoje não se aplica tanto ao que vês quanto ao modo como o vês. Por esta razão, os exercícios para hoje enfatizam este aspecto de tua percepção. Os três ou quatro períodos de prática que se recomenda devem ser feitos da seguinte forma:

3. Olha a tua volta, escolhendo sujeitos para a aplicação da ideia para hoje tão aleatoriamente quanto possível, e mantendo teus olhos sobre cada um deles por tempo suficiente para dizer:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de como vejo __________ .

Conclui cada período de prática repetindo a declaração mais genérica:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meu olhar.

Cerca de um minuto, ou até menos, será suficiente para qualquer período de prática.

*

COMENTÁRIO:

As práticas deste dia 18 de janeiro enfatizam mais uma vez a responsabilidade que cada um de nós tem sobre tudo o que vê. Ou sobre o modo como escolhe ver o mundo, em função de seu modo de pensar.

É muito importante salientar, novamente, o fato de que tudo o que experimentamos e oferecemos para o mundo experimentar é resultado direto de nossos pensamentos, que fundamentam o modo com que olhamos para o mundo. E para tudo o que existe nele.

Isto é, todas as qualidades que vemos no mundo e nas pessoas e coisas do mundo não são mais do que simplesmente o que pensamos ver nelas e nele.

Estamos satisfeitos com o mundo que vemos? Não? Só as práticas podem nos ajudar a mudar o modo de ver, pois só elas nos oferecem a oportunidade de aprender um novo modo de pensar. Um modo de pensar que neutraliza o ensinamento equivocado do mundo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Para identificar nossa parcialidade

LIÇÃO 17

Eu não vejo nenhuma coisa neutra.

1. Esta ideia é outro passo na direção da identificação de como causa e efeito operam realmente no mundo. Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de se acreditar que é ao contrário. Não é deste modo que o mundo pensa, mas tens de aprender que é deste modo que tu pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria nenhuma causa e seria, ela mesma, a causa da realidade. Em virtude de sua natureza altamente variável, isto é muito pouco provável.

2. Ao aplicares a ideia de hoje, dize a ti mesmo, de olhos abertos:

Eu não vejo nenhuma coisa neutra porque não tenho nenhum pensamento neutro.

Em seguida, olha a tua volta fixando teu olhar sobre cada coisa que observares por tempo suficiente para dizer:

Eu não vejo um(a) ____________ neutro(a), porque meus
pensamentos sobre ____________ não são neutros.

Poderia dizer, por exemplo:

Eu não vejo uma parede neutra, porque meus
pensamentos sobre paredes não são neutros.

Eu não vejo um corpo neutro, porque meus
pensamentos sobre corpos não são neutros.

3. Como de costume, é essencial não fazer nenhuma distinção entre o que acreditas ser animado ou inanimado, agradável ou desagradável. Independente daquilo em que possas acreditar, tu não vês nada que seja verdadeiramente vivo ou alegre. Isto é porque ainda não estás ciente de qualquer pensamento realmente verdadeiro e, portanto, realmente feliz.

4. Recomenda-se três ou quatro períodos específicos de prática e pede-se não menos do que três para o máximo aproveitamento, mesmo que experimentes resistência. No entanto, se experimentares, a duração do perído de prática pode ser reduzida para menos do que o minuto aproximado que recomenda caso contrário.

*

COMENTÁRIO:

Para nos convencermos da veracidade da ideia deste dia 17 de janeiro, as práticas, com certeza, são suficientes. Se prestarmos atenção a qualquer uma das coisas que escolhermos para usar durante o exercício, certamente vamos perceber que não existe nada no mundo a respeito de que possamos nos considerar neutros.

Isto é, aprendemos desde sempre a atribuir qualidades a tudo o que vemos e, muitas vezes, até àquilo qe ainda não vemos ou conhecemos. Ou já não ouvimos dizer - ou nós mesmos já não dissemos - "não vi e não gostei"?

Isto pode, de alguma forma, ser exemplo de neutralidade?

sábado, 16 de janeiro de 2010

Para pôr o aprendizado em prática

LIÇÃO 16

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

1. A ideia para hoje é um passo inicial para fazer desaparecer a crença de que teus pensamentos não têm nenhum efeito. Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos. Não há nenhuma exceção para este fato. Os pensamentos não são grandes ou pequenos, poderosos ou fracos. Eles simplesmente são verdadeiros ou falsos. Os verdadeiros criam a sua própria semelhança. Os falsos o fazem à deles.

2. Não existe nenhuma noção mais contraditória do que a de "pensamentos vãos". Aquilo que dá origem à percepção de um mundo inteiro dificilmente pode ser chamado de vão. Todo pensamento que tens colabora com a verdade ou com a ilusão; ou ele estende a verdade ou multiplica ilusões. Tu, de fato, podes multiplicar o nada, mas não o estenderás ao fazê-lo.

3. Além do teu reconhecimento de que teus pensamentos nunca são vãos, a salvação pede que reconheças também que todo pensamento que tens ou traz paz ou guerra, ou amor ou medo. Um resultado neutro é impossível porque é impossível um pensamento neutro. Há uma tentação tão grande de rejeitar os pensamentos de medo como sem importância, triviais e como não merecedores de que te incomodes com eles, que é essencial que os reconheças a todos como igualmente destrutivos, mas igualmente irreais. Praticaremos esta ideia de muitas formas antes que verdadeiramente a compreendas.

4. Ao aplicares a ideia para hoje, examina tua mente por cerca de um minuto de olhos fechados e busca efetivamente não deixar passar nenhum pensamento "minúsculo" que possa ser capaz de frustrar o exame. Isto é bastante difícil até te acostumares. Descobrirás que ainda é difícil para ti não fazer distinções irreais. Todo pensamento que te ocorrer, independentemente das qualidades que atribuas a ele, é um sujeito adequado para a aplicação da ideia de hoje.

5. Nos períodos de prática, repete primeiro a ideia para ti mesmo e, depois, à medida que cada um passar por tua mente, mantêm-no na consciência enquanto dizes a ti mesmo:

Este pensamento sobre _________ não é um pensamento neutro.
Aquele pensamento sobre _________ não é um pensamento neutro.

Como de costume, utiliza a ideia de hoje sempre que tomares consciência de um pensamento em particular que desperte inquietação. Para esta finalidade, sugere-se a seguinte forma:

Este pensamento sobre ________ não é um pensamento neutro,
porque eu não tenho nenhum pensamento neutro.

6. Recomenda-se quatro ou cinco períodos de prática, se os achares relativamente fáceis. Se experimentares alguma tensão, três serão suficientes. A duração do período dos exercícios também deve ser reduzida se houver desconforto.

*

COMENTÁRIO:

Ao contrário do que podemos ter sido levados a acreditar, nada daquilo que pensamos deixa de exercer alguma influência no mundo tal como o percebemos. E isto, eu diria, é mais uma evidência da veracidade da ideia que o Curso nos oferece neste dia 16 de janeiro. E também daquela que praticamos ontem.

A comprovação disto é bem fácil. Podemos tentar fazê-lo a título de brincadeira ou de um teste. Ou porque, de fato, estamos decididos a levar a sério os exercícios, para aprender a olhar o mundo de forma diferente. Tomemos, por exemplo, alguém, ou alguma coisa, que nos incomode, prestando atenção ao pensamento que está relacionado à lembrança desse alguém ou dessa coisa. Experimentemos mudar esse pensamento.

Vamos buscar nos referir a esse alguém, ou a essa coisa, com um pensamento agradável, um pensamento que nos remeta à alegria, ao prazer, a qualquer coisa que nos lembre tranquilidade, serenidade, paz. Façamos isto por algum tempo, repetindo várias vezes o novo pensamento.

O que acontece? Isto não muda nossa forma de ver ou de pensar a respeito dessa pessoa, ou dessa coisa? Podemos ter certeza de que essa mudança, se a decisão de mudar for mantida, vai afetar também, de forma direta, a pessoa ou a coisa a respeito da qual buscamos mudar.

Por esta razão é que somos capazes, conforme diz o Curso, de salvar o mundo. É simples. O que não significa que é fácil. Pois vai depender da tomada de decisão de abandonar as crenças a que nos apegamos. Ou não é verdade que gostamos de ter razão, sem pensar na infelicidade que ter razão traz muitas vezes? Porque reforça a decisão de dar ouvidos ao ego e continuar julgando ao mundo e a nós mesmos.

Gostaria de lhes pedir, a quem quiser, se acharem possível e resolverem experimentar a mudança sugerida como exemplo, que comentassem aqui no blogue as sensações que tiveram e os resultados e a que chegaram. Se lhes parecer, é claro, que isto pode contribuir para seu/nosso aprendizado.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Construir imagens é pensar? É ver?

LIÇÃO 15

Meus pensamentos são imagens que faço.

1. É em razão de os pensamentos que pensas que pensas aparecerem como imagens que não os reconheces como nada. Tu pensas que os pensas e, por isto, pensas que os vês. É deste modo que teu "ver" foi feito. Esta é a função que dás aos olhos de teu corpo. Não é ver. É construir imagens. Toma o lugar de ver, substituindo a visão por ilusões.

2. Esta ideia introdutória ao processo de construção de imagens que chamas de ver não fará muito sentido para ti. Tu começarás a compreendê-la quanto vires pequenas bordas de luz em torno dos mesmos objetos familiares que vês agora. Isto é o começo da visão verdadeira. Podes ter certeza de que a visão verdadeira virá rapidamente quando isso acontecer.

3. Conforme prosseguirmos, poderás ter muitos "episódidos de luz". Eles poderão assumir muitas formas diferentes, algumas das quais bastante inesperadas. Não tenhas medo deles. Eles são sinais de que estás abrindo os olhos finalmente. Eles não perdurarão, porque simplesmente simbolizam a percepção verdadeira e não estão relacionados ao conhecimento. Estes exercícios não vão te revelar o conhecimento. Mas prepararão o caminho para ele.

4. Ao praticares a ideia para hoje, primeiro repete-a para ti mesmo e, depois, aplica-a a qualquer coisas que vires à volta de ti, utilizando o nome dela e deixando que teus olhos descansem sobre ela enquanto dizes:

Este(a) _______ é uma imagem que faço.
Aquele(a) ________ é uma imagem qu faço.

Não é necessário incluir um número grande de sujeitos específicos para a aplicação da ideia de hoje. É necessário, porém, continuar a olhar para cada sujeito enquanto repetes a ideia para ti mesmo. A ideia deve ser repetida bem lentamente a cada vez.

5. Embora obviamente não sejas capaz de aplicar a ideia a um número muito grande de coisas durante o minuto aproximado de prática que se recomenda, tenta tornar a seleção o mais aleatória possível. Se começares a te sentir inquieto, menos do que um minuto será suficiente para os períodos de prática. Não faças mais do que três períodos de aplicação da ideia para hoje, a menos que te sintas inteiramente à vontade com ela, e não ultrapasses quatro. Todavia, a ideia pode ser aplicada conforme a necessidade ao longo do dia.

*

COMENTÁRIO:

Começamos, neste dia 15 de janeiro, a aprender de que forma pensamos que pensamos, de que modo construímos nossos pensamentos e nosso "ver". Se voltarmos à ideia da lição 7, por exemplo, será mais fácil entender o processo de que nos valemos para construir o mundo à volta de nós. Aprendemos a "ver" a partir das imagens que nos foram sendo apresentadas desde os primeiros momentos de nossas vidas. Assim, nosso "ver" se construiu, e constrói, com base nas imagens a que aprendemos a dar nomes. E é dessas imagens que se faz nosso pensamento.

Pode-se, verdadeiramente, dizer que pensamos, quando nos valemos apenas das imagens do passado, que não existe, para exprimir nossos pensamentos?

Mais uma vez eu diria que só as práticas diárias vão fornecer as bases verdadeiras para acharmos, no mais íntimo de nós mesmos, os pensamentos verdadeiros, aqueles que pensamos com Deus, n'Ele. Isto é, é preciso que tomemos a decisão de buscar a verdade a nosso próprio respeito na única Fonte que a pode dar. Em nós mesmos na Unidade com Deus. É nesta direção que nossas práticas nos levam.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Quem criou este mundo?

LIÇÃO 14

Deus não criou um mundo sem significado*.

1. A ideia para hoje é, evidentemente, a razão pela qual é impossível um mundo sem significado. Aquilo que Deus não criou não existe. E tudo o que existe existe tal qual Ele o criou. O mundo que vês não tem nada a ver com a realidade. Ele é de tua própria autoria e não existe.

2. Os exercícios para hoje devem ser praticados de olhos fechados do início ao fim. O período de exame mental deve ser curto, um minuto no máximo. Não faças mais do que três períodos de prática com a ideia de hoje, a menos que os aches agradáveis. Se achares, será porque compreendes realmente para que servem.

3. A ideia para hoje é outro passo no aprendizado de abandonar os pensamentos que escreves no mundo e ver a Palavra de Deus em lugar deles. Os passos iniciais nesta troca, que pode verdadeiramente ser chamada de salvação, podem ser bem difíceis e até bem dolorosos. Alguns deles te conduzirão diretamente ao medo. Não serás abandonado aí. Irás muito além disso. Nosso rumo é em direção à segurança e à paz perfeitas.

4. De olhos fechados, pensa em todos os horrores do mundo, que passam por tua mente. Cita cada um à medida que te ocorre e, em seguida, nega sua realidade. Deus não o criou e, portanto, ele não é real. Dize, por exemplo:

Deus não criou aquela guerra e, portanto, ela não é real.
Deus não criou aquele acidente aéreo e, portanto, ele não é real.
Deus não criou aquela calamidade [especifica] e, portanto, ela não é real.

5. Os sujeitos adequados para a aplicação da ideia de hoje também podem incluir qualquer coisa que tenhas medo que te aconteça ou a qualquer pessoa com quem estejas preocupado. Em cada caso, cita a "desventura" de forma bem específica. Não uses termos genéricos. Por exemplo, não digas "Deus não criou a doença", mas "Deus não criou o câncer", ou ataques cardíacos, ou o que quer que desperte medo em ti.

6. Isto para que olhas é teu repertório pessoal de horrores. Estas coisas são parte do mundo que tu vês. Algumas delas são ilusões compartilhadas e outras são partes de teu inferno pessoal. Não importa. Aquilo que Deus não criou só pode estar em tua própria mente separado da d'Ele. Por isso, não tem nenhum significado. Em reconhecimento deste fato, conclui os períodos de prática repetindo a ideia de hoje:

Deus não criou um mundo sem significado.

7. A ideia para hoje pode, obviamente, ser aplicada a qualquer coisa que te perturbe durante o dia, à parte dos períodos de prática. Sê muito específico ao aplicá-la. Dize:

Deus não criou um mundo sem significado. Ele
não criou [especifica a situação que está te
perturbando] e, portanto, isto não é real.

* Continua a valer a observação feita para as lições 11 e 12.

*

COMENTÁRIO:

A lição deste dia 14 traz consigo a oportunidade de comprovarmos por nós mesmos a falta de significado do mundo que pensamos ver e ser real. Um mundo que Deus não criou. Quem o criou, então? Nas práticas da ideia de hoje podemos perceber que aquilo que destacamos como horrores é apenas parte de nossa própria ilusão de mundo. Basta olharmos com um pouco de atenção para perceber claramente que, neste mundo, aquilo que é aparentemente um horror para nós é, muitas vezes, algo muito diferente para outros. As qualidades que damos às coisas todas que povoam nosso mundo não são senão projeções de nossos desejos, de nossos medos, de nossos sonhos. Projeções das coisas que trazemos interiormente às quais classificamos deste ou daquele modo, sem nenhuma base na realidade.

Praticar a ideia de hoje pode nos permitir um pequeno vislumbre desta verdade: a de que estamos todos, ou quase todos, hipnotizados por uma grande ilusão de mundo criada coletivamente no tempo. Uma ilusão que só tem valor enquanto damos valor ao tempo. Uma ilusão que só encontra razão de ser no tempo, que não existe. Pelo menos não da maneira pela qual o concebemos. Não da maneira pela qual o experimentamos na ilusão de passado, presente e futuro como algo linear e concreto. Isto é, um passado que, de fato, existe e no qual nos apoiamos para definir o que somos. Um presente que na maior parte do tempo nos passa despercebido, porque nos ocupamos de construir, a partir do passado que nos trouxe até aqui, um futuro, que, esperamos, seja melhor do que o passado e do que o presente.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O maior medo do ego

LIÇÃO 13

Um mundo sem significado* gera medo.

1. A ideia de hoje é, na verdade, outra forma da anterior, exceto que ela é mais específica em relação à emoção despertada. De fato, um mundo sem significado é impossível. Não existe nada sem significado. No entanto, disso não decorre que não pensarás que percebes algo que não tem nenhum significado. Ao contrário, estarás particularmente inclinado a acreditar que, de fato, o percebes.

2. O reconhecimento da falta de significado desperta profunda ansiedade em todos os separados. Ele representa uma situação em que Deus e o ego "desafiam" um ao outro para decidir de quem é o significado a ser escrito no espaço vazio que a falta de significado oferece. O ego se lança de modo frenético para estabelecer suas próprias ideias aí, com medo de que, caso não o faça, o vazio seja utilizado para demonstrar sua própria impotência e irrealidade. E somente nisto ele está correto.

3. Por isso, é essencial que aprendas a reconhecer o sem significado e a aceitá-lo sem medo. Se tiveres medo, é certo que dotarás o mundo de características que ele não possui e o atulharás de imagens que não existem. Para o ego, ilusões são dispositivos de segurança, do mesmo modo que elas também têm de ser para ti, que te equiparas ao ego.

4. Os exercícios para hoje, que devem ser feitos cerca de três ou quatro vezes por não mais do que mais ou menos um minuto no máximo, de cada vez, devem ser práticados de um modo um pouco diferente dos anteriores. De olhos fechados, repete a ideia de hoje para ti mesmo. Em seguida, abre os olhos e olha a tua volta lentamente dizendo:

Estou olhando para um mundo sem significado.

Repete esta declaração para ti mesmo enquanto olhas ao teu redor. Então, fecha os olhos e conclui com:

Um mundo sem significado gera medo porque eu penso
que estou em competição com Deus.

5. Podes achar difícil evitar algum tipo de resistência a esta declaração final. Seja qual for a forma que tal resistência possa tomar, lembra-te de que estás, de fato, com medo de tal pensamento por causa da "vingaça" do "inimigo". A esta altura, não se espera que acredites na declaração e, provavelmente, a rejeitarás como absurda. Observa com muito cuidado, porém, quaisquer sinais de medo, evidentes ou dissimulados, que ela possa despertar.

6. Esta é nossa primeira tentativa de declarar uma relação explícita de causa e efeito de um tipo que estás muito inexperiente para reconhecer. Não te demores na declaração final e tenta nem mesmo pensar nela, exceto durante os períodos de prática. Neste momento isso será suficiente.

*Valem as observação feitas para as lições 11 e 12.

*

COMENTÁRIO:

Que prazer ter de volta assim, de forma caudalosa e generosa, as observações/contribuições de vocês, Nina, Sania, Carmen e Dani. Os exemplos de suas próprias maneiras de experimentar e praticar as ideias que as lições oferecem. Obrigado.

A lição deste dia 13 de janeiro começa, de forma mais contundente, a colocar "o dedo na ferida". A apontar as razões pelas quais nos apegamos às ilusões de mundo que construímos. E me faz lembrar de que o maior medo do ego, que pude observar até o presente - não apenas nos grupos de estudos de UCEM, mas em todas as circunstâncias em que alguém tem de enfrentar uma verdade que desafia seu modo de ver e de pensar o mundo -, é o de ter de abandonar suas crenças. É o de ter de se desfazer de suas ilusões. É o de perder o poder e o controle que pensa exercer sobre os corpos daqueles que se acreditam apenas corpos, e que começam a despertar.

É certo que um mundo sem significado só pode gerar medo, uma vez que estamos todos, de algum modo, quer conscientes disso ou não, buscando um sentido para nossas vidas. E ouvir dizer que o mundo não tem significado pode ser uma verdadeira bofetada nas crenças que acalentamos. Tirar do mundo, e das coisas do mundo, o significado que damos a ele, e a elas... a tudo aquilo a que nos apegamos é como tirar o chão sobre o qual pisamos. Como viver, então, se aquilo em que acreditávamos, de fato, não existe? Como seguir adiante se tudo o que fazemos, na verdade, é repetir os equívocos, em função de vivermos prisioneiros das memórias e lembranças de um tempo - passado - que já não existe, ou de basearmos e dirigirmos nossas ações para um tempo - futuro - que também não existe?

Por isso, entre outras coisas, estou certo de que vale a pena continuar as práticas. Elas vão nos ensinar, no mínimo, a dedicarmos mais de nossa atenção ao presente, a nós mesmos. Vão nos permitir escolher abandonar cada vez mais o julgamento que o mundo ensina. E a limpar nossas memórias, para agirmos no mundo a partir da inspiração do presente. O único tempo que existe.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Deixar que a verdade se escreva no mundo

LIÇÃO 12

Estou transtornado porque vejo um mundo sem significado*.

1. A importância desta ideia está no fato de que ela contém uma correção para uma distorção básica de percepção. Tu pensas que aquilo que te transtorna é um mundo assustador, ou um mundo triste, ou um mundo violento, ou um mundo doente. Todas estas características são dadas a ele por ti. O mundo em si mesmo não tem significado.

2. Estes exercícios são feitos com os olhos abertos. Olha ao teu redor, desta vez bem devagar. Tenta regular teu ritmo de forma que a passagem lenta de teu olhar de uma coisa para outra envolva um intervalo de tempo razoavelmente constante. Não permitas que o tempo da passagem se torne marcadamente mais longo ou mais curto, mas tenta, em lugar disso, manter um andamento sereno e uniforme do início ao fim. O que vês não importa. É isso que ensinas a ti mesmo quando dás a qualquer coisa sobre a qual teu olhar pouse atenção e tempo iguais. Este é um passo inicial no aprendizado de dar valor igual a todas elas.

3. Enquanto olhas ao teu redor, dize a ti mesmo:

Eu penso ver um mundo amedrontador, um mundo
perigoso, um mundo hostil, um mundo triste,
um mundo perverso, um mundo louco,

e assim por diante, usando quaisquer termos descritivos que te ocorrerem. Se te ocorrerem termos que parecem mais positivos do que negativos, inclui-os. Por exemplo, podes pensar em "um mundo bom", ou em "um mundo satisfatório". Se tais termos te ocorrerem usa-os juntamente com os outros. Podes não entender ainda por que estes adjetivos "amáveis" são adequados a estes exercícios, mas lembra-te de que um "mundo bom" pressupõe um "mau" e um "mundo satisfatório" pressupõe um "insatisfatório". Todos os termos que passarem por tua mente são sujeitos adequados para os exercícios de hoje. Sua qualidade aparente não importa.

4. Certifica-te de não alterares os intervalos de tempo entre as aplicações da ideia de hoje àquilo que pensas ser agradável e àquilo que pensas ser desagradável. Para os propósitos destes exercícios, não há nenhuma diferença entre eles. No final do período de prática, acrescenta:

Mas estou transtornado porque vejo um mundo sem significado.

5. Aquilo que não tem significado não é bom nem mau. Por que, então, um mundo sem significado deveria te transtornar? Se pudesses aceitar o mundo como sem significado e permitir que a verdade fosse escrita sobre ele para ti, isso te faria indescritivelmente feliz. Mas, em razão de ele ser sem significado, és impelido a escrever nele aquilo que queres que ele seja. É isto o que vês nele. É isto que não tem significado na verdade. Por baixo de tuas palavras está escrita a Palavra de Deus. A verdade te transtorna agora, mas quando tuas palavras forem apagadas, verás as d'Ele. Este é o propósito fundamental destes exercícios.

6. Três ou quatro vezes são suficientes para a prática da ideia para hoje. Os períodos de prática também não devem exceder um minuto. Podes achar até mesmo isso longo demais. Interrompe os exercícios sempre que experimentares uma sensação de inquietude.

* Continua valendo a observação feita ontem a respeito da expressão sem significado como equivalente a sem sentido para traduzir a palavra original: meaningless.

*

COMENTÁRIO:

Parece-me, agora, depois de vários anos de prática destes exercícios, cada vez mais evidente a necessidade de fazermos uma limpeza na memória, livrando-a de tudo aquilo que faz ou fez parte de nossa história, quer de nossa história pessoal e individual, quer da história do mundo como um todo.

Depois da leitura do UCEM feita em grupo ontem, lembramo-nos daquela passagem do texto que diz que a história não existiria se não teimássemos em repetir os erros do passado. Isto é dito de um modo tão claro e honesto que chega a abalar as convicções nas quais o ego quer nos fazer acreditar. Ou seja, de que temos um dever para com as tradições, para com tudo aquilo que nos foi legado pela "civilização". Que temos de manter acesa a chama do patriotismo e de todos os "ismos" que apenas semeiam e alimentam a crença na ideia da separação. Isso para citar apenas dois exemplos.

Mas, será que, valendo-nos da mesma lógica que o ego utiliza, não é possível acreditar que "toda cura é libertação do passado" [T-13.VIII.1:1]? Ou já não passamos todos por experiências que comprovam esta afirmação? Isto é, todos nós já nos encontramos em algum momento em alguma situação que pedia que libertássemos alguém [ou nós mesmos] do julgamento em que o/a mantínhamos prisioneiro(a) e, ao fazer isso, experimentamos aquela maravilhosa sensação de termos tirado um fardo muito pesado de sobre nossos ombros, um alívio, uma sensação de liberdade e alegria que mal podia ser descrita.

É disso que trata o exercício deste dia 12 de janeiro. Cada um de nós pode libertar o mundo, deixando que a verdade seja escrita sobre ele, tal como ela é, e não como gostaríamos que fosse.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Aprender a lidar com a responsabilidade

LIÇÃO 11

Meus pensamentos sem significado me mostram
um mundo sem significado*.

1. Esta é a primeira ideia que temos que está relacionada a uma fase fundamental do processo de correção: a inversão do modo de pensar do mundo. Parece que o mundo determina o que percebes. A ideia de hoje apresenta o conceito de que teus pensamentos determinam o mundo que vês. Alegra-te, de fato, por praticar a ideia em sua forma inicial, pois nesta ideia tua liberação está assegurada. A chave para o perdão está nela.

2. Deve-se empreender os períodos de prática da ideia de hoje de um modo um pouco diferente dos anteriores. Começa com os olhos fechados e repete a ideia para ti mesmo lentamente. Em seguida, abre os olhos e olha ao teu redor, perto e longe, para cima e para baixo - para qualquer lugar. Durante o minuto aproximado a ser passado usando a ideia, repete-a para ti mesmo simplesmente, seguro de fazê-lo sem pressa e sem nenhuma sensação de urgência ou esforço.

3. Para fazer estes exercícios com o máximo benefício, os olhos devem se mover de uma coisa para outra de forma razoavelmente rápida, uma vez que não devem se demorar em nada em particular. As palavras, no entanto, devem ser usadas de uma forma calma, até mesmo vagarosamente. A apresentação a esta ideia, em particular, deve ser praticada do modo mais casual possível. Ela contém a base para a paz, para o relaxamento e para a liberdade que estamos tentando alcançar. Ao concluires os exercícios, fecha os olhos e repete a ideia para ti mesmo lentamente mais uma vez.

4. Três períodos de prática provavelmente serão suficientes. Todavia, se houver pouca ou nenhuma inquietude e uma inclinação a fazer mais, pode-se empreender até cinco períodos. Não se recomenda mais do que isso.

* A expressão sem significado, traduzida do original meaningless, também poderia ser traduzida por sem sentido, sem prejuízo do significado/sentido do texto original, em meu modo de entender.

*

COMENTÁRIO:

Eu diria que, de certa forma, esta lição nos apresenta a ideia que vai permitir, mais adiante, que entendamos a responsabilidade que temos por tudo aquilo que vivemos. Dito de outro modo, como nos revela o ho'oponopono, esta lição traz consigo o conceito que vai nos levar a assumir 100% de responsabilidade por tudo o que vemos e vivemos no mundo.

De acordo com o dr. Ihaleakala Hew Len, citado no livro Limite Zero: "O objetivo da vida é retornar ao Amor, de momento a momento. Para atender a esse propósito, a pessoa precisa reconhecer que é completamente responsável por criar a sua vida do jeito como ela é. Ela precisa compreender que são seus pensamentos que criam a sua vida da maneira como ela é de momento a momento. Os problemas não são as pessoas, os lugares e as situações, mas sim os pensamentos a respeito deles. A pessoa precisa aceitar a ideia de que não existe 'lá fora'."

Praticar a ideia da lição deste dia 11 de janeiro nos possibilita justamente o entendimento disto.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O verdadeiro propósito deste mundo

LIÇÃO 10

Meus pensamentos não significam nada.

1. Esta ideia se aplica a todos os pensamentos de que estás ciente, ou dos quais te tornes ciente nos períodos de prática. A razão pela qual a ideia é aplicável a todos eles é que eles não são teus pensamentos verdadeiros. Fizemos esta distinção antes e a faremos novamente. Tu ainda não tens nenhuma base para comparação. Quanto tiveres, não terás nenhuma dúvida de que aquilo em que acreditavas que eram teus pensamentos não significava nada.

2. Esta é a segunda vez que usamos este tipo de ideia. Apenas a forma é ligeiramente diferente. Desta vez a ideia é apresentada com "Meus pensamentos" em lugar de "Estes pensamentos" e não se faz nenhuma ligação com as coisas ao teu redor de modo evidente. Agora a ênfase está na falta de realidade daquilo que pensas que pensas.

3. Este aspecto do processo de correção começou com a ideia de que os pensamentos de que estás ciente são sem significado, estão fora de ti em vez de estarem dentro e, em seguida, enfatizou-se sua condição de passados em lugar de sua condição de pensamentos presentes. Agora enfatizamos que a presença destes "pensamentos" significa que não estás pensando. Este é simplesmente outro modo de repetir nossa declaração anterior de que tua mente é, de fato, um espaço em branco. Reconhecer isto é reconhecer o nada, quando pensas que o vês. Como tal, este é o pré-requisito para a visão.

4. Fecha os olhos para estes exercícios e começa-os repetindo a ideia de hoje para ti mesmo bem devagar. Acrescenta em seguida:

Esta ideia ajudará a me liberar de tudo aquilo em que acredito agora.

Os exercícios, como antes, consistem em investigar tua mente em busca de todos os pensamentos disponíveis para ti, sem seleção ou julgamento. Tanta evitar qualquer tipo de classificação. De fato, se achares útil fazê-lo, poderia imaginar que estás vendo passar uma procissão estranha e sortida de pensamentos, que tem pouco ou nenhum significado pessoal para ti. À medida que cada um passa por tua mente, dize:

Meu pensamento sobre __________ não significa nada.
Meu pensamento sobre __________ não significa nada.


5. A ideia de hoje pode servir obviamente para qualquer pensamento que te aflija em qualquer momento. Além disso, recomenda-se cinco períodos de prática, cada um envolvendo não mais do que cerca de um minuto de exame mental. Não se recomenda que o tempo do período seja estendido, e ele deve ser reduzido para meio minuto ou menos, se experimentares desconforto. Lembra-te, porém, de repetir a ideia lentamente antes de aplicá-la de forma específica e também de acrescentar:

Esta ideia ajudará a me liberar de tudo aquilo em que acredito agora.

*

COMENTÁRIO:


Neste dia 10 de janeiro chegamos à lição de número dez, que nos oferece uma das ideias mais importantes e poderosas - e com ela uma ótima oportunidade - para nos liberarmos de todas as crenças falsas que temos, com base nas quais fazemos nossas escolhas e colhemos, muitas vezes inconscientemente, os resultados delas.

Como já disse anteriormente, uma das primeiras lições que o contato com UCEM me ofereceu foi o descobrir que eu tenho, ou que só eu posso ter e exercer, o controle sobre meus pensamentos. É claro que aprendi também, a partir disso, que são meus pensamentos que criam e constróem "a realidade" em que vivo aparentemente.

É precisamente deste aprendizado que vamos ser capazes de perceber que "as emoções", sobre as quais dizemos muitas vezes não ter controle, "Foi mais forte do que eu!", "Não tive como evitar.", também são frutos de pensamentos, que desencadeiam processos bioquímicos em nossos corpos, processos esses que podem ser evitados e/ou controlados, se aprendermos a focalizar nossa atenção nos pensamentos que passam por nossa mente a cada momento.

Daí, a importância das primeiras lições todas deste Curso. Daí, a necessidade de nos dedicarmos, de fato, de modo firme e decidido, com fé, a seguir em frente, mesmo quando uma das lições nos coloca em uma situação aparentemente sem sentido, de acordo com o que o mundo nos ensinou e ensina. De acordo, com o Texto, "o propósito verdadeiro deste mundo é o de ser usado para corrigir" nossa descrença.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Praticar o "lembrar-se de si"

LIÇÃO 9
Eu não vejo nada tal como é agora.

1. Esta ideia, obviamente, resulta das duas anteriores. Mas, embora possas ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é improvável que ela signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, neste ponto a compreensão não é necessária. De fato, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer tuas ideias falsas. Estes exercícios se ocupam da prática, não da compreensão. Tu não precisas praticar aquilo que já compreendes. Na verdade, visar à compreensão e pressupor que já a tens seria andar em círculos.

2. É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Esta ideia pode ser bastante assustadora e pode encontrar resistência ativa sob inúmeras formas. No entanto, isso não impede sua aplicação. Não se pede nada mais do que isso para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo afastará um pouco as trevas e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha ficado livre dos escombros que o escureciam.

3. Estes exercícios, para os quais três ou quatro períodos de prática são suficientes, envolvem olhar ao redor de ti e aplicar a ideia do dia a qualquer coisa que vejas, lembrando-te da necessidade de aplicação que não faça distinções e da regra essencial de não excluíres nada. Por exemplo:

Eu não vejo esta máquina de escrever tal como ela é agora.
Eu não vejo este telefone tal como ele é agora.
Eu não vejo este braço tal como ele é agora.

4. Começa com as coisas mais próximas de ti e depois estende o alcance para fora:

Eu não vejo aquele cabide de casacos* tal como ele é agora.
Eu não vejo aquela porta tal como ela é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como ele é agora.

5. Salienta-se mais uma vez que, embora não se deva tentar uma inclusão total, tem-se de evitar qualquer exclusão específica. Certifica-te de que és honesto para contigo mesmo ao fazer esta distinção. Podes ser tentanto a escondê-la.

*A nota de Lillian na primeira tradução diz que nos Estados Unidos o cabide de casacos é um objeto bem visível, colocado ao lado das portas para que os casacos de inverno sejam pendurados. Diz ainda que este exemplo não cabe nos países tropicais e pode ser substituído por outro objeto qualquer que esteja ao teu redor. Observemos, porém, que temos um objeto similar que ainda é usado em algumas casas em algumas regiões do país, que é o "mancebo", um tipo de cabide que serve para se pendurar chapéus e outros objetos.

*

COMENTÁRIO:

A partir do contato com a ideia de que só vemos o passado, na lição 7, fica mais ou menos evidente que, nas condições normais em que vivemos, habitualmente distraídos de nós mesmos e de praticamente tudo o que nos rodeia, não somos capazes de ver nada tal como se apresenta no momento presente. Agora.

É o exercício da atenção, o "lembrar-se de si", de que falava Gurdjieff, que pode nos permitir vislumbres do presente e, em "instantes santos", o contato com o divino, com o que somos de fato. E, a partir disso, uma ligação com a Fonte de tudo o que existe.

Praticar este exercício, portanto, é buscar lembrar durante a maior parte do tempo possível que, de fato, não sabemos nada de nada, que nossa mente vê apenas coisas que já não existem. Porque está preocupada somente com pensamentos do passado.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Formatar o "hard" para limpar o "software"

LIÇÃO 8

Minha mente está preocupada com pensamentos passados.

1. Esta idéia, é claro, é a razão pela qual vês só o passado. Ninguém vê coisa alguma realmente. O que alguém vê é apenas seus pensamentos projetados para fora. A preocupação da mente com o passado é a causa da concepção equivocada do tempo de que sofre tua visão. Tua mente não pode apreender o presente, que é o unico tempo que existe. Por isso, ela não pode entender o tempo e não pode, de fato, entender nada.

2. O único pensamento totalmente verdadeiro que alguém pode ter acerca do passado é que ele não está aqui. Pensar a seu respeito de qualquer modo é, portanto, pensar em ilusões. Muito poucos perceberam claramente o que, de fato, retratar o passado ou prevenir-se para o futuro traz como consequência. Na verdade, quando faz isso, a mente está vazia, pois não está de fato pensando a respeito de nada.

3. O objetivo dos exercícios de hoje é começar a treinar tua mente a reconhecer quando ela não está pensando em absoluto. Enquanto ideias irrefletidas preocuparem tua mente a verdade fica bloqueada. Reconhecer que tua mente está simplesmente vazia, ao contrário de acreditar que ela está cheia de ideias verdadeiras, é o primeiro passo para abrir caminho para a visão.

4. Os exercícios para hoje devem ser feitos de olhos fechados. Isso porque, de fato, não podes ver nada e é mais fácil reconhecer que, não importa quão vivamente possas retratar um pensamento, não estás vendo nada. Com o menor envolvimento possível, investiga tua mente por cerca de um minuto, como de costume, observando apenas os pensamentos que encontras aí. Cita cada um deles pela imagem ou tema central que contenha e passa ao seguinte. Começa o período de prática dizendo:

Parece que estou pensando sobre ____________ .

5. Em seguida, cita cada um de teus pensamentos de modo específico, por exemplo:

Parece que estou pensando sobre [ nome de uma
pessoa], sobre [nome de um objeto], sobre [nome
de uma emoção],

e assim por diante, concluindo, no final do período de exame da mente com:

Mas minha mente está preocupada com pensamentos passados.

6. Isso pode ser feito quatro ou cinco vezes durante o dia, a menos que aches que te irrita. Se achares o exercício difícil, duas ou três vezes são suficientes. Contudo, podes achar útil incluir, no próprio exame da mente, tua irritação, ou qualquer emoção que a ideia de hoje possa causar.

*

COMENTÁRIO:

Este exercício, depois do de ontem, e em conjunto com ele, nos permite, de fato, avaliar o que pensamos saber acerca do mundo, das coisas do mundo e a nosso próprio respeito, uma vez que ele nos força a concluir que tudo o que pensamos a respeito de tudo não é nada mais do que o reflexo de um aprendizado do passado, que já não existe e que, por isso, não significa nada. O que podemos saber, então, quando não estamos 100% ligados no momento presente, atentos ao que está se passando dentro de nós aqui e agora?

Além disso, ambos os exercícios, o de ontem e o de hoje, nos permitem limpar "o disco rígido" de nossa mente, formatar o "hard drive" para começar do zero. Isto é, para aprender a olhar para tudo sem o ranço dos vírus todos com que a programação do tempo foi contaminando nosso "software", nossa mente.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Novas ideias acerca do tempo

LIÇÃO 7

Eu vejo só o passado.

1. É particularmente difícil acreditar nesta ideia a princípio. Porém, ela é a base lógica para todas as anteriores.
Ela é a razão pela qual nada do que vês significa coisa alguma.
Ela é a razão pela qual dás a tudo o que vês todo o significado que tem para ti.
Ela é a razão pela qual não entendes nada do que vês.
Ela é a razão pela qual teus pensamentos não significam nada, e a razão pela qual eles são como as coisas que vês.
Ela é a razão pela qual tu nunca estás transtornado pelo motivo que imaginas.
Ela é a razão pela qual tu estás transtornado porque vês algo que não existe.

2. É muito difícil mudar ideias antigas a respeito do tempo, porque tudo aquilo em que acreditas está radicado no tempo e depende de não aprenderes estas ideias novas a respeito dele. No entanto, é justamente por isso que precisas de ideias novas acerca do tempo. Esta primeira ideia a respeito do tempo não é, de fato, tão estranha quanto pode parecer de início.

3. Olha para uma xícara, por exemplo. Tu vês uma xícara ou simplesmente revês tuas experiências passadas de pegar um xícara, de estar com sede, de beber de uma xícara, de sentir a borda de uma xícara contra teus lábios, de tomar o café da manhã e assim por diante? Tuas reações estéticas à xícara não são também baseadas em experiências passadas? De que outra forma saberias se esse tipo de xícara se quebraria ou não se a deixasses cair? O que sabes a respeito dessa xícara exceto aquilo que aprendeste no passado? Tu não tens nenhuma ideia do que essa xícara é, a não ser pelo teu aprendizado passado. Então, tu a vês realmente?

4. Olha ao teu redor. Isso é igualmente verdadeiro a respeito de qualquer coisa para a qual olhes. Reconhece isso aplicando a ideia de hoje indistintamente para o que quer que capte teu olhar. Por exemplo:

Eu vejo só o passado neste lápis.
Eu vejo só o passado neste sapato.
Eu vejo só o passado nesta mão.
Eu vejo só o passado naquele corpo.
Eu vejo só o passado naquele rosto.

5. Não te demores em nenhuma coisa em particular, mas lembra-te de não omitir nada de modo específico. Olha rapidamente para cada sujeito e, em seguida, passa para o seguinte. Três ou quatro períodos de prática, que durem aproximadamente um minuto cada, serão suficientes.

*

COMENTÁRIO:

Tentemos ainda dar mais subsídios para que nossa colega Cristina possa avaliar melhor as razões pelas quais sentiu um certo desconforto, uma certa preocupação, alguma dúvida, algum aborrecimento e se disse "desanimada" com as práticas, em função dos acontecimentos de Angra e de outros lugares assolados pelas chuvas dos últimos dias. Apesar de ela já ter revelado se sentir mais centrada. O exercício é bom para todos nós.

Parafraseando um texto que leio no momento acerca das práticas do ho'oponopono, que - lembram-se? - nos coloca na condição de 100% responsáveis por tudo o que vemos acontecer em nossas vidas e em tudo no mundo, alguém diz ser certo que sempre vão surgir empecilhos de um modo ou de outro em nossas vidas, sejam problemas de família, estresse, opiniões divergentes, catástrofes naturais ou a guerra. De início é sempre difícil aceitar isso - e principalmente aceitar que cada um de nós tem 100% de responsabilidade por isso, se é isso que vê. Depois de algum tempo de prática, no entanto, em lugar de nos perguntarmos "Por que eu?" ou "Por que só comigo?" (perguntas que induzem a uma resposta de culpa), passamos a ser capazes de dizer "Eu sou responsável" (sem culpa) e simplesmente entregar os pontos, utilizar as ferramentas que os exercícios dão e deixar que Deus assuma ou controle.

Quando aprendemos a fazer isso, deixamos de ser um obstáculo em nosso próprio caminho. Assim que damos um passo, por menor que ele seja, para fora de nós mesmos, para culpar, reagir, lastimar, reclamar e assim por diante, perdemos de vista o assunto em questão, ou seja, a nossa chance de abandonar o problema que só pode ser resolvido dentro de nós mesmos. A partir da mudança do modo de ver. Quando fazemos acusações, nós nos desligamos da Fonte, na ilusão de que poderíamos - a partir da orientação equivocada do sistema de pensamento do ego - fazer melhor do que o divino.

Bem vindos todos de volta às práticas. Dani, da terra dos cangurus, Nina, de Sampa, Carmen, Cassio [vanicer] e Cristina. E quantos mais se ligam a nós e aos exercícios. Mais uma vez, um ótimo 2010 a todos, com todos os milagres necessários.