segunda-feira, 30 de abril de 2018

As práticas podem nos libertar das ilusões do mundo


LIÇÃO 120

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (109) Eu descanso em Deus.

Eu descanso em Deus hoje e O deixo trabalhar em mim,
e por meu intermédio, enquanto descanso n'Ele em paz e
em perfeita segurança.

2. (110) Eu sou como Deus me criou.

Eu sou o Filho de Deus. Hoje deixo de lado
todas as ilusões doentias acerca de mim mesmo e permito que
meu Pai me diga Quem eu sou realmente.

3. Para a hora:
Eu descanso em Deus.

Para a meia hora:
Eu sou com Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 120

Eis que novamente chegamos ao fim de mais uma revisão. Com isto, voltamos a atenção e dirigimos nossas práticas de hoje para duas ideias, que trazem em si - cada uma delas com sua peculiaridade - toda a força e todo o poder para nos libertar para todo o sempre de todas as ilusões que inventamos acerca do que somos e do que pensamos ser o mundo.

É bom termos sempre em mente que "todas as coisas cooperam para o bem" e que, diferentemente do que nos mostra a percepção dos sentidos, fazendo o que quer que façamos, pensando o que quer que pensemos, é em Deus que o fazemos, pois vivemos e nos movemos n'Ele. 

E, ainda que não tenhamos consciência disso o tempo todo, descansamos em Deus, enquanto a ilusão de nós mesmos, que criamos, pensando-nos separados d'Ele, se debate em um mundo de fantasias, um mundo de ilusão, que não leva a lugar nenhum. 

O melhor de tudo isso, porém, é que, por ser ele ilusório, podemos abandonar este mundo tranquilamente a qualquer instante. Agora mesmo, neste exato momento, se assim o desejarmos. Basta acreditar de fato nesta ideia para reconhecermos que este mundo de ilusões não tem nada que queiramos e que não há nada nele que queiramos mudar, nem em nós mesmos, porque ainda somos como Deus nos criou. E porque o mundo e tudo nele só pode ser exatamente como é em todo e qualquer momento em que voltamos nossa atenção para ele.

Reforçando: independente do que fizermos, somos como Deus nos criou. Sempre seremos. E descansamos n'Ele. Nada, nem ninguém, neste mundo, nada nesta vida ilusória de separação, de sofrimento, de dor e de morte que pensamos levar pode mudar a verdade do que somos. Nunca, em tempo algum. Esta ideia deve bastar para nos dar a tranquilidade, a serenidade e a paz, que completam a alegria perfeita, que é a Vontade de Deus para nós.

N'Ele e só n'Ele podemos descansar.

Às práticas, pois?


*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Abril, 30 de abril. De Castrojeriz a Boadilla del Camino (17 km)

Saio de Castrojeriz com o propósito de esticar a caminhada até Fromista (o que daria um total de 23 quilômetros de caminhada), Daniel e Fábio seguem comigo.

No entanto, as condições do tempo transformaram esta etapa nos dezessete quilômetros mais longos "ever".

Começou a chover assim que saímos. E não parou mais. Daniel e Fábio ficam para trás. 

Ando e ando e ando. E nada de chegar a lugar nenhum. E começa uma subida. Um trecho longo. E desce-se um pouquinho. E se anda e se anda. E chove e chove. Em certo ponto há um lugarejo de que nos falou José,, do albergue em Castrojeriz - um hospital de peregrinos, um pouco antes da ponte sobre o rio Pisuerga. Na porta o cartaz: Aberto.

Passo direto. Fotografo a ponte. A chuva deu uma trégua. E começa o vento. Passo por Itero del Castillo - antes do rio, mas é um desvio - o caminho não segue para lá. Logo depois da ponte vem Itero de la Vega - há muitas mochilas sobre os bancos à vista em um restaurante que avisto à frente, a minha direita. Vejo até um dos peregrinos que estava conosco em Castrojeriz. 

Decido-me por não parar. Espero chegar a Boadilla antes que a chuva recomece. Ledo engano. Atravesso a pista de uma estrada seguindo os sinais e a chuva recomeça mais forte.

Uma coisa interessante é que parece que só chove em mim, como se a chuva estivesse sendo atraída por e para mim, sem molhar o caminho que - parece-me - se mantém seco. Depois de chegar a Boadilha é que verifico no guia - faltavam apenas pouco mais de cinco quilômetros desde Itero de la Vega. Longos cinco quilômetros sob um chuva gelada, cortante. Há já algum tempo o tênis - a bota - deixou de ser impermeável - a capa de chuva também não suportou o volume da precipitação. Não sei o que está seco sob ela em mim.

Chego a um albergue privado: o Albergue "En el Camino", completamente molhado, ensopado, com frio - decidido a ficar - não há como andar mais seis quilômetros até Fromista. Pelo menos não nas condições em que me encontro.

A pessoa que me atende, proprietário, não sei, ou funcionário, se chama Dudu, diminutivo para Eduardo - é daqui, mas morou em São Paulo, no Real Parque Morumbi. 

Ele me leva às acomodações, liga uma lareira elétrica e me diz para ficar à vontade - sou o primeiro -, indica as duchas, o banheiro e as camas: beliches. Escolho o primeiro, na entrada da porta da sala, a cama inferior. Aí é que vou avaliar os estragos causados pela chuva. Estou todo molhado. O tênis e as meias também estão ensopadas.

Tomo um banho quente. Ponho roupas secas. Trato dos pés com o creme. Calço meias secas e a sandália. E vou para o bar. Tenho fome. Ele me oferece uma sopa de feijão. Peço um conhaque. Após a sopa, água e vinho. Sobremesa: um creme de baunilha delicioso.

Os outros peregrinos começam a chegar. Molhados, com frio. Um grande número deles vibra ao chegar. Dudu me diz que Paulo, de BH, está vindo. Depois de ter almoçado, vejo Tina. Ela me diz que Márcio e ela também optaram por ficar aqui. Chegaram por volta da uma da tarde. Quando Márcio desce para almoçar, diz estar gripado. Também! Sento-me com eles e ficamos conversando enquanto eles comem.

Por volta das quatro da tarde o albergue está praticamente lotado. Há gente chegando ainda. Às seis chega mais uma peregrina.

O tempo muda. Em poucos minutos chove granizo. E o sol se apresenta. Faz muito frio. Logo em seguida, chove de novo. E, de novo, o sol. O vento é gelado. 

A questão agora é: será que o tênis/a bota e as palmilhas vão estar secas amanhã de manhã? Terei de fazer um trecho ( os próximos vinte e cinco quilômetros) de sandálias?

Para jantar, as turmas forma divididas em duas. A primeira janta às 19 horas. Cerca de trinta pessoas, eu inclusive. Uma mesa grande acho que para seis pessoas, em que cada um fala uma língua diferente. Já estou familiarizado com algumas pessoas e trocamos histórias na língua possível. A segunda, após as 20 horas. Mais uma dez pessoas. Há também aqueles que preferem pedir um sanduíche, ou uma porção e beber alguma coisa no bar.

Ao chegar, eu havia deixado minha roupa suja e molhada para lavar e secar com Pedro, outro dos atendentes, hospitaleros. Depois do jantar Pedro me entrega a roupa lavada e seca. E peço-lhes, a conselho de Dudu, alguns jornais para pôr dentro das botas e para envolver as palmilhas para ver se elas secam durante a noite.

Dez horas da noite! Dormir.

domingo, 29 de abril de 2018

O real é que só a verdade pode nos tornar livres


LIÇÃO 119

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (107) A verdade corrigirá todos os erros em minha mente.

Estou errado quando penso que posso
 ser ferido de alguma forma. Eu sou o Filho de Deus,
cujo Ser repousa em segurança na Mente de Deus.

2. (108) Dar e receber são a mesma coisa na verdade.

Vou perdoar todas as coisas hoje, para poder aprender como
aceitar a verdade em mim, para vir a reconhecer minha inocência.

3. Para a hora:
A verdade corrigirá todos os erros em minha mente.

Para a meia hora:
Dar e receber são a mesma coisa na verdade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 119

Aproximamo-nos, mais uma vez, do final desta revisão - a terceira delas neste ano. E as ideias que vamos praticar hoje são extremamente importantes para reconhecermos, aceitarmos e cumprirmos nosso papel no plano de Deus para a salvação. Elas são também instrumentos importantes para nos preparar para os passos que virão a seguir.

A primeira ideia que revisamos busca nos tornar capazes de apagar de nossa memória aquilo que nos deu - e continua a dar - a educação do mundo, que nos fez, e faz até hoje, acreditar que a verdade, tanto quanto Deus, é perigosa e deve ser temida.

A realidade mesmo, que o ego quer esconder de nós, é que só a verdade nos pode tornar livres. Porque só a verdade pode nos levar à paz infinita e inabalável. É só o ego - o falso eu - que pode ter medo da verdade. Pois a verdade faz ver que não há nenhuma valor em nenhuma das ilusões que o mundo oferece. Todas são a mesma. Todas são perecíveis, finitas. Só podem nos levar a mais ilusões, quando lhes damos nossa atenção.

A segunda, como já vimos, resolve todos os conflitos que aparentemente existem no mundo, por desmentir a crença de que dar alguma coisa significa perdê-la. Não, não e não! Na verdade, como o Curso ensina, só temos de fato aquilo que damos. Ou ainda, dito de outra forma, "só não tens aquilo que não dás". E não existe perda, a não ser na ilusão. E a ilusão não existe.

Para isso praticamos.


*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Abril, dia 29: De Rabé de las Calzadas a Castrojeriz (28,5 km)

O alvorada em Rabé de las Calzadas se dá também a partir da seis horas. Aí, toca começar a se preparar para a nova jornada, re-arranjar a mochila, tratar dos pés e das bolhas, protegendo-as para enfrentarem a nova etapa.

Depois do café da manhã e de tudo arranjado, saio em direção a Hornillos del Camino, que fica a cerca de nove quilômetros de Rabé. São sete e meia.

Na descida para Hornillos, após uma longa subida num terreno não lá muito confiável, de cerca de de seis quilômetros, mais ou menos, para preparar os bastões para a descida, retiro as luvas e as ponho num dos bolsos da jaqueta que estou vestindo. Ao chegar quase lá embaixo, descubro que uma das luvas caiu. Um peregrino passa  e pergunto-lhe se a achou, ou a viu? Não!

Preparo-me, então para voltar - tinha acabado de comprar as luvas em Burgos, por quinze euros, uma fortuna -, e, já voltando, encontro outros dois peregrinos, um peregrino e uma peregrina, na verdade, Lourdes, uma basca, que já fez o Caminho antes, venho a saber depois, estava - intuí - com minha luva presa a seu cinto e me pergunta: "Que pasa?". Digo-lhe que perdi um guante. "Es esta?", diz ela me estendendo a luva. Si, si, gracias. Gracias muchissimas.

Seguimos juntos até Hornillos, aonde chegamos às nove horas. Aí, procuramos um bar para comer e beber alguma coisa. Logo chega um senhor e diz que ja vai abrir: o Bar del Abuelo, que devia ser ele. Entramos, ele sai por instantes para pegar o pão que está sendo entregue naquela hora. E volta.

Além de Lourdes, Ricardito - do Colorado - e eu, há mais um casal. Outra pessoa que entra desiste de esperar e se vai. Lourdes também sai.

O "Abuelo" é muito lento (e um poquito surdo). O casal pede dois "bocadillos de tortilla" e dois cafés grandes e ele começa por lhes servir uma cerveja. A confusão está formada.

Peço um "bocadillo" pequeno e um "sumo de naranja". Ele me diz que tem de esperar por "la chica" para o "sumo". Um café americano então. A "chica" chega em seguida om "la chiquita". Prepara o suco. Bebo, pago e saio. São nove e quarenta.

Sigo na direção de Castrojeriz, passando por San Bol. Até San Bol são seis quilômetros e meio de solidão, não há movimento algum nem de gente, nem de animais ou qualquer outra alma viva. Depois de San Bol, mais cinco quilômetros e se chega a Hontanas.

Logo depois da entrada de Hontanas, em que há uma espécie de cercado onde se encontra uma pequena capela bem interessante, há uma igreja antiga e muito bonita. Enorme. É a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Conheço aí outros quatro brasileiros: Fábio, Daniel e Luis e Kariana [a Mariana com K], um casal.

À uma e meia entramos em Castrojeriz. É uma entrada por um lugar meio confuso e nos demoramos para encontrar o albergue. Castrojeriz é uma cidade de médio porte e muito espalhada, em comparação com os outros vilarejos por que passei.

No albergue, encontro Marcelo, Tina e Márcio, que me dão notícias de António e Mayara, o casal que mora me Manaus. Também estão aqui. No Albergue Municipal. Fico conhecendo também mais um brasileiro, Paulo Arantes, um médico mineiro, de Belo Horizonte.

No "Comedor" do albergue, a sala de jantar, encontro também duas francesas, Marie Rose e Emilie. Emilie é jovem e toca violão. Depois, venho a saber que ambas são de Carcassone, uma cidade medieval do Sul da França.

Emilie escreve letras para um parceiro - Dani - pôr música. Diz ela estar aprendendo a tocar o violão há apenas pouco mais de um ano. Acha difícil juntar violão e voz. Canta muito bem. E o violão do albergue, com encordoamento novo, desafina um bocado.

Devidamente registrados no albergue, as coisas acomodadas na parte de baixo de um beliche, banho tomado, vamos à missa das 19 horas, na Igreja de San Esteban. Longe. Uma boa caminhada. Tudo pela bênção do peregrino.

Ao voltar da igreja, numa das praças da cidade, encontro um monumento que celebra o primeiro milênio de Castrojeriz. O ano: 1974.

O jantar, que faz parte do pacote do albergue, é servido um pouco antes das oito e às oito e meia, José e sua mulher nos convidam e nos levam a um passeio pela Cave, sob o albergue.

Antes de descermos, José nos fala da prensa para esmagar uvas, no processo de fazer vinho, que há no "Comedor". É uma prensa do século XVIII. Ele explica todo o processo e funcionamento da prensa.

A Cave faz parte da história de Castrojeriz. Era parte do sistema de túneis para a defesa do Castelo, durante o período de conflitos entre mouros e cristãos. Sim, há um castelo que se vê ao longe e no alto e que pode ser visitado. Diz José que com o passar do tempo e o fim dos conflitos, os túneis, que passavam por baixo das casas, foram sendo fechados e passaram a ser usados como adegas.

Há, nas paredes da Cave, ele nos mostra, pedras do século I e II. E há passagens mais estreitas para se passar de um compartimento a outro, que serviam para surpreender um eventual inimigo e matá-lo, forçado que ele era a se abaixar para poder passar.

De volta ao "Comedor", Emilie canta mais duas ou três músicas, a pedidos. Aí, o violão passa às mãos de Fábio e cantamos Tim Maia junto com ele. Para terminar ele toca "with or without" do U2.

Já são 22 horas. Toca dormir que amanhã, para variar, a alvorada é cedo.

sábado, 28 de abril de 2018

Abre um espaço em ti para a Presença, e aquieta-te


LIÇÃO 118

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (105) A paz e a alegria de Deus são minhas.

Hoje, aceitarei a paz e a alegria de Deus, em uma troca feliz
por todos os substitutos que invento para a felicidade e para a paz.

2. (106) Que eu me aquiete e escute a verdade.

Que minha voz insignificante se cale e me permita ouvir a Voz poderosa
pela Própria Verdade me assegurar que sou o Filho perfeito de Deus.

3. Para a hora:
A paz e a alegria de Deus são minhas.

Para a meia hora:
Que eu me aquiete e escute a verdade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 118

Podemos até inverter a ordem das ideias que revisamos hoje e o resultado não será diferente da verdade que buscamos aprender a respeito do que somos em Deus, com Ele.

Assim: Que eu me aquiete e escute a verdade. O que vou ouvir não será nada diferente de: A paz e a alegria de Deus são minhas. Porque tudo o que eu quero para mim é também aquilo que Deus quer, é aquilo que Ele me permite ter. 

Entretanto, Ele me permite ter o que eu quiser, em qualquer circunstância, mesmo quando, equivocado por me acreditar separado d'Ele, desejo algo diferente da paz, da alegria, do amor e da felicidade que Deus quer para mim, o resultado pode ser dor, sofrimento, depressão, doença, medo, morte, que são escolhas minhas que me fazem acreditar na separação. São escolhas que faço ao julgar imperfeita a criação, ou qualquer parte dela. Aí, mergulhei na ilusão de uma separação que não existe.

É por isso também que é sempre valioso praticar a lembrança de que Deus vai comigo aonde eu for, mas apenas se eu O convidar a ir ou vir comigo. Se eu O excluir de minha consciência, Ele não vai estar lá? Vai, porque Ele sempre vai comigo aonde eu for, mas, ao exclui-Lo, não vou poder desfrutar de Sua Presença, nem da alegria, da paz, do amor e da felicidade que são a Vontade d'Ele para mim.

É esta a razão pela qual é fundamental que eu me cale, que eu me aquiete, para deixar espaço para a Presença de Deus se instalar em mim, para eu poder escutar a verdade, que me dá a paz e a alegria de Deus. 

Às práticas?

*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Abril, dia 28: De Cardeñuela Riopico a Rabé de las Calzadas (26,8 km)

Todos levantam cedo no Caminho. Depois de levantar e fazer todo o necessário, inclusive rearrumar a mochila, saio do albergue meia hora depos das sete. 

O dono do bar havia dito na noite anterior que ia preparar o café, mas o bar continuava fechado. Vicenzo e Juan  esperaram um pouco e decidiram seguir em frente. Gerard também já se fora.

Poucos minutos de caminhada nos deixam em Orbaneja-Riopico, um lugar que, segundo o guia, não dispõe de albergue para peregrinos. Não é verdade. Há um café/bar que oferece acomodações. Aquelas duas senhorinhas de que falei lá atrás ficaram em Orbaneja e estavam tomando seu café quando cheguei. Juan, o madrilenho, não parou. Vicenzo sentia muita dor no joelho esquerdo e resolveu fazer uma pausa antes de seguir.

Tomei café. Comprei mais um pouco de água e parti para Burgos. Depois de Orbaneja há um só povoado antes de Burgos: Villafria, que fica a dez quilômetros de Burgos. O peregrino não pode vir a ter qualquer imprevisto depois de Villafria, pois só vai encontrar um jeito de fazer contato com alguém em Burgos. Toca então tomar todo o cuidado no caminho.

Burgos toma muito tempo e parece que não se chega nunca ao ponto. E está frio. Às dez horas da manhã os termômetros marcam dez graus.  Há que se atravessar um longo trecho urbanizado antes de chegar ao centro antigo que é onde estão o pontos de interesse, tanto de turistas comuns, quanto de peregrinos. 

Burgos é uma cidade grande, moderna, linda e movimentada e pulsante. Depois de passar pela Catedral, monumental, cheia de gente querendo entrar e ver - é preciso pagar para visitá-la. Deve valer a pena, mas eu não quis. Lembrei-me de todas as igrejas que já visitei em outros lugares. Aqui, há um excesso de informações, retábulo disso, retábulo daquilo, um nicho para isto, outro para aquilo, muitas vezes com grades que impedem o acesso. As construções são enormes - excesso de ouro e pedras preciosas. Onde fica a parte que se deve dedicar ao espírito? Além disso, há também várias outras igrejas que fazem parte do roteiro turístico e de peregrinação. E quase todas cobram entrada. É preciso um caminhão de euros se se quiser visitar cada uma delas.

Rodei um pouco aqui e ali e aproveitei para procurar a capa de chuva para substituir a que eu trouxe, que acabou em frangalhos (se você algum dia resolver fazer o Caminho, não compre a capa de chuva da Nautika). Na primeira loja: Villa Sports, indicada por um norueguês - que me levou até lá [no caminho, encontramos um amigo dele, de caminhada, talvez, Adam, inglês, que seguiu conosco] - não encontrei.

Despedi-me do norueguês e de Adam e resolvi seguir as indicações do dono da loja. Após andar por algum tempo, sem encontrar, um senhor, morador de Burgos, quis saber se eu estava procurando o caminho para o Albergue e eu lhe disse o que estava procurando. Aí, ele fez questão de me levar até a loja, que era perto, e de me indicar o caminho a seguir depois que eu saísse da loja.

Depois das compras, pus-me a caminho. Gastei duas horas em Burgos - indo daqui para ali, vendo coisas, prédios e sempre andando na direção que os sinais - ou conchas, ou setas amarelas - indicam para o peregrino. 

A saída de Burgos, como a de Logroño, se dá por uma praça enorme toda arborizada e se caminha por entre uma fila de plátanos de tamanho considerável.

Daí para a frente, passa-se por Villabilla de Burgos e Tardajos. Depois de uma caminhada de quase doze quilômetros chega-se a Rabé de las Calzadas. Meu pé esquerdo causa algum desconforto. Está um pouco judiado pelas bolhas e por tantos quilômetros de caminho.

São três horas da tarde quando chego à Rabé, quase oito horas de caminhada, descontando-se as duas horas em Burgos, que não foram propriamente paradas.

O albergue em Rabé se chama Liberanos Domine e a responsável pelo registro e pela recepção e atendimento dos peregrinos e - por pelo que vi - por todos os serviços  - desde as máquinas de laver e secar, refeições, bebidas, cozinha e tudo mais, se chama Clementina. Super atenciosa e atenta a tudo.

Durante o jantar - quase no fim -, ela avisa que vai haver um vesperal (uma reza especial) na Capela Nossa Senhora da Medalha Milagrosa com uma bênção aos peregrinos que se dispuserem a ir e participar.

Vou! Uma forma de rezar muito interessante, cerca de uma dúzia de mulheres, quase todas com mais de sessenta anos - à exceção de uma mais jovem que nos recebeu -, de cabelos brancos, ombros arqueados, celebrando uma espécie de "missa" sem padre, a partir do Salmo 116 [pelo que entendi], com um ritual de preces e cantos.  

Ao final, a bênção em várias línguas - num folheto que recebo - não há em português. E, para terminar, todos os peregrinos presentes recebem um santinho e uma medalha da N. Sra. da Medalha Milagrosa (de Paris).

Voltando ao albergue, coleto minha roupa lavada e seca e me preparo para dormir. O café da manhã começa a partir das seis e meia. E outra jornada está a minha espera.


sexta-feira, 27 de abril de 2018

Em Deus não existe espaço para dor ou sofrimento


LIÇÃO 117

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (103) Deus, sendo Amor, é também felicidade.

Que eu me lembre de que amor é felicidade e de que nada mais
traz alegria. E, por isto, escolho não levar em consideração nenhum
substituto para o amor.

2. (104) Busco apenas o que me pertence na verdade.

O amor é minha herança e, com ele, a alegria.
Estas são as dádivas que meu Pai me deu.
Quero aceitar tudo o que é meu na verdade.

3. Para a hora:

Deus, sendo Amor, é também felicidade.

Para a meia hora:

Busco apenas o que me pertence na verdade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 117

Hoje revisamos duas ideias de grande importância, de enorme importância, na verdade. Não que todas e cada uma das outras também não o sejam, é claro. No entanto, toca trabalhar o presente, que é agora. 

Por isso as práticas de hoje, quer que tenhamos estas duas ideias em mente, e que as mantenhamos aí, em qualquer situação que se apresente com potencial para ameaçar nossa paz e nossa alegria. Na verdade, são elas - a paz e a alegria - que nos pertencem eternamente, porque são a Vontade de Deus para nós.

A bem da verdade, em Deus, no Amor, nunca há espaço para o sofrimento ou para a dor, sejam quais forem as formas com que se apresentem. Isto é a mesma coisa que dizer que quando entramos em contato com o sofrimento e com a dor é porque nos percebemos, equivocadamente, separados da unidade com Deus, separados do amor.

Por isso praticamos. Para reconhecer que nossa vontade e a de Deus são a mesma, que "dar e receber são a mesma coisa" e que temos direito a tudo o que Deus tem porque ainda somos como Ele nos criou. 

Às práticas?


*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Abril, dia 27: De Villafranca Montes de Oca a Cardeñuela Riopico (24,5 km)

De Belorado, onde Alexandre ficou, até Villafranca, onde ficamos Tina, Márcio e eu, são doze quilômetros em sentido ascendente. Belorado está a uma altitude de 770 metros. Villafranco, um pouco acima, está a 948 metros.

Saindo-se de Villafranca, já se começa subindo de fato na direção do ponto mais alto desse trecho: o alto de Valbuena, a 1162 metros.

Está frio. Nevou a noite e o caminho está coberto de gelo. Logo no primeiro trecho há uma subida bastante íngreme, em que se tem de tomar muito cuidado para não escorregar.

Grande parte do caminho se dá por entre uma mata, cuja vegetação, árvores de todos os tamanhos e formatos, inclusive, está praticamente toda coberta de gelo. Ao se chegar no alto encontra-se uma espécie de clareira, como que um monumento, instalação, a céu aberto, com uma variedade incrível de coisas estranhas, esculturas, montes de pedras, tótens. Várias pessoas descansam aí. Há bancos. Mesas.

Após se atingir o ponto mais alto, começa-se a descer na direção de San Juan de Ortega, a 1040 metros. Uma descida suave, que se dá numa distância de cinco quilômetros e meio.

Neva um pouquinho em San Juan. Depois vêm Agés e Atapuerca, um vilarejo um pouco maior do que a maior parte deles e bastante aprazível.

A partir de Atapuerca sobe-se novamente por cerca de três quilômetros até um ponto no alto a que se chega por uma estrada num terreno de pedras todo acidentado, por entre, acredito, propriedades rurais e beirando-se uma cerca que de ponto em ponto contém avisos de proibido passar: Zona Militar.

No pico (1078 metros): Matagrande há uma cruz de madeira gigante. Tina, Márcio e eu paramos para tirar fotos e admirar a vista. Belíssima. O dia está bem claro.

Na continuação do caminho, começa a descida em direção a Burgos (860 metros). Ando mais ou menos cinco quilômetros ainda, passando por Villalval e chego em Cardeñuela.

Tina e Márcio, que andavam à frente, mas muito perto de mim, somem de vista, mais ou menos no momento em que entro no povoado. Não os vejo mais. Penso que se registraram em um dos outros albergues que não o meu.

Faço o registro no Bar Albergue Municipal perto das duas da tarde. De acordo com o proprietário, sou o primeiro a chegar. Depois do registro, ele me dá as instruções e me mostra as acomodações.

Escolho minha cama, em um dos beliches, acomodo minha tralha e volto ao bar para comer alguma coisa: "dos tortillas y pan, cerveza y água".

Em seguida chegam mais dois peregrinos, vindos de Belorado. Um italiano e um madrilenho. E, logo depois, duas senhorinhas, com quem já cruzei em vários outros lugares, param. Tomam uma cerveja cada um, comem um "bocadillo de jamón" e partem. Não sei se para algum outro ponto ou para algum outro albergue no lugar.

Pouco tempo depois, mais um peregrino chega ao bar: Sebastian, de acordo com Vicenzo, o italiano de Pompei, Nápoles. Sebastian pede um café com leite e puxa uma breve conversa, pois ainda pretende seguir para Burgos, depois de já ter andado trinta quilômetros hoje. Diz ele que está vindo, literalmente, da Alemanha. Lá, vivia em Constanzz, até resolver dar um tempo e começar sua caminhada. Está andando desde o dia primeiro de fevereiro.

No final das contas, somos apenas quatro a ocupar o alojamento, preparado para receber, se não me engano, até dezesseis ou dezoito pessoas. Juan, Vicenzo e Gerard Brossoitrot, um francês que chegou um pouco mais tarde e está aflito com muitas bolhas nos pés, e eu.

Vicenzo é um sujeito bonachão, que fala alto e faz muitos gestos ao falar, como todo italiano. O tom de sua conversa no albergue, antes de dormir, é de crítica aos "vikings", os "imperialistas" americanos e/ou ingleses, dizendo dar graças a Deus não termos de conversar com nenhum no idioma deles, porque eles se recusam a tentar falar no idioma de qualquer interlocutor. Não fazem o menor esforço. E o resto mundo tem de saber falar inglês, se quiser falar com eles.

Há mais dois albergues no vilarejo. No segundo, que dá fundos para o nosso há mais quatro peregrinos. Do terceiro, não se tem notícias.

Aí, após o jantar, que também é servido no bar, é acomodar-se, tentar passar bem a noite e esperar pelo novo dia e pela nova etapa. 

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Curar a percepção equivocada também é salvação


LIÇÃO 116

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (101) A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.

A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita. E eu só
posso sofrer a partir da crença em que existe outra vontade
separada da d'Ele.

2. (102) Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim.

Eu compartilho a Vontade de meu Pai para mim, Seu Filho.
Tudo o que quero é o que Ele me dá. Tudo o que existe é o
que Ele me dá.

3. Para a hora:
A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.

Para a meia hora:
Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 116

Continuemos nossa revisão com vistas a aprender ou re-aprender, reconhecer e aceitar como verdades, a primeira ideia para as práticas e, como desdobramento natural dela, e não menos verdadeira, a segunda das ideias de hoje. Ambas pressupõem e afirmam a verdade de que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma, uma vez que tudo o que queremos e buscamos, de fato, façamos o que quer que façamos, pensemos o que quer que pensemos, é a felicidade. Ou me engano?

Para chegar a ela [à felicidade], precisamos das práticas de hoje. E das práticas de todos os dias. Precisamos delas para aprender de uma vez por todas que só é possível se acreditar no sofrimento quando acreditamos que existe em nós uma vontade diferente da Deus, separada da d'Ele. Isto é, quando acreditamos em um Deus separado de nós e daquilo que somos, na verdade.

De acordo com o ensinamento do Curso, o mundo não precisa, nem deve, ser um local de sofrimento, até porque ele só existe como projeção do que pensamos que ele é, isto é, da interpretação que fazemos dele. Mas como já sabemos só nós mesmos escolhemos nossos pensamentos. Se já aprendemos que nossa única função aqui é a salvação, como e por que manter o mundo aprisionado a pensamentos de escassez, de falta, de necessidades, de dor, de sofrimento, de doença, de separação e de morte? 

"Tu não precisas fazer nada." 

Esta é uma das ideias centrais do ensinamento. O que ela significa, no entanto, não tem nada a ver com o que o ego entende por não fazer nada. Ela se refere, sim, à entrega. Isto é, no sentido mais profundo que podemos encontrar para ela, esta ideia significa render-se à condição de Filho de Deus. Aceitar-se como filho de Deus e acreditar, pondo em prática, a ideia de que ainda somos como Deus nos criou. Sempre fomos. Sempre seremos. Ou como abaixo.

Ela também se relaciona de forma estreita à aceitação de outra das ideias centrais do ensinamento: 

"Eu [ainda] sou como Deus me criou". 

Isto é, nada do que eu faça ou de que possa pensar em fazer pode macular minha inocência ou pureza. É preciso também que estejamos dispostos a aceitar por completo o fato de que não sabemos o que é melhor para nós, em nenhuma circunstância, mesmo quando pensamos ser capazes de decidir sozinhos, por nós mesmos. 

Todas as decisões que tomamos e todas as escolhas que fazemos, ou pensamos fazer, só podem nos levar na direção certa, se forem permeadas por nossa busca pela orientação do Ser em nós. Afinal, não sabemos escolher nem decidir sozinhos. Por quê? Porque é só na ilusão que podemos escolher. Há apenas uma escolha a se fazer, o Curso ensina: é a decisão de escolher o Céu. Como uma lição diz: "O Céu é a decisão que tenho de tomar". Sem esta decisão não há como encontrar sentido em nada do que nos acontece. Não há como se chegar à salvação. 

E a salvação não é nada mais do que dar ouvidos, com seriedade, porém, com alegria ao que as ideias que revisamos hoje nos dizem. O que poderia ser melhor do que reconhecer, aceitar e compreender de uma vez por todas que a Vontade de Deus para nós é a felicidade completa e perfeita, e que compartilhamos da Vontade d'Ele?

A salvação é também cura para nossas percepções equivocadas, cura para esta crença em uma separação que não existe, nem pode jamais existir. E cura para o Curso é isso: "curar é devolver à alegria". O que é a mesma coisa que devolver à unidade. Assim, a salvação, a cura, a alegria e a felicidade completas e perfeitas são todas formas diferentes de definir a única Vontade de Deus para nós, que em nenhuma hipótese pode ser diferente da nossa.

É nesta direção que nos encaminham as práticas. Hoje é todos os dias. 

A elas, pois.

*


ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo)

2017. Abril, dia 26: De Grañon a Villafranca Montes de Oca (28,5 km)

Saímos. Quer dizer, Tina e Márcio e Alexandre saíram antes de mim, creio que lá pelas seis e quarenta, seis e cinquenta. Minha saída se deu depois das sete.

O plano inicial, em conversa que tivemos é  chegar hoje até Tosantos, que - disse-nos alguém - tem um albergue similar ao de Grañon, que revelou ser aquela experiência incrível de que falei. 

Ao se sair de Grañon, o primeiro ponto do caminho é Redecilla del Camino, a que se seguem Castildelgado, Viloria de Rioja, Villamayor de Rio e, finalmente, Belorado, uma cidade um pouco maior do que as anteriores, pequenas vilas, vilarejos, no caminho.

Parei em Belorado para um lanche - por volta das 10:30 h - e para ver se nalgum lugar era possível achar uma capa de chuva razoável, uma vez que a que trouxe comigo do Brasil rasgou na primeira vez que foi preciso usá-la. 

Tentativa inútil.

Uma loja - um bazar em que uma chinesa de má vontade me mandou procurar inutilmente nalgum ponto nos fundos da loja - não tinha. Parei, entrei numa papelaria e perguntei a uma das pessoas que atendia lá - uma moça - se ele poderia me indicar algum comércio para eu comprar a bendita capa de chuva. A resposta dela foi a de que ela acreditava que eu não ia encontrar nada do tipo em Belorado. Seu conselho foi o de que eu comprasse uma cortina de box numa loja de eletrodomésticos e similares das imediações para quebrar o galho.

Agradeci e parti. Não resta outra coisa a fazer a não ser caminhar. 

Ponto seguinte: Tosantos. Nenhuma alma viva aparente. Seguindo, Villambista. Não senti firmeza para parar. Depois destes dois pontos, chega-se a Espinosa del Camino, onde só há um albergue que abriga apenas oito pessoas. O detalhe: uma placa na porta do estabelecimento continha o seguinte aviso: "não abre às quartas". O dia? Quarta-feira, é óbvio.

Resta, então, seguir para Villafranco Montes de Oca, cerca de quatro quilômetros adiante. No caminho passa-se pelo Monasterio de San Felices.

Ao chegar a Villafranco, o peregrino tem uma bela acolhida no Albergue San Antonio Abade - na verdade um hotel muito bom -, que tem acomodações do tipo albergue para peregrinos, além das acomodações privativas, por um preço mais salgado. O peregrino pode pernoitar por sete euros em quartos com beliches, ou em camas baixas, em acomodações separadas, por dez euros. Tina e Márcio resolveram pagar por um quarto privativo. Eu escolhi uma cama baixa. Alexandre, eu soube depois, ficou em Belorado.

O albergue-hotel oferece também um jantar para os peregrinos que é servido das sete às nove da noite, com um cardápio especial por doze euros. 

Ao chegarmos, fomos brindados também pela neve. Uma neve rala, que confirmava o frio que sentíamos durante a caminhada. Depois de escolher minha baia (qualquer cama vazia no alojamento), que dava direito a um pequeno armário para guardar os "terens", um bom banho e um trato nos pés, com cada vez mais bolhas, desço à cafeteria para comer algo em lugar de almoço antes da "cena", que ainda vai demorar um tempo e para pôr em dia  este relato.

A conexão com a internet é ótima.

O jantar, chegada a hora, é servido em um ambiente muito agradável. Várias mesas distribuídas em um salão grande, com muitos, mas muitos mesmo, peregrinos. Chego um pouco mais tarde e só há um lugar numa mesa, com uma moça francesa, de quem não tem jeito de eu lembrar o nome. As mesas onde há gente que conheço já estão ocupadas.

Escolhemos os pratos, a moça e eu, uma garrafa de vinho e conversamos. E comemos. E conversamos. Se eu entendi direito o francês dela, ela trabalha como "coiffeuse" em um salão nas imediações de Montpellier, no sul da França.

Após o jantar, vamos todos para os alojamentos, para descansar. Amanhã tem mais.