sábado, 21 de junho de 2025

O mundo muda quando mudamos a nossa percepção

 

LIÇÃO 172

Deus é só Amor e, por isto, eu também.

1. (153) Minha segurança está em ser sem defesas.
Deus é só Amor e, por isto, eu também.

2. (154) Eu estou entre os ministros de Deus.
Deus é só Amor e, por isto, eu também.

*

COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 172

Caras, caros,

Já é mais do que tempo de nos questionarmos? O que queremos do Curso, com o Curso? Estamos fazendo o que o Curso nos pede para fazermos dia a dia? Estamos praticando como o ensinamento pede? Notamos alguma diferença em nossas vidas depois que começamos as práticas? 

Na verdade, como eu já disse outras vezes, precisamos, além de nos questionarmos, questionar o mundo e tudo o que existe nele o tempo todo, para não nos deixarmos enganar pelo ego, e por seu sistema de pensamento que quer nos fazer crer que o que pensamos viver neste mundo é real. Creio que as ideias para a revisão de hoje trazem uma boa oportunidade para tanto. Muito importante é que as envolvamos na ideia de que "Deus é só amor e, por isto, eu também.", bem como ao nosso questionamento de nós mesmas, de nós mesmos.

"Deus é só Amor e, por isto, eu também."

Revisamos hoje mais duas ideias das práticas recentes, envolvendo-as na frase: Deus é só Amor e, por isto, eu também, que, de certa forma, espelha também o significado das outras que são: Minha segurança está em ser sem defesas e Eu estou entre os ministros de Deus.

Como já devemos saber, estas duas ideias são da maior importância para a nova fase de compreensão que nos espera. A nova fase da qual o Curso fala na introdução a este período. Uma fase a que podemos chamar de fase da percepção curada, ou fase da percepção correta, baseada na forma de olhar do Espírito Santo em nós.

Vamos, pois, nos valer, de novo, de mais um exemplo do livro A Arte de Curar pelo Espírito, de Joel Goldsmith, que trata também de nos ensinar o modo de curar nossa percepção, contaminada pelo sistema de pensamento do mundo, ou do ego, por se basear na crença em que estamos todos e todas separados e separadas de Deus.

Para ele, o tratamento espiritual, ou a cura espiritual, que também é a cura que o ensinamento do Curso quer que aprendamos, para a nossa salvação e a salvação do mundo inteiro, não envolve nada mais do que a cura de nossa própria percepção. Isto é, o curador tem apenas de curar sua percepção individual para perceber claramente que nada do que está aparentemente "errado" em seu mundo existe de fato. Pelo menos não da maneira "errada" que ele pensa, a partir do que lhe diz a percepção do ego.

Ao praticar para a cura da própria percepção, o curador aprende que: na mesma medida em que sua percepção muda, o mundo também muda, o que é sinal mais claro que podemos ter de que o mundo, da forma com que o vemos, só existe a partir do que pensamos dele. E que, sim, existem tantos mundos quantas são as pessoas que pensam em um mundo. Ora, é claro que um número infinito de mundos é inconciliável com qualquer desejo que qualquer um tenha de afirmar que apenas o seu mundo é verdadeiro.

Tanto Goldsmith, quanto o Curso, com o conceito de Expiação - ou o desfazer do erro -, ou o ho'oponopono percebem que, se a necessidade de cura ou o pedido de cura se apresentou à consciência do curador, do doente, ou de qualquer pessoa que seja, tudo o que se pode fazer é buscar limpar aquela parte da consciência, da mente, que inventou ou deu realidade ao engano, acreditando estar separada de Deus. Assim, é Goldsmith que diz:

Se não te dirigires a Deus por uma razão única - unicamente por causa de Deus - então admites a existência de dois poderes, o Bem e o Mal, e esperas que Deus, o grande Poder benéfico, empreenda algo contra o outro Poder, o maléfico. Não terás paz nem sossego enquanto viveres na expectativa de um Deus, grande e poderoso, que deva fazer algo contra o erro.

Uma expectativa deste tipo tão-somente reforça a ideia de dualidade, a crença na separação. Como eu já disse muitas outras vezes, há uns poucos passos simples, que precisamos dar para nos livrarmos de qualquer aparente mal que se nos apresente. 

O primeiro é reconhecer que o "mal" aparente que vemos nós o inventamos,  nós o escolhemos, mesmo que de forma inconsciente. O segundo é acolher o que quer que se apresente na forma como se apresenta, isto é, assumir a responsabilidade pelo que se apresentou por entender que fomos nós que o pedimos. Por fim, precisamos apenas agradecer por ele ter se apresentado da forma com que se apresentou para, se for o caso, podermos fazer uma nova escolha, em sintonia com o divino em nós. Aí, e só aí, encontraremos a paz. 

Às práticas? 

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Os limites que pensamos perceber são auto impostos

 

REVISÃO V

Introdução

1. Agora revisamos mais uma vez. Desta vez estamos prontos para oferecer mais esforço e mais tempo àquilo que empreendemos. Reconhecemos que nos preparamos para outra fase da compreensão. Queremos dar este passo por completo, para podermos ir adiante de novo mais seguros, com mais sinceridade, com a fé mantida de forma mais convicta. Nossos passos não foram firmes e as dúvidas nos fizeram caminhar de modo insegura e lento pela estrada que este curso apresenta. Mas agora nos apressamos, pois nos aproximamos de uma certeza maior, de um propósito mais firme e de uma meta mais garantida.

2. Pai, firma nossos pés. Permite que nossas dúvidas se calem e que nossas mentes santas silenciem e fala conosco. Não temos nenhuma palavra para Te oferecer. Queremos apenas escutar Tua Palavra e fazê-la nossa. Orienta nossa prática tal qual um pai guia uma criancinha ao longo de um caminho que ela não compreende. Mas que segue, certa de que está a salvo porque seu pai lhe mostra o caminho.

3. Por isto trazemos nossa prática a Ti. E, se tropeçarmos, Tu nos erguerás. Se esquecermos o caminho, contamos com Tua lembrança certa. Nós nos desviamos, mas Tu não esquecerás de nos chamar de volta. Apressa nossos passos agora, para podermos mudar de modo mais seguro e rápido em Tua direção. E aceitamos a Palavra que Tu nos ofereces para unificar nossa prática, enquanto revisamos as ideias que Tu nos deste.

4. É esta a ideia que deve preceder os pensamentos que revisamos. Cada um apenas esclarece algum aspecto desta ideia ou a ajuda a ser mais significativa, mais pessoal e verdadeira e descreve melhor o Ser santo que compartilhamos e que agora nos preparamos para conhecer mais uma vez:

Deus é só Amor e, por isto, eu também.

Só este Ser conhece o Amor. Só este Ser é completamente coerente em Seus Pensamentos; conhece Seu Criador, compreende a Si Mesmo, é perfeito em Seu conhecimento e em Seu Amor e não muda nunca de Seu estado permanente de união com Seu Pai e Consigo Mesmo.

5. E é isto que espera para nos encontrar ao final da jornada. Cada passo que damos nos leva um pouco mais perto. Esta revisão vai reduzir o tempo de forma imensurável, se conservarmos em mente que esta continua a ser nossa meta e que, enquanto praticamos, é disto que nos aproximamos. Elevemos nossos corações do pó à vida, ao nos lembrarmos de que isto nos foi prometido e de que este curso foi enviado para abrir o caminho da luz para nós e para nos ensinar, passo a passo, como voltar ao Ser eterno que pensávamos ter perdido.

6. Eu faço a jornada contigo. Pois compartilho de tuas dúvidas e medos por algum tempo, para poderes vir a mim que reconheço a estrada pela qual todos os medos e dúvidas são vencidos. Nós caminhamos juntos. Eu tenho de compreender incerteza e dor, embora saiba que elas não têm nenhum significado. Porém, um salvador tem de permanecer com aqueles que ensina, vendo o que veem, mas conservando ainda em sua mente o caminho que o conduziu para fora e que, agora, vai te conduzir para fora com ele. O Filho de Deus é crucificado até caminhares ao longo da estrada comigo.

7. Minha ressurreição vem novamente toda vez que conduzo um irmão em segurança até o lugar em que a jornada termina e é esquecida. Eu me renovo toda vez que um irmão aprende que há uma saída para a infelicidade e para a dor. Eu renasço toda vez que a mente de um irmão se volta para a luz em si mesmo e me procura. Eu não esqueço ninguém. Ajuda-me agora a te conduzir de volta para onde a jornada começou, para fazeres outra escolha comigo.

8. Libera-me enquanto praticas mais uma vez as ideias que eu trouxe para ti, d'Aquele Que vê tua amarga necessidade e conhece a resposta que Deus Lhe deu. Revisamos juntos estas ideias. Juntos dedicamos nosso tempo e esforço a elas. E, juntos, as ensinaremos a nossos irmãos. Deus não quer ter o Céu incompleto. O Céu espera por ti do mesmo modo que eu. Eu sou incompleto sem tua parte em mim. E, quando me torno íntegro, vamos juntos ao nosso antigo lar, preparado para nós antes do tempo existir e mantido inalterado pelo tempo, imaculado e seguro, tal como será quando, enfim, o tempo acabar.

9. Deixa, então, que esta revisão seja a tua dádiva para mim. Pois é só isto que eu preciso; que ouças as palavras que digo e as ofereças ao mundo. Tu és minha voz, meus olhos, meus pés, minhas mãos, pelas quais eu salvo o mundo. O Ser do qual te chamo é apenas o teu próprio Ser. Vamos a Ele juntos. Toma a mão de teu irmão, pois este não é um caminho que percorremos sozinhos. Eu caminho contigo nele e tu comigo. Nosso Pai quer que Seu Filho seja um com Ele. Que vidas, então, não têm apenas de ser unas contigo?

10. Deixa que esta revisão venha a ser um momento em que compartilhamos uma experiência nova para ti, uma experiência, porém, tão velha quanto o tempo e ainda mais velha. Santificado o teu Nome. Tua glória imaculada para sempre. E tua totalidade agora completa do modo que Deus a criou. Tu és Seu Filho, que completa Seu estender-Se em ti mesmo. Nós praticamos apenas uma verdade antiga que conhecíamos antes que a ilusão parecesse reivindicar o mundo. E lembramos ao mundo que ele fica livre de todas as ilusões cada vez que dissermos:

Deus é só Amor e, por isto, eu também.

11. Com isto começamos cada dia de nossa revisão. Com isto começamos e terminamos cada período do momento da prática. E com esta ideia adormecemos, para despertar mais uma vez com estas mesmas palavras em nossos lábios para saudar mais um dia. Não deixaremos de envolver com ela nenhum dos pensamentos que revisamos e usaremos o pensamento para mantê-la diante de nossas mentes e para mantê-la claramente em nossa lembrança ao longo de todo o dia. E, assim, quando terminarmos esta revisão, reconheceremos que as palavras que dizemos são verdadeiras.

12. As palavras, contudo, são apenas recursos e devem ser usadas, exceto no início e no fim dos períodos de prática, apenas para lembrar à mente de seu propósito, caso necessário. Colocamos fé na experiência que vem da prática, não no meio que utilizamos. Esperamos a experiência e reconhecemos que só nela está a convicção. Usamos as palavras e tentamos várias vezes ir além delas, até seu significado, que está muito além de seu som. O som se torna indistinto e desaparece, quando nos aproximamos da Fonte do significado. É Aí que achamos descanso.

*

LIÇÃO 171

Deus é só Amor e, por isto, eu também.

1. (151) Todas as coisas são ecos da Voz por Deus.
Deus é só Amor e, por isto, eu também.

2. (152) O poder de decisão é meu.
Deus é só Amor e, por isto, eu também.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 171

Caras, caros,

Agora revisamos novamente:

"Deus é só Amor e, por isto, eu também."

Como já lhes disse antes, e como a maioria das pessoas que frequentam este espaço sabem, do mesmo modo que é normal quando se está fazendo, ou participando de algum curso, neste também paramos a cada período para fazer uma revisão. Para facilitar o entendimento do que vimos antes e auxiliar - e quiçá tornar mais fácil - a compreensão dos passos seguintes. É o que fazemos novamente, a partir de hoje, pelos próximos dez dias. 

Voltamos mais uma vez nossa atenção a cada dia para duas das últimas vinte ideias que praticamos, agora há pouco, envolvendo cada uma delas com o pensamento: Deus é só Amor e, por isto, eu também.

Aproveito, então, para compartilhar de novo com vocês, a partir da leitura do livro A Arte de Curar pelo Espírito, de Joel S. Goldsmith, uma forma talvez um pouco mais fácil para se entender, todo o ensinamento do Curso que frequentamos. Quer neste espaço, quer nalgum grupo de estudos ou leitura, quer em nossas casas de modo individual. 

É claro que vamos revisar durante dez dias apenas as últimas vinte lições que praticamos. Porém, ao revisá-las, temos de ter em mente todas as lições praticadas antes. Pois mesmo quando não nos lembramos delas, podemos ter certeza de que, se as praticamos do modo que o Curso orienta, elas estão conosco. De algum modo, se não deixaram uma marca em nossa consciência, é certo que lançaram uma semente, que vamos ter de regar, alimentar e cercar de cuidados para que a árvore destinada a nascer da semente dê flores e frutos e cresça de forma saudável.

Apenas por isso gostaria de fazer uma observação a respeito dos primeiros exercícios do Curso. Alguém se lembra? Os primeiros são aqueles mais "chatinhos", aparentemente mais "sem sentido" e mais "aborrecidos" para quase todos e todas nós aos primeiros contatos. Na verdade, preciso lhes dizer, chamar sua atenção, eles têm uma importâncias descomunal, pois servem para revelar [a quem já estiver disposto a ver] quão forte é nosso apego à hipnose coletiva do mundo, mesmo quando não sabemos disso, mesmo quando ainda não temos consciência de que o sistema de pensamento do mundo - o do ego - só quer nos aprisionar na condição de instrumentos, de joguetes nas mãos daqueles que querem perpetuar para si um poder que só existe na ilusão que este mundo oferece.

Quanto mais forte é nossa resistência a eles - a estas primeiras lições -, tanto mais isso é revelador de nossa falta de disposição para seguir o caminho na direção do qual nos orienta o Curso. A resistência que se apresenta aos primeiros exercícios é, de fato, motivada por aquilo que o ego identifica como a primeira ameaça a sua soberania no interior de nossa mente dual, dividida, estilhaçada por milhares de interesses que não têm nada a ver com aquilo que realmente somos.

E é só por esta razão que nos recusamos ou resistimos a praticar as primeiras ideias do livro de exercícios, que nos ensinam a perceber que nada daquilo que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos ou provamos via sentidos, neste ou deste mundo, tem nenhum valor em si mesmo, a não ser aquele que nós mesmos e nós mesmas damos a cada uma das coisas do mundo e a todas elas. Na maior parte do tempo equivocados e equivocadas por acreditarmos em alguma das coisas que o mundo nos ensina.

À medida que avançamos pelas lições e nos entregamos às práticas conforme o Curso orienta, fica mais fácil perceber, ou ao menos ter um vislumbre daqueles ensinamentos do mundo de que o Curso tenta nos libertar. Para que possamos, como diz Goldsmith em seu livro, saber, em relação às limitações que aceitamos como imposições do mundo, que:

"Nenhuma dessas limitações existe realmente. São simples imagens da minha mente, meras aparências; a verdade, porém, é que o reino de Deus, o reino da vida eterna e da harmonia universal está dentro de mim. Nada tenho de alcançar: tudo já está presente em mim. Por isso posso voltar-me para dentro de mim e gozar a realidade do reino, aqui e agora." 

Ou como o Curso diz: todas as limitações que percebemos em nossos caminhos são sempre auto impostas. Deus não impõe limite algum a nenhum, ou nenhuma, de nós. Por esta razão temos o livre arbítrio. E temos também todo o Poder que é d'Ele/Ela.

Que lhes parece, então, começar um novo período de revisão com esta perspectiva: a de que quaisquer limitações que o mundo aparentemente nos impõe, ou que nós mesmos e nós mesmas, sob influência do falso eu, nos impomos não existem de fato, a não ser como ideias equivocadas em nossa mente?

Isto pode verdadeiramente revelar que todas as coisas são ecos da Voz por Deus e que todo o poder de decisão é nosso, de cada um de nós. E nos fazer ver que Deus é só Amor e, por isto, nós também.

Às práticas?

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Tudo o que o Curso nos pede é atenção, o tempo todo

 

LIÇÃO 170

Não há crueldade em Deus e nem em mim.

1. Ninguém ataca sem intenção de ferir. Não pode haver nenhuma exceção a isto. Quando pensas atacar em defesa própria, pressupões que ser mau é proteção; estás a salvo em razão da maldade. Tu queres acreditar que ferir outro te traz liberdade. E pressupões que atacar é trocar o estado em que te encontras por alguma coisa melhor, mais fora de perigo, mais segura contra invasões perigosas e contra o medo.

2. Quão inteiramente insana é a ideia de que defender-se do medo é atacar! Pois nisto se produz e se alimenta o medo com sangue, para fazê-lo crescer e inchar e se enraivecer. E, deste modo, protege-se o medo, não se fica livre dele. Hoje aprendemos uma lição que pode te poupar de mais atraso e de mais amargura desnecessária do que podes talvez imaginar. A lição é esta:

Tu fazes aquilo de que te defendes e por tua
própria defesa ele se torna real e inevitável. Depõe
tuas armas e só então perceberás que ele é falso.

3. Parece que atacas o inimigo externo. Contudo, tua defesa instala um inimigo interno; uma estranha ideia em guerra contigo, privando-te da paz, dividindo tua mente em dois campos que parecem ser totalmente inconciliáveis. Pois agora o amor tem um "inimigo", um opositor; e o medo, o estranho, precisa agora de tua defesa contra a ameaça daquilo que realmente és.

4. Se refletires com cuidado acerca dos meios pelos quais tua defesa própria imaginária segue em frente do modo que imaginou, perceberás as premissas nas quais a ideia se baseia. Primeiro, é evidente que as ideias têm de deixar sua fonte, pois és tu que inventas o ataque e que tem de tê-lo concebido em primeiro lugar. Mas atacas fora de ti mesmo e separas tua mente daquele que deve ser atacado, com absoluta fé em que a divisão que fizeste é real.

5. Depois, confere-se as características do amor a seu "inimigo". Pois o mundo se torna tua segurança e o protetor de tua paz, a quem te voltas buscando consolo e saída para as dúvidas acerca de tua força e esperança de repouso na paz sem sonhos. E quando se despoja o amor daquilo que pertence a ele, e só a ele, dota-se o amor das características do medo. Pois o amor te pediria que depusesses qualquer defesa como simples tolice. E tuas armas, de fato, se desintegrariam em pó. Pois é isto que são.

6. Com o amor como inimigo, a maldade tem de se tornar um deus. E deuses exigem que aqueles que os adoram obedeçam a seus ditames e se recusem a questioná-los. Distribui-se punição severa de forma implacável àqueles que questionam se as exigências são ajuizadas ou mesmo sãs. Seus inimigos é que são insensatos e loucos, enquanto eles são sempre misericordiosos e justos.

7. Hoje olhamos para este deus malvado de forma imparcial. E observamos que embora seus lábios estejam manchados de sangue e ele pareça lançar labaredas de fogo, ele é feito de pedra apenas. Ele não pode fazer nada. Não precisamos desafiar seu poder. Ele não tem nenhum. E aqueles que veem nele sua segurança não têm nenhum protetor, nenhuma força a invocar em caso de perigo e nenhum guerreiro poderoso para lutar por eles.

8. Este momento pode ser terrível. Mas ele também pode ser o momento de tua libertação de uma escravidão abjeta. Fazes uma escolha, pondo-te diante deste ídolo, vendo-o exatamente como ele é. Devolverás ao amor aquilo que buscaste tirar dele à força para depositar diante deste pedaço de pedra estúpido? Ou farás outro ídolo para substituí-lo? Pois o deus da maldade toma muitas formas. Pode-se achar outra.

9. Contudo, não penses que o medo é a saída para o medo. Lembremo-nos do que o texto enfatiza a respeito dos obstáculos à paz. O último deles, o mais difícil de se acreditar que não seja nada, um pretenso obstáculo com a aparência de uma barreira sólida, impenetrável, assustadora e além do conquistável, é o medo do Próprio Deus. Eis aqui a premissa básica que entroniza a ideia do medo como deus. Pois o medo é amado por aqueles que o adoram e, agora, o amor parece se revestir de maldade.

10. De onde vem a crença totalmente insana em deuses de vingança? O amor não confunde suas características com as do medo. No entanto, os adoradores do medo têm de perceber sua própria confusão no "inimigo" do medo; a maldade dele agora como parte do amor. E o que se torna mais amedrontador do que o Próprio Coração do Amor? O sangue parece estar em Seus lábios; o fogo vem d'Ele. E Ele é mais terrível que tudo, inconcebivelmente mau, abatendo a todos que O reconhecem como seu Deus.

11. A escolha que fazes hoje é segura. Pois olhas pela última vez para este pedaço de escultura de pedra que fizeste e não mais o chamas de deus. Tu alcançaste este lugar antes, mas escolheste que este deus mau ainda permanecesse contigo sob outra forma. E, por isto, o medo de Deus voltou contigo. Desta vez tu o deixas aí. E voltas para um mundo novo, sem o fardo de seu peso; visto, não pelos olhos cegos do medo, mas pela visão que tua escolha te devolveu.

12. Agora sim teus olhos pertencem a Cristo e Ele olha através deles. Agora tua voz pertence a Deus e repete a d'Ele. E, agora, teu coração permanece em paz para sempre. Tu O escolhes em lugar de ídolos e tuas características, dadas a ti por teu Criador, te são, enfim, devolvidas. O Chamado a Deus foi ouvido e atendido. Agora o medo dá lugar ao amor, e o Próprio Deus substitui a maldade.

13. Pai, somos como Tu. Não habita em nós nenhuma maldade, pois não há nenhuma em Ti. E nós abençoamos o mundo só com aquilo que recebemos de Ti. Escolhemos outra vez e fazemos nossa escolha por todos os nossos irmãos, sabendo que eles são um conosco. Nós trazemos Tua salvação a eles, assim como a recebemos agora. E damos graças por eles que nos tornam completos. Vemos Tua glória neles e encontramos neles nossa paz. Somos santos porque Tua Santidade nos liberta. E damos graças. Amém.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 170

Caras, caros,

Podemos ser más? Maus? Podemos agir de forma cruel, sanguinária, bárbara, selvagem? Conhecemos pessoas que agem assim? Ou nós simplesmente as julgamos? Julgamos seus atos?

Na verdade, quer me parecer, é apenas na experiência ilusória capitaneada pelo ego que as pessoas podem cometer atos de barbárie, selvageria e crueldade. E apenas porque aprendemos a atribuir tais nomes a alguns atos de algumas poucas pessoas. Ou de muitas. Veja-se a história das guerras desde que aprendemos que o mundo é mundo. Mesmo na ilusão.

Se observarmos bem a natureza, veremos que determinados comportamentos dos animais como um todo, se copiados ou imitados por seres ditos humanos mereceriam a classificação de bestiais. No mundo animal, porém, quaisquer comportamentos são parte da herança genética da raça a que o animal pertence. Ou servem para que o indivíduo se defenda de ataques de predadores, ou para sua busca de alimento para si e para seus filhotes.

Quem atribui valor ao mundo? Nós. Cada uma e cada um de nós. Por isso precisamos praticar hoje a ideia que o Curso nos oferece.

"Não há crueldade em Deus e nem em mim."

A lição de hoje encerra, novamente, mais um passo em nossa caminhada. Vamos, a partir de amanhã, dar início a um novo período de revisões. Porque "todo dia é dia de treino". E, em se tratando de aprender a nosso próprio respeito, não podemos nos distrair, pois o ego, ou falso eu, não perde tempo. Ele está em plena atividade 24 horas por dia, e se vale de toda e qualquer oportunidade para tentar nos convencer de que somos algo que não somos. Para tentar nos convencer de que sua existência é real. É por isso que não podemos nunca, em hipótese alguma, nos distrair de nós mesmos e de nós mesmas.

A lição de hoje, portanto, trata disso a partir de um ponto a respeito do qual é bom refletirmos: a ideia de que, se há crueldade, maldade, no mundo, tem de haver maldade, crueldade, em mim e, se há maldade ou crueldade em mim, por consequência, tem também de haver crueldade ou maldade em Deus, uma vez que o Curso ensina que somos Filhos d'Ele/Ela, criados a Sua semelhança.

Em geral, o que a ilusão quer vender - e quer que compremos - é a ideia de que estamos separados e separadas de Deus, ou que Ele/Ela está separado de nós. Pensando bem, no entanto, será que isso é possível? O que acontece é que, na maioria das vezes, a maior parte do tempo, estamos dormindo. Mesmo quando pensamos estar acordados.

Vejamos. Quantos e quantas de nós ainda acreditam que quedas de aviões, naufrágios, tsunamis, maremotos, incêndios, descarrilamentos, terremotos, erupções de vulcões e outros desastres naturais ou provocados pela ação humana representam a ação de Deus, o castigo que Ele/Ela impõe a uma parcela da humanidade, aos pecadores? Não acontece muitas vezes de aquilo que chamamos de "mal" atingir também aqueles que não são pecadores, aquelas que não são pecadoras? Os "bonzinhos"? As "boazinhas"?

Isto, o castigo aos pecadores e pecadoras e o "mal" que atinge também os "bonzinhos" e as "boazinhas", não seria uma maldade de Deus?

O ensinamento do Curso, em sintonia com o que nos dizem ser o de Jesus, difere completamente desta crença. "Porquanto Deus enviou Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo" (João, 3, 17). "Nem eu tampouco te condeno" (João, 8, 11). "Não peques mais para que não te suceda coisa pior" (João, 5,14). Não coisa pior enviada por Deus, mas resultado da volta a crenças já superadas, consequências da lei de ação e reação.

Jesus, por meio dos registros atribuídos aos apóstolos, ou aos evangelistas, não fala de castigo, a não ser daqueles causados pelas nossas próprias ações equivocadas, que, a bem da verdade, não são castigos, mas apenas respostas, resultados, consequências, de nossas próprias ações. Nas palavras dele a lei de ação e reação é expressa assim: "O que semeardes colhereis". Não como castigo de Deus, mas como consequência de nossos atos, como produto de nossa semeadura, como materialização de nossas crenças. Pois o Deus de que fala o Curso não é um Deus de vingança. Também não o era o Deus atribuído a Jesus, em sua época, considerando-se verdadeiras sua existência e sua pregação e mensagem.

Assim, se estamos vendo a ilusão e tratando dela como se fosse verdadeira, estamos vivendo um estado em que aparentemente deixamos Deus de lado e nos voltamos para as atividades e para as necessidades que exigem nossa atenção no dia-a-dia, sem deixar sobrar um minuto sequer para voltar nossos pensamentos a Ele/Ela, dentro de nós mesmos e de nós mesmas. Porque não há nada fora. Nem Deus. Sem deixar tempo ou espaço algum para nos voltarmos para o divino interior, para verificar de modo consciente, por nossa própria vontade, que não há nada fora de nós mesmos e de nós mesmas e que vivemos e nos movemos em Deus o tempo todo.

Repetindo, de certa forma, a pergunta que fiz nos últimos anos: quantas vezes nos voltamos para Deus apenas como uma última tentativa desesperada para resolver questões mais urgentes, cuja solução nos parecia quase impossível, e, uma vez resolvidas, para nossa alegria, O/A deixamos de lado? Isto é, voltamo-nos uma vez mais para o mundo da ilusão renovados, cheios de novas ideias, prontos para enfrentar o mundo, mais uma vez, "sozinhos", "sozinhas". Ou melhor dizendo, esquecidos e esquecidas de que, ao nos afastarmos outra vez d'Ele/Ela, escolhemos de novo um "deus mau", sob a forma da autossuficiência e da onipotência egóica. Perguntemo-nos também, e sejamos o mais honestos e honestas possível em responder: quanto tempo de nossos dias dedicamos ao divino em nós mesmos, em nós mesmas dia após dia?

É claro que, num primeiro momento, somos agradecidos e agradecidas a Ele/Ela pelo conforto, pela paz e pela solução para o problema - ou problemas - que nos afligia. Mas esta gratidão não dura muito, porque o ego não quer ficar devendo favores ou obrigações: a ninguém, muito menos a Deus. É por esta razão que devemos pôr toda a atenção possível às práticas de hoje, preparando-nos desde já para a revisão que começa amanhã. 

Haverá alguma das últimas ideias que não praticamos devidamente? Haverá alguma delas que ainda não entendemos, não aceitamos e não transformamos em parte do parco conhecimento consciente que temos de nós mesmos e de nós mesmas? Amanhã começamos um novo tempo de práticas com as últimas 20 lições, pelas quais passamos há pouco. Atenção é tudo o que o Curso nos pede o tempo todo. Atenção a nós mesmos e a nós mesmas, ao que somos, ao divino interior, para não nos deixarmos engolir pela ilusão do mundo, do tempo e da crença na separação.

Às práticas?


quarta-feira, 18 de junho de 2025

Aonde formos a Graça divina também vai conosco

 

LIÇÃO 169

Vivo pela graça. Pela graça me liberto.

1. A graça é um aspecto do Amor de Deus que é o mais parecido ao estado predominante na unidade da verdade. É a aspiração mais elevada do mundo, pois conduz para além do mundo inteiramente. Está além do aprendizado embora seja a meta do aprendizado, pois a graça não pode vir até que a mente se prepare para a aceitação verdadeira. A graça vem a ser imediatamente inevitável naqueles que preparam uma mesa em que ela possa ser disposta de forma benigna e aceita com boa vontade; um altar puro e sagrado para a dádiva.

2. A graça é a aceitação do Amor de Deus em um mundo de ódio e medo aparentes. Apenas pela graça o ódio e o medo acabam, pois a graça representa um estado tão contrário a tudo o que o mundo contém que aqueles cujas mentes são iluminadas pela dádiva da graça não podem acreditar que o mundo do medo seja real.

3. Não se aprende a graça. O último passo deve ir além de todo o aprendizado. A graça não é a meta que este curso aspira alcançar. No entanto, nós nos preparamos para a graça, uma vez que uma mente aberta pode ouvir o Chamado para despertar. Ela não está hermeticamente fechada à Voz de Deus. Ela se torna consciente de que há coisas que não conhece e, desta forma, fica pronta para aceitar um estado completamente diferente da experiência com a qual está habitualmente familiarizada.

4. Talvez pareça que contradizemos a afirmação de que a revelação do Pai e do Filho como um só já está estabelecida. Mas dissemos também que a mente decide quando será este momento e que já o decidiu. E, não obstante, insistimos para que tu dês testemunho da Palavra de Deus para apressar a experiência da verdade e acelerar seu advento em cada mente que reconhecer os efeitos da verdade em ti.

5. A unidade é apenas a ideia de que Deus é. E, em Seu Ser, Ele abrange todas as coisas. Nenhuma mente contém nada a não ser Ele. Dizemos "Deus é" e, então, paramos de falar, pois neste conhecimento as palavras não têm sentido. Não há lábios para pronunciá-las e nenhuma parte da mente suficientemente distinta para perceber que agora ela está consciente de alguma coisa que não seja ela mesma. Ela se uniu a sua Fonte. E, como sua Própria Fonte, ela simplesmente é.

6. Não podemos em absoluto falar, nem escrever e nem mesmo pensar a respeito disto. Ele vem a cada mente quando o total reconhecimento de que sua vontade é a Vontade de Deus se der por completo e for recebido de forma completa. Ele devolve a mente ao presente infinito, no qual não se pode conceber passado e futuro. Ele está adiante da salvação; depois de qualquer ideia de tempo, de perdão e da face sagrada do Cristo. O Filho de Deus simplesmente desaparece em seu Pai, assim como seu Pai nele. O mundo absolutamente nunca existiu. A eternidade continua a ser um estado permanente.

7. Isto está além da experiência que tentamos apressar. Entretanto, o perdão, ensinado e aprendido, traz consigo as experiências que dão testemunho de que está próximo o momento que a própria mente estabeleceu para abandonar tudo, menos isto. Nós não a apressamos porque o que vais oferecer estava escondido d'Aquele Que ensina o que o perdão significa.

8. Todo o aprendizado estava na Mente d'Ele, realizado e completo. Ele reconheceu tudo o que o tempo contém e o deu a todas as mentes a fim de que cada uma pudesse decidir, a partir de um ponto de vista no qual o tempo acabara, quando ela seria liberada para a revelação e para a eternidade. Repetimos várias vezes antes que tu apenas fazes uma jornada que já terminou.

9. Pois a unidade tem de estar aqui. Qualquer que seja o momento que a mente estabelece para a revelação, ele é inteiramente alheio àquilo que tem de ser um estado permanente, que é eternamente como sempre foi e que deve permanecer para sempre como é agora. Nós apenas assumimos o papel há muito tempo atribuído e reconhecido plenamente como realizado por completo por Aquele Que escreveu o roteiro da salvação em Nome de Seu Criador e em Nome do Filho de Seu Criador.

10. Não há mais nenhuma necessidade de esclarecer o que ninguém no mundo pode compreender. Quando a revelação de tua unidade vier, ela será conhecida e compreendida plenamente. Agora temos trabalho a fazer, pois os que estão no tempo podem falar de coisas distantes e ouvir as palavras que explicam que o que está por vir já está vindo. Porém, que significado as palavras podem transmitir para aqueles que ainda contam as horas e se levantam e trabalham e vão dormir obedecendo ao ritmo delas?

11. Basta, então, que tenhas trabalho para fazer para, de fato, cumprires teu papel. O fim deve permanecer oculto para ti até que se cumpra teu papel. Não importa. Pois teu papel ainda é aquele do qual todos os outros dependem. Quando assumes o papel que te foi designado, a salvação chega um pouco mais perto de cada coração inseguro que ainda não pulsa em sintonia com Deus.

12. O perdão é o tema principal que perpassa toda a salvação, mantendo todas as suas parte em ligações significativas, seu curso orientado e seu resultado seguro. E agora pedimos a graça, a última dádiva que a salvação pode conceder. A experiência que a graça oferece terá fim no tempo, pois a graça prenuncia o Céu, embora não substitua a ideia do tempo senão por um breve instante.

13. O intervalo é suficiente. É aqui que se depositam os milagres para te serem devolvidos a partir dos instantes santos que recebes, por meio da graça em tua experiência, para todos aqueles que veem a luz que se prende a teu rosto. O que é o rosto de Cristo a não ser o daquele que esteve por um instante na intemporalidade e trouxe um reflexo claro da unidade que sentiu um instante atrás para abençoar o mundo? Como poderias, enfim, alcançá-la para sempre, enquanto uma parte de ti permanece fora, sem saber, adormecida e necessitando de ti como testemunha da verdade?

14. Sê grato por voltar, tal como ficaste contente em ir por um instante, e aceita as dádivas que a graça te ofereceu. Tu as trazes de volta para ti mesmo. E a revelação não está muito atrás. Sua vinda está garantida. Pedimos a graça e a experiência que vem da graça. Acolhemos a liberação que ela oferece a todos. Não pedimos o que não se pode pedir. Não olhamos adiante daquilo que a graça pode dar. Pois podemos dar isso na graça que nos foi dada.

15. A meta de nosso aprendizado hoje não vai além desta prece. Porém, no mundo, o que poderia ser mais do que aquilo que pedimos neste dia Àquele Que dá a graça que pedimos, assim como ela Lhe foi dada?

Vivo pela graça. Pela graça me liberto.
Dou pela graça. Pela graça vou libertar.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 169

Caras, caros,

Apesar de toda a carga psicológica e histórica que pesa sobre este mundo de ilusões, ao nascermos, nascemos livres. Nascemos, todas e todos nós, prontas, prontos, para criar o mundo à volta de nós de acordo com aquilo que pensamos ser o mundo em que precisamos e queremos viver.

Nascemos para esta experiência ilusória de vida com tudo o que é necessário para viver a partir da graça divina, a partir da liberdade que temos pelo livre arbítrio. Também herdamos todo o poder que vem de Deus para o Ser em nós, Deus em nós, conosco. E nós n'Ele/Ela.

Se ainda aparentemente não vivemos a experiência de liberdade que a graça nos dá, é apenas porque nalgum momento escolhemos equivocadamente acreditar no ego - a falsa imagem de nós que construímos a partir do sistema de pensamento que sustenta a ilusão deste mundo. Todas as ilusões.

Assim é que vamos praticar a ideia para hoje.

"Vivo pela graça. Pela graça me liberto."

Possa a graça divina alcançar nossa consciência hoje, a partir da ideia que praticamos. A partir de nossas práticas. Para que de fato sejamos capazes de ver. E ver de modo diferente. Possa a graça de Deus nos permitir perceber de maneira clara que a Presença nos acompanha em todos os caminhos e está presente em todas as situações que se apresentarem a nós neste dia. Para que de fato sejamos capazes de ouvir. E ouvir verdadeiramente a Voz por Deus em nós. Possa a graça do divino em nós conceder a cada um e a cada uma ver a si mesmo, ou a si mesma em todos e todas aqueles e aquelas com quem se encontrar neste dia e em todos os dias que ainda virão. Para que de fato sejamos capazes de sentir que somos partes da unidade em Deus, que somos todos e todas um. Pois é pela graça, que nos concede a liberdade, que vamos ser capazes de libertar a todos e a todas do julgamento, o nosso próprio, de cada um e de cada uma, no ego, e o julgamento do mundo, dentro do sistema de pensamento do ego.

Como eu já disse antes, em perfeita sintonia com o ensinamento do Curso, e não só uma única vez, se mantivermos bem presente em nós, em todos os momentos de nossa vida, uma só das ideias das lições que já praticamos, seremos capazes de nos lembrar de que Deus vai conosco aonde formos. E se Ele/Ela vai conosco aonde formos, temos de reconhecer que a graça d'Ele/Ela também tem de estar conosco aonde quer que estejamos. É obrigatório, por ser óbvio, que reconheçamos e desejemos a consciência da Presença e da Graça em nossos dias, para que a partir delas possamos ser a manifestação da Graça do divino neste mundo. É isto que as práticas de hoje visam a nos ajudar a lembrar.

Pois, independentemente de quaisquer esforços que façamos, independente de qualquer busca a que nos dediquemos, é só a graça de Deus, a consciência da Presença da Graça, que pode, de fato, nos libertar e nos fazer compreender, para além da lógica e da razão do ego, que já somos aquilo que buscamos, conforme ensina o Curso. A jornada que aparentemente fazemos, na verdade, é uma jornada que não tem nada a ver com distância. Não tem nada a ver com o tempo, nem com o espaço ou com o lugar em que estamos e que escolhemos para viver.

Joel Goldsmith, em um de seus livros, diz que "enquanto pensarmos em nossa vida, em nosso corpo e em nossos negócios, e em como poderemos modificá-los ou melhorá-los, estamos vivendo dentro dos limites do parêntese, do finito [não estamos vivendo pela graça]. Mas no momento [em] que percebemos o círculo na sua integridade, deixamos de confinar a Vida num parêntese [e somos libertados]".

Diz mais, que "é possível que, nesse momento, estejamos contemplando a Vida desde o ângulo desse parêntese, mas, pelo menos, estaremos testemunhando a manifestação da vida que não tem começo e não terá fim, e assim estamos desfazendo esse parêntese, [aproximando-nos da eternidade, em que somos livres para ser o que somos, em Deus, sob Sua graça]".

Isso se consegue pelas práticas diárias. 

Às práticas?

terça-feira, 17 de junho de 2025

O ego sempre dá maior atenção ao erro, ao conflito

 

LIÇÃO 168

Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora.

1. Deus fala conosco. Não falaremos com Ele? Ele não está distante. Ele não faz nenhuma tentativa de Se esconder de nós. Nós tentamos nos esconder d'Ele e nos enganamos. Ele permanece inteiramente acessível. Ele ama Seu Filho. Não existe nenhuma certeza a não ser esta, mas esta é suficiente. Ele amará Seu Filho para sempre. Enquanto a mente de Seu Filho permanece adormecida, Deus ainda o ama. E quando a mente dele desperta, Ele o ama com um Amor imutável.

2. Se ao menos conhecesses o significado do Amor de Deus, esperança e desespero seriam impossíveis. Pois a esperança estaria satisfeita para sempre; qualquer espécie de desespero inimaginável. A graça d'Ele é Sua resposta para todo o desespero, pois nela está a lembrança de Seu Amor. Ele não daria alegremente o meio pelo qual se reconhecer Sua Vontade? A graça de Deus é tua a partir de teu reconhecimento. E a lembrança d'Ele desperta na mente que Lhe pede o meio pelo qual seu sono acaba.

3. Hoje pedimos a Deus a dádiva que Ele preserva com o maior cuidado em nossos corações, esperando para ser reconhecida. Esta é a dádiva por meio da qual Deus se inclina para nós e nos eleva, dando Ele Mesmo o passo final para a salvação. Orientados pela Voz d'Ele, aprendemos todos os passos, menos este. Mas, finalmente, Ele Mesmo vem e nos toma em Seus Braços e varre as teias de nosso sono. Sua dádiva de graça é mais do que apenas uma resposta. Ela devolve todas as lembranças que a mente adormecida esquecera; toda a certeza do que é o significado do Amor.

4. Deus ama Seu Filho. Pede-Lhe agora para dar o meio pelo qual este mundo desaparecerá; e, em primeiro lugar, virá a visão e, apenas um instante depois, o conhecimento. Pois, na graça, vês uma luz que envolve o mundo inteiro no amor e observas o medo desaparecer de cada rosto, enquanto os corações se elevam e reivindicam a luz como sua. O que fica agora para que o Céu se atrase por mais um instante? O que ainda não se desfez, se teu perdão descansa sobre todas as coisas?

5. Este é um dia novo e santo, pois recebemos o que nos foi dado. Nossa fé está no Doador, não em nossa própria aceitação. Nós reconhecemos nossos erros, mas Ele, para Quem qualquer erro é desconhecido, ainda é Aquele Que responde aos nossos erros dando-nos o meio de abandoná-los e de nos elevarmos a Ele com gratidão e amor.

6. E Ele desce para nos encontrar, enquanto vamos a Ele. Pois o que Ele prepara para nós Ele nos dá e nós recebemos. Esta é a Vontade d'Ele porque Ele ama Seu Filho. Rezamos a Ele hoje, devolvendo apenas a palavra que Ele nos dá por meio de Sua Própria Voz, a Palavra d'Ele, Seu Amor:

Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora.
Pai, venho a Ti. E Tu virás a mim, que peço.
Eu sou o Filho que Tu amas.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 168

Caras, caros,

Em algum ponto do Curso, no texto, a Voz afirma que pedimos muito pouco do mundo. Isto quer dizer que, em geral, a maioria de nós se contenta com pouco na ilusão que vive. Poucos são aqueles e poucas aquelas que reivindicam mais para suas vidas. E, normalmente, mesmo dentro desta experiência ilusória de mundo que vivemos, são esses poucos e essas poucas que vivem, a seu modo, a Vontade de Deus para nós, de alegria e paz completas.

A razão para tal afirmação no ensinamento é o fato de que, como outra das coisas que ele diz, "não existe nada fora" de cada uma, de cada um de nós. Isto é, o mundo só existe para cada uma e para cada um de nós como representação daquilo que trazemos dentro. Assim ele é, para cada uma e para cada um de nós, exatamente como queremos que ele seja. Percebem?

Não há um mundo que seja igual a outro. E a experiência de mundo que vivemos, cada uma e cada um de nós, mesmo que não tenhamos consciência disso, é sempre a que escolhemos.

É por esta razão que precisamos praticar a ideia que Curso traz para hoje com toda a nossa capacidade de compreensão e com toda a abertura de que dispusermos para aceitarmos que nós, cada uma e cada um de nós, somos o mundo todo. Nós o criamos a partir da graça que aceitamos ou não como nossa. E podemos acessar a graça sempre que o quisermos. Basta pedir. E aceitá-la.

"Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora."

A ideia para as práticas de hoje, como, em geral, cada uma das que praticamos com o Livro de Exercícios, lição após lição, oferece mais uma vez a oportunidade do contato com nossa herança legítima de Filhos de Deus, conforme eu já disse muitas outras vezes. 

E, repetindo a pergunta que já fiz também outras vezes: o que é preciso fazer para tomar posse desta herança?

Há uma parte do texto que diz literalmente: "tu não precisas fazer nada". O que isso quer dizer, na prática? Que podemos cruzar os braços, deitar numa rede, sentar num sofá ou deitar numa cama e esperar que tudo o que nos pertence por direito caia do Céu?

Não, não e não! 

Isso não significa que podemos nos sentar simplesmente e esperar que a solução para tudo caia do Céu. Apesar de, ao mesmo tempo, poder significar exatamente isto para aqueles que acreditam, de fato, que não é preciso fazer nada, que é só deixar que a vida os leve. Por que não? 

Entretanto, o que podemos pensar a respeito da afirmação de que não é preciso fazer nada, a partir de qualquer experiência por que tenhamos passado, é que o "não fazer nada" do Curso não é exatamente a mesma coisa que o ego pensa a respeito de "não fazer nada". Não é um "não fazer nada" passivo. É ativo. No seguinte sentido:

Um "não fazer nada" ativo pelo que entendo é aquele que, a partir de nossa consciência do espírito em nós, no contexto do ensinamento do Curso, envolve não utilizar as intenções do sistema de pensamento do ego nem para planejar, nem para "fazer" as coisas que ele nos pede que façamos por nós mesmos, por nós mesmas. Quer dizer, sem estarmos antes sintonizados e sintonizadas ao divino em nós. Vejam a este respeito o capítulo 30, de onde tirei o nome deste blog. Logo após a introdução do capítulo, ele traz o subtítulo Regras para decisões, que talvez sirva para nos ajudar a entender o que significa "não fazer nada" para o ensinamento. 

Não podemos nos deixar enganar pelo que o ego nos apresenta na forma e pensar que vivemos em um mundo que necessita de reparos. E, para tanto, de planejamento. Um mundo que homens e mulheres precisam mudar. Um mundo em que o que vemos a cada instante é apenas uma grande confusão gerada por erros enormes de todos os que viveram antes de nós e por erros maiores ainda daqueles que vivem este tempo conosco, e que não aprenderam nada com os erros dos que vieram antes. E pensar até mesmo que aqueles e aquelas que virão depois de nós vão continuar a cometer os mesmos erros que já foram cometidos ao longo do tempo. Aliás, entre outras coisas, o Curso afirma também que a história só existe porque continuamos a cometer os mesmos erros. Ou seja, a história não é nada mais do que uma sucessão de erros. E, se pensarmos bem, para a experiência ilusória que vivemos aparentemente neste mundo, os acertos não são considerados importantes, uma vez que o sistema de pensamento do ego dá sempre a maior atenção para o erro, para o conflito, para o ataque, para o julgamento e para tudo o que pode servir para lhe conferir existência.

Em meu modo de ver, o "não fazer nada" do ego - o "não fazer nada" passivo - é o entregar-se à ideia de que não importa o que façamos, nada irá mudar, pois só o que pode mudar é a ilusão. Não importa quão boas e nobres sejam as nossas intenções, o mundo e todos e tudo nele estão condenados, no melhor dos sentidos, à verdade. 

Para o ego, as coisas, na ilusão, só vão piorar ou melhorar, às vezes, para piorar depois vezes sem conta, ad infinutum, independentemente do que cada um ou cada uma fizer, pois somos, todos, todas, cada um e cada uma de nós, apenas partes insignificantes de um universo muito maior sobre o qual não temos a menor influência. Tudo dentro da ilusão de mundo que o falso eu nos mostra.

Para o Curso, no entanto, em meu modo de ver, o "não fazer nada" - o ativo - é reconhecer o que a lição de hoje nos convida a praticar. "Não fazer nada" é, pois, reconhecer que somos herdeiros e herdeiras legítimos e naturais da graça divina. E reconhecer que a merecemos e que podemos reivindicá-la. Até porque para viver a graça, ou na graça, é preciso que a queiramos. Ou, como dizia uma lição anterior, é reconhecer que estamos encarregados, e encarregadas, "das dádivas de Deus". O "não fazer nada" ativo é, portanto, reivindicar esta graça, para aprender a olhar para o mundo de modo diferente. E ver nele, e em tudo o que existe, a marca da graça de Deus, impressa pelo nosso olhar amoroso. 

Estendendo ainda um tantinho mais este comentário, creio que é possível dizer também que o "não fazer nada" a que o Curso se refere tem a ver com curar a percepção, com acordar, da forma que Goldsmith traz para a nossa reflexão em seu livro A Arte de Curar pelo Espírito, em que ele diz:

Acordar.
É esta a natureza da cura espiritual. Se estiveres lutando contra alguma forma de pecado, de desejos falsos, doença, pobreza, desemprego, ou infelicidade, para de lutar e acorda. Acorda para tua verdadeira identidade. Tu não és um nadador em mar profundo; tu não és um sofredor em pecado e doença: Tu és a consciência de Cristo, uma criança de Deus, e, com tua luta, perpetuas precisamente o erro contra o qual lutas. 

Às práticas?