quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Entender que os desafios são sempre internos

LIÇÃO 273

A serenidade da paz de Deus é minha.

1. Agora talvez estejamos prontos para um dia de tranquilidade imperturbável. Se isso ainda não for possível, ficamos contentes e até mesmo mais do que satisfeitos em aprender de que modo se pode alcançar um dia assim. Se dermos espaço para um incômodo, vamos aprender como desfazê-lo e voltar à paz. Precisamos apenas dizer a nossas mentes com convicção: "A serenidade da paz de Deus é minha." e nada pode penetrar na paz que o Próprio Deus dá a Seu Filho.

2. Pai, Tua paz é minha. Que necessidade eu tenho de temer que qualquer coisa possa roubar de mim aquilo que Tu queres que eu conserve? Eu não posso perder Tuas dádivas para mim. E, por isso, a paz que Tu deste a Teu Filho ainda está comigo, no silênico e no meu amor eterno por Ti.

*

COMENTÁRIO:

Uma das pessoas que comentam um livro de um escritor chamado David Deida, que um amigo me emprestou, diz, a respeito do tema do livro, que "o desafio [que enfrentamos] é estritamente interno. O convite é para que nos elevemos acima de nossa mediocridade, para abdicarmos do hábito de dar desculpas por nossa própria preguiça, para pararmos de nos desculpar por sermos quem somos, e para pararmos de culpar os outros ou nossa infância por aquilo que nos tornamos".

Acredito que esta fala pode nos auxiliar a estender a reflexão a respeito da ideia que se apresenta para nossas práticas desta quinta-feira, dia 30 de setembro. Se entendermos que tudo o aquilo que se apresenta a nós se apresenta apenas a partir de uma solicitação interna, muitas vezes inconsciente, haveremos, sem dúvida nenhuma, de nos apressar para eliminar a preguiça que nos impede de assumir a responsabilidade pelo estado de coisas que vemos em nossa vida. Entendendo, pois, que os desafios são sempre internos, não mais será possível que nos demos ao luxo de ignorar a voz interior que fala conosco constantemente.

Começaremos a perceber também, sem sombra de dúvida, que não nos serve de nada buscar desculpas para a situação em que nos encontramos e que certamente não há necessidade de nos desculparmos por sermos quem somos. Também não haverá razão nenhuma para que busquemos culpados por estarmos onde estamos e nem nossa experiência anterior, nem as dificuldades que enfrentamos na infância vão servir de justificativa para explicar o que nos tornamos. Entenderemos que apenas as escolhas que fazemos, cientes ou não delas, nos levam a avançar. E aprenderemos a trazer à consciência aquelas escolhas que nos trouxeram a lugares que aparentemente não foram os que escolhemos.

"A serenidade da paz de Deus é minha." O que há para se temer, desculpar ou justificar, se aquilo de que precisamos para desfrutar da serenidade e da alegria está a nossa disposição, nos pertence?

Precisamos apenas tomar a decisão. E repetir, e repetir com convicção, as palavras da ideia que praticamos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O mundo só pode oferecer ilusões

LIÇÃO 272

Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus?

1. Pai, a verdade me pertence. Meu lar está localizado no Céu por Tua Vontade e pela minha. Sonhos podem me satisfazer? Ilusões podem me trazer felicidade? O que, a não ser ser a lembrança de Ti, pode satisfazer Teu Filho? Não aceitarei nada menos do que Tu me dás. Estou cercado por Teu Amor, sempre tranquilo, sempre bondoso e sempre seguro. O Filho de Deus tem de ser como Tu o criaste.

2. Hoje vamos ignorar as ilusões. E, se ouvirmos a tentação nos chamar para ficarmos e nos demorarmos em um sonho, nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, que podemos escolher o Céu tão facilmente quanto o inferno, poderíamos ficar satisfeitos com sonhos, e o amor substituirá todo o medo com alegria.

*

COMENTÁRIO:

Precisamos aprender e fixar em nós a ideia de que tudo o que o mundo pode nos oferecer são apenas ilusões. Não há nada que, de fato, queiramos no mundo, uma vez que nada do que aparentemente existe no mundo vai durar até a eternidade. Pois, conforme o que já aprendemos, o mundo em si mesmo não tem nenhum valor.

O mundo é apenas um véu que encobre a verdade e não permite ver a realidade, enquanto olharmos para ele com os olhos do corpo apenas. Neste período, o tema que unifica nossas práticas ensina o que é o Cristo. É a visão d'Ele que vai nos permitir ignorar o mundo, as coisas do mundo, as ilusões todas, para vermos, além delas o Céu, nosso verdadeiro lar.

A ideia que praticamos nesta quarta-feira, dia 29 de setembro, é um instrumento precioso para aprendermos a questionar nossos desejos. A partir dela podemos avaliar o quanto estamos apegados às ilusões. A partir dela podemos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmos e decidir olhar para o mundo de modo diferente.

Às práticas, pois.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cristo: "o pensamento dentro do pensamento"

6. O que é o Cristo?

1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de não a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.

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LIÇÃO 271

É a visão de Cristo que usarei hoje.

1. Todo dia, toda hora, todo instante escolho o que quero ver, os sons que quero ouvir, as evidências daquilo que quero que seja a verdade para mim. Hoje escolho ver aquilo que Cristo quer que eu veja, escutar a Voz de Deus e buscar provas para aquilo que é verdadeiro na criação de Deus. Na visão de Cristo, o mundo e a criação de Deus combinam e, quando eles se reúnem, toda a percepção desaparece. Sua visão generosa redime o mundo da morte, pois nada do que Ele olha não deve senão viver, lembrando o Pai e o Filho; Criador e criação unificados.

2. Pai, a visão de Cristo é o caminho para Ti. O que Ele vê solicita que Tua lembrança me seja devolvida. E escolho isso para ser o que quero ver hoje.

*

COMENTÁRIO:

Nesta terça, dia 28 de setembro, chegamos à sexta instrução desta segunda parte do livro de exercícios. Ela se refere a um tema de especial importância para o aprendizado que buscamos com as lições diárias. O aprendizado acerca de nós mesmos, do que somos, na verdade, e do que é nossa função no mundo. Esta sexta instrução é: O que é o Cristo? Ela deve ser nosso guia ao longo dos próximos dez dias e a orientação é a de que voltemos a ela diariamente antes das práticas da ideia para o dia.

Hoje, praticamos olhar para o mundo, e para todas as pessoas e coisas animadas ou inanimadas do mundo, utilizando a visão de Cristo, olhando para tudo com os olhos do Ser em nós, ignorando o que nos mostra a percepção dada pelos sentidos ou pela visão dos olhos do corpo. Isto não deve nem ser muito difícil, se mantivermos em mente o que nos diz a instrução acerca do que é o Cristo,  que O revela a nós, para que O encontremos em nós mesmos, uma vez que Ele é a única parte verdadeira de nós mesmos, sendo todo o resto apenas ilusão, sonho.

Voltar ao comentário que lhes ofereci para a lição de domingo também pode ajudar a perceber isto de forma mais clara, se lembrarmos que o texto lá dizia existir em nossa aparente dualidade "o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo", que estão sempre na raiz de todas as nossas impressões passageiras e humores momentâneos. Isto é, quando alguma coisa que desejamos ou pensamos querer não vem a nós é porque, inconscientemente, deixamos que o Cristo em nós, o Ser verdadeiro, tomasse a decisão, uma vez que no fundo de nós mesmos sempre sabemos, mesmo que de forma não consciente, o que é melhor para nós.

É por isto que, naquele comentário, emprestado do texto de um livro que li recentemente, aprendemos que, ao aceitarmos, mesmo que inconscientemente a sugestão do "pensamento dentro do pensamento", do "desejo dentro do desejo", estamos, de fato nos unindo à vontade de Deus, que é nossa própria vontade. E é por isto que aquele texto aconselha a que prestemos mais atenção aos sussurros desta voz interior, desta voz do espírito. E nos lembra de que cada um de nós está exatamente onde está apenas para fazer cumprir a vontade Deus.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"Receber o amor de Deus na forma que Ele vier."

LIÇÃO 270

Não usarei os olhos do corpo hoje.

1. Pai, a visão de Cristo é Tua dádiva para mim e ela tem o poder de traduzir tudo aquilo que os olhos do corpo veem na visão de um mundo perdoado. Quão sublime e generoso é este mundo! Porém, quão mais do que a visão pode mostrar perceberei nele. O mundo perdoado significa que Teu Filho reconhece Seu Pai, permite que seus sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansioso aquele único instante a mais que falta do tempo que acaba para sempre, quando Tua lembrança volta a ele. E, nesse momento, a vontade dele fica uma só com a Tua. A função dele, então, é apenas Tua Própria Função e todo pensamento, exceto Teu Próprio Pensamento, desaparece.

2. A paz de hoje abençoará nossos corações e a partir deles a paz virá para todos. Cristo é nossos olhos hoje. E com a visão d'Ele oferecemos a cura ao mundo por intermédio d'Ele, o Filho santo a quem Deus criou perfeito; o Filho santo a quem Deus criou uno.

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COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 27 de setembro, a ideia que vamos praticar vai permitir que usemos - ou aprendamos a usar - a visão de Cristo para olhar para o mundo e perceber que invariavelmente  "... quando pessoas de mente decidida e coração bondoso acreditam apaixonadamente em alguma coisa, de um modo que ilumina suas vidas, parece que Deus sorri através delas".*

Abrir mão da visão que os olhos do corpo nos apresenta em favor da visão de Cristo pode - e vai, mais dia, menos dia - nos fazer entender que "... Deus não é a causa dos males nem das alegrias da vida. O importante é saber que, independentemente dos acontecimentos, Ele está sempre conosco e só deseja que voltemos ao Seu seio" [de onde, aliás, nunca saímos].*

Esta visão pode e vai nos levar a atingir a meta proposta para esta segunda parte do livro de exercícios, qual seja, a de nos oferecer a percepção verdadeira. Aquela percepção que nos revela a necessidade de que estejamos sempre prontos e abertos "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier".* [ Um parêntese: Esta é uma das grandes lições que aprendi, conforme já lhes disse, de um amigo muito querido há muitos anos. Isto é, é necessário que estejamos sempre preparados para o inesperado. Já imaginaram como seria sem graça um mundo aonde soubéssemos com antecedência tudo o que vai acontecer?]

E isto - estar pronto e aberto "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier" - é bem possível, se não cedermos às falsas promessas de controle e poder do ego sobre o mundo e não nos rendermos à oferta enganosa que ele faz de nos dar o mundo inteiro, sem revelar que o custo que ele cobra é nossa alma.

Busquemos, pois, com as práticas da ideia de hoje alcançar a bênção da paz para nossos corações e mentes, para, de fato. sermos capazes de, a partir da cura de nossa percepção, oferecer a cura ao mundo.

*NOTA: Todas as citações entre aspas deste comentário foram extraídas do livro Apocalipse 2012, de Lawrence E. Joseph. 

domingo, 26 de setembro de 2010

Quando entenderemos a Vontade de Deus?

LIÇÃO 269

Minha visão vai além para ver a face de Cristo.

1. Peço Tua bênção sobre minha visão hoje. Ela é o intrumento que Tu escolheste para vir a ser o modo de me mostrar meus erros e de olhar para além deles. Cabe a mim encontrar uma nova percepção a partir do Guia que Tu me deste e, a partir das lições d'Ele, ultrapassar a percepção e voltar à verdade. Peço a ilusão que transcende todas as que inventei. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de Cristo e me ensinam que aquilo para que olho me pertence, que não existe nada a não ser Teu Filho santo.

2. Hoje, de fato, nossa visão é abençoada. Compartilhamos uma só visão, quando olhamos para a face d'Aquele Cujo Ser é o nosso. Somos um por causa d'Ele Que é o Filho de Deus, d'Ele Que é nossa própria Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Para estender e ampliar o alcance da reflexão da ideia para as práticas deste domingo, 26 de setembro, em lugar de um comentário feito por mim, vou dividir com vocês um pequeno capítulo daquele livro "Christ in You" de que já lhes falei aqui. Aliás, cada um dos capítulos do livro é uma lição também. E esta, em particular, acredito, pode ser de grande auxílio para aprendermos a mudar a percepção. Ela fala dos processos que nosso pensamentos desencadeiam, o que nos permite aprender que é preciso que prestemos mais atenção a eles, se de fato quisermos aprender a olhar e a ver em todos a face de Cristo.

A lição/capítulo se intitula A vontade de Deus e diz o seguinte:

"Quanto tempo demora para entendermos a vontade de Deus!

Com frequência usas a expressão: "eu me decidi". Esta expressão tem um significado muito forte, se parares para refletir a respeito dela, pois naquele processo mesmo começas a trazer para a manifestação o desejo da mente. Desta forma dizes: "Percebo uma condição errada em minha mente, em minha mentalidade, em minhas circunstâncias; vou me decidir que isto desapareça". Mentalmente pões em movimento as forças visíveis e invisíveis do universo para realizar tua vontade.

Vês, é impossível viver de forma desatenta ou leviana no plano espiritual e estas lições seriam inúteis para qualquer um que não tenha despertado para a verdadeira consciência espiritual, a consciência da humanidade divina, o Eu Sou. De que forma a vontade de Deus pode se exprimir a não ser pela vida, pela humanidade nos corações e mentes de seres que existem n'Ele Mesmo? Sabe, portanto, que a vontade de Deus opera em ti mesmo.

Como é, então, que as coisas que queremos e desejamos não vêm a nós, podes perguntar.

Porque no mais fundo em todos os teus desejos, pensamentos e propósitos existe, por assim dizer, uma propensão oculta, o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo, e aquilo que tu mais desejas verdadeiramente está sempre na raiz de todas as tuas impressões passageiras e humores do momento. Não sentes muitas vezes que a própria coisa que desejas não é para teu bem permanente? Bem, essa mesma ideia vaga, essa leve sugestão, é do teu Ser que está fazendo tua vida. Dentro de ti mesmo, tu conheces a verdadeira qualidade, as experiências verdadeiras melhor indicadas para teu bem mais elevado. Quando fazes uso integral desta sugestão sutil por detrás de todo o teu sistema de pensamento, tu estás em unidade com a vontade de Deus, que é tua própria vontade. Esta é a voz do espírito, presta atenção a seus sussurros. Não peques contra o Espírito Santo, ou perderás teus olhos e teus ouvidos e te tornarás cego e surdo*.

No plano dos sentidos isto é mais desastroso, porque tu estás exatamente aonde estás para cumprir a vontade de Deus. Ela é tua comida e bebida. Esta voz interior é tão delicada e tão sutil que tens de permanecer bem tranquilo e humilde, se quiseres ouví-la. Deixa que Jesus fale contigo mais e mais, lê os Evangelhos até seres guiado mais e mais na direção de eliminar o véu que te esconde de teu Ser verdadeiro. Eu só respondi a tua pergunta, mas espero falar contigo de novo a respeito deste assunto.

Paz, Graça Celestial. Deus vive em ti, Ele é tua vida."

*Uma observação apenas em relação a esta frase. Este texto foi publicado pela primeira vez em 1910. Em meu modo de ver, de acordo com o ensinamento do UCEM, "pecar contra o Espírito Santo" significa apenas o que fazemos diariamente ao não dar ouvidos a esta voz interior em nós mesmos, o que traz como resultado toda a insatisfação que vemos no mundo, a partir de nossa própria insatisfação, por estarmos a maior parte do tempo em transe, isto é, cegos e surdos.



sábado, 25 de setembro de 2010

Abrindo mão das tentativas de controle

LIÇÃO 268

Que todas as coisas sejam exatamente como são.

1. Que eu não seja Teu crítico hoje, Senhor, e julgue contra Tí*. Que eu não tente me intrometer em Tua criação para distorcê-la em formas doentias. Que eu me disponha a retirar meus desejos de sua unidade e a permitir, deste modo, que ela seja tal qual Tu a criaste. Pois assim serei capaz de reconhecer meu Ser da forma que Tu me criaste. Fui criado no amor e permanecerei para sempre no amor. O que pode me assustar, se eu permitir que todas as coisas sejam exatamente como são?

2. Que nossa visão não seja blasfema hoje e que nossos ouvidos também não deem atenção a línguas mentirosas. Só a realidade está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isto que buscamos hoje.

*Nota da tradução: No original esta primeira frase diz: Let me not be Your critic, Lord, today, and judge against You. Na tradução de Lillian Paes a frase ficou assim: Senhor, que eu não seja o Teu crítico, hoje, e nem julgue contra Ti. Apesar de não haver especificamente um elemento indicador do que a levou a incluir a partícula "nem" em sua tradução, pode-se pensar que a inferência foi um elemento oculto que deveria/poderia aparecer subentendido após a terceira vírgula do original, que deixaria a frase com a seguinte forma: Let me not be Your critic, Lord, today, and [let me not] judge against You. Em meu modo de ver, minha tradução abole este elemento subentendido sem prejudicar o entendimento do sentido da frase original, porque se eu me colocar na condição de crítico do Senhor, é forçoso que eu julgue contra Ele, que é o que não quero fazer, de acordo com a primeira parte da frase. Ora, se na primeira parte da oração eu peço para não ser crítico, o fato de a segunda obedecer à lógica que resultaria do fato de eu ser um crítico, que seria julgar contra o Senhor, não impede o leitor de perceber que, apesar de a frase dizer "e julgue contra Ti", no final o sentido é o de que da mesma forma que não quero ser crítico, não quero julgar. Alguém quer fazer alguma observação a respeito? 

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COMENTÁRIO:

Eis aqui, na ideia que praticamos neste sábado, 25 de setembro, às claras a fórmula para se viver neste mundo, sem dor, sem perda, em segurança e em paz: abrir mão de querer exercer algum controle sobre as coisas.

Uma lição anterior, da primeira parte do livro de exercícios, já nos ensinava a dar tal passo: Libero o mundo de tudo o que pensava que ele fosse [Lição 132].

Aprendemos?

Enquanto, escorados na pretensa força e no pretenso conhecimento do ego, acreditarmos que podemos, de algum modo, ter controle sobre qualquer coisa que não apenas sobre nossos próprios pensamentos vamos continuar a viver no auto-engano. Aliás, também é auto-engano acreditar que não podemos controlar nossos pensamentos.

Se pensarmos bem, se prestarmos bastante atenção e olharmos de forma amorosa e desprovidad de julgamento ou preconceito para tudo o que vemos no mundo, há alguma coisa que acreditamos poder mudar e fazer melhor?

Quem assistiu ao filme "O Efeito Borboleta" [o primeiro] há de se lembrar de que qualquer mudança que o protagonista introduzia em uma experiência que ele julgava ser necessário mudar gerava um resultado inimaginável e muitas vezes "pior" do que aquele da situação que ele tentava modificar.

Imagino que, com certeza, se estivermos atentos, despertos, isto se aplica a tudo na vida. Um exemplo pode ser o da pupa presa no casulo aguardando o instante para rompê-lo e se transformar em uma linda borboleta. Se resolvêssemos ajudá-la, poupar-lhe o esforço aparentemente grande para um ser tão frágil e pequeno, qual seria o resultado? O que já sabemos. A ausência do esforço que só cabe a ela fazer só iria revelar uma borboleta sem forças para voar.

Há uma lição, a 21, entre outras, que também nos ensina o que fazer quando, por qualquer razão, não vemos só "a bondade da criação" em tudo o que vemos. Ela diz: Estou decidido a ver as coisas de modo diferente. Ou ainda a lição 28: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente. Porque, na verdade, ainda não vemos, cegos por todos os preconceitos que atulham nossas cabeças.

Para o ensinamento do UCEM, mais do que olhar com os olhos do corpo e depositar sobre o objeto que nosso olhar capta o reflexo de nosso pensamentos passados a respeito dele,  ver é comungar, é alcançar a comunicação perfeita com o objeto visto, sem separação, alcançar a unidade com ele e com Deus, sendo também o objeto. Pois para Deus todas as coisas são neutras e todas desempenham uma função igualmente importante para a realização de Seu plano para a salvação do mundo, o único que funcionará, para nos lembrarmos de outra das lições da primeira parte do livro.

Quando aprendermos a abrir mão de quaisquer tentativas de controlar qualquer coisa, entenderemos a orientação do divino em nós mesmos que nos diz: "Deixa que o espírito tome conta de tudo".

É isto que praticamos hoje.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Não somos vítimas do mundo que vemos

LIÇÃO 267

Meu coração está batendo na paz de Deus.

1. Toda a vida que Deus criou em Seu Amor está a minha volta. Ela me chama em cada batida do coração e em cada respiração. A paz enche meu coração e inunda meu corpo com o propósito do perdão. Minha mente está curada agora e tudo o que preciso para salvar o mundo me é dado. Cada batida do coração me traz paz; cada respiração me infunde força. Eu sou um mensageiro de Deus, guiado por Sua Voz, animado por Ele no amor e mantido sereno e em paz para sempre em Seus Braços amorosos. Cada batida do coração chama Seu Nome e cada uma recebe a resposta de Sua Voz, que me assegura que n'Ele estou em casa.

2. Que eu ouça a Tua Resposta, não a minha. Pai, meu coração está batendo na paz que o Coração do Amor criou. É lá, e só lá, que posso estar em casa.

*

COMENTÁRIO:

A descoberta de que existe apenas um lugar em que podemos desfrutar da paz e da alegria completas, que são a Vontade de Deus para nós, envolve algum esforço inicial. Mas envolve principalmente a necessidade de nos decidirmos a experimentá-la de forma mais frequente e duradoura, mesmo aqui neste mundo.

Se vocês estão atentos, hão de lembrar que a lição 253 diz ser impossível que alguma coisa se apresente a nossa experiência sem ter sido solicitada por nós mesmos. E mais: diz que [tudo] o que acontece é [sempre] o que queremos que aconteça, em qualquer circunstância. E ainda que o que não acontece deixa de acontecer porque não queremos que aconteça. E diz de modo categórico que "mesmo neste mundo" das ilusões e aparências somos nós que governamos nosso destino.

Uma lição mais antiga diz que não somos vítimas do mundo que vemos. O que isso quer dizer? Exatamente a mesma coisa que diz a lição 253 com outras palavras. Isto é, nós escolhemos tudo aquilo que queremos experimentar. Somos cem por cento responsáveis por tudo o que nos acontece. E não só a nós mesmos, mas ao mundo inteiro.

A ideia para as práticas desta sexta-feira, dia 24 de setembro, nos oferece mais uma vez a oportunidade da tomada de decisão. Ela nos convida a irmos, dentro de nós mesmos, ao lugar em que Deus nos espera, para nos acolher e envolver em Seu abraço amoroso e pleno de paz.

É neste abraço amoroso e nesta paz que podemos experimentar a alegria perfeita e sentir o coração bater em total sintonia com "toda a vida que Deus criou em Seu Amor".

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Reconhecendo nossos "conselheiros visíveis"

LIÇÃO 266

Meu Ser sagrado vive em ti, Filho de Deus.

1. Pai, Tu me deste todos os Teus Filhos para serem meus salvadores, meus conselheiros visíveis; os portadores da Tua Voz santa para mim. Tu estás refletido neles e, neles, Cristo olha para mim desde o meu Ser. Que Teu Filho não se esqueça de Teu Nome santo. Que Teu Filho não se esqueça de sua Fonte santa. Que Teu Filho não se esqueça de que o Nome dele é o Teu.

2. Neste dia entramos no Paraíso, invocando o Nome de Deus e nosso próprio nome, reconhecendo nosso Ser em cada um de nós; unidos no Amor santo de Deus. Quantos salvadores Deus nos deu! Como podemos perde o caminho para Ele, quando Ele enche o mundo com aqueles que O indicam e nos dá a visão para olhar para eles?

*

COMENTÁRIO:

Não há nada a temer [Lição 48]. Nestes tempos aparentemente conturbados que vivemos, em que todos - ou a maioria deles - os veículos de comunicação escolheram nos contar quase que apenas aquelas notícias que confirmam a ideia de - e reforçam a crença na - separação, e nos aconselham a ter medo até do vizinho ao lado, precisamos recorrer com frequência a esta lição. Ela figura, em meu modo de ver, entre as mais importantes no que se diz respeito à meta da primeira parte do livro de exercícios: o desaprender daquilo que o mundo nos ensina.

Há uma espécie de sintonia - e não poderia ser diferente - entre a ideia da lição 48 e esta que praticamos nesta quinta, 23 de setembro. Pois, se prestamos atenção, perceberemos que, de fato, não há razão alguma para temermos nenhuma das pessoas que povoam este nosso mundo. A ideia de hoje nos ensina a olhar para todos como nossos salvadores. Todos têm a função de nossos "conselheiros visíveis". Seja qual for a forma com que se apresentam. Seja qual for a mensagem que nos trazem.

Se olharmos bem para cada uma das pessoas que se apresenta em nossa vida, seremos capazes de identificar nela o Filho de Deus, a menos que estejamos nos sentindo separados d'Ele, o que significa que não estamos experimentando o Ser em nós mesmos, que estamos distraídos de nós mesmos.

E, desculpem-me, mas não há como não voltar às falas de Riobaldo. Ouçam o que ele diz:

"Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade."

Não é mesmo o caso de se praticar com mais afinco? 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Redescobrir a inocência do Filho de Deus

LIÇÃO 265

A bondade da criação é tudo o que vejo.

1. Certamente eu compreendo mal o mundo, porque depositei meus pecados sobre ele e os vi olhando de volta para mim. Quão ameaçadores pareciam! E como me enganei ao pensar que aquilo que eu temia estivesse no mundo e não apenas em minha mente. Hoje vejo o mundo na bondade celestial com a qual a criação resplandece. Não há nenhum medo nele. Que nenhuma manifestação de meus pecados esconda a luz do Céu, que brilha sobre o mundo. O que se reflete aí está na Mente de Deus. As imagens que vejo refletem meus pensamentos. No entanto, minha mente está em unidade com A de Deus. E, por isso, posso perceber a bondade da criação.

2. Em paz, quero olhar para o mundo que só reflete Teus Pensamentos e também os meus. Que eu me lembre de que eles são os mesmos e verei a bondade da criação.

*

COMENTÁRIO:

Precisamos aprender a agradecer por tudo o que nos acontece o tempo todo. É preciso que nos apressemos a dar graças por quaisquer pequenos [ou grandes] obstáculos que se apresentarem em nossos caminhos, por menores e por mais insignificantes que pareçam.

Certamente vocês hão de se perguntar: "por quê"? E eu lhes digo, como o Curso aconselha, que a melhor pergunta é sempre "para quê"? Uma pergunta que devemos nos fazer sempre que alguma coisa, pessoa ou situação aparentemente indesejável se apresenta em nossa experiência.

Rubem Alves, se não me engano, disse certa vez em uma de suas crônicas, que a pergunta "por quê?" impede e limita as possibilidades de diálogo, uma vez que, muitas vezes, não há como explicar por que as coisas são o que são ou se apresentam da forma com que se apresentam.

Já o "para quê?", que o Curso aconselha, pode, no mínimo, nos levar a investigar as razões pelas quais a experiência se apresenta da forma como veio. Pode nos levar a investigar a causa que deu origem ao efeito que percebemos. Pode fazer com que nos perguntemos em que momento pedimos tal resultado e de que maneira o fizemos.

Muitas vezes, e aqui me lembro do pergunta da Marília acerca da "bondade", temos dificuldade em interpretar como "bondade" alguma situação com a qual temos de lidar. Ou mesmo alguma notícia que ouvimos e que, aparentemente, nos informa acerca do "pior dos mundos".

É aí que entra a necessidade do agradecimento por aquele fato pretensamente "ruim". Pois graças a ele podemos perceber o quanto ainda precisamos aprender a respeito de nosso modo de olhar para o mundo, e para tudo o que há nele.

Se mantivermos em mente a ideia de que "todas as coisas cooperam para o bem", não há de ser muito difícil reformular nosso modo de perceber quaisquer manifestações aparentemente desagradáveis na vida, entendendo que elas apenas nos informam da necessidade de olharmos de maneira diferente.

A ideia que praticamos nesta quarta, 22 de setembro, é certamente uma lição a respeito do que somos na verdade. Pois, se e quando aprendermos a olhar para a criação, e para todas as suas manifestações, e a só ver nela a bondade, teremos re-descoberto a inocência do Filho de Deus em nós.

O mundo que veremos, então, será apenas o reflexo dos pensamentos que temos na unidade com Deus e refletirá tão-somente os Pensamentos d'Ele, que são os mesmos que os nossos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma prática para iluminar as escolhas

LIÇÃO 264

O Amor de Deus me envolve.

1. Pai, Tu estás na minha frente e atrás de mim, ao meu lado, no lugar em que me vejo e em todos os lugares aonde vou. Tu estás em todas as coisas que vejo, em todos os sons que ouço e em cada mão que busca alcançar a minha. O tempo desaparece em Ti e o espaço se torna uma crença sem sentido. Pois o que envolve Teu Filho e o conserva em segurança é o Próprio Amor. Não existe nenhuma Fonte a não ser esta e não existe nada que não compartilhe a santidade dela; nada que fique fora do alcance de Tua criação única ou sem o Amor que contém todas as coisas em si mesmo. Pai, Teu Filho é igual a Ti mesmo. Hoje, vimos a Ti em Teu Próprio Nome para ficar em paz no Teu Amor eterno.

2. Meus irmãos, juntem-se a mim hoje. Esta é a prece da salvação. Não temos de nos unir naquilo que salvará o mundo junto conosco?

*

COMENTÁRIO:

É quase sempre por uma razão muitas vezes inexplicável que as pessoas, as situações e experiências se apresentam em nossa caminhada.

Em geral, poucos de nós são aqueles que conseguem explicar ou perceber as experiências que se apresentam em suas vidas como resultado de escolhas conscientes. E muitos se recusam a acreditar que podem ter feito alguma escolha de forma inconsciente. Afinal, acreditam serem donos de seus caminhos. São. Mas se esquecem de que há na vida muito mais do que sonha "nossa vã filosofia".

Por exemplo, num momento qualquer, em função de termos experimentado uma dor muito forte, seja ela física, seja psicológica, escolhemos não sentir mais tanta dor. Escolhemos, a partir daquele momento, não viver mais nenhuma emoção ou situação que traga tal dor como resultado.

E a vida continua. Não nos damos conta de que nossa decisão - se, de fato, foi uma decisão que tomamos estando presentes por inteiro na experiência - repercutiu no universo inteiro e vai possibilitar que nossa vida verdadeiramente não nos apresente mais nenhuma experiência como aquela.

No entanto, se nossa decisão foi uma decisão momentânea e sem compromisso consciente, tomada sem que nos acreditássemos efetivamente capazes de tomá-la ou, ainda, sem acreditar que nossa decisão pode fazer a diferença, então, a possibilidade da dúvida permanece e teremos, de modo inconsciente, deixado adormecido o medo de que tal dor venha a se repetir. Basta, para tanto, que algumas condições experimentadas anteriormente se mostrem similares àquela em que a experiência se deu para que o temor nos assalte e se prepare o terreno para a repetição daquela experiência, ou outra muito parecida, que não desejávamos viver novamente.

A ideia para as práticas desta terça-feira, dia 21 de setembro, pode trazer luz a nossas vidas, a nossas escolhas. Ou podemos continuar a acreditar que alguma coisa diferente da alegria e da paz perfeitas pode se apresentar a nós, quando temos certeza de que o Amor de Deus nos envolve?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"E daí?"

LIÇÃO 263

Minha visão sagrada vê todas as coisas como puras.

1. Pai, Tua Mente criou tudo o que existe, Teu Espírito penetrou em tudo, Teu Amor deu vida a tudo. E eu olharia para aquilo que Tu criaste como se ele pudesse se tornar pecaminoso? Eu não quero perceber tais imagens sombrias e ameaçadoras. Dificilmente o sonho de um louco serve para ser minha escolha, em lugar de toda a beleza com a qual Tu abençoaste a criação; toda sua pureza, sua alegria e sua morada eterna em Ti.

2. E, enquanto ainda permanecemos do lado de fora do portão do Céu, olhemos para tudo o que vemos pela visão sagrada e com os olhos de Cristo. Que todas as manifestações pareçam puras para nós, para podermos ir além delas na inocência e caminhar juntos na direção da casa de nosso Pai como irmãos e como os Filhos santos de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Vocês alguma vez já pararam para pensar que, na ilusão da forma e dos sentidos, na percepção, "... estamos nos movendo [permanente e constantemente] sem sentir"? Que "além da rotação diária da Terra e de sua revolução anual em torno do Sol, somos passageiros do Sistema Solar, que gira numa órbita não-especificada pela Via-Láctea, a qual, de seu lado, avança não se sabe para onde universo afora" [conforme Lawrence E. Joseph]?

Rivaldo, meu amigo, meu irmão internético, diria: E daí?

Daí, eu diria, como já disse aqui antes, que damos demasiada importância a nossos dramas pessoais, aparentemente "particulares", distraindo-nos, a maior parte do tempo, de nós mesmos e daquilo que é verdadeiramente essencial a nossas vidas. Melhor dizendo, distraindo-nos da vida em si mesma. Inconscientes. Em um transe hipnótico sob a influência das ilusões do ego, avançamos "não se sabe para onde universo afora".

Vivemos, pois, em geral, olhando para o mundo, e para as coisas do mundo, como se precisássemos "ganhar todo o mundo", mesmo à custa de perder a alma. "O Espírito Santo te ensina que não podes perder a tua alma e que não há ganho no mundo, pois em si mesmo não há nada que seja proveitoso no mundo" [T-12.VI.1:2].

Para o ensinamento do Curso que buscamos aprender, a única coisa de valor que existe no mundo são aquelas partes que olhamos com amor. É isto que as práticas da ideia da lição desta segunda-feira, dia 20 de setembro, nos convida a fazer. Olhar para o mundo e para tudo o que aparentemente existe nele com amor. Só isto pode dar ao mundo o valor "e a realidade que ele alguma vez terá". Pois o valor do mundo não está no mundo em si mesmo, mas nosso valor está em nós mesmos. E, como "a valorização do ser vem da extensão do ser, ... a percepção do valor do ser [também] vem da extensão dos pensamentos amorosos para aquilo que está fora" [T-12.VI.3:5].

Por isso, é importante a busca do auto-conhecimento, aprender a "olhar para dentro", pois o que fazemos aqui é "empreender uma jornada", uma vez que não estamos em casa neste mundo. E nossa jornada tem por fim buscar nosso lar, "reconhecendo ou não onde ele está". Se acreditarmos que ele está fora de nós, a busca será inútil pois buscaremos aonde ele não está. E esqueceremos de "olhar para dentro", pois não acreditamos que lá é nosso lar.

O Curso diz, porém: "Não podes ver o invisível. Entretanto, se vires os seus efeitos, saberás que ele tem de estar aí. Percebendo o que ele faz, reconheces sua realidade. E por aquilo que ele faz, aprendes o que ele é" [T-12.VII.2:2-5].

Assim, a partir das práticas podemos até re-criar em nós a consciência de que a verdade acerca de nós pode ser que, diferentemente, das perguntas iniciais deste comentário, a Via-Láctea de nossa consciência, em nossa jornada [no universo interior], avança na direção de nós mesmos, com todos os passageiros do Sistema Solar girando em uma órbita não-especificada, enquanto nos movemos e fazemos a Terra girar em sua rotação diária e em sua revolução anual em torno do Sol.

Ou podemos escolher também continuar acreditando que existe alguma coisa fora de nós mesmos.

E daí?

domingo, 19 de setembro de 2010

Lá onde a paz pode ser encontrada

LIÇÃO 262

Que eu não perceba nenhuma diferença hoje.

1. Pai, Tu tens um único Filho. E é para ele que quero olhar hoje. Ele é Tua única criação. Por que eu deveria perceber mil formas naquilo que continua a ser único? Por que eu deveria dar a este único mil nomes quando um só basta? Pois Teu Filho tem de levar Teu Nome, porque Tu o criaste. Que eu não o veja como um estranho para Seu Pai, nem como um estranho para mim. Pois ele é parte de mim e eu dele, e nós, eternamente unidos em Teu Amor, somos parte de Ti Que és nossa Fonte; somos o Filho santo de Deus eternamente.

2. Nós, que somos um só, queremos reconhecer a verdade acerca de nós mesmos neste dia. Queremos ir para casa e descansar na unidade. Pois a paz está lá e não pode ser buscada e encontrada em nenhum outro lugar.

*

COMENTÁRIO:

Desculpem-me os que estiverem cansados de minhas citações do jagunço Riobaldo. O que acontece é que estou utilizando, para as postagens destas lições, além do original em inglês, as revisões da tradução que fiz em 2008 e, neste período, no ano em questão, eu estava lendo o Grande Sertão: Veredas. Como de hábito, fiz muitas anotações de trechos que julgo serem afins ao ensinamento do Curso. Anotações estas que saltam das páginas do caderno que utilizei na ocasião. 

Prometo-lhes, porém, a partir de hoje, que vou restringir as aparições do Riobaldo. Todavia, para que ampliemos o alcance das práticas da ideia para este domingo, dia 19 de setembro, há uma fala do jagunço que acho interessante dividir com vocês. É quando, a certa altura, ele diz:

"Eu queria decifrar as coisas que são importantes... Queria entender do medo e da coragem, e da gã que empurra a gente para fazer tantos atos, dar corpo ao suceder. O que induz a gente para más ações estranhas, é que a gente está pertinho do que é nosso, por direito, e não sabe, não sabe, não sabe!"

Pois é isto. Enquanto percebermos diferenças, a partir da crença na separação, por maior que seja nossa proximidade daquilo que "é nosso, por direito", não teremos como sabê-lo.

É para aprendermos a reconhecer a unidade, a reconhecer o Filho de Deus em todos e em cada um daqueles que cruzam nossos caminhos que nossas práticas se destinam. E para reconhecermos a nós mesmos e a Deus neles.

Reconhecido isto, conheceremos "a verdade acerca de nós mesmos", voltaremos para casa e descansaremos na unidade, lá e apenas lá onde a paz pode ser encontrada.


sábado, 18 de setembro de 2010

Quem quer ficar a salvo do amor?

5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

*

LIÇÃO 261

Deus é meu abrigo e minha proteção.

1. Eu me identificarei com aquilo que penso ser abrigo e proteção. Eu me verei aonde percebo minha força, e penso viver no interior da fortaleza na qual estou seguro e não posso ser atacado. Que hoje eu não busque proteção no perigo e nem tente achar minha paz no ataque assassino. Vivo em Deus. Encontro n'Ele meu abrigo e minha força. Minha Identidade está n'Ele. A paz duradoura está n'Ele. E só n'Ele me lembrarei de Quem sou verdadeiramente.

2. Que eu não busque ídolos. Hoje quero voltar para Ti, meu Pai. Decido ser como Tu me criaste e achar o Filho a quem Tu criaste como meu Ser.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, 18 de setembro, recebemos a quinta das instruções particulares de que falava o Curso na introdução a esta segunda parte do Livro de Exercícios. O tema que vai orientar nossas práticas pelos próximos dez dias é, pois, O que é o corpo?

Vamos buscar aprender - e aprenderemos - de que forma transformar o corpo, criado para ser o símbolo de nossa separação de Deus - que nunca aconteceu -, no meio para voltar à sanidade e à consciência de que ainda somos como Deus nos criou e vivemos na unidade com Ele.

Ao percebermos o corpo como apenas um veículo que pode nos auxiliar a alcançar a comunicação perfeita com nossos irmãos, com nós mesmos e com toda a criação, como uma extensão amorosa do Pensamento de Deus, devolvemos a ele a condição de sagrado. E ele volta a ser um meio para curar a mente.

A primeira das ideias que praticamos neste período serve também para reforçar nossa condição de Filhos de Deus. Ela nos ajuda a identificar e a encontrar nosso verdadeiro abrigo, nossa verdadeira proteção.

Na verdade, desidentificando-nos do corpo, aprendemos a certeza de que só em Deus podemos encontrar abrigo, proteção, força, paz duradoura, amor infinito e Identidade.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Para o Ser nada é misterioso ou desconhecido

LIÇÃO 260

Que eu me lembre de que Deus me criou.

1. Pai, eu não fiz a mim mesmo, embora em minha loucura tenha pensado que sim. Entretanto, como Pensamento Teu, não deixei minha Fonte, e continuo a ser parte d'Aquele Que me criou. Teu Filho, meu Pai, chama por Ti hoje. Permite quer eu me lembre de que Tu me criaste. Permite que eu me lembre de minha Identidade. E permite que minha inocência se eleve novamente diante da visão de Cristo, por meio da qual quero olhar para meus irmãos e para mim mesmo hoje.

2. Agora nossa Fonte é lembrada e, Nela, enfim, encontramos nossa verdadeira Identidade. Somos santos, de fato, porque nossa Fonte não pode conhecer nenhum pecado. E nós, que somos Filhos d'Ele, somos iguais uns aos outros e semelhantes a Ele.

*

COMENTÁRIO:

Mais um dos comentários de Riobaldo, o jagunço do Grande Sertão: Veredas:

"Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto. As pessoas, e as coisas, não são de verdade. E de que é que, a miúde, a gente adverte incertas saudades?"

E, agora, mais um trecho do primeiro livro da trilogia Conversando com Deus:

"A vida não é uma escola... Por que estamos aqui? Para lembrar e recriar Quem Somos. A vida [esta vida ilusória do mundo dos sentidos] é uma oportunidade para sabermos experimentalmente aquilo que já sabemos conceitualmente. Não precisamos aprender nada para fazer isso. Basta lembrar do que já sabemos e agir de acordo com este conhecimento. Nossa alma [o Ser, o divino em nós] sabe tudo o que há para saber o tempo todo. Nada é misterioso ou desconhecido para ela. Contudo, saber não é suficiente para a alma. Ela quer experimentar."

Não lhes parece estes dois trechos de livros de autores diferentes e com experiências e vidas tão distintas refletem a mesma busca a que a prática da ideia desta sexta, dia 17 de setembro, nos convida?

Para terminar, a letra de uma música de Renato Teixeira, à qual já me referi aqui outras vezes:

"O maior mistério é ver mistérios.
Ai de mim, senhora natureza humana.
Olhar as coisas como são, quem dera,
E apreciar o simples que de tudo emana.
Nem tanto pelo encanto da palavra,
Mais pela beleza de se ter a fala."

Boas práticas a todos.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Uma viagem ao interior de nós mesmos

LIÇÃO 259

Que eu me lembre de que não existe pecado.

1. O pecado é o único pensamento que faz parecer inatingível a meta de Deus. O que mais poderia nos cegar para o óbvio e fazer o estranho e o tortuoso parecerem mais claros? O que além do pecado gera nossos ataques? O que mais a não ser o pecado poderia ser a fonte da culpa que exige castigo e sofrimento? E o que, exceto o pecado, poderia ser  a fonte do medo, que esconde a criação de Deus; e dá ao amor as características do medo do ataque?

2. Pai, hoje não quero ser louco. Não quero ter medo do amor nem buscar abrigo no oposto dele. Pois o amor não pode ter nenhum oposto. Tu és a Fonte de tudo o que existe. E todas as coisas que existem permancem Contigo, e Tu com elas.

*

COMENTÁRIO:

Ah, tivéssemos a sabedoria simples do jagunço Riobaldo, ou aprendêssemos com ela a pôr nossa atenção a tudo conforme ele nos diz logo no início do Grande Sertão: Veredas:

"Ah, tem uma repetição, que sempre outras vezes em minha vida acontece. Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo! - só estava entretido na ideia dos lugares de saída e de chegada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?"

E um pouco mais adiante:

"A gente vive repetido, o repetido, e, escorregável, num mim minuto, já está empurrado noutro galho... Um está sempre no escuro, só no último minuto é que clareiam a sala. Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia."

Isto não lhes traz à mente a ideia de que, em geral, vivemos distraídos de nós mesmos e distraídos da vida? Ou como disse John Lennon: "A vida é aquilo que te acontece, enquanto estás preocupado pensando outras coisas". Ou não lhes soa como aquilo que o Curso diz? Que o ego não nos deixa viver o presente [a travessia], mas nos coloca com um pé no passado [a saída] - para lamentar as coisas ruins ou para recordar as boas - e outro no futuro [a chegada] - na antecipação do que há de vir: será bom?, será ruim? - sempre com medo do que possa acontecer?

No entanto, a meta que queremos, de fato, alcançar é possível, conforme comentamos ontem, basta que demos um passo por vez, com toda a atenção voltada para aquele passo particular [presente], conscientes de nós mesmos e do que buscamos, e fazendo o mesmo com todos os passos seguintes. Se vamos ou podemos nos distrair? Sem dúvida. Mas isto não é nem nunca deve ser motivo para desistir de caminhar.

Ou vocês não se lembram de que, como se diz normalmente, uma vez definido o objetivo, metade do caminho já foi percorrida? É isto que buscamos fazer com as práticas desta quinta, dia 16 de setembro: encurtar a distância que "aparentemente" nos separa de nossa meta. Aliás, de acordo com o Curso, esta é "uma jornada sem distância", uma vez que a viagem só se dá no interior de nós mesmos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"Alcançar Deus é a coisa mais natural no mundo."

LIÇÃO 258

Que eu me lembre de que minha meta é Deus.

1. Tudo o que precisamos é treinar nossas mentes para não verem todos os objetivos mesquinhos e insignificantes e para lembrarem que nossa meta é Deus. A lembrança d'Ele está escondida em nossas mentes, oculta apenas por nossos objetívos mesquinhos e inúteis, que não oferecem nada e que não existem. Devemos continuar a permitir que a graça de Deus brilhe na inconsciência, enquanto buscamos as bugigangas e ninharias eo mundo em seu lugar? Deus é nossa única meta, nosso único Amor. Não temos nenhum objetivo a não ser lembrar d'Ele.

2. Nossa meta é apenas seguir nos caminho que conduz a Ti. Não temos nenhuma meta a não ser esta. O que poderíamos querer senão lembrar de Ti? O que poderíamos buscar a não ser nossa Identidade?

*

COMENTÁRIO:

Vocês ainda estão lembrados de que a nova instrução, para as práticas diárias deste período, pede que demos, ao menos, uma passada de olhos no tema central que unífica as lições que praticamos [O que é o pecado?] antes do trabalho com a ideia de cada dia, não?

Bem a propósito da ideia de hoje vem uma das falas do jagunço Riobaldo, no romance Grande Sertão: Veredas, em que ele diz:

"... Moço! Deus é paciência. O contrário, é o diabo. Se gasteja. O senhor rela faca em faca - e afia - que se raspam. Até as pedras do fundo, uma dá na outra, vão-se arredondinhando lisas, que o riachinho rola. Por enquanto, que eu penso, tudo quanto há neste mundo é porque se merece e carece. Antesmente preciso. Deus não se comparece com refe, não arrocha o regulamento. Pra que? Deixa: bobo com bobo - um dia algum estala e aprende: esperta. Só que, às vezes, por mais auxiliar, Deus espalha, no meio, um pingado de pimenta..."

Não lhes parece, pois, uma loucura [um pecado?] escolhermos permanecer inconscientes da perfeição, da beleza, do amor e da alegria subjacentes às formas todas que criamos em nossa ilusão de onipotência egóica?

Será que, lembrando-nos do comentário feito à lição de segunda, não está na hora de refletirmos a respeito do que é a maioria de nossas ideias? Serão elas única e inteiramente o resultado do pensamento divino? [Lembram da lição 45?  lá no início do livro de exercícios: Deus é a mente com a qual eu penso.] Ou ainda estamos, cegos pelos sentidos, reforçando a crença em uma separação que não existe e buscando metas que não podemos alcançar nunca?

Na verdade, alcançar a meta que a lição nos propõe não é difícil, se pensarmos no que o próprio Curso nos diz na lição 41: Deus vai comigo aonde eu for. Lá aprendemos que: "É bem possível alcançar Deus. De fato, é muito fácil, porque é a coisa mais natural no mundo. Poderias até dizer que é a única coisa natural no mundo. O caminho se abrirá, se acreditares que é possível".

Acreditamos?

Para não estender demais este comentário, quero lhes pedir para lembrarem daquilo que praticamos em uma lição bem recente, a de número 253, que nos assegura que: "Mesmo neste mundo, sou eu que governo meu destino. Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é aquilo que eu não quero que aconteça".

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"As pessoas não estão sempre iguais." (JGR)

LIÇÃO 257

Que eu me lembre de qual é meu propósito.

1. Se eu esquecer de minha meta só posso ficar confuso, inseguro do que sou e, deste modo, incoerente em minhas ações. Ninguém pode servir a metas contraditórias e servir bem a elas. E não pode servir sem uma angústia profunda e sem uma depressão muito grande. Por isso, vamos nos decidir a lembrar daquilo que queremos hoje, a fim de podermos unificar nossos pensamentos e ações de forma coerente para realizar apenas aquilo que Deus quer que realizemos neste dia.

2. Pai, o perdão é o meio escolhido por Ti para a nossa salvação. Permite que não nos esqueçamos hoje de que não podemos ter nenhuma vontade a não ser a Tua. E, por isso, nosso propósito também tem de ser o Teu, se quisermos alcançar a paz que Tu desejas para nós.

*

COMENTÁRIO:

Há um modo de olhar para o mundo e ver nele - para onde quer que olhemos - apenas a realização da Vontade de Deus de alegria e paz perfeitas em um momento qualquer ou em todos os momentos.

Há um modo de pensar a respeito do mundo, e de todas as coisas do mundo, que lhe dá uma coerência e um significado que a simples visão dos olhos do corpo não consegue apreender quando limitada pelo sistema de pensamento do ego.

Para se chegar a tal modo de ver e de pensar, é preciso ter-se em mente, a todo instante, que nunca reagimos às coisas do mundo, às pessoas ou situações, mas, sim, a nossa interpretação delas.

Ora, interpretar, sem uma visão integral, sem acesso a todos os dados e informações relativas à situação, pessoa ou coisa em questão, é apenas julgar de forma parcial. Não somos capazes de julgar, pois, na forma, a partir dos dados registrados pelos sentidos apenas e por impressões sujeitas à dúvida, e de informações incompletas, nosso julgamento está fadado ao erro.

Assim, um exemplo de uma visão mais coerente e revelador de nossa incapacidade de julgar talvez seja a do jagunço Riobaldo, do Grande Sertão: Veredas, quando diz: " o mais importante e bonito do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão".

Um tal  modo de ver poderá, quem sabe, nos fazer lembrar de qual é nosso propósito como convida a ideia para as práticas desta terça, dia 14 de setembro. 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Dá mais tempo ao silêncio."

LIÇÃO 256

Deus é a única meta que tenho hoje.

1. Aqui, o caminho para Deus passa pelo perdão. Não há nenhum outro caminho. Se o pecado não tivesse sido nutrido pela mente, que necessidade haveria de se encontrar o caminho para o lugar aonde estás? Quem ainda estaria inseguro? Quem poderia estar em dúvida acerca de quem é? E quem ainda continuaria adormecido em nuvens carregadas de dúvidas acerca da santidade daquele a quem Deus criou inocente? Aqui só podemos sonhar. Mas podemos sonhar que perdoamos aquele em quem todo pecado permanece impossível, e é isto que escolhemos sonhar hoje. Deus é nossa meta; o perdão é o meio pelo qual nossas mentes voltam, enfim, a Ele.

2. E, por isto, Pai nosso, queremos vir a Ti pelo caminho que Tu designaste. Não temos nenhuma meta a não ser ouvir Tua Voz e achar o caminho que Tua Palavra sagrada indica para nós.

*

COMENTÁRIO:

Nesta segunda, dia 13 de setembro, a ideia para as práticas nos convida a assumir um compromisso, a tomar a decisão em favor da única meta que pode dar significado a nossa jornada. Pois a busca do auto-conhecimento, a direção a que o livro propõe nos guiar, não é nada mais nada menos do que a busca de conhecer Deus.

E isto tem a ver com algo que leio no livro Christ in You - Cristo em ti - de escritor anônimo, uma leitura a que me referi no sábado para a lição 254. Isto, a que me refiro, e que lhes ofereço em tradução hoje, é um pequeno trecho que busca levar à reflexão acerca do que é ideia.

Diz assim: "Primeiro, a mente eterna; em segundo lugar, o pensamento; em terceiro lugar e por último, o resultado de ambos é a ideia, aquilo que vai se tornar manifesto no plano externo da existência. (...)

"A ideia de Deus para teu mundo e para ti é a perfeição e nada menos. Há muitos que passam por tua terra ainda presos à ideia falsa de que matéria é substância, o resultado de longas eras de crença nos sentidos. Boas almas, muitas vezes profundamente respeitosas e nobres, eles ainda vivem no plano material; ele é real para eles. Eles gostam de ver seus pensamentos expressos no plano material. Isto é um obstáculo para eles, toda ignorância é, uma vez que não podem se abrir às experiências mais elevadas.

"Dá mais tempo ao silêncio, para que possas ter o reflexo de Deus no espelho de tua imaginação, para que tu, também, possas vir a ser a ideia de Deus, pois Ele disse: "Sede santos". O cultivo desta ideia se torna manifesto para nós. Enquanto esperas Deus um enorme trabalho interior avança e, mais tarde, ele produzirá frutos.

"Fecha as portas de teu quarto à sugestão dos sentidos de que a Ideia de Deus pode se manifestar no teu corpo, pois "quanto teus olhos forem bons, todo teu corpo será luminoso" (Lc. 11, 34). Uma corrente plena de vida abundante pulsa no coração que está em unidade com Deus. Este é o toque reparador, a corrente vital do universo não está mais separada, ela se alegra em se derramar pelos próprios canais que lhe foram dados por Deus".

domingo, 12 de setembro de 2010

Quem pode ter paz, se duvidar de Deus?

LIÇÃO 255

Escolho passar este dia na paz perfeita.

1. Não me parece que posso escolher ter apenas paz hoje. E, não obstante, meu Deus me garane que Seu Filho é como Ele Mesmo. Que neste dia eu tenha fé n'Aquele Que diz que sou o Filho de Deus. E permita que a paz que escolho para ser minha hoje testemunhe a verdade daquilo que Ele diz. O Filho de Deus não pode ter nenhuam preocupação e tem de permanecer na paz do Céu para sempre. Em Nome d'Ele dedico o dia de hoje a encontrar aquilo que meu Pai quer para mim, aceitando-o como meu e dando-o a todos os Filhos de meu Pai junto comigo.

2. E, por isto, meu Pai, quero passar este dia Contigo. Teu Filho não Te esqueceu. A paz que Tu deste a ele ainda está em sua mente, e é lá que eu escolho passar o dia de hoje.

*

COMENTÁRIO:

Para expandir um pouco mais os horizontes a que nos convida a ideia para as práticas deste domingo, dia 12 de setembro, podemos aprender a pensar em algumas das razões pelas quais não nos sentimos em paz, ou por que achamos que não podemos escolher a paz de Deus.

Em algum ponto do primeiro livro da trilogia Conversando com Deus, Neale Donald Walsch diz que uma das nossas grandes ilusões "é acreditar que existem dúvidas acerca do resultado da vida". E que foi "esta dúvida quanto ao resultado final da vida quem criou nosso maior inimigo, que é o medo".

Ele explica: "se duvidamos do resultado... temos de duvidar do Criador - temos de duvidar de Deus. E se duvidamos de Deus temos de viver com o medo e com a culpa toda a vida.

E mais: "se duvidamos das intenções de Deus - e da capacidade de Deus para produzir este resultado final - então como podemos relaxar alguma vez? Como podemos achar paz verdadeiramente em algum momento"?

Tomara possamos, com as práticas de hoje, compreender estas questões, respondê-las para nós mesmos e experimentar a paz de Deus, que traz sempre consigo a alegria perfeita da Vontade d'Ele para nós.

sábado, 11 de setembro de 2010

Para uma limpeza do corpo e da mente

LIÇÃO 254

Que todas as vozes que não A de Deus se calem em mim.

1. Pai, hoje quero ouvir só a Tua Voz. Quero vir a Ti no silêncio mais profundo para ouvir Tua Voz e receber Tua Palavra. Não tenho nenhuma prece a não ser esta: venho a Ti para Te pedir a verdade. E a verdade é só Tua Vontade, que quero compartilhar Contigo hoje.

2. Hoje não permitimos que nenhum pensamento do ego guie nossas palavras ou ações. Quando tais pensamentos surgirem, recuaremos suavemente e olharemos para eles e, em seguida, os abandonaremos. Não queremos o que eles trariam consigo. E, por isto, não escolhemos mantê-los. Eles estão em silêncio agora. E, no silêncio, abençoado por Seu Amor, Deus fala conosco e nos conta de nossa vontade, uma vez que escolhemos nos lembrar d'Ele.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 12 de setembro, a ideia que praticamos é poderosa. Com ela, decidimos ouvir somente a Voz de Deus. Nenhuma outra voz, nenhum outro pensamento pode nos desviar de nossa decisão. Vamos nos lembrar de que "tem de haver silêncio quando Deus fala". Ou não O ouviremos.

Como diz Susanna Tamaro, "a compreensão exige o silêncio". Precisamos fazer calar todas as vozes que passeiam por nossa mente, se quisermos ouvir o que Deus diz, se quisermos, de fato, compreender. É para isto que praticamos. É nesta direção que nossa lição de hoje nos conduz.

Uma prece [extraída e traduzida do livro Christ in You - O Cristo em Ti, de autor anônimo], que me parece em perfeita sintonia com a ideia que praticamos hoje, para iluminar nossa jornada:

"Esta noite, quando fores descansar, não permitas que os sentidos sugiram fraqueza ou cansaço; em lugar disto, deixa que tua camada espiritual dentro e fora te envolva e fortaleça, até ficares consciente da vitória espiritual antes de dormires. Teu corpo inteiro será renovado por este batismo santo e teu despertar pela manhã será um triunfo e uma alegria. O efeito disto é uma limpeza da mente e do corpo. Muito se faz durante as horas de sono e de escuridão. Rezamos para que tu possas verdadeiramente dizer: "Desperto ou dormindo, eu ainda estou Contigo." Pára de te preocupar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Aceitar o poder que nossa soberania dá

LIÇÃO 253

Meu Ser é o soberano do universo.

1. É impossível que qualquer coisa não solicitada por mim mesmo venha a mim. Mesmo neste mundo, sou eu que governo meu destino. Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é aquilo que eu não quero que aconteça. Tenho de aceitar isto. Pois deste modo sou levado, para além deste mundo, até minhas criações, filhas de minha vontade, no Céu, onde meu Ser sagrado habita com elas e com Aquele Que me criou.

2. Tu és o Ser a Quem criaste Filho, que cria como Tu Mesmo e que é Um Contigo. Meu Ser, que rege o universo, é apenas Tua Vontade em união perfeita com minha própria vontade, que só pode oferecer a aceitação alegre da Tua, para que ela possa se estender para Si Mesma.

*

COMENTÁRIO:

Uau!

Reforçando: "Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é aquilo que eu não quero que aconteça". Que lhes parecem estas duas afirmações? Não cabe uma investigação rápida a tudo o que experimentamos? E, se pensarmos bem, sendo o mais honestos possível, não estamos exatamente aonde queremos estar [ou no lugar em que pensamos merecer estar]? O que fazemos não é exatamente aquilo que queremos fazer [ou aquilo que acreditamos ser capazes de fazer]?

É isto que as práticas diárias propõem e é isto que a auto-investigação, a discriminação, como proposta por Ramana Maharshi, pode nos oferecer e é por isto que ela tem de continuar, mesmo que já tenhamos experimentado aquela corrente de consciência impessoal e "vibrante como a própria essência de um ser". Pois o ego, deixado a si mesmo, sem vigilância, há de tentar "estabelecer uma trégua com a corrente de consciência e, uma vez tolerada tal trégua, o poder do ego começará a crescer gradualmente e tentará restabelecer sua supremacia. [Por esta razão deve-se] levar a investigação até o fim. Quaisquer que sejam os estados, os poderes, quaisquer que sejam as percepções ou visões que possam vir, haverá sempre o problema daquele a quem vêm, enquanto não restar apenas o Si [o Ser]".

É esta investigação que praticamos ao aceitar este poder que a ideia da lição desta sexta, dia 10 de stembro nos traz. Pois, ainda segundo Maharshi, "na verdade, visões e poderes podem transformar-se em motivo de recreação, aprisionando a mente tão eficazmente como o apego ao poder físico ou ao prazer e induzindo-a a imaginar que foi metamorfoseada no Eu. E, assim como sucede aos poderes e prazeres terrenos, o desejo dessas coisas é mais lesivo do que a própria posse".

Por isso precisamos aprender a não confundir o Ser Divino em nós, a quem Deus dá todo o poder de agir sobre o universo inteiro, como o ego pretensamente onipotente, dando a este um poder sobre nós mesmos que ele não tem nem nunca terá.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Para se desprender de vinculações e apegos

LIÇÃO 252

O Filho de Deus é minha Identidade.

1. Meu Ser é mais santo do que todos os pensamentos de santidade que concebo agora. Seu cintilar e sua pureza perfeita são muito mais brilhantes do que qualquer luz para a qual já olhei. Seu amor é ilimitado e tem uma intensidade que abarca todas as coisas em si, na calma da certeza imperturbável. Sua força não vem dos impulsos apaixonadso que movem o mundo, mas do Amor infinito do Próprio Deus. Quão mais distante deste mundo meu Ser tem de estar e, não obstante, quão perto de mim e quão próximo de Deus.

2. Pai, Tu conheces minha Identidade verdadeira. Revela-A agora para mim que sou Teu Filho, para que eu possa despertar para a verdade em Ti e saber que o Céu me é devolvido.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 9 de setembro, vou estender o comentário feito à lição de ontem, em função de a ideia para as práticas de hoje buscar ser - ou ser -, de certa forma, uma tentativa de resposta à pergunta Quem sou eu?, para a qual, de acordo com Ramana Maharshi, não há resposta que o ego possa dar.

Em palavras, porém, para conceituar racional e intelectualmente o que sou, a ideia de que minha Identidade é a de Filho de Deus é a que mais se aproxima da resposta verdadeira, que há de surgir na meditação [ou nas práticas diárias] como um "despertar de uma corrente de consciência vibrante como a própria essência de um ser e, no entanto, impessoal".

É importante, contudo, ter em mente de forma clara que a ideia não é a coisa. Isto é, aquilo que somos, ou aquilo que o Filho de Deus é, nossa Identidade, o próprio Deus, é indizível, inominável. É! É uma experiência que podemos ter apenas sendo, sem tentar descrever, porque indescritível. Ou, como já comentamos antes, "tudo o que se pode dizer a respeito do Tao [ou de Deus] não é o Tao [ou Deus]".

Daí Maharshi dizer que a auto-investigação [o perguntar-se Quem sou eu?, ou a busca do auto-conhecimento do UCEM], tem de ser usada sempre para podermos aprender a nos desprendermos de vinculações e apegos, mesmo vivendo neste mundo. O que não significa dizer "que somente uma atitude desprendida basta, sem uma campanha planejada, pois o ego é sutil e tenaz e se refugiará até mesmo nas próprias ações destinadas a destruí-lo [lembram-se do efeito de se lutar contra alguma coisa?], vangloriando-se de humilhar-se ou gozando entregar-se à austeridade".

E mais, diz ele, "a auto-investigação na atividade diária, a perguntação de quem é aquele a quem os pensamentos ocorrem, é um poderoso plano de campanha. Talvez não pareça assim quando aplicada a um pensamento não-emocional, digamos a opinião de alguém a respeito de um livro ou filme; mas aplicada a um pensamento emocional tem tremenda potência e atinge as próprias raízes das paixões. Alguém foi magoado e se ressente disso... quem foi magoado ou está ressentido? Quem está satisfeito ou acabrunhado ou triunfante? Quando resvalamos para o devaneio ou visualizamos possíveis triunfos, o ego se estufa assim como se esvazia com a meditação [ou as práticas diárias]. Num tal momento requer-se força e vigilância para sacar da espada da vichara (discriminação)* e abrir caminho no emaranhado".

* A palavra "discriminação", na falta de outra melhor, traduz vichara, termo usado por Maharshi, que se refere à pergunta Quem sou eu? como forma de "discriminar", na auto-investigação, quem sente o quê, isto é, que permite questionar se, verdadeiramente, os fatos, situações e acontecimentos por que passamos no dia-a-dia estão sendo experimentados pela "consciência impessoal" ou por um "eu" que não tem consciência do que é.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A verdade que satisfaz todas as necessidades

4. O que é o pecado?

1. Pecado é insanidade. Ele é o meio pelo qual a mente é levada à loucura e busca deixar que ilusões tomem o lugar da verdade. E, por estar louca, a mente vê ilusões aonde a verdade deveria estar e aonde ele verdadeiramente está. O pecado deu olhos ao corpo, pois o que há para os inocentes quererem ver? Que necessidade eles têm da visão, da audição e do tato? O que querem ouvir ou tentar compreender? De qualquer modo, o que perceberiam? Perceber não é conhecer. E a verdade só pode se satisfazer com o conhecimento e nada mais.

2. O corpo é o instrumento que a mente criou, em seus esforços para se enganar. A finalidade dele é lutar. Mas a meta da luta pode mudar. E, em função disso, o corpo serve para lutar por um objetivo diferente. O que ele busca agora é escolhido pelo objetivo que a mente aceita como substituto para a meta do auto-engano. A verdade, tanto quanto as mentiras, pode ser sua meta. Neste caso, os sentidos, de preferência, buscarão testemunhas para aquilo que é verdadeiro.

3. O pecado é o lar de todas as ilusões, que representam apenas coisas imaginárias, resultantes de pensamentos que não são verdadeiros. Eles são a "prova" de que aquilo que não tem nenhuma realidade é verdadeiro. O pecado prova que o Filho de Deus é mau, que a intemporalidade tem de ter um fim, que a vida eterna tem de morrer. E que o Próprio Deus perdeu o Filho que Ele ama, ficando apenas com a corrupção para completar a Si Mesmo, com Sua Vontade derrotada pela morte para sempre, com o amor morto pelo ódio e com a paz a não existir mais.

4. Os sonhos de um louco são amedrontadores e o pecado parece, de fato, aterrorizar. E, no entanto, aquilo que o pecado percebe é apenas uma brincadeira infantil. O Filho de Deus pode fingir que se tornou um corpo, presa do mal e da culpa, com nada mais do que uma vida curta que termina com a morte. Mas seu Pai reluz sobre ele o tempo todo e o ama com um Amor infinito, que suas simulações não podem mudar em absoluto.

5. Até quando, ó Filho de Deus, sustentarás a brincadeira do pecado? Não é melhor abandonar estes brinquedos infantis de pontas afiadas? Enquanto tempo estarás pronto para voltar a casa? Hoje, talvez? Não existe nenhum pecadao. A criação é imutável. Ainda queres adiar a volta ao Céu? Até quando, ó Filho de Deus, até quando?

*

LIÇÃO 251

Não preciso de nada a não ser da verdade.

1. Busquei muitas coisas e achei o desespero. Agora busco uma só, pois nela está tudo o que preciso e a única coisa de que preciso. Eu não precisava, e nem sequer queria, nada do que busquei antes. Eu não reconhecia minha única necessidade. Mas agora percebo que só preciso da verdade. Nela todas as necessidades são satisfeitas, todos os anseios findam, todas as expectativas são, enfim, realizadas e os sonhos acabam. Agora tenho tudo o que poderia precisar. Agora tenho tudo o que poderia querer. E, agora, por fim, me encontro em paz.

2. E damos graças por esta paz, Pai nosso. Tu nos devolveste aquilo que negamos a nós mesmos e é só isso que queremos de verdade.

*

COMENTÁRIO:

Neste dia 8 de setembro, quarta-feria, recebemos a quarta das instruções que vão orientar nossas práticas nesta segunda parte do Livro de Exercícios. A instrução por próximos dez dias é: O que é o pecado? E, se quisermos, de fato, seguir a orientação do Curso, vamos voltar a ela todos os dias antes de usar a ideia para os exercícios do dia.

A primeira ideia para este novo período complementa uma das ideias que praticamos na primeira parte. A da lição 107: A verdade corrigirá todos os erros em minha mente. E esclarece a afirmação de Jesus: "a verdade vos libertará".

De que forma? Pela prática do que a ideia de hoje nos sugere. Pela compreensão de que até agora nossa busca ainda não nos colocou em contato com a verdade que nos dá a satisfação de todas as necessidade, pois nos dá a paz, que é tudo o que queremos, na verdade.

A pergunta Quem sou eu?, ponto de partida do ensinamento de Ramana Maharshi, e também do UCEM, uma vez que seu objetivo é nos levar ao auto-conhecimento, não tem resposta, ou como ele diz:

"Não há resposta para a pergunta Quem sou eu? Não pode haver resposta pois se trata da dissolução do pensamento do eu, que é pai de todos os demais pensamentos, e da incursão àquela quietude onde não há pensamentos. - Não se deve dar, durante a meditação, respostas sugestivas à investigação (...) A resposta verdadeira surgirá por si. Nenhuma resposta dada pelo ego pode ser certa. - A resposta é o despertar de uma corrente de consciência vibrande como a própria essência de um ser e no entanto impessoal. [Isto deve se tornar cada vez mais frequente por meio de exercícios periódicos e contantes] até que se torne contínuo, não apenas no decurso da meditação [ou das práticas diárias], mas também estando sempre na base de tudo quanto se diz e faz".

É na direção da experiência desta verdade que nossas práticas apontam.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os papéis que aceitamos por bondade

LIÇÃO 250

Que eu não me veja como limitado.

1. Que hoje eu veja o Filho de Deus e testemunhe sua glória. Que eu não tente ocultar a luz sagrada nele para ver sua força diminuída e reduzida à fragilidade; nem perceba nele as falhas com as quais eu atacaria sua soberania.

2. Ele é Teu Filho, meu Pai. E hoje quero ver sua bondade em lugar de minhas ilusões. Ele é o que sou e do modo que o vejo também vejo a mim mesmo. Hoje quero ver verdadeiramente para que neste dia eu possa enfim me identificar com ele.

*

COMENTÁRIO:

Ver a "bondade" do outro em lugar de ver suas falhas? Isto não seria radicalmente transformador? Que fôssemos capazes de agradecer quando "o outro" nos fizesse qualquer coisa, nos dissesse qualquer coisa? Por entender que é a bondade dele, a parte divina e sagrada nele - que é também nossa - que o leva a aceitar o papel que lhe atribuímos. Seja ele o papel de carrasco, seja o de vítima. Ou outro qualquer que costumamos atribuir aos que nos rodeiam. Ou vocês nunca pensaram nisto?

Não lhes parece que foi assim que aconteceu com Judas? Que, alegremente, por amor a Jesus e a seu ensinamento, aceitou o papel de traidor. Jesus sabia que ele era um de seus amados apóstolos e que só cumpria o papel que lhe fora destinado para atender à Vontade de Deus.

Tivéssemos nós esta compreensão e isto faria com que percebêssemos imediatamente quão imenso é o alcance de nossos pensamentos. Isto poria por terra quaisquer crenças em limitação. Isto poria em evidência o fato de que somos o Filho de Deus. Cada um de nós e também todos os que se apresentam a nossa experiência.

Nesta terça-feira, 7 de setembro, dia no qual o país comemora sua "independência" de Portugal, a ideia para nossas práticas oferece a possibilidade de exercitarmos nossa própria independência da ideia de que somos de algum modo limitados.

Não somos. A não ser por nossas próprias crenças. A não ser pelas sugestões equivocadas acerca de nós mesmos que aceitamos, tanto as auto-sugestões quanto as que aceitamos do(s) outro(s).

Pratiquemos, pois, aprender a liberdade, a independência. E a superar toda e qualquer limitação.

Pensei em começar este comentário pedindo-lhes mil perdões pelo atraso na postagem, uma vez que viajei para passar o feriado na praia e achei que tinha programado a postagem de hoje para as primeiras horas do dia. Não tinha. No entanto, parece-me, isto não fez a menor diferença. Ou fez? Alguém procurou a lição lá em 7 de setembro de 2009?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Memórias, sugestões, programação, hipnose

LIÇÃO 249

O perdão põe fim a todo sofrimento e a toda perda.

1. O perdão pinta um quadro de um mundo no qual o sofrimento acabou, a perda passou a ser impossível e a raiva não faz nenhum sentido. O ataque acabou e a loucura tem um fim. Que sofrimento é concebível agora? Que perda pode ser mantida? O mundo se torna um lugar de alegria, de abundância, caridade e doação infinita. Agora ele é tão parecido ao Céu que rapidamente se transforma na luz que reflete. E, deste modo, a jornada que o Filho de Deus começou termina na luz da qual ele veio.

2. Pai, queremos devolver nossas mentes a Ti. Nós as traímos, mantendo-as em um laço apertado de amargura e as amedrontamos com pensamentos de violência e de morte. Agora queremos descansar em Ti mais uma vez, assim como Tu nos criaste.

*

COMENTÁRIO:

Do mesmo modo que a ideia para as práticas desta segunda-feira, dia 6 de setembro, complementa a ideia de ontem, vou estender o comentário feito para aquela lição.

De uma certa forma, aquilo que aprendemos com o Dr. Hew Len, do livro Limite Zero, a respeito do qual falamos logo no início deste ano, é mais ou menos a mesma coisa que encontramos no livro Hipnotizando Maria, de Richard Bach, do qual falamos ontem e há não muito tempo.

As práticas que nos aconselha o Dr. Hew Len visam a nos desprogramar, ou seja, a zerar as memórias que acumulamos ao longo do tempo a partir das experiências por que passamos, a fim de que possamos olhar para o mundo livres de qualquer programação, ou pré-conceitos.

No caso dele, fazemos isto praticando as afirmações que limpam nossa memória dos problemas, de questões e dúvidas e de julgamentos, dirigindo-nos à divindade e dizendo:

Sinto muito.
Me perdoa, por favor.
Obrigado.
Eu te amo.

Fazemos isto não como um pedido ou como uma prece, mas simplesmente como uma forma de nos lembrarmos da divindade interior. E podemos fazê-lo para solucionar um conflito qualquer aparente de que tenhamos consciência e mesmo aqueles de que não temos ciência, que se apresentam apenas como um leve desconforto ou como uma ansiedade ou angústia inexplicável.

Já no caso de Richard Bach, a metáfora da programação toma a forma da ideia de que somos hipnotizados desde o berço [e, quem sabe, desde antes ainda]. E desde então passamos a aceitar sugestões a respeito de nós mesmos, do que somos, do que devemos e não devemos fazer, de como orientar nossa vida e assim por diante.

A fórmula [bom que exista uma, não?] para a desipnotização é  mudar as sugestões que damos a nós mesmos e tomar consciência das sugestões que recebemos, e não aceitá-las como verdades sem antes verificar o efeito que elas podem trazer a nossa experiência, a nossa vida.

Pode-se dizer com certeza que a prática diária das lições do UCEM é uma das formas de buscar a limpeza e a purificação das memórias, como sugere o ho'oponopono do Dr. Hew Len, e, ao mesmo tempo, uma das formas de nos mantermos atentos às sugestões que o mundo nos oferece, livrando-nos da possibilidade de cair no auto-engano e na auto-hipnose.

Boas práticas a todos.

domingo, 5 de setembro de 2010

Abandonar a ideia de que é necessário sofrer

LIÇÃO 248

Qualquer coisa que sofra não faz parte de mim.

1. Eu rejeitei a verdade. Que eu seja agora igualmente honesto para rejeitar a falsidade. Qualquer coisa que sofra não faz parte de mim. Aquilo que se aflige não sou eu mesmo. Aquilo que sente dor é só uma ilusão em minha mente. Na realidade, aquilo que morre nunca viveu e apenas zomba da verdade acerca de mim mesmo. Agora renuncio auto-conceitos e enganos e mentiras a respeito do Filho santo de Deus. Agora estou pronto para aceitá-lo de volta como Deus o criou e como ele é.

2. Pai, meu antigo amor por Ti volta e me permite amar também Teu Filho novamente. Pai, eu sou como Tu me criaste. Agora Teu Amor, e meu próprio amor, é lembrado. Agora compreendo que eles são o mesmo.

*

COMENTÁRIO:

Ao me preparar para postar a lição deste domingo, dia 5 de setembro, separei algumas frases que fazem parte do repertório mais ou menos comum que recebemos de pessoas mais velhas, de professores, de pais, tios e avós, ao longo de nossa jornada.

E, se quiserem, podem buscar outras semelhantes para ilustrar as sugestões recebidas particular e individualmente, acho que é um bom exercício. As que escolhi são: "O sofrimento é um mal necessário.", "Pau que nasce torto não tem jeito, morre torto.", "No pain, no gain.", esta poderia ser traduzida como "Sem dor não há crescimento."

Lembrando-nos do livro Hipnotizando Maria, vamos descobrir nele, entre outras coisas, que Richard Bach diz que "hipnose é sugestão aceita" ou "... é repetição, repetição, repetição". E o que as frases que selecionei acima e outras, que ouvimos à exaustão, fazem com nossa mente? Ou o que vocês pensam que os publicitários têm em mente quanto produzem suas propagandas e as repetem milhares e milhares de vezes?

Entretanto, o livro traz, também entre outras ideias, a seguinte informação: "Não precisamos jamais ser prisioneiros de nossas crenças. Podemos nos lembrar de quem somos". E diz: "toda sugestão intensifica a si mesma", conforme já citei aqui anterioremente.

Se, por exemplo, dizemos nos sentir ótimos, mesmo que não estejamos nos sentindo lá muito bem, o "ótimo" se intensifica e o estado em que nos encontramos vai desaparecer gradualmente a cada sugestão. O contrário também é verdadeiro, se dizemos nos sentir péssimos, quando o que sentimos é apenas um leve desconforto ou mal-estar passageiro, pioramos a cada repetição da palavra.

Uma vez entendido que a hipnose não passa de sugestão aceita, não é difícil compreender que "o mundo que percebemos a nossa volta" é "composto de imagens pintadas com nosso próprios pincéis".

Basta que pensemos por alguns momentos em nossa experiência anterior, na forma pela qual nos tornamos parte de uma família, de uma comunidade, de uma cultura, para perceber claramente que tudo acontece a partir da aceitação de sugestões, a respeito de nossa própria verdade.

E, voltando ao ensinamento do Curso, que também busca ensinar como nos libertarmos de nossas crenças equivocadas, "isto não precisa ser assim". Tanto é que ele oferece como meta para o livro de exercícios, já na sua primeira parte, a possibilidade de aprendermos a nos desipnotizar, ou de abandonar as sugestões do mundo que aceitamos e nos levaram a experimentar um mundo de pecado, de imperfeições, de julgamento e de culpa. Um mundo de dor, de tristeza, de doença e de morte. E mais. Na segunda parte, onde estamos agora, podemos aceitar as sugestões que ele nos dá para aprendermos o que somos na verdade. Para sairmos definitivamente do transe. E, para quando voltarmos momentaneamente a ele, termos os instrumentos necessários para não dar ouvidos às sugestões equivocadas que buscam nos separar uns dos outros e do que somos.
A prática de hoje nos ensina a abandonar a ideia de que é necessário sofrer, que aprendemos durante o transe. Pode haver algo melhor do que buscar aprender a olhar para o mundo, para tudo o que aparentemente há nele e para nós mesmos a partir da "percepção verdadeira"?

sábado, 4 de setembro de 2010

Tudo o que não é amor é um pedido de amor.

LIÇÃO 247

Sem perdão ainda serei cego.

1. O pecado é o símbolo do ataque. Vê-o em qualquer lugar e eu sofrerei. Pois o perdão é o único meio pelo qual a visão de Cristo vem a mim. Que eu aceite como a pura verdade o que a visão d'Ele me mostra e fique completamente curado. Irmão, vem a mim e deixa eu olhar para ti. Tua beleza reflete a minha. Tua inocência é minha. Tu estás perdoado e eu continuo contigo.

2. Hoje quero olhar para todos deste modo. Meus irmãos são Teus Filhos. Tua Paternidade os criou e os deu todos a mim como parte de Ti e também de meu próprio Ser. Hoje louvo a Ti por meio deles e, deste modo, espero reconhecer meu Ser neste dia.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 4 de setembro, a ideia que praticamos estende e complementa os exercícios de perdão que precisamos fazer para começar a caminhada na direção do conhecimento do divino em nós, que é o auto-conhecimento e o conhecimento de Deus, conforme as ideias de nossas práticas nas lições 243 e a de ontem.

Já aprendemos, no livro texto, que todo ataque é simplesmente um pedido de ajuda e, em última instância, um pedido de amor. Pois, para o Espírito Santo, tudo o que não é amor é apenas um pedido de amor. Por isso, em qualquer situação ou circunstância, com relação a qualquer pessoa, temos de tomar a decisão em favor de sua inocência, faça ela o que fizer, diga ela o que disser. Pois ao condená-la de alguma forma condenamos a nós mesmos.

Ou, como o Curso nos diz no décimo quarto capítulo: "Não peças para ser perdoado, pois isto já se realizou. Pede, em lugar disto, para aprenderes como perdoar e devolver o que sempre existiu em tua mente sem perdão".

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"O amor não é amado." S. Francisco

LIÇÃO 246

Amar meu Pai é amar Seu Filho.

1. Que eu não pense que posso achar o caminho para Deus, se tiver ódio em meu coração. Que eu não tente ferir o Filho de Deus e pensar que posso conhecer meu Pai ou meu Ser. Que eu não deixe de me reconhecer e ainda acredite que minha consciência pode conter meu Pai ou que minha mente pode compreender todo o amor que meu Pai sente por mim e todo o amor que retribuo a Ele.

2. Aceitarei o caminho que Tu escolheres para chegar a Ti, meu Pai. Pois nisso serei bem-sucedido, porque é Tua Vontade. E quero reconhecer que aquilo que Tu queres é também o que quero, e só isso. E, por isso, escolho amar Teu Filho. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Já lhes lembrei aqui de São Francisco, que, ao se perceber envolvido pelo amor do Pai, ao mesmo tempo em que se dava conta de que tudo o que existe, na verdade, existe apenas como manifestação daquele amor, exclamou: "O amor não é amado".

Pois, se não amamos a todos os filhos de Deus, e a criação toda, como podemos pensar que O amamos? É esta ideia que vamos praticar nesta sexta-feira, dia 03 de setembro.

O Curso nos fala que todo seu ensinamento se destina a nos fazer entender que existe apenas uma escolha e que nem mesmo esta é, de fato, uma escolha. Pois, deixados a nós mesmos no equívoco do que pensamos ser, não saberíamos escolher. Daí o ensinamento nos orientar na direção do entendimento de que a Vontade de Deus e a nossa são uma só e a mesma.

Ora, dirão vocês, pensarão, e alguns se perguntarão: - E o livre arbítrio? Se não temos escolha e vamos inevitavelmente chegar à conclusão de que nossa vontade e a de Deus são a mesma, onde fica o livre arbítrio? Não estaremos todos predestinados?

Ofereço-lhes como resposta a estas questões, e desculpem-me desde já por ela ser um pouco extensa, a resposta que Ramana Maharshi deu a uma pergunta similar: Quem é predestinado e quem tem livre arbítrio? Ramana disse:

"Todas as ações que o corpo realizará já estão decididas quando este corpo começa a existir; a única liberdade que se tem é a de se identificar ou não com o corpo. - Quando se desempenha um papel numa peça, todo papel é escrito com antecedência e a gente se comporta com fidelidade, quer seja o César que é apunhalado, quer seja o Brutus que apunhala, não sendo afetada pois sabe não ser tal pessoa. Da mesma forma, aquele que compreende a sua identidade com o Eu imortal desempenha seu papel no palco humano sem medo nem ansiedade, sem esperança nem arrependimento, não se deixando afetar pelo papel desempenhado. Se fôssemos perguntar que realidade temos quando todas as nossas ações são [pre] determinadas, isso só serviria para levar à indagação: Quem, pois, sou eu? Se o ego que julga tomar decisões [ou fazer escolhas] não é real e no entanto eu sei que ele existe, o que é a minha realidade? Isto (...) é uma excelente preparação para a verdadeira busca.

"A opinião aparentemente antagônica, porém, de que o homem constrói seu próprio destino não é menos verdadeira, uma vez que tudo [no mundo dos sentidos e das percepções] acontece sob a lei de causa e efeito [ou ação e reação] e cada pensamento, palavra ou ação produz sua repercussão...
- Uma vez que os seres colhem os frutos de suas ações segundo as leis de Deus, a responsabilidade é deles, não de Deus.

Continuando... ou estendendo a pergunta: E, "se como se diz, tudo acontece em obediência ao destino, até mesmo os obstáculos que nos retardam e impedem de efetuar com êxito a meditação [ou a prática dos exercícios, neste caso] talvez tenham de ser considerados insuperáveis, pois são ditados por um destinho irrevogável. Como, então, podemos esperar superá-los?...

Ramana fala: - Isto, a que se chama destino impedindo a meditação, existe apenas para a mente extrovertida [a que se baseia no sistema de pensamento do ego e acredita na ilusão] e não para a mente introvertida [a que se volta para si mesma e busca ouvir a Voz por Deus]. Por isso, aquele que na busca de Si orienta-se interiormente, permanecendo tal como é [isto é, acreditando que continua a ser como Deus o criou], não se atemoriza diante de qualquer empecilho que talvez se apresente à prática da meditação [ou à prática dos exercícios diários no nosso caso]. O simples ato de pensar em tais obstáculos é o maior dos empecilhos. [Aqui, eu diria que este ato é revelador do fato de que a pessoa ainda não tomou a decisão, ainda não se pôs, de verdade, a caminho da busca de Si.]

Ramana diz mais que "a ideia de um destino irrevogável pode levar - e leva - à ideia de que é inútil dar murro em ponta de faca, de que não adianta rebelar-se contra um destino que não pode ser contrariado, mas não significa que não se deva nunca fazer qualquer esforço. O homem que diz - Tudo é predestinado, por isso não farei esforço algum - está introduzindo à força a pressuposição - e eu sei o que está predestinado -. Pode acontecer de estar ele destinado a um papel em que o esforço seja necessário".

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O instante santo e a comunicação perfeita

LIÇÃO 245

Tua paz está comigo, Pai. Estou seguro.

1. Tua paz me envolve, Pai. Aonde eu for, Tua paz vai comigo. Ela derrama sua luz sobre todos que encontro. Eu a levo aos abandonados e aos que sentem medo. Eu ofereço Tua paz àqueles que sentem dor, ou que se afligem pela perda, ou que pensam estar privados de esperança e de felicidade. Envia-os a mim, meu Pai. Deixa-me carregar Tua paz comigo. Pois quero salvar Teu Filho, como é Tua Vontade, para poder chegar a reconhecer meu Ser.

2. E então vamos em paz. Damos ao mundo inteiro a mensagem que recebemos. E, deste modo, vimos para escutar a Voz por Deus, Que nos fala enquanto anunciamos a Palavra d'Ele, Cujo Amor reconhecemos porque compartilhamos a Palavra que Ele nos dá.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 2 de setembro, vamos aproveitar a ideia das práticas para buscar compreender bem e aprender a exercitar "o instante santo", aquilo a que o ensinamento se refere como o momento em que se dá a "comunicação perfeita", que só pode acontecer quando estamos conscientes da paz de Deus a nos envolver e nos sabemos em segurança, onde quer que estejamos, conforme a ideia que praticamos.

O livro texto se refere a isto da seguinte forma:

A razão pela qual este curso é simples é que a verdade é simples. A complexidade é do ego e não é nada mais do que a tentativa do ego de esconder o óbvio. Tu poderias viver para sempre no instante santo, começando agora e alcançando a eternidade, não fosse por uma razão muito simples. Não escondas a simplicidade desta razão, pois, se o fizeres, será apenas porque preferes não reconhecê-la e não abandoná-la. A razão simples, declarada de forma clara, é esta: o instante santo é um momento no qual recebes e ofereces a comunicação perfeita. Isto significa que, não importa o que aconteça, ele é um instante em que tua mente está aberta, tanto para receber quanto para dar. Ele é o reconhecimento de que todas as mentes estão em comunicação. Por esta razão ele não busca mudar nada, mas simplesmente aceitar tudo.

Simples, não? Quem quereria trocar a paz de Deus e a segurança que Seu Amor oferece por uma complexidade que não pode senão esconder a Vontade de Deus para nós de alegria e de felicidade perfeitas? Quem, em sã consciência, tendo experimentado a "comunicação perfeita" preferiria trocá-la por um mundo de imperfeições, julgamentos, medos e culpas?

Como dizia uma canção antiga, mas não tanto, "tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo". É para aprender a chegar a isto que praticamos diariamente. Pois com a paz e a segurança de Deus conosco, não há nada que não possamos fazer. Talvez sejamos até capazes de compreender o que o ensinamento propõe quando diz: "tu não precisas fazer nada".