terça-feira, 21 de maio de 2024

Damos os primeiros passos na direção do despertar

 

LIÇÃO 142

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(123) Agradeço a meu Pai por Suas dádivas para mim.

(124) Que eu me lembre de que sou um com Deus.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 142

Caras, caros, 

Continuemos com nossa revisão. Para isto, as ideias:

"Minha mente contém só o que penso com Deus."

Agradeço a meu Pai por Suas dádivas para mim.

Que eu me lembre de que sou um com Deus.

Revisamos hoje, mais uma vez, duas ideias de vital importância para se chegar ao aprendizado de abandonar os ensinamentos do ego e os do mundo. Ambas podem servir para nos levar a entender que, na verdade, aquilo que pensamos ser não existe. É apenas uma falsa imagem de nós mesmos ou de nós mesmas, que nós mesmos, ou nós mesmas, sob a orientação do ego, "o grande impostor", no dizer do Curso, construímos. O que somos é parte da Unidade com Deus. Vive em Deus e com Ele, mesmo quando nos percebemos e acreditamos separados e separadas, distantes, de nós mesmos, de nós mesmas, uns e umas dos outros e das outras e de Deus.

As práticas, se feitas de acordo com as orientações do texto introdutório a esta nova revisão, devem - e, com certeza, vão - nos levar a dar os primeiros passos na direção do despertar, auxiliando-nos a perceber o quanto nossa identificação [o apego ao] com o falso eu [o ego do Curso], com o corpo e com a mente nos atrapalha e impede de andar na direção do reconhecimento, da aceitação e do cumprimento da Vontade de Deus para nós.

Repetindo o que Eckhart Tolle diz em seu livro O Poder do Agora

Estamos tão identificados [com a mente] que nem percebemos que somos seus escravos. É quase como se algo nos dominasse sem termos consciência disso e passássemos a viver como se fôssemos a entidade dominadora. A liberdade começa quando percebemos que não somos a entidade dominadora, o pensador. Saber disso nos permite observar a entidade. No momento em que começamos a observar o pensador, ativamos um nível mais alto da consciência. Começamos a perceber, então, que existe uma vasta área de inteligência além do pensamento, e que este é apenas um aspecto diminuto da inteligência. Percebemos também que as coisas realmente importantes como a beleza, o amor, a criatividade, a alegria e a paz interior surgem de um ponto além da mente. É quando começamos a acordar.

É para este nível e para este despertar que as práticas das ideias da revisão de hoje, e as práticas em geral com todas as ideias do Curso, podem nos remeter. 

Às práticas?

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Chegar à consciência dos pensamentos verdadeiros

 

REVISÃO IV

Introdução

1. Agora revisamos de novo, desta vez conscientes de que nos preparamos para a segunda parte do aprendizado de como se pode aplicar a verdade. Hoje, vamos começar a nos concentrar no preparo para o que virá a seguir. É este nosso objetivo para esta revisão e para as lições que se seguem. Desta forma, revisamos as lições recentes e o pensamento central delas de tal modo que facilitará a prontidão que queremos alcançar agora.

2. Há um tema central que unifica cada passo nesta revisão que empreendemos, que pode ser declarado simplesmente nestas palavras:

Minha mente contém só o que eu penso com Deus.

Isto é um fato e representa a verdade do Que tu és e do Que teu Pai é. É este pensamento pelo qual o Pai deu a criação ao Filho, estabelecendo o Filho como co-criador com Ele Mesmo. É este pensamento que garante plenamente a salvação para o Filho. Pois em sua mente não pode habitar nenhum pensamento a não ser aqueles que seu Pai compartilha. A ausência do perdão bloqueia este pensamento de sua consciência. No entanto, ele é verdadeiro para sempre.

3. Comecemos nossa preparação com alguma compreensão das muitas formas pelas quais a ausência do verdadeiro perdão pode ser cuidadosamente escondida. Em função de elas serem ilusões, elas não são percebidas como sendo apenas o que são: defesas que protegem teus pensamentos rancorosos de serem vistos e reconhecidos. O propósito deles é te mostrar outra coisa e impedir a correção por meio de auto-enganos feitos para tomarem o lugar dela.

4. E, não obstante, tua mente contém só o que pensas com Deus. Teus auto-enganos não podem tomar o lugar da verdade. Não mais do que uma criança que joga um pedaço de pau no oceano pode mudar o movimento das marés, o aquecimento da água pelo sol, a lua de prata sobre ela à noite. Por isto começamos cada um de nossos períodos de prática nesta revisão aprontando nossas mentes para compreenderem as lições que lemos e perceberem o sentido que elas nos oferecem.

5. Começa cada dia com tempo dedicado à preparação de tua mente para aprender o que cada ideia que vais revisar pode te oferecer em termos de liberdade e paz. Abre tua mente e a purifica de todos os pensamentos que querem enganar e deixa que apenas este a ocupe por inteiro, e elimina o resto:

Minha mente contém só o que penso com Deus.

Cinco minutos com este pensamento serão suficientes para ajustar o dia de acordo com a linhas que Deus designou e para colocar todos os pensamentos que receberás naquele dia sob o comando da Mente d'Ele.

6. Eles não virão só de ti, pois todos serão compartilhados com Ele. E, assim, cada um deles trará a mensagem de Seu Amor para ti, devolvendo mensagens do teu para Ele. Então, a comunhão com o Senhor dos Anfitriões será tua, como Ele Próprio quer que seja. E, enquanto Sua Própria completude se junta a Ele, da mesma forma Ele Se une a ti que ficas completo quando te juntas a Ele e Ele a ti.

7. Depois de tua preparação, lê simplesmente cada uma das duas ideias designadas para ti para serem revistas naquele dia. Fecha os olhos, em seguida, e dize-as lentamente para ti mesmo. Não há nenhuma pressa agora, pois usas o tempo com a finalidade para a qual ele foi destinado. Deixa que cada palavra brilhe com o significado que Deus lhe dá, tal qual ela te foi dada por Sua Voz. Deixa que cada ideia que revisas naquele dia te dê a dádiva que Ele colocou nela para a que a tivesses d'Ele. E não usaremos nenhum formato para nossa prática a não ser este:

8. Traze a tua mente, a cada hora do dia, o pensamento com o qual o dia começou e passa um momento tranquilo com ele. Em seguida, repete as duas ideias que praticas no dia, sem pressa, com tempo suficiente para perceber as dádivas que elas contêm para ti e deixa que elas sejam recebidas no lugar destinado a elas.

9. Não acrescentamos nenhum outro pensamento, mas deixamos que estas sejam as mensagens que são. Não precisamos mais do que isto para nos dar felicidade e descanso, tranquilidade sem fim, completa convicção e tudo o que nosso Pai quer que recebamos como a herança que temos d'Ele. Terminamos cada dia de prática, à medida que revisamos, da forma que começamos, repetindo em primeiro lugar o pensamento que tornou o dia uma momento especial de bênção e de felicidade para nós e que, por nossa fidelidade devolveu o mundo das trevas à luz, da aflição à alegria, da dor à paz, do pecado à santidade.

10. Deus dá graças a ti que praticas desta forma o cumprimento de Sua Palavra. E, ao entregares tua mente às ideias para o dia mais uma vez antes de dormir, Sua gratidão de envolve na paz aonde Ele quer que fiques para sempre, a qual aprendes agora a reclamar novamente como tua herança.

*

LIÇÃO 141

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(121) O perdão é a chave para a felicidade.

(122) O perdão oferece tudo o que quero.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 141

Caras, caros,

Comecemos nossa revisão com o seguinte:

"Minha mente contém só o que penso com Deus."

O perdão é a chave para a felicidade.

O perdão oferece tudo o que quero.

Hoje, damos início a nossa quarta revisão. Com ela teremos, de novo, a oportunidade de praticar, para fixar em nossas mentes, as ideias que aprendemos, com as quais treinamos nos últimos vinte dias e que podem nos colocar de forma mais rápida e fácil no caminho que leva à salvação.

As ideias que vamos revisar servem também como uma preparação para a segunda parte do aprendizado, pois ensinam de que maneira abandonar os ensinamentos do mundo, cuja existência, ilusória, está embasada em uma separação que nunca aconteceu, nem nunca virá a acontecer, e que não pode levar a lugar nenhum.

Não sem razão as duas primeiras ideias falam do perdão como forma de chegarmos à felicidade e de obtermos tudo o que queremos. Para tanto, é preciso que nos conscientizemos de que só são verdadeiros em nós, em nossa mente, aqueles pensamentos que temos com Deus. Tudo o mais é ilusão, quer passe por nossa mente com insistência, com regularidade, de forma lógica, louco, ou de qualquer outra forma. A lógica do ego nunca será páreo para a lógica do divino, a mente que nos serve de ligação ao Espírito Santo em nós de modo permanente e constante.

Para estimular as práticas, vejamos um pequeno trecho de um dos livros de Joel Goldsmith, que fala do perdão e do amor como atividades de consciência.

Diz ele: 

O ministério do Cristo [o divino em você, dentro de você] revela que a Consciência divina dentro de você veio para que você possa ter vida e possa tê-la mais abundantemente; veio para que você possa ser alimentado e ainda restem doze cestos cheios. Veio para que você possa perdoar e ser perdoado por ignorância e estupidez passadas. Veio para que você possa ter paz na terra.

Perdoe; perdoe. Perdoe todos os homens, porque você não pode entrar na vida espiritual antes de tê-los perdoado por suas ofensas passadas e de ter perdoado também a si próprio [por ter transformado as ofensas ilusórias em ofensas reais a partir de sua percepção equivocada].

Você precisa fechar os olhos, olhar para trás através dos anos e compreender: "Sim, aqueles anos foram cheios de insultos a Deus e a meus semelhantes. Foram cheios de pecado, mas agora eu sei disso e sei que era errado. Talvez eu nunca possa corrigir os erros em relação a determinadas pessoas envolvidas, mas pelo menos posso reconhecer a natureza de meus pecados e deixá-los de lado. Eu tenho controle sobre este minuto e sobre cada minuto subsequente, e posso agora fechar meus olhos e ficar em paz porque que não estou fazendo injustiça a ninguém. Sei agora que eu sou meu vizinho e que meu vizinho é eu; sei agora que nós somos um e, quando eu for um com meu vizinho dessa maneira, estarei amando meu vizinho e, portanto, amando a Deus supremamente".

É assim também que precisamos olhar para o mundo inteiro. É assim também que vamos nos colocar em sintonia com o olhar do Espírito Santo em nós. É assim ainda que vamos alinhar nossa vontade à de Deus e experimentar a alegria e a paz completas e perfeitas que Ele quer para nós. Pois como diz também Goldsmith em um de seus livros, a crença na separação, de que fala o Curso, continua presente, enquanto pensamos haver um Deus e um eu. Não há! Na verdade só existe Deus. O "eu" que pensamos ser o que somos só existe em Deus, na unidade com Ele.

São as práticas que nos trazem de forma consciente a Presença de Deus em nossos dias e que podem colocar a nossa disposição todo o Poder que Ele reserva para Seu Filho. E as ideias que praticamos hoje, revisando, são especialmente poderosas para apagar tudo o que passou e que já não existe, deixando limpo o caminho para que a alegria do perdão presente em nossa vida hoje, seja a alegria que vamos experimentar no instante presente que vai suceder a este instante. 

Às práticas?

domingo, 19 de maio de 2024

Aprender só o perdão nos leva à salvação e à alegria

 

LIÇÃO 140

Pode-se dizer que só a salvação cura.

1. "Cura" é uma palavra que não pode ser aplicada a nenhum remédio que o mundo aceite como benéfico. Aquilo que o mundo percebe como terapêutico é apenas o que tornará o corpo "melhor". Quando ele tenta curar a mente, ele não vê nenhuma separação do corpo, onde ele pensa que a mente existe. Deste modo, suas formas de cura têm de substituir ilusão por ilusão. Uma crença na doença toma outra forma e, então, o paciente se percebe como estando bem.

2. Ele não está curado. Ele apenas teve um sonho de que estava doente e, no sonho, encontrou uma fórmula mágica para fazê-lo ficar bem. No entanto, ele não acorda do sonho e, por isto, sua mente continua a ser exatamente como era antes. Ele não vê a luz que o acordaria e poria fim ao sonho. Que diferença o conteúdo de um sonho faz na realidade? Ou se dorme ou se desperta. Não há meio termo.

3. Os sonhos felizes que o Espírito Santo traz são diferentes do sonhar do mundo, onde se pode apenas sonhar que se está acordado. Os sonhos que o perdão deixa a mente perceber não induzem a outra forma de sono, a fim de que o sonhador sonhe outro sonho. Seus sonhos felizes são os prenúncios do despertar da verdade na mente. Eles conduzem do sono para o despertar suave, de modo que os sonhos desaparecem. E, deste modo, eles curam por toda a eternidade.

4. A Expiação cura com certeza e cura todas as doenças. Pois a mente que compreende que a doença não pode ser nada senão um sonho não se deixa enganar pelas formas que o sonho pode assumir. Onde a culpa não está presente, a doença não pode vir, pois ela é apenas outra forma de culpa. A Expiação não cura o doente, pois isto não é cura. Ela elimina a culpa que torna a doença possível. E isto, de fato, é cura. Pois a doença, agora, acabou, sem deixar nada para o qual ela possa voltar.

5. Que a paz esteja contigo, que estás curado em Deus e não em sonhos vãos. Pois a cura tem de vir da santidade e não se pode encontrar santidade onde se aprecia o pecado. Deus habita em templos santos. Ele é barrado aonde o pecado entra. Porém não há nenhum lugar onde Ele não esteja. E, por isto, o pecado não pode ter nenhum lar no qual se esconder da benevolência d'Ele. Não há nenhum lugar em que a santidade não esteja e nenhum lugar em que o pecado e a doença possam habitar.

6. É este o pensamento que cura. Ele não faz distinções entre ilusões. E também não busca curar o que não está doente, sem ter em mente aonde a necessidade de cura está. Isto não é nenhuma mágica. É apenas um apelo à verdade, que não pode deixar de curar, e curar para sempre. Ele não é um pensamento que julga uma ilusão por seu tamanho, sua aparente gravidade, ou qualquer coisa relacionada à forma que ela assume. Ele apenas se concentra naquilo que é e sabe que nenhuma ilusão pode ser real.

7. Não vamos tentar, hoje, buscar curar aquilo que não pode estar sujeito à doença. Tem-se de buscar a cura apenas aonde ela está e, então, aplicá-la àquilo que está doente, para que possa se curar. Não há nenhum remédio que o mundo ofereça que possa produzir uma mudança em qualquer coisa. A mente que traz as ilusões à realidade mudou verdadeiramente. Não existe nenhuma mudança a não ser esta. Pois como uma ilusão pode ser diferente de outra a não ser em características que não têm nenhum significado, nenhuma realidade, nenhuma essência e nada que seja verdadeiramente diferente?

8. Hoje buscamos mudar nosso modo de pensar acerca da fonte da doença, pois buscamos uma cura para todas as ilusões, não mais uma troca entre elas. Hoje, tentaremos descobrir a fonte da cura, que está em nossas mentes porque nosso Pai a pôs lá para nós. Ela não está mais longe de nós do que nós mesmos. Ela está tão perto de nós quanto nossos próprios pensamentos; tão perto que é impossível perdê-la. Nós só precisamos buscá-la e ela tem de ser achada.

9. Não seremos iludidos hoje por aquilo que se apresenta a nós como doente. Vamos além das aparências hoje e alcançamos a fonte da cura da qual nada está livre. Seremos bem-sucedidos na medida em que percebermos claramente que não pode haver jamais uma distinção significativa entre o que não é verdadeiro e aquilo que não é verdadeiro igualmente. Não há graus nisto e nenhuma crença de que aquilo que não existe é mais verdadeiro em algumas formas do que em outras. Todas são falsas e podem ser curadas porque não são verdadeiras.

10. Por isto, deixamos de lado nossos amuletos, feitiços e remédios, nossos cânticos e truques de magia em quaisquer formas que eles tomem. Ficaremos em silêncio e buscaremos escutar a Voz da cura, que curará todos os males como um só, devolvendo a saúde ao Filho de Deus. Nenhuma voz a não ser esta pode curar. Hoje ouviremos uma única Voz que nos fala da verdade, na qual todas as ilusões findam, e a paz volta ao lar eterno e sereno de Deus.

11. Nós O ouvimos ao despertar e O deixamos falar conosco por cinco minutos quando o dia começar e encerramos o dia ouvindo novamente durante outros cinco minutos antes de irmos dormir. Nossa única preparação é deixar que nossos pensamentos de intromissão sejam postos de lado, não separadamente, mas todos eles como um só. Eles são o mesmo. Não temos nenhuma necessidade de torná-los diferentes e, assim, atrasar o momento em que podemos ouvir nosso Pai falar conosco. Nós O escutamos hoje. Nós viemos até Ele hoje.

12. Sem nada nas mãos a que nos agarrarmos, com os corações elevados e mentes à escuta, oramos:

Pode-se dizer que só a salvação cura.
Fala conosco, Pai, para que possamos ser curados.

E sentiremos a salvação nos cobrir com proteção suave e com uma paz tão profunda que nenhuma ilusão pode perturbar nossas mentes, nem nos oferecer prova de que é real. É isto que aprendemos hoje. E faremos nossa oração pela cura a cada hora, e reservaremos um minuto, quando cada hora bater, para ouvir a resposta a nossa oração nos ser dada, enquanto prestamos atenção em silêncio e com alegria. Este é o dia em que a cura vem a nós. Este é o dia em que a separação acaba e nos lembramos de Quem somos verdadeiramente.


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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 140

Caras, caros,

De um modo ou de outro tratamos nas últimas lições de formas de nos curarmos das doenças, trazendo à luz os objetivos que o ego tem para elas. Isto é, ilustrando de forma clara as razões pelas quais os corpos ficam doentes. Hoje, vamos, dando seguimento aos processos de cura, praticar com uma ideia que aponta de forma definitiva para a salvação, tratando-a como a única forma de realizar a cura.

Ei-la aí:

"Pode-se dizer que só a salvação cura."

Com esta lição e a ideia para as práticas de hoje, encerramos, novamente, mais uma série de exercícios e vamos começar um novo período de revisão. Comecemos, pois, preparando-nos da melhor forma possível com as práticas bem feitas de hoje, e prestando toda a atenção de que somos capazes ao que nos diz a lição, para iniciar a conversa e a exploração.

"Cura" é uma palavra que não pode ser aplicada a nenhum remédio que o mundo aceite como benéfico. Aquilo que o mundo percebe como terapêutico é apenas o que tornará o corpo "melhor". Quando ele tenta curar a mente, ele não vê nenhuma separação do corpo, onde ele pensa que a mente existe. Deste modo, suas formas de cura têm de substituir ilusão por ilusão. Uma crença na doença toma outra forma e, então, o paciente se percebe como estando bem.

Ele não está curado. Ele apenas teve um sonho de que estava doente e, no sonho, encontrou uma fórmula mágica para fazê-lo ficar bem. No entanto, ele não acorda do sonho e, por isto, sua mente continua a ser exatamente como era antes. Ele não vê a luz que o acordaria e poria fim ao sonho. Que diferença o conteúdo de um sonho faz na realidade? Ou se dorme ou se desperta. Não há meio termo.

Ao mesmo tempo em que praticamos para aprender que "só a salvação cura", preparamo-nos também para dar início outro período de revisão, uma vez mais, para quem já está aqui há algum tempo. 

Para encerrar mais esta série de lições, a ideia que o Curso oferece para as nossas práticas de hoje traz consigo, de novo, a possibilidade de alcançarmos a salvação. Agora mesmo. Aprendendo, reconhecendo e aceitando, e sendo gratos, pelo fato de que tudo o que mundo pode oferecer é apenas a ilusão. Isto é, nenhum remédio que o mundo ofereça pode, de fato, oferecer a "cura", no sentido que o Curso dá para o verbo curar. Pois tudo o que o mundo tenta curar é apenas o corpo, que não pode ficar doente, se a mente for sã.

Ou, dizendo de outra forma, valendo-me de parte de uma poesia de um amigo: "É preciso que se entenda/Que a vida em si é inventada/A realidade é uma lenda,/Só na morte revelada". Entenda-se, na morte do corpo, pois aquilo que somos não pode morrer. A vida é infinita.

Isto é, nada do que fazemos neste mundo vai durar para sempre. Ou, como o próprio Curso afirma, "curar é fazer feliz", ou devolver a alegria. Para alcançar a alegria é preciso aprendermos a nos perdoar - [o passo inicial, uma vez que estamos habituados ao julgamento] -, por toda e qualquer coisa que tenhamos feito, façamos ou venhamos a fazer, mesmo que apenas em pensamento. Pois há aqueles que se culpam e condenam por seus pensamentos. No entanto, como nos ensinava o Dito [lembram-se do conto "Campo Geral", de Guimarães Rosa?], é só antes de se fazer qualquer coisa que podemos pensar que ela pode ser algo malfeito, depois que "a gente fez, aí tudo é bem-feito..."

Recorrendo ainda ao ensinamento do Curso, precisamos nos lembrar de que "perdoar é lembrar apenas os pensamentos amorosos que deste no passado e aqueles que te foram dados. Todo o resto tem de ser esquecido". E não há salvação possível fora do perdão.

Assim, como já dissemos várias vezes antes, pode-se dizer que a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje mostra que é só a mente que precisa ser curada, para que ela se torne livre de toda e qualquer crença equivocada. Livre da ilusão de que é possível vivermos separados, ou separadas, daquilo que verdadeiramente somos, uns e umas dos outros e das outras num estado de separação de Deus. A doença é uma crença equivocada. A separação também. Pratiquemos pois, para aprender que só a salvação pode curar. 

Às práticas?

sábado, 18 de maio de 2024

Para observar Deus em ação é preciso julgar menos

 

LIÇÃO 139

Aceitarei a Expiação para mim mesmo.

1. Eis aqui o fim da escolha. Pois aqui chegamos à decisão de nos aceitarmos tal como Deus nos criou. E o que é a escolha exceto incerteza acerca do que somos? Não existe nenhuma dúvida que não esteja enraizada nisto. Não existe nenhuma questão que não reflita esta. Não existe nenhum conflito que não envolva a pergunta simples e singular: "O que sou?".

2. No entanto, quem pode fazer esta pergunta exceto alguém que se recuse a reconhecer a si mesmo? Só a recusa em te aceitares pode fazer a pergunta parecer sincera. A única coisa que pode ser conhecida com certeza por qualquer coisa viva é o que ela é. A partir deste ponto de certeza, ela olha para as outras coisas com tanta confiança quanto em si mesma.

3. Incerteza a respeito do que tens de ser é auto-engano em uma escala tão ampla cuja magnitude é difícil de conceber. Estar vivo e não conhecer a ti mesmo é acreditar que estás, de fato, morto. Pois o que é a vida exceto seres tu mesmo e o que a não ser tu pode estar vivo em teu lugar? Quem é o que duvida? De que ele duvida? A quem ele pergunta? Quem pode lhe responder?

4. Ele apenas afirma que ele não é ele mesmo e, por isto, sendo alguma outra coisa, vem a ser um questionador do que é esta outra coisa. Contudo, ele nunca poderia em absoluto estar vivo, a menos que conhecesse a resposta. Se ele pergunta como se não soubesse, ele apenas demonstra que não quer ser a coisa que é. Ele a aceita porque vive; julga contra ela e nega seu valor e decide que não conhece a única certeza pela qual vive.

5. Desta forma, ele se torna indeciso acerca de sua vida, porque nega o que ela é. É para esta negação que necessitas da Expiação. Tua negação não fez nenhuma mudança naquilo que és. Mas tu divides tua mente entre o que conhece e o que não conhece a verdade. Tu és tu mesmo. Não há nenhuma dúvida disto. E, não obstante, tu duvidas. Mas tu não perguntas que parte de ti pode, de fato, duvidar de ti mesmo. Não pode realmente ser uma parte de ti que faz esta pergunta. Pois ela pergunta a alguém que conhece a resposta. Se fosse parte de ti, a incerteza, então, seria impossível.

6. A Expiação cura a estranha ideia de que é possível duvidares de ti mesmo e não ter certeza daquilo que realmente és. Isto é o abismo da loucura. Contudo, ela é a pergunta universal do mundo. O que isto significa a não ser que o mundo é louco? Por que compartilhar sua loucura na crença deplorável de que o que é universal aqui é verdadeiro?

7. Nada daquilo em que o mundo acredita é verdadeiro. O mundo é um lugar cujo propósito é ser um lar aonde aqueles que alegam não conhecer a si mesmos podem vir para perguntar o que é que eles são. E eles virão novamente até que se aceite o tempo da Expiação e eles aprendam que é impossível duvidares de ti mesmo e não estar ciente do que és.

8. Só se pode pedir de ti a aceitação, porque o que és é incontestável. Está estabelecido para sempre na Mente de Deus e na tua própria mente. Está tão além de toda dúvida e questão que perguntar o que tem de ser é toda a prova de que necessitas para mostrar que acreditas na contradição de que não conheces o que não podes deixar de conhecer. Isto é uma pergunta ou uma afirmação que nega a si mesma ao ser afirmada? Não vamos deixar que nossas mentes santas se ocupem com devaneios inúteis tais como este.

9. Temos uma missão aqui. Não viemos para reforçar a loucura em que acreditávamos antes. Não nos esqueçamos da meta que aceitamos. Viemos para ganhar mais do que só a nossa felicidade. O que aceitamos como aquilo que somos revela claramente o que todos têm de ser junto conosco. Olha para eles amorosamente, para que eles possam saber que são parte de ti e que tu és parte deles.

10. É isto que a Expiação ensina, e demonstra que a Unidade do Filho de Deus não é atacada por sua crença de que não sabe o que ele é. Aceita a Expiação hoje, não para mudar a realidade, mas simplesmente para aceitar a verdade acerca de ti mesmo e seguir teu caminho alegrando-te no Amor infinito de Deus. É apenas isto o que nos é pedido para fazer. É apenas isto que faremos hoje.

11. Reservaremos cinco minutos pela manhã e à noite para dedicar nossas mentes a nossa tarefa de hoje. Começamos com esta revisão de qual é nossa função:

Aceitarei a Expiação para mim mesmo,
Pois continuo a ser tal como Deus me criou.

Não perdemos o conhecimento que Deus nos deu quando nos criou iguais a Ele Mesmo. Podemos nos lembrar disto por todos, pois na criação todas as mentes são como uma só. E, em nossa memória, está a lembrança de quão caros são nossos irmãos para nós na verdade, do quanto cada mente é parte de nós, de quão fiéis eles são a nós realmente e de como o Amor de nosso Pai contém todos eles.

12. Em agradecimento por toda a criação, em Nome do seu Criador e de Sua Unidade com todos os aspectos da criação, repetimos nossa consagração a nossa causa a cada hora hoje, enquanto deixamos de lado todos os pensamentos que nos distrairiam de nosso objetivo sagrado. Por alguns minutos, deixa que tua mente se desembarace de todas as teias tolas que o mundo quer tecer em volta do Filho santo de Deus. E aprende a natureza frágil das correntes que parecem manter o conhecimento de ti mesmo distante de tua consciência, à medida que dizes:

Aceitarei a Expiação para mim mesmo,
Pois continuo a ser tal como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 139

Caras, caros,

É bem assim como lhes digo no título desta postagem. Nós, seres humanos, as pessoas em geral, não vemos a ação de Deus no mundo apenas porque estamos julgando tudo o que aparentemente nos acontece e tudo o que aparentemente acontece às pessoas à volta de nós, e também àquelas distantes de nós, e, principalmente julgando a nós mesmos, a nós mesmas.

É para aprendermos a refrear nosso impulsos de julgadores e julgadoras que vamos praticar com a ideia que o Curso reservou para nosso treino de hoje: 

"Aceitarei a Expiação para mim mesmo."  

Assim, a lição de hoje busca, mais uma vez, nos lembrar de que ainda somos como Deus nos criou. De um modo ligeiramente diverso daquele a que nos acostumamos. As práticas nos incentivam a aprender a aceitar a Expiação para nós mesmos e para nós mesmas.  [Para quem não lembra ou ainda não está familiarizado com a terminologia do Curso, Expiação significa simplesmente o desfazer do erro. Isto é, quando, na ilusão, cometemos qualquer erro - o que significa que julgamos um ou mais de nossos atos -, podemos expiá-lo evitando julgar-nos por aquilo que é apenas um equívoco, parte da grande ilusão que quer que pensemos que somos capazes de errar. Pior: que somos capazes de pecar.]

Na verdade, aceitar a Expiação é entender que não existe erro [que dirá pecado], apenas a experiência. E, para aproveitar uma vez mais a fala de um dos personagens - uma criança - do conto Campo Geral, de Guimarães Rosa, vejam como Dito se refere ao erro, ou malfeito, aconselhando seu irmão Miguilim, que estava a questionar a todos a respeito da forma de se saber como se pode perceber se alguma coisa que alguém faz ou tenciona fazer é malfeito ou bem-feito. 

Depois de chamar a atenção de Miguilim para que parasse com a perguntação, cuidando de não deixar que se pensasse que ele, Miguilim, havia feito alguma coisa errada, Dito lhe diz o seguinte: 

"Olha: pois agora que eu sei, Miguilim. Tudo quanto há, antes de se fazer, às vezes é malfeito; mas depois que está feito e a gente fez, aí tudo é bem-feito..."

Ora, o personagem sabia que, na verdade, a única coisa que podemos fazer é experimentar. O tempo todo. Sempre. E que só antes de fazer alguma coisa é que podemos pensar nela com os pressupostos de boa ou má ação, a partir da percepção que temos. 

A percepção de que somos capazes e que é sempre parcial, porque atrelada aos sentidos e ao corpo. Assim, o único equívoco que podemos fazer é julgar as experiências como certas ou erradas.  O que elas não são. São apenas experiências. Neutras. Necessárias ao estar-se, ao perceber-se, num mundo que aparentemente não criamos. Julgá-las é o mesmo que julgar a nós mesmos, a nós mesmas. Daí a necessidade, como a lição diz, de aceitarmos a Expiação para nós mesmos, para nós mesmas.

É claro que isto também se aplica às experiências do outro, ou outros, que são apenas reflexos daquilo que queremos ver, e que servem para nos apresentar a partes de nós que, ou ainda não somos capazes de ver, perceber, ou não queremos reconhecer em nós mesmos, ou em nós mesmas. Donde a necessidade de aprendermos a não julgar nada do que vemos no outro. Nem nada do que o outro faz. Pois fazê-lo é, mais uma vez, apenas julgar a nós mesmos, a nós mesmas.

Enfim, é só o ego, o falso eu, a parte ilusória de nós, a falsa imagem que construímos de nós mesmos e de nós mesmas, a parte de nós mesmos e de nós mesmas que se percebe separada do outro, ou outros, e de Deus, que pode ter dúvidas a respeito do que ele é. Daí a pergunta: "Quem sou?". Mas nós não somos o ego. Por isto a pergunta só pode ser feita ao que somos. Ao Ser em nós, ao divino em nós. E nossa resposta tem de ser a de quem acredita que ainda é tal como Deus o criou. Pois não existe nada além dele, com Deus e em Deus. 

O que se segue novamente é parte de comentário feito após um questionamento postado por alguém por ocasião da publicação desta lição há dois anos, e que, acredito, pode servir para nos ajudar a ampliar a reflexão com a ideia para as práticas de hoje.

Respondendo, em certa ocasião, há dois anos, a um questionamento de um amigo que queria saber por que razão as coisas aparentemente não andam como gostaríamos que andassem, e perguntava se, de acordo com o Curso, tudo o que nos acontece já é "pré-determinado", isto é, se todos vamos chegar ao lugar aonde pensamos que temos de chegar apesar de tudo o que fazemos para adiar a decisão de alinhar nossa vontade à de Deus 

O que eu lhe disse, então, e repito aqui mais uma vez foi que:

Os problemas que aparentemente enfrentamos, em geral, se devem ao fato de nos distrairmos de nós mesmos. O sofrimento que nos chega só chega quando nos afastamos de nós mesmos e, por consequência, de Deus, e nos deixamos envolver pela crença na separação.

Na verdade, tudo aquilo que pensamos ser necessário fazer, todo o planejamento que acreditamos necessário para a vida dar certo [de acordo com aquilo que pensamos que seja 'dar certo'] não tem fundamento à luz do que o Curso ensina. Pois para o Curso, tudo o que precisamos fazer é entregar ao Espírito Santo. Isto é, não fazer nada que atrapalhe o plano de Deus para a salvação.

Para tanto, basta que prestemos atenção ao que nos dizem as lições, ao que nos dizem as experiências por que passamos. Basta que fiquemos atentos às reações que temos quando nos encontramos com as pessoas, quando passamos pelas experiências e pelas situações. Qualquer coisa que nos afaste da alegria é sinal de que nos deixamos envolver pelo sistema de pensamento do ego, que acredita na separação.

Gostei muito outro dia de uma frase que li num dos livros de Joel Goldsmith, que, me parece, resume o ponto a que precisamos chegar para viver a paz de espírito e a alegria completa e perfeita, que são a Vontade de Deus para nós. A frase, que já compartilhei aqui antes, diz: "Eu não penso em minha vida; eu observo Deus em ação".

Isso, creio, também é uma forma de aceitar a orientação do Curso para não se fazer nada, que é a entrega de que o Curso fala também.. E é mais ainda aceitar a Expiação, entendendo que não há erro. Só existe mesmo é a experiência. Qualquer qualificação que dermos a qualquer experiência é apenas o julgamento do ego, quer para o bem, quer para o mal.

Às práticas? 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

A escolha pelo Céu é tudo o que precisamos fazer

 

LIÇÃO 138

O Céu é a decisão que tenho de tomar.

1. Neste mundo, o Céu é uma escolha porque, aqui, acreditamos que há alternativas entre as quais escolher. Pensamos que todas as coisas têm um oposto, e que escolhemos o que queremos. Se o Céu existe, tem de haver também um inferno, pois a contradição é o modo com que fazemos aquilo que percebemos e aquilo que pensamos ser real.

2. A criação não conhece nenhum oposto. Mas, aqui, a oposição é parte de ser "real". É esta estranha percepção da verdade que faz a escolha do Céu parecer ser a mesma coisa que a renúncia do inferno. Isto não é realmente assim. Contudo, aquilo que é verdadeiro na criação de Deus não pode entrar aqui até ser mostrado de alguma forma que o mundo possa compreender. A verdade não pode vir a um lugar em que só seria percebida com medo. Pois isto seria o erro segundo o qual se pode trazer verdade às ilusões. A resistência faz com que a verdade seja mal recebida e ela não pode vir.

3. A escolha é a saída evidente para o que se apresenta na forma de opostos. A decisão permite que um dos objetivos contraditórios se torne a meta do esforço e do dispêndio de tempo. Sem a decisão, o tempo é apenas uma extravagância e o esforço desregrado. Ele é gasto para nenhum retorno e o tempo passa sem resultados. Não há sensação de benefício, pois não se realiza nada; não se aprende nada.

4. Tu precisas ser lembrado de que pensas que te defrontas com mil escolhas, quando, realmente, há somente uma a se fazer. E mesmo esta apenas parece ser uma escolha. Não te confundas com todas as dúvidas a que te induziria uma miríade de decisões. Tu tomas apenas uma. E, quanto se toma essa, perceberás que ela não é absolutamente uma escolha. Pois a verdade é verdadeira e nada mais é verdadeiro. Não há nenhum contrário para se escolher no lugar dela. Não há nenhuma contradição para a verdade.

5. A escolha depende do aprendizado. E não se pode aprender a verdade, mas apenas reconhecê-la. A aceitação dela está no reconhecimento e, quando ela é aceita, ela é conhecida. Mas o conhecimento está além das metas que buscamos ensinar na estrutura deste curso. Nossas metas são metas de ensino, a serem alcançadas pelo aprendizado de como alcançá-las, quais são elas e o que elas te oferecem. As decisões são a consequência de teu aprendizado, pois elas se baseiam naquilo que aceitas como a verdade do que és e de quais têm de ser tuas necessidades.

6. Neste mundo loucamente complicado, o Céu parece tomar a forma de escolha, em vez de ser simplesmente o que é. De todas as escolhas que tentas fazer esta é a mais simples, a mais definitiva e o modelo para todas as outras; a única que determina todas as decisões. Se podes decidir as outras, esta permanece não-resolvida. Mas, quando resolves esta, as outras se resolvem com ela, pois todas as decisões apenas escondem esta, assumindo formas diferentes. Eis aqui a escolha definitiva e única na qual se aceita ou se nega a verdade.

7. Por isto, começamos hoje refletindo acerca da escolha para qual se inventou o tempo, a fim de nos ajudar a fazê-la. Tal é seu propósito sagrado, transformado agora pela intenção que lhe deste; a de que ele seja um meio para demonstrar que o inferno é real, que as esperanças se transformam em desespero e a própria vida, no final, tem de ser vencida pela morte. Só na morte se resolvem os opostos, pois acabar com a oposição é morrer. E, deste modo, tem-se de ver a salvação como morte, pois a vida é vista como conflito. Resolver o conflito também é pôr fim a tua vida.

8. Estas crenças loucas podem exercer um domínio de grande intensidade e aprisionar a mente com um terror e uma ansiedade tão fortes que ela não renunciará a suas ideias acerca de sua própria proteção. Ela tem de ser salva da salvação, ameaçada para ficar segura e blindada de forma mágica contra a verdade. E estas decisões se fazem de modo inconsciente, para mantê-las imperturbadas de forma segura; distantes do questionamento e da razão e da dúvida.

9. Escolhe-se o Céu conscientemente. A escolha não pode ser feita até que as alternativas sejam vistas e compreendidas de modo correto. Tem-se de trazer à compreensão tudo o que está velado nas sombras, para ser avaliado de novo, desta vez com a ajuda do Céu. E todos os erros no julgamento que a mente cometeu antes ficam abertos à correção, quando a verdade os anula como infundados. Agora eles ficam sem efeitos. Não podem ser escondidos porque sua insignificância foi reconhecida.

10. A escolha consciente do Céu é tão certa quanto o fim do medo do inferno, quando ele é erguido do escudo protetor da inconsciência e trazido à luz. Quem pode decidir entre aquilo que se vê claramente e o que não se reconhece? Porém, quem pode deixar de fazer uma escolha entre alternativas quando apenas uma é vista como valiosa; a outra como uma coisa totalmente sem valor, apenas um fonte imaginária de culpa e dor? Quem hesita em fazer uma escolha como esta? E nós hesitaremos em escolher hoje?

11. Fazemos a escolha do Céu quando acordamos e passamos cinco minutos seguros de que tomamos a única decisão sã. Reconhecemos que fazemos uma escolha consciente entre o que existe e o que não tem nada a não ser uma aparência de verdade. Seu pseudo-ser, trazido ao que é real, é insignificante e transparente na luz. Ele não contém nenhum terror agora, pois o que se fez enorme, vingativo, impiedoso em ódio, exige escuridão para que se invista medo aí. Agora ele é reconhecido como apenas um equívoco sem importância.

12. Antes de fecharmos os olhos para dormir, esta noite, reafirmamos a escolha que fizemos a cada hora do dia. E, agora, damos os últimos cinco minutos de nosso dia de vigília à decisão com que acordamos. À medida que cada hora passar, declaramos nossa escolha mais uma vez, em um breve momento de dedicado à manutenção da sanidade. E, finalmente, terminamos o dia com isto, reconhecendo que escolhemos apenas aquilo que queremos:

O Céu é a decisão que tenho de tomar. Eu a tomo agora e
não vou mudar de ideia, porque é a única coisa que quero.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 138

Caras, caros,

Se há alguma coisa que podemos fazer, uma decisão que possamos tomar para ver e viver num mundo novo, criado a todo instante para a alegria e a felicidade perfeitas que Deus quer para seus filhos e filhas, é o que nos diz a ideia para nossas práticas de hoje.

Vejam, aí, pois qual é ela:

"O Céu é a decisão que tenho de tomar."

E pronto! 

É só! 

Simples assim! 

É tudo o que preciso decidir e escolher! O Céu! Não que isso resolva todas as questões que acredito ter de resolver em minha vida, mas isso me dá o norte. Identifica um rumo, uma direção para onde caminhar. Ou será que todos e todas nós sabemos em que direção estamos indo hoje em dia? Será que sabemos para onde andamos desde que começamos a tomar consciência de nós mesmos, de nós mesmas? Ou, como se diz popularmente, desde que começamos a nos entender por gente.

O Céu é a decisão que tenho de tomar.

Esta lição traz a ideia que abre todas as portas para a salvação. A salvação individual, a minha, e a tua, a nossa e a do mundo inteiro. Pois como já sabemos, a partir do texto Estabelecer a meta, de que já falei muitas vezes aqui, as coisas todas por que passamos e as escolhas todas que fazemos só podem começar a ter sentido quando nos decidimos pela verdade - o Céu-, alinhando nossa meta à do Espírito Santo, nossa vontade à Vontade de Deus.

O Céu é a decisão que tenho de tomar.

Como já sabemos também, a veracidade de todas as ideias que as lições nos ofereceram até o momento pode ser comprovada pelas práticas desta ideia que a lição nos oferece hoje. Uma lição de que gosto muitíssimo, como já disse outras vezes. Não que não goste das outras. Ou que goste menos delas. Mas esta tem um apelo muito particular para mim.

E, repito, tomar a decisão pelo Céu não significa que tudo vai se transformar de um momento para outro naquela maravilha, num mar de rosas. Mas significa que resolvemos dar a nós mesmos e a nós mesmas a oportunidade de experimentar a alegria a partir de tudo o que se apresentar a nossa experiência. Isto é, significa que decidimos abdicar do sofrimento, da dor, do pesar, do infortúnio, das culpas e de todas as consequências do julgamento em favor da alegria e da paz. 

E é claro que, para tanto, precisamos também abrir mão do controle. Até porque só temos qualquer controle na ilusão que nos oferece o ego. Na verdade, é preciso que se diga, não temos controle sobre nada. Mas podemos, sim, aprender a escolher nossos pensamentos, alinhando-os ao espírito em nós, para nos afastarmos daquilo que o ego nos oferece.

O Céu é a decisão que tenho de tomar. 

Ao nos decidirmos pelo Céu, abrimos mão do julgamento. E nos preparamos para reconhecer e aceitar a neutralidade do mundo e de tudo e de todos que o habitam. Nesta decisão está também o reconhecimento de que não sabemos nada, um reconhecimento que nos prepara para a aceitação da necessidade da entrega de nossas vidas ao Espírito Santo, ao divino em nós, Àquele que sabe nos conduzir sempre na direção da alegria e da paz completas e perfeitas. Na direção da Vontade de Deus para nós, que é a mesma que a nossa.

Como eu já lembrei antes, em algum ponto do livro texto do Curso, recebemos a informação de que sempre que fazemos qualquer escolha ela se faz entre o Céu e o inferno, entre o Espírito Santo e o ego, ou ainda entre a crucificação e a ressurreição. Dizendo de outra forma, todas as nossas decisões são escolhas que fazemos entre ter razão, a partir do ego, ou ser feliz, a partir da aceitação da Vontade de Deus da alegria e da paz completas e perfeita para nós. 

O Céu é a decisão que tenho de tomar.

A ideia que praticamos hoje é bastante clara acerca de como devemos, ou podemos, conduzir nossas vidas, se quisermos cumprir o papel que nos cabe no plano de Deus para a salvação. Assim como toda caminhada começa com um passo, que vai nos levar, enfim, ao destino, depois de darmos todos os passos necessários naquela direção, nossa busca pelo autoconhecimento, que é o ensinamento que o Curso oferece, tem de começar com a tomada de decisão. E a decisão a que se refere o Curso com a ideia para as práticas de hoje: 

O Céu é a decisão que tenho de tomar.

Para tomarmos tal decisão, porém, precisamos definir o que queremos. Pois, se aquilo que temos agora é expressão do que somos e nos permite passear livremente pelo mundo, sem que nada nos aprisione, e se é a alegria que nos move na direção do amor que nunca acaba, e que é a única coisa que verdadeiramente existe, podemos dizer que já fizemos a escolha e estamos colhendo os resultados dela, felizes. Mas, se há ainda algum aspecto em nossas vidas com o qual não sabemos lidar, algo que gostaríamos de mudar, então, como nos diz a lição hoje, ainda não tomamos a única decisão que pode nos dar tudo.

As práticas de hoje nos oferecem mais uma nova oportunidade de tomá-la. Para aprendermos, como Miguilim, personagem do conto Campo Geral, de João Guimarães Rosa, "que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por dentro... (...) o certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma".

Vamos, então, praticar a alegria para viver o Céu?