terça-feira, 31 de maio de 2011

Acessar a voz que traz a lembrança do Céu

LIÇÃO 151

Todas as coisas são ecos da Voz por Deus.

1. Ninguém pode julgar com base em evidência tendenciosa. Isto não é julgamento. É apenas uma opinião baseada na ignorância e na dúvida. Sua aparente certeza é apenas um disfarce para a incerteza que ele quer esconder. Precisa de defesa irracional porque é irracional. E sua defesa parece forte , convincente e indubitável em razão de todas as dúvidas subjacentes.

2. Tu não pareces duvidar do mundo que vês. Tu não questionas realmente o que os olhos do corpo te mostram. E também não perguntas por que acreditas nele, muito embora tenhas aprendido há muito tempo que teus sentidos, de fato, enganam. Quando paras para te recordar com que frequência eles foram testemunhas falhas, de fato, é ainda mais estranho que acredites no que eles contam até o último detalhe. Por que acreditarias neles de forma tão irrestrita? Por que, a não ser em razão da dúvida subjacente, que queres esconder com uma demonstração de certeza?

3. Como podes julgar? Teu julgamento se baseia nos testemunhos que teus sentidos te oferecem. E nunca houve testemunho mais falso do que este. Mas de que outra forma julgas o mundo que vês? Depositas uma fé lamentável naquilo que teus olhos e ouvidos contam. Pensas que teus dedos tocam a realidade e se fecham sobre a verdade. É esta a consciência que compreendes e que pensas ser mais verdadeira do que aquilo que a Voz eterna pelo Próprio Deus testemunha.

4. Isto pode ser julgamento? Insiste-se muitas vezes contigo para que te abstenhas do julgamento, não porque ele seja um direito que se nega a ti. Tu não podes julgar. Tu podes apenas acreditar nos julgamentos do ego, que são todos falsos. Ele orienta teus sentidos com cuidado para provar quão fraco és, quão indefeso e amedrontado, quão receoso da punição merecida, quão imundo pelo pecado, quão desprezível em tua culpa.

5. Ele te diz que esta coisa, de que ele fala e ainda quer defender, és tu mesmo. E tu acreditas que isto é verdade com obstinada certeza. Porém, interiormente, permanece a dúvida oculta de que ele não acredita naquilo que te apresenta como realidade com tanta convicção. É só a si mesmo que ele condena. É dentro de si mesmo que ele vê a culpa. É seu próprio desespero que ele vê em ti.

6. Não dês ouvidos à voz dele. As testemunhas que ele te envia para te provar que o mal dele é teu próprio mal são falsas e falam com segurança daquilo que não conhecem. Tua fé nelas é irracional porque tu não compartilharias as dúvidas que o senhor delas não pode derrotar por completo. Tu acreditas que duvidar de seus vassalos é duvidar de ti mesmo.

7. No entanto, tens de aprender a duvidar de que o testemunho delas desobstruirá o caminho para te reconheceres e permitir que só a Voz por Deus seja o Juiz do que é digno de tua própria crença. Ele não te dirá que teu irmão deve ser julgado por aquilo que teus olhos veem nele, nem por aquilo que sua boca diz a teus ouvidos, nem por aquil que o toque de teus dedos te contam a respeito dele. Ele não toma conhecimento de tais evidências inúteis, que apenas levantam falso testemunho contra o Filho de Deus. Ele reconhece apenas aquilo que Deus ama e, na luz santa daquilo que Ele vê todos os sonhos do ego acerca do que és se desvanecem diante do esplendor que Ele vê.

8. Deixa que Ele seja o Juiz do que tués, pois Ele tem uma certeza na qual não há nenhuma dúvida, porque se baseia em tão grande Certeza que a dúvida fica sem significado diante de Sua face. Cristo não pode duvidar de Si Mesmo. A Voz por Deus pode apenas exaltá-Lo, regozijando-se na inocência total e eterna d'Ele. Aquele a Quem Ele julga só pode rir da culpa, agora sem vontade de brincar com brinquedos de pecado, ignorando os testemunhos do corpo diante do arrebatamento que a face santa do Cristo provoca.

9. E Ele te julga deste modo. Aceita a Palavra d'Ele como o que tu és, pois Ele dá testemunho de tua bela criação e da Mente Cujo Pensamento criou tua realidade. O que o corpo pode significar para Aquele Que conhece a glória do Pai e do Filho? A que sussurros do ego Ele pode dar ouvidos? O que pode convencê-Lo de que teus pecados são reais? Deixa que Ele também seja o Juiz de todas as coisas que parecem te acontecer neste mundo. As lições d'Ele vão te capacitar a construir uma ponte sobre a brecha entre as ilusões e a verdade.

10. Ele eliminará toda a fé que colocaste na dor, na infelicidade, no sofrimento e na perda. Ele te dá a visão que pode ver além destas aparências sombrias e que pode ver a bondosa face de Cristo em todas elas. Tu não duvidarás mais de que apenas o bem pode vir a ti que és amado por Deus, pois Ele julgará todos os acontecimentos e ensinará a única lição que todos eles contêm.

11. Ele escolherá nelas os elementos que representam a verdade e desconsiderará aqueles aspectos que apenas refletem sonhos inúteis. E Ele reinterpretará tudo o que vês, e todas as ocorrências, cada circunstância e todos os acontecimentos que parecem te tocar de qualquer modo a partir de Seu único ponto de referência, totalmente unificado e certo. E tu verás o amor por trás do ódio, a constância na mudança, o puro no pecado e somente as bênçãos do Céu sobre o mundo.

12. Esta é a tua ressurreição, pois tua vida não é uma parte do nada que vês. Ela fica além do corpo e do mundo, depois de todo testemunho da maldade, no interior do Sagrado, santo como Ele Mesmo. Em tudo e em todos a Voz d'Ele não quer te falar de outra coisa senão de teu Ser e de teu Criador, Que é um com Ele. Deste modo verá a santa face do Cristo em tudo e não ouvirás em tudo nenhum som a não ser o eco da Voz de Deus.

13. Hoje praticamos sem palavras, exceto no início do período que passamos com Deus. Nós começamos estes períodos com apenas uma única e lenta repetição da ideia com a qual o dia começa. E, em seguida, observamos nossos pensamentos pedindo silenciosamente a intercessão d' Àquele Que vê os elementos da verdade neles. Deixa que Ele avalie cada pensamento que vem à mente, elimine os elementos de sonho e os devolva novamente como ideias puras que não contradizem a Vontade de Deus.

14. Dá teus pensamentos a Ele e Ele os devolverá como milagres que revelam de forma clara, alegremente, a totalidade e a felicidade que Deus deseja para Seu Filho, como prova de Seu Amor eterno. E à medida que cada pensamento é transformado desta maneira, ele assum o poder de cura da Mente que viu a verdade nele e deixou de ser enganada por aquilo que lhe foi acrescentado equivocadamente. Todos os fios da fantasia acabam. E o que permanece fica unificado em um Pensamento perfeito que oferece sua perfeição em todos os lugares.

15. Passa cinco minutos deste modo quando acordares e dá com alegria outros quinze mais antes de ires dormir. Teu ministério começa quando todos os pensamentos forem purificados. Assim se ensina a ti a ensinar ao Filho de Deus a lição sagrada de sua santidade. Ninguém pode deixar de ouvir, quando ouves a Voz por Deus prestar homenagem ao Fiho de Deus. E todos compartilharão contigo os pensamentos que Ele retraduz em tua mente.

16. Esta é a tua Páscoa. E assim depositas a dádiva de lírios brancos sobre o mundo, substituido as testemunhas do pecado e da morte. O mundo é redimido pela tua transfiguração e liberado da culpa alegremente. Agora, de fato, erguemos nossas mentes ressurrectas em alegria e gratidão Àquele Que nos devolve a sanidade.

17. E nos lembraremos a cada hora d'Aquele Que é salvação e liberdade. À medida que damos graças, o mundo se une a nós e aceita alegremente nossos pensamentos sagrados, que o Céu corrige e torna puros. Agora começa nosso ministério, enfim, para levar ao mundo a boa nova de que a verdade não tem nenhuma ilusão e de que a paz de Deus, por meio de nós, pertence a todos.

*

COMENTÁRIO:

Terminanos mais um de nossos períodos de revisão. Retomamos nossa caminhada, portanto, nesta terça-feira, dia 31 de maio, com mais uma ideia que pode nos libertar em definitivo do julgamento, ensinando-nos que tudo o que existe, tudo aquilo que vemos, por mais estranho que nos possa parecer, é eco da Voz por Deus. Isto é, daquela voz no interior de nós que ainda traz em si a lembrança do Céu, a lembrança de sua divina condição, e que é a única coisa que é real em nós.

Isso é tudo que precisamos lembrar. E é a isto que nossas práticas se destinam.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Retirando o julgamento de qualquer experiência

LIÇÃO 150

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(139) Aceitarei a Expiação para mim mesmo.

(140) Pode-se dizer que só a salvação cura.

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COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 30 de maio, encerramos nosso quarto período de revisão, com duas ideias vitais para o nosso aprendizado e para nossa caminhada rumo ao conhecimento de nós mesmos, que é o caminho que este Curso nos oferece como forma de permitir que alcancemos a consciência do divino em nós. Pois, como diz a Bíblia: "Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (I Cor. 3:16)

A primeira das ideias que revisamos hoje é o ponto de partida para nos livrarmos da percepção equivocada que temos de nós mesmos, do mundo e de todas as coisas do e no mundo. Aceitar a Expiação é permitir que o erro se desfaça. Qualquer erro. Conseguimos isso por meio das práticas, desaprendendo o que o mundo nos ensinou e aprendendo a respeito do que somos na verdade. Para quem entrou em contato com a ideia das práticas do ho'oponopono é preciso salientar que "ho'oponopono" e "Expiação" são sinônimos. As práticas, pois, com esta primeira ideia podem, e o fazem, de fato, nos levar ao início do aprendizado de que o mundo - e tudo e todos que aparentemente estão nele - é neutro.

Aceitar a Expiação é começar a aprender que, na verdade, não existem erros. Dizendo de outra forma, aceitar a Expiação, que equivale a desfazer os erros, é retirar o julgamento de toda e qualquer experiência, permitindo que ela seja apenas o que é:  simplesmente uma experiência, que vai nos oferecer um resultado, a partir de uma escolha ou decisão que tomamos. É o resultado da experiência que vai determinar se nossa escolha foi acertada ou equivocada, não no sentido de julgamento, mas apenas no sentido da constatação daquilo que a experiência nos trouxe. Se o resultado dela foi um afastamento da alegria e da paz, então é preciso que escolhamos outra vez. Lembrando-nos sempre de sermos gratos pela experiência.

Pois como eu disse no ano passado, aceitar a Expiação também significa começar a aprender a ser agradecido por toda e qualquer experiência que se apresente, entendendo que todas elas são apenas a materialização aparente de um desejo nosso, de uma escolha que fizemos nalgum momento, conscientes dela ou não. Se o resultado da experiência não é algo que nos põe em contato com a alegria, se é algo que nos tira a paz de espírito e nos afasta de nós mesmos e dos envolvidos na experiência e se resistimos ao que se apresenta a nós, a sensação de estarmos separados fica mais aguda. Daí a necessidade de acolhermos e agradecermos por todas as experiências, quaisquer que sejam elas.

As práticas da segunda ideia tratam de nos devolver a liberdade e o poder para experimentar o mundo sem susto, sem medo, ao nos ensinarem a perceber claramente que tudo o que pensamos a respeito da cura e das doenças, neste mundo, é apenas ilusão, sonho. A segunda ideia, ao devolver nossa condição original de Filhos de Deus, nos restitui a santidade, a pureza e a inocência em que fomos criados, das quais nunca nos separamos, a não ser na percepção equivocada do sistema de pensamento do ego.

domingo, 29 de maio de 2011

Uma experiência prática de mudança de percepção

LIÇÃO 149

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(137) Quando sou curado, não sou curado sozinho.

(138) O Céu é a decisão que tenho de tomar.

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COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 29 de maio, a primeira das ideias para a revisão nos remete a dois princípios importantes dos milagres. Dois princípios que estão lá no início do livro texto. São eles o trigésimo quinto, que diz que "os milagres são expressões do amor, mas podem não ter sempre efeitos observáveis", e o quadragésimo quinto: "Um milagre nunca se perde. Pode tocar muitas pessoas que nem mesmo encontraste e produzir mudanças não sonhadas em situações das quais nem mesmo estás ciente".

A ideia da lição 137, conforme eu já disse anterioremente, nos assegura de forma muito clara que, ao nos curarmos, não curamos apenas a nós mesmos. Isto significa dizer - para que o reconheçamos de forma definitiva - que tudo o que fazemos traz consequências, para nós mesmos, para os que estão próximos de nós, para os que estão distante de nós, de quem nos lembramos, e também para o mundo inteiro, mesmo que elas não sejam visíveis para nós. Ela nos ensina também de forma bem clara que temos cem por cento de responsabilidade por tudo o que nos acontece, bem como por tudo o que acontece no mundo que construímos. Quer estejamos dispostos a reconhecer isto, quer não. Lembram-se do que eu disse ontem?

A segunda ideia que revisamos, a da lição 138, põe em nossas mãos todo o poder de que necessitamos para transformar o mundo no Céu que queremos viver, a partir do momento em que assumimos completa e total responsabilidade por ele. Para tanto, basta apenas nossa tomada de decisão. Pois o mundo muda conosco, quando mudamos. E é muito fácil experimentar isto na prática, conforme já sugeri nas práticas do ano passado e repito aqui. Vale a pena fazer o teste. Faça-o.

Alguma coisa ou alguém o (a) incomoda em seu dia a dia? Experimente mudar sua forma de pensar a respeito de tal coisa ou de tal alguém. Faça-o de forma decidida pensando em curar-se da percepção equivocada (primeira ideia) e em criar uma experiência de Céu, de paz, de alegria e de felicidade (segunda ideia). Em pouco tempo, a coisa, ou a pessoa, que parecia ser um problema vai certamente deixar de sê-lo. E você vai poder passar a curar outras coisas que sua percepção lhe mostra de forma equivocada.

Pode nos contar, se quiser, é claro, os resultados depois de experimentar. Acho que todos vão se beneficiar da experiência e de compartilhá-la.

sábado, 28 de maio de 2011

A melhor defesa não é o ataque, é a inocência

LIÇÃO 148

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(135) Se eu me defendo, sou atacado.

(136) A doença é uma defesa contra a verdade.

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COMENTÁRIO:

Este comentário, com algumas modificações muito pequenas é a reprodução quase que integral do comentário feito a esta lição no ano passado. E não por preguiça, mas porque o considero absolutamente pertinente às ideias que praticamos neste momento da revisão. Corrijam-me, por favor, se eu estiver equivocado. Em todo o caso - quando a preguiça bate algumas vezes, fico perguntando a mim mesmo - será que alguém vai lembrar o comentário que já fiz a alguma das lições? Não ficamos nos repetindo o tempo todo? Acho que, por isso, vale a pena dar uma passada de olhos nele novamente.

É a percepção equivocada que temos de nós mesmos e, por consequência, do mundo inteiro e de tudo o que aparentemente existe nele, que nos põe permanentemente na defensiva, pois nos vemos como criaturas frágeis, destinadas a voltar ao pó de onde viemos, por nos identificarmos com o corpo perecível, a forma que percebemos, que está sujeita ao ataque de parte de nós mesmos, de outros de nós mesmos, da passagem do tempo, das condições climáticas e de todas as coisas que povoam o mundo amedrontador que construímos a partir desta percepção distorcida.

O fato de vivermos na defensiva, identificador do julgamento que fazemos de nós mesmos e projetamos em tudo o que vemos, abre espaço para o ataque, melhor dizendo, autoriza a que nos sintamos atacados pelas outras pessoas e por outras coisas vivas, vírus, bactérias, animais, grandes e pequenos, visíveis e invisíveis; e por coisas aparentemente inanimadas, utensílios, plantas, líquidos e alimentos.

A primeira ideia que revisamos neste sábado, dia 28 de maio, ensina de forma clara como deslocar o ataque de qualquer coisa aparentemente externa a nós, atribuindo-o à única fonte de onde ele pode surgir: de nossa posição de defesa. E contraria aquele pensamento do mundo segundo o qual "a melhor defesa é o ataque", ensinando-nos que não há necessidade de defesas, que não podemos ser atacados por nada nem por ninguém, a não ser por nossa própria percepção equivocada de nós mesmos, que constrói todo este mundo de ilusões em que pensamos habitar. Na verdade, a melhor defesa não é o ataque, é a inocência do olhar amoroso que que não percebe o ataque, porque não cogita a possibilidade de atacar a nada nem a ninguém.

A segunda nos informa a razão pela qual inventamos a doença, que consegue ser, ao mesmo tempo, uma forma de defesa e de ataque. Contra a verdade e contra nós mesmos. Sempre. Por mais que queiramos nos auto-enganar atribuindo uma doença qualquer a alguma coisa exterior a nós, todas as doenças são escolhas que fazemos - claro que as mais das vezes de forma inconsciente - e das quais nos valemos para atacar a verdade, ou para fazê-la calar, quando não queremos aceitar a completa e total responsabilidade por tudo o que nos acontece na vida. Que dirá aceitar a responsabilidade por tudo o que vemos no mundo?

Pratiquemos, portanto, hoje, para aprender a abandonar tanto a defensiva quanto o ataque, entregando-nos por inteiro à verdade cujo conhecimento, segundo o que disse Jesus, nos libertará.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O perdão como instrumento de cura da percepção

LIÇÃO 147

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(133) Não darei valor àquilo que não tem valor.

(134) Que eu perceba o perdão tal como ele é.

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COMENTÁRIO:

Neste dia 27 de maio, sexta-feira, vamos reforçar em nossa consciência o aprendizado de duas ideias que também são vitais para nossa busca do autoconhecimento, isto é, o aprendizado e o reconhecimento do que somos verdadeiramente, que é o que o ensinamento do UCEM visa a nos oferecer.

A primeira delas, como eu disse no ano passado, nos convida a praticar e a reforçar o entendimento de que o mundo que vemos não contém nada daquilo que, de fato, queremos. Ou algum de nós, querendo muito alguma coisa, já se satisfez com ela, após obtê-la?

Esta ideia, pelo convite a aprendermos a não dar valor àquilo que não tem valor, nos incita a abandonar o apego às coisas todas do mundo, reconhecendo a neutralidade delas a fim de que aprendamos a usá-las apenas como instrumentos que podem nos servir de auxílio na caminhada em direção ao mundo que queremos.

A segunda nos fornece a indicação de qual o melhor instrumento que podemos usar para nos livrarmos do apego às coisas do mundo.  Este instrumento é o perdão, que cura nossa percepção equivocada. Ao aprendermos a perceber o perdão como ele é, ou seja, um meio de eliminar a crença na separação, que apenas a percepção equivocada pode reforçar, seremos capazes de dar valor apenas àquilo que, de verdade, tem valor. À paz, à alegria e à felicidade completas, que são a Vontade de Deus para nós, em Seu Amor Infinito.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Praticando para chegar ao estado de graça

LIÇÃO 146

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(131) Ninguém que busque alcançar a verdade pode falhar.

(132) Libero o mundo de tudo o que eu pensava que ele fosse.

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COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 26 de maio, a primeira das ideias que revisamos nos põe em contato direto com a possibilidade alcançarmos a verdade além de qualquer sombra de dúvida. Só quem pode duvidar disso é o ego, aquela parte de nossa mente que acredita na separação e que busca nos convencer de que a ilusão que este mundo nos oferece é que é a verdade.

Uma das leituras que fizemos em grupo nesta semana nos dizia que o estado natural de todo Filho de Deus é o estado de graça, afirmando que "quando ele [o Filho de Deus] não está em estado de graça, está fora de seu ambiente natural e não funciona bem".

Em outro ponto o texto dizia que só fora de nosso ambiente natural é que podemos nos perguntar: "O que é a verdade?", já que a verdade é o ambiente pelo qual e para o qual fomos criados. Isto, sem dúvida, dá todo o sentido à primeira das ideias que revisamos hoje.

Da mesma forma, a segunda ideia indica o pelo qual modo podemos alcançar a verdade. Isto é, como eu disse no ano passado, pela liberação do mundo, pela compreensão de que tudo o que pensávamos que o mundo fosse não é a verdade. Já aprendemos que o mundo, e tudo o que aparentemente existe nele, é neutro. Isto quer dizer, conforme já vimos lá atrás, nas primeiras lições, que todas as coisas só adquirem significado a partir daquilo que pensamos delas. Em outras palavras, o mundo, as coisas e as pessoas do e no mundo têm apenas o significado que queremos que tenham.

Refazendo, portanto, a pergunta feita anteriormente no comentário a esta lição, compreender isto não é, de fato, um grande passo em direção à liberdade e, por consequência, em direção à verdade? E mais: um grande passo na direção do estado de graça, nosso estado natural?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Para limpar nossa consciência do auto-engano


LIÇÃO 145

Minha mente contém só o que penso com Deus.



(129) Além deste mundo há um mundo que eu quero.

(130) É impossível ver dois mundos.


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COMENTÁRIO:

As ideias que revisamos nesta quarta-feira, dia 25 de maio, conforme eu disse no ano passado, são a sequência natural das ideias de nossa revisão de ontem. São elas que explicam a razão pela qual não há nada que, de fato, queiramos neste mundo. Ele não é verdadeiro. Pelo menos não da maneira como o percebemos.

Elas também servem para assegurar que não nos sintamos perdidos em um mundo que é apenas fruto de uma ilusão da percepção equivocada. Uma percepção que tem por ponto de partida a crença na possibilidade de uma existência separada do que somos verdadeiramente e, por consequência, separada de Deus e de todas as manifestações d'Ele.

A segunda ideia de nossa revisão de hoje, repetindo o que disse no comentário do ano passado, ao garantir que não é possível ver dois mundos, nos assegura a existência de apenas um mundo verdadeiro: aquele que está além do que vemos na ilusão e que é o que queremos.

E, mais uma vez, para nos lembrarmos, o que o Curso nos pede não é que desistamos deste mundo, mas que o troquemos por um mundo muito mais satisfatório, mais pleno de alegria. Um mundo que pode nos oferecer a paz. Para tanto, basta escolhermos mudar nossa forma de pensar a respeito do mundo que vemos.

Precisamos nos lembrar também de que o mundo que vemos apenas reflete nossa forma de pensar, que, por sua vez, é influenciada por nossas crenças para se tornar o reflexo de nossa escolha do que queremos ver. É só a partir de um ponto de vista equivocado que podemos pensar em mundo no qual possam existir o ódio e o amor ao mesmo tempo.

As práticas ensejam a mudança na forma de pensar, de que precisamos para limpar nossa consciência do auto-engano a que nos induz o sistema de pensamento em que este mundo de ilusões se baseia.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tudo o que vemos no mundo é passageiro

LIÇÃO 144

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(127) Não há nenhum amor a não ser o de Deus.

(128) O mundo que vejo não tem nada que eu queira.

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COMENTÁRIO:

Continuamos a revisar nesta terça-feira, dia 24 de maio. As ideias que usamos para as práticas devem servir para reforçar em nossa consciência o aprendizado de que não há nenhum amor a não ser o de Deus. Isto é, a partir desta ideia, pode-se dizer também que todo o amor vem de Deus. E que tudo aquilo que não vem d'Ele é ilusão, não existe e não é amor.

A segunda das ideias que praticamos nos convida a reconhecer que o mundo que vemos não tem nada que, de fato, queiramos. Pois, quando paramos para refletir, podemos perceber claramente que, na verdade, tudo o que vemos no mundo é passageiro,  é efêmero e não pode e nem vai durar. E, como eu disse no ano passado, nossos anseios mais profundos sempre nos levam em direção ao duradouro, ao eterno. Isso é bastante claro quando pensamos nas coisas todas que já obtivemos e que deixaram de nos interessar após obtidas. Não lhes parece que nada no mundo ou do mundo pode satisfazer nosso desejo pelo Céu?

Assim, sugiro que pratiquemos com disposição para nos abrirmos ao amor de Deus, que é a única coisa que verdadeiramente existe e para aprendermos a renunciar ao mundo, abrindo-nos, deste modo, à eternidade do que somos em Deus.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Abandonando as crenças a que o ego induz

LIÇÃO 143

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(125) Eu recebo a Palavra de Deus em paz hoje.

(126) Tudo o que dou é dado a mim mesmo.

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COMENTÁRIO:

Vamos revisar, nesta segunda-feira, dia 23 de maio, mais duas ideias das práticas recente, com o firme propósito de nos aquietarmos para, em primeiro lugar, ouvir e receber em nós a Palavra de Deus e para, em seguida, aprender que tudo o que damos damos apenas a nós mesmos. Sempre. Em toda e qualquer circunstância.

Se voltarmos ao texto que a lição 126 nos oferece, como lembrei no ano passado, vamos ler lá que esta segunda ideia, ou seja, a de que tudo o que damos é apenas a nós mesmos que damos, é completamente estranha para o ego, que se vê separado e distante de tudo e de todos, lutando para tentar manter em pé as ilusões que criou e nas quais acredita.

Seguindo, pois, as orientações que recebemos antes, podemos descobrir nisto a importância das práticas. Em primeiro lugar, para aprendermos que, no silêncio e em paz, podemos ouvir a Voz por Deus e receber Sua Palavra em nós com alegria. E, segundo, para compreendermos que, em contato com o divino em nós, podemos abandonar todas as crenças a que o ego quer nos induzir, eliminando, assim, as ilusões que nos impedem de chegar ao conhecimento de nós mesmos,  e de entrar em contato com o que somos, na verdade, em Deus.

domingo, 22 de maio de 2011

O aprendizado da des-identificação com a mente

LIÇÃO 142

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(123) Agradeço a meu Pai por Suas dádivas para mim.

(124) Que eu me lembre de que sou um com Deus.

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COMENTÁRIO:

Neste domingo, 22 de maio, revisamos as ideias das práticas das lições 123 e 124. Ambas as ideias, como eu disse no ano passado, são de vital importância para aprendermos a abandonar os ensinamentos do ego e os do mundo. Ambas nos levam a entender que, na verdade, aquilo que pensamos ser não existe. Que o que somos é parte da Unidade com Deus e vive em Deus, mesmo quando nos percebemos e acreditamos separados e distantes, de nós mesmos, uns dos outros e de Deus.

As práticas, feitas de acordo com as orientações dadas no texto introdutório à revisão vão nos levar a dar os primeiros passos na direção do despertar, auxiliando-nos a perceber o quanto nossa identificação com o corpo e com a mente nos atrapalha, impedindo-nos de andar na direção do reconhecimento, da aceitação e do cumprimento da Vontade de Deus para nós.

Repetindo, como no ano passado, o que Eckhart Tolle diz em seu livro O Poder do Agora: "Estamos tão identificados [com a mente] que nem percebemos que somos seus escravos. É quase como se algo nos dominasse sem termos consciência disso e passássemos a viver como se fôssemos a entidade dominadora. A liberdade começa quando percebemos que não somos a entidade dominadora, o pensador. Saber disso nos permite observar a entidade. No momento em que começamos a observar o pensador, ativamos um nível mais alto da consciência. Começamos a perceber, então, que existe uma vasta área de inteligência além do pensamento, e que este é apenas um aspecto diminuto da inteligência. Percebemos também que as coisas realmente importantes como a beleza, o amor, a criatividade, a alegria e a paz interior surgem de um ponto além da mente. É quando começamos a acordar".

É para este nível e para este despertar que as práticas nos remetem.

sábado, 21 de maio de 2011

Aprendendo a trazer a verdade à consciência

REVISÃO IV

Introdução

1. Agora revisamos de novo, desta vez conscientes de que nos preparamos para a segunda parte do aprendizado de como se pode aplicar a verdade. Hoje, vamos começar a nos concentrar no preparo para o que virá a seguir. É este nosso objetivo para esta revisão e para as lições que se seguem. Desta forma, revisamos as lições recentes e o pensamento central delas de tal modo que facilitará a prontidão que queremos alcançar agora.

2. Há um tema central que unifica cada passo nesta revisão que empreendemos, que pode ser declarado simplesmente nestas palavras:

Minha mente contém só o que eu penso com Deus.

Isto é um fato e representa a verdade do Que tu és e do Que teu Pai é. É este pensamento pelo qual o Pai deu a criação ao Filho, estabelecendo o Filho como co-criador com Ele Mesmo. É este pensamento que garante plenamente a salvação para o Filho. Pois em sua mente não pode habitar nenhum pensamento a não ser aqueles que seu Pai compartilha. A ausência do perdão bloqueia este pensamento de sua consciência. No entanto, ele é verdadeiro para sempre.

3. Comecemos nossa preparação com alguma compreensão das muitas formas pelas quais a ausência do verdadeiro perdão pode ser cuidadosamente escondida. Em função de elas serem ilusões, elas não são percebidas como sendo apenas o que são: defesas que protegem teus pensamentos rancorosos de serem vistos e reconhecidos. O propósito deles é te mostrar outra coisa e impedir a correção por meio de auto-enganos feitos para tomarem o lugar dela.

4. E, não obstante, tua mente contém só o que pensas com Deus. Teus auto-enganos não podem tomar o lugar da verdade. Não mais do que uma criança que joga um pedaço de pau no oceano pode mudar o movimento das marés, o aquecimento da água pelo sol, a lua de prata sobre ela à noite. Por isto começamos cada um de nossos períodos de prática nesta revisão aprontando nossas mentes para compreenderem as lições que lemos e perceberem o sentido que elas nos oferecem.

5. Começa cada dia com tempo dedicado à preparação de tua mente para aprender o que cada ideia que vais revisar pode te oferecer em termos de liberdade e paz. Abre tua mente e a purifica de todos os pensamentos que querem enganar e deixa que apeenas este a ocupe por inteiro, e elimina o resto:

Minha mente contém só o que penso com Deus.

Cinco minutos com este pensamento serão suficientes para ajustar o dia de acordo com a linhas que Deus designou e para colocar todos os pensamentos que receberás naquele dia sob o comando da Mente d'Ele.

6. Eles não virão só de ti, pois todos serão compartilhados com Ele. E, assim, cada um deles trará a mensagem de Seu Amor para ti, devolvendo mensagens do teu para Ele. Então, a comunhão com o Senhor dos Anfitriões será tua, como Ele Próprio quer que seja. E, enquanto Sua Própria completude se junta a Ele, da mesma forma Ele Se une a ti que ficas completo quando te juntas a Ele e Ele a ti.

7. Depois de tua preparação, lê simplesmente cada uma das duas ideias designadas para ti para serem revistas naquele dia. Fecha os olhos, em seguida, e dize-as lentamente para ti mesmo. Não há nenhuma pressa agora, pois usas o tempo com a finalidade para a qual ele foi destinado. Deixa que cada palavra brilhe com o significado que Deus lhe dá, tal qual ela te foi dada por Sua Voz. Deixa que cada ideia que revisas naquele dia te dê a dádiva que Ele colocou nela para a que a tivesses d'Ele. E não usaremos nenhum formato para nossa prática a não ser este:

8. Traze a tua mente, a cada hora do dia, o pensamento com o qual o dia começou e passa um momento tranquilo com ele. Em seguida, repete as duas ideias que praticas no dia, sem pressa, com tempo suficiente para perceber as dádivas que elas contêm para ti e deixa que elas sejam recebidas no lugar destinado a elas.

9. Não acrescentamos nenhum outro pensamento, mas deixamos que estas sejam as mensagens que são. Não precisamos mais do que isto para nos dar felicidade e descanso, tranquilidade sem fim, completa convicção e tudo o que nosso Pai quer que recebamos como a herança que temos d'Ele. Terminamos cada dia de prática, à medida que revisamos, da forma que começamos, repetindo em primeiro lugar o pensamento que tornou o dia uma momento especial de bênção e de felicidade para nós e que, por nossa fidelidade devolveu o mundo das trevas à luz, da aflição à alegria, da dor à paz, do pecado à santidade.

10. Deus dá graças a ti que praticas desta forma o cumprimento de Sua Palavra. E, ao entregares tua mente às ideias para o dia mais uma vez antes de dormir, Sua gratidão de envolve na paz aonde Ele quer que fiques para sempre, a qual aprendes agora a reclamar novamente como tua herança.

*

LIÇÃO 141

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(121) O perdão é a chave para a felicidade.

(122) O perdão oferece tudo o que quero.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 21 de maio, começamos uma nova revisão, a quarta. Com ela temos mais uma vez a oportunidade de praticar e fixar em nossas mentes as ideias que aprendemos nos últimos vinte dias e que podem nos colocar mais rapidamente no caminho que leva à salvação.

As ideias que vamos revisar servem também como uma preparação para a segunda parte do aprendizado, pois nos estimulam e ensinam a maneira de abandonar os ensinamentos do mundo, cuja existência, ilusória, está embasada em uma separação nunca aconteceu e que não nos leva a lugar nenhum.

Como o próprio Curso diz, cada uma delas, por si só, praticada de forma correta, com honestidade seria suficiente para nos levar ao auto-conhecimento, para nos devolver à consciência a verdade acerca do que somos, dando-nos a capacidade de assumir o compromisso com nossa própria salvação e com a salvação do mundo inteiro.

Às práticas, pois.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Para libertar a mente da ilusão da separação

LIÇÃO 140

Pode-se dizer que só a salvação cura.

1. "Cura" é uma palavra que não pode ser aplicada a nenhum remédio que o mundo aceite como benéfico. Aquilo que o mundo percebe como terapêutico é apenas o que tornará o corpo "melhor". Quando ele tenta curar a mente, ele não vê nenhuma separação do corpo, onde ele pensa que a mente existe. Deste modo, suas formas de cura têm de substituir ilusão por ilusão. Uma crença na doença toma outra forma e, então, o paciente se percebe como estando bem.

2. Ele não está curado. Ele apenas teve um sonho de que estava doente e, no sonho, encontrou uma fórmula mágica para fazê-lo ficar bem. No entanto, ele não acorda do sonho e, por isto, sua mente continua a ser exatamente como era antes. Ele não vê a luz que o acordaria e poria fim ao sonho. Que diferença o conteúdo de um sonho faz na realidade? Ou se dorme ou se desperta. Não há meio termo.

3. Os sonhos felizes que o Espírito Santo traz são diferentes do sonhar do mundo, onde se pode apenas sonhar que se está acordado. Os sonhos que o perdão deixa a mente perceber não induzem a outra forma de sono, a fim de que o sonhador sonhe outro sonho. Seus sonhos felizes são os prenúncios do despertar da verdade na mente. Eles conduzem do sono para o despertar suave, de modo que os sonhos desaparecem. E, deste modo, eles curam por toda a eternidade.

4. A Expiação cura com certeza e cura todas as doenças. Pois a mente que compreende que a doença não pode ser nada senão um sonho não se deixa enganar pelas formas que o sonho pode assumir. Onde a culpa não está presente, a doença não pode vir, pois ela é apenas outra forma de culpa. A Expiação não cura o doente, pois isto não é cura. Ela elimina a culpa que torna a doença possível. E isto, de fato, é cura. Pois a doença, agora, acabou, sem deixar nada para o qual ela possa voltar.

5. Que a paz esteja contigo, que estás curado em Deus e não em sonhos vãos. Pois a cura tem de vir da santidade e não se pode encontrar santidade onde se aprecia o pecado. Deus habita em templos santos. Ele é barrado aonde o pecado entra. Porém não há nenhum lugar onde Ele não esteja. E, por isto, o pecado não pode ter nenhum lar no qual se esconder da benevolência d'Ele. Não há nenhum lugar em que a santidade não esteja e nenhum lugar em que o pecado e a doença possam habitar.

6. É este o pensamento que cura. Ele não faz distinções entre ilusões. E também não busca curar o que não está doente, sem ter em mente aonde a necessidade de cura está. Isto não é nenhuma mágica. É apenas um apelo à verdade, que não pode deixar de curar, e curar para sempre. Ele não é um pensamento que julga uma ilusão por seu tamanho, sua aparente gravidade, ou qualquer coisa relacionada à forma que ela assume. Ele apenas se concentra naquilo que é e sabe que nenhuma ilusão pode ser real.

7. Não vamos tentar, hoje, buscar curar aquilo que não pode estar sujeito à doença. Tem-se de buscar a cura apenas aonde ela está e, então, aplicá-la àquilo que está doente, para que possa se curar. Não há nenhum remédio que o mundo ofereça que possa produzir uma mudança em qualquer coisa. A mente que traz as ilusões à realidade mudou verdadeiramente. Não existe nenhuma mudança a não ser esta. Pois como uma ilusão pode ser diferente de outra a não ser em características que não têm nenhum significado, nenhuma realidade, nenhuma essência e nada que seja verdadeiramente diferente?

8. Hoje buscamos mudar nosso modo de pensar acerca da fonte da doença, pois buscamos uma cura para todas as ilusões, não mais uma troca entre elas. Hoje, tentaremos descobrir a fonte da cura, que está em nossas mentes porque nosso Pai a pôs lá para nós. Ela não está mais longe de nós do que nós mesmos. Ela está tão perto de nós quanto nossos próprios pensamentos; tão perto que é impossível perdê-la. Nós só precisamos buscá-la e ela tem de ser achada.

9. Não seremos iludidos hoje por aquilo que se apresenta a nós como doente. Vamos além das aparências hoje e alcançamos a fonte da cura da qual nada está livre. Seremos bem-sucedidos na medida em que percebermos claramente que não pode haver jamais uma distinção significativa entre o que não é verdadeiro e aquilo que não é verdadeiro igualmente. Não há graus nisto e nenhuma crença de que aquilo que não existe é mais verdadeiro em algumas formas do que em outras. Todas são falsas e podem ser curadas porque não são verdadeiras.

10. Por isto, deixamos de lado nossos amuletos, feitiços e remédios, nossos cânticos e truques de magia em quaisquer formas que eles tomem. Ficaremos em silêncio e buscaremos escutar a Voz da cura, que curará todos os males como um só, devolvendo a saúde ao Filho de Deus. Nenhuma voz a não ser esta pode curar. Hoje ouviremos uma única Voz que nos fala da verdade, na qual todas as ilusões findam, e a paz volta ao lar eterno e sereno de Deus.

11. Nós O ouvimos ao despertar e O deixamos falar conosco por cinco minutos quando o dia começar e encerramos o dia ouvindo novamente durante outros cinco minutos antes de irmos dormir. Nossa única preparação é deixar que nossos pensamentos de intromissão sejam postos de lado, não separadamente, mas todos eles como um só. Eles são o mesmo. Não temos nenhuma necessidade de torná-los diferentes e, assim, atrasar o momento em que podemos ouvir nosso Pai falar conosco. Nós O escutamos hoje. Nós viemos até Ele hoje.

12. Sem nada nas mãos a que nos agarrarmos, com os corações elevados e mentes à escuta, oramos:

Pode-se dizer que só a salvação cura.
Fala conosco, Pai, para que possamos ser curados.

E sentiremos a salvação nos cobrir com proteção suave e com uma paz tão profunda que nenhuma ilusão pode perturbar nossas mentes, nem nos oferecer prova de que é real. É isto que aprendemos hoje. E faremos nossa oração pela cura a cada hora, e reservaremos um minuto, quando cada hora bater, para ouvir a resposta a nossa oração nos ser dada, enquanto prestamos atenção em silêncio e com alegria. Este é o dia em que a cura vem a nós. Este é o dia em que a separação acaba e nos lembramos de Quem somos verdadeiramente.

*

COMENTÁRIO:

Com a lição desta sexta-feira, dia 20 de maio, estamos encerrando mais uma série de lições. Ao mesmo tempo em que praticamos para aprender que "só a salvação cura", preparamo-nos também para iniciar, amanhã, o quarto período de revisão. A ideia com que o Curso encerra esta série para as nossas práticas de hoje nos oferece a possibilidade de alcançar a salvação agora mesmo, aprendendo, reconhecendo e aceitando o fato de que tudo o que mundo pode oferecer é apenas a ilusão.

Ou, dizendo de outra forma, conforme postagem que fiz no facebook ontem, valendo-me de parte de uma poesia de um amigo: "É preciso que se entenda/Que a vida em si é inventada/A realidade é uma lenda,/Só na morte revelada".

Isto é, nada do que fazemos neste mundo vai durar para sempre. Ou, como o próprio Curso afirma, "curar é fazer feliz", ou devolver a alegria. Para alcançarmos a alegria é preciso que aprendamos a nos perdoar, por toda e qualquer coisa que tenhamos feito, façamos ou venhamos a fazer. Pois, como nos ensinava o Dito, é só antes de se fazer qualquer coisa que podemos pensar que ela pode ser malfeito, depois que "a gente fez, aí tudo é bem-feito..."

Recorrendo ainda ao Curso, precisamos nos lembrar de que "perdoar é lembrar apenas os pensamentos amorosos que deste no passado e aqueles que te foram dados. Todo o resto tem de ser esquecido". E não há salvação fora do perdão.

Aproveitando parte do comentário feito a esta lição no ano passado, pode-se dizer que a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje mostra que só é preciso curar a mente, libertando-a de toda e qualquer crença equivocada. Deixando-a livre da ilusão de que é possível vivermos separados daquilo que somos verdadeiramente, uns dos outros e num estado de separação de Deus. A doença é uma crença equivocada. A separação também. Pratiquemos pois, para aprender que só a salvação pode curar.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nosso único equívoco é julgar as experiências

LIÇÃO 139

Aceitarei a Expiação para mim mesmo.

1. Eis aqui o fim da escolha. Pois aqui chegamos à decisão de nos aceitarmos tal como Deus nos criou. E o que é a escolha exceto incerteza acerca do que somos? Não existe nenhuma dúvida que não esteja enraizada nisto. Não existe nenhuma questão que não reflita esta. Não existe nenhum conflito que não envolva a pergunta simples e singular: "O que sou?".

2. No entanto, quem pode fazer esta pergunta exceto alguém que se recuse a reconhecer a si mesmo? Só a recusa em te aceitares pode fazer a pergunta parecer sincera. A única coisa que pode ser conhecida com certeza por qualquer coisa viva é o que ela é. A partir deste ponto de certeza, ela olha para as outras coisas com tanta confiança quanto em si mesma.

3. Incerteza a respeito do que tens de ser é auto-engano em uma escala tão ampla cuja magnitude é difícil de conceber. Estar vivo e não conhecer a ti mesmo é acreditar que estás, de fato, morto. Pois o que é a vida exceto seres tu mesmo e o que a não ser tu pode estar vivo em teu lugar? Quem é o que duvida? De que ele duvida? A quem ele pergunta? Quem pode lhe responder?

4. Ele apenas afirma que ele não é ele mesmo e, por isto, sendo alguma outra coisa, vem a ser um questionador do que é esta outra coisa. Contudo, ele nunca poderia em absoluto estar vivo, a menos que conhecesse a resposta. Se ele pergunta como se não soubesse, ele apenas demonstra que não quer ser a coisa que é. Ele a aceita porque vive; julga contra ela e nega seu valor e decide que não conhece a única certeza pela qual vive.

5. Desta forma, ele se torna indeciso acerca de sua vida, porque nega o que ela é. É para esta negação que necessitas da Expiação. Tua negação não fez nenhuma mudança naquilo que és. Mas tu divides tua mente entre o que conhece e o que não conhece a verdade. Tu és tu mesmo. Não há nenhuma dúvida disto. E, não obstante, tu duvidas. Mas tu não perguntas que parte de ti pode, de fato, duvidar de ti mesmo. Não pode realmente ser uma parte de ti que faz esta pergunta. Pois ela pergunta a alguém que conhece a resposta. Se fosse parte de ti, a incerteza, então, seria impossível.

6. A Expiação cura a estranha ideia de que é possível duvidares de ti mesmo e não ter certeza daquilo que realmente és. Isto é o abismo da loucura. Contudo, ela é a pergunta universal do mundo. O que isto significa a não ser que o mundo é louco? Por que compartilhar sua loucura na crença deplorável de que o que é universal aqui é verdadeiro?

7. Nada daquilo em que o mundo acredita é verdadeiro. O mundo é um lugar cujo propósito é ser um lar aonde aqueles que alegam não conhecer a si mesmos podem vir para perguntar o que é que eles são. E eles virão novamente até que se aceite o tempo da Expiação e eles aprendam que é impossível duvidares de ti mesmo e não estar ciente do que és.

8. Só se pode pedir de ti a aceitação, porque o que és é incontestável. Está estabelecido para sempre na Mente de Deus e na tua própria mente. Está tão além de toda dúvida e questão que perguntar o que tem de ser é toda a prova de que necessitas para mostrar que acreditas na contradição de que não conheces o que não podes deixar de conhecer. Isto é uma pergunta ou uma afirmação que nega a si mesma ao ser afirmada? Não vamos deixar que nossas mentes santas se ocupem com devaneios inúteis tais como este.

9. Temos uma missão aqui. Não viemos para reforçar a loucura em que acreditávamos antes. Não nos esqueçamos da meta que aceitamos. Viemos para ganhar mais do que só a nossa felicidade. O que aceitamos como aquilo que somos revela claramente o que todos têm de ser junto conosco. Olha para eles amorosamente, para que eles possam saber que são parte de ti e que tu és parte deles.

10. É isto que a Expiação ensina, e demonstra que a Unidade do Filho de Deus não é atacada por sua crença de que não sabe o que ele é. Aceita a Expiação hoje, não para mudar a realidade, mas simplesmente para aceitar a verdade acerca de ti mesmo e seguir teu caminho alegrando-te no Amor infinito de Deus. É apenas isto o que nos é pedido para fazer. É apenas isto que faremos hoje.

11. Reservaremos cinco minutos pela manhã e à noite para dedicar nossas mentes a nossa tarefa de hoje. Começamos com esta revisão de qual é nossa função:

Aceitarei a Expiação para mim mesmo,
Pois continuo a ser tal como Deus me criou.

Não perdemos o conhecimento que Deus nos deu quando nos criou iguais a Ele Mesmo. Podemos nos lembrar disto por todos, pois na criação todas as mentes são como uma só. E, em nossa memória, está a lembrança de quão caros são nossos irmãos para nós na verdade, do quanto cada mente é parte de nós, de quão fiéis eles são a nós realmente e de como o Amor de nosso Pai contém todos eles.

12. Em agradecimento por toda a criação, em Nome do seu Criador e de Sua Unidade com todos os aspectos da criação, repetimos nossa consagração a nossa causa a cada hora hoje, enquanto deixamos de lado todos os pensamentos que nos distraíriam de nosso objetivo sagrado. Por alguns minutos, deixa que tua mente se desembarece de todas as teias tolas que o mundo quer tecer em volta do Filho santo de Deus. E aprende a natureza frágil das correntes que parecem manter o conhecimento de ti mesmo distante de tua consciência, à medida que dizes:

Aceitarei a Expiação para mim mesmo,
Pois continuo a ser tal como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

A lição desta quarta-feira, dia 19 de maio, busca nos lembrar que ainda somos como Deus nos criou de uma forma diferente daquelas a que estamos acostumados. As práticas nos incentivam a aprender a aceitar a Expiação para nós mesmos.  Para quem não lembra ou ainda não está familiarizado com a terminologia do Curso, Expiação significa simplesmente o desfazer do erro. Isto é, quando, na ilusão, cometemos qualquer erro, podemos expiá-lo evitando julgar-nos por aquilo que é apenas um equívoco, parte da grande ilusão de que somos capazes de errar.

Na verdade, aceitar a Expiação é entender que não existe erro, apenas a experiência. E, para aproveitar uma vez mais uma fala de um dos personagens - uma criança - do conto Campo Geral, de Guimarães Rosa, vejam como Dito se refere ao erro, ou malfeito, aconselhando seu irmão Miguilim, que estava a questionar a todos a respeito da forma de se saber como se pode perceber se alguma coisa que alguém faz ou tenciona fazer é malfeito ou bem-feito.

Depois de chamar a atenção de Miguilim para que parasse com a perguntação, cuidando de não deixar que se pensasse que ele, Miguilim, havia feito alguma coisa errada, Dito lhe diz o seguinte:

"Olha: pois agora que eu sei, Miguilim. Tudo quanto há, antes de se fazer, às vezes é malfeito; mas depois que está feito e a gente fez, aí tudo é bem-feito..."

Ora, o personagem sabia que, como eu disse no comentário do ano passado, na verdade, a única coisa que podemos fazer é experimentar. O tempo todo. Sempre. E só antes de fazer alguma coisa é que podemos pensar nela com os pressupostos de boa ou má ação, a partir da percepção que temos, a percepção de que somos capazes e que é sempre parcial. Assim, o único equívoco que podemos fazer é julgar as experiências como certas ou erradas.  O que elas não são. São apenas experiências. Neutras. Necessárias ao estar-se, ao perceber-se, num mundo que aparentemente não criamos. Julgá-las é o mesmo que julgar a nós mesmos. Daí a necessidade, como a lição diz, de aceitarmos a Expiação para nós mesmos.

É claro que isto também se aplica às experiências do outro, ou outros, que são apenas reflexos daquilo que queremos ver, e que servem para nos apresentar partes de nós que, ou ainda não somos capazes de as perceber ou não as queremos reconhecer em nós mesmos. Daí a necessidade de aprendermos a não julgar nada do que vemos no outro. Nem nada do que o outro faz. Pois fazê-lo é, mais uma vez, apenas julgar a nós mesmos.

Enfim, repetindo a parte final do comentário do ano passado, é só o ego, a parte ilusória de nós, a parte de nós mesmos que se percebe separada do outro, ou outros, e de Deus, que pode ter dúvidas a respeito do que ele é. Daí a pergunta: "Quem sou?". Mas nós não somos o ego. Por isto a pergunta só pode ser feita ao que somos. Ao Ser em nós. E nossa resposta tem de ser a de quem acredita que ainda é tal como Deus o criou. Pois não existe nada além dele, com Deus e em Deus.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que preferimos: ter razão ou ser feliz?

LIÇÃO 138

O Céu é a decisão que tenho de tomar.

1. Neste mundo, o Céu é uma escolha porque, aqui, acreditamos que há alternativas entre as quais escolher. Pensamos que todas as coisas têm um oposto, e que escolhemos o que queremos. Se o Céu existe, tem de haver também um inferno, pois a contradição é o modo com que fazemos aquilo que percebemos e aquilo que pensamos ser real.

2. A criação não conhece nenhum oposto. Mas, aqui, a oposição é parte de ser "real". É esta estranha percepção da verdade que faz a escolha do Céu parecer ser a mesma coisa que a renúncia do inferno. Isto não é realmente assim. Contudo, aquilo que é verdadeiro na criação de Deus não pode entrar aqui até ser mostrado de alguma forma que o mundo possa compreender. A verdade não pode vir a um lugar em que só seria percebida com medo. Pois isto seria o erro segundo o qual se pode trazer verdade às ilusões. A resistência faz com que a verdade seja mal-recebida e ela não pode vir.

3. A escolha é a saída evidente para o que se apresenta na forma de opostos. A decisão permite que um dos objetivos contraditórios se torne a meta do esforço e do dispêndio de tempo. Sem a decisão, o tempo é apenas uma extravagância e o esforço desregrado. Ele é gasto para nenhum retorno e o tempo passa sem resultados. Não há sensação de benefício, pois não se realiza nada; não se aprende nada.

4. Tu precisas ser lembrado de que pensas que te defrontas com mil escolhas, quando, realmente, há somente uma a se fazer. E mesmo esta apenas parece ser uma escolha. Não te confundas com todas as dúvidas a que te induziria uma miríade de decisões. Tu tomas apenas uma. E, quanto se toma essa, perceberás que ela não absolutamente uma escolha. Pois a verdade é verdadeira e nada mais é verdadeiro. Não há nenhum contrário para se escolher no lugar dela. Não há nenhuma contradição para a verdade.

5. A escolha depende do aprendizado. E não se pode aprender a verdade, mas apenas reconhecê-la. A aceitação dela está no reconhecimento e, quando ela é aceita, ela é conhecida. Mas o conhecimento está além das metas que buscamos ensinar na estrutura deste curso. Nossas metas são metas de ensino, a serem alcançadas pelo aprendizado de como alcançá-las, quais são elas e o que elas te oferecem. As decisões são a consequência de teu aprendizado, pois elas se baseiam naquilo que aceitas como a verdade do que és e de quais têm de ser tuas necessidades.

6. Neste mundo loucamente complicado, o Céu parece tomar a forma de escolha, em vez de ser simplesmente o que é. De todas as escolhas que tentas fazer esta é a mais simples, a mais definitiva e o modelo para todas as outras; a única que determina todas as decisões. Se podes decidir as outras, esta permanece não-resolvida. Mas, quando resolves esta, as outras se resolvem com ela, pois todas as decisões apenas escondem esta, assumindo formas diferentes. Eis aqui a escolha definitiva e única na qual se aceita ou se nega a verdade.

7. Por isto, começamos hoje refletindo acerca da escolha para qual se inventou o tempo, a fim de nos ajudar a fazê-la. Tal é seu propósito sagrado, transformado agora pela intenção que lhe deste; a de que ele seja um meio para demonstrar que o inferno é real, que as esperanças se transformam em desespero e a própria vida, no final, tem de ser vencida pela morte. Só na morte se resolvem os opostos, pois acabar com a oposição é morrer. E, deste modo, tem-se de ver a salvação como morte, pois a vida é vista como conflito. Resolver o conflito também é pôr fim a tua vida.

8. Estas crenças loucas podem exercer um domínio de grande intensidade e aprisionar a mente com um terror e uma ansiedade tão fortes que ela não renunciará a suas ideias acerca de sua própria proteção. Ela tem de ser salva da salvação, ameaçada para ficar segura e blindada de forma mágica contra a verdade. E estas decisões se fazem de modo inconsciente, para mantê-las imperturbadas de forma segura; distantes do questionamento e da razão e da dúvida.

9. Escolhe-se o Céu conscientemente. A escolha não pode ser feita até que as alternativas sejam vistas e compreendidas de modo correto. Tem-se de trazer à compreensão tudo o que está velado nas sombras, para ser avaliado de novo, desta vez com a ajuda do Céu. E todos os erros no julgamento que a mente cometeu antes ficam abertos à correção, quando a verdade os anula como infundados. Agora eles ficam sem efeitos. Não podem ser escondidos porque sua insignificância foi reconhecida.

10. A escolha consciente do Céu é tão certa quanto o fim do medo do inferno, quando ele é erguido do escudo protetor da inconsciência e trazido à luz. Quem pode decidir entre aquilo que se vê claramente e o que não se reconhece? Porém, quem pode deixar de fazer uma escolha entre alternativas quanto apenas uma é vista como valiosa; a outra como uma coisa totalmente sem valor, apenas um fonte imaginária de culpa e dor? Quem hesita em fazer uma escolha como esta? E nós hesitaremos em escolher hoje?

11. Fazemos a escolha do Céu quando acordamos e passamos cinco minutos seguros de que tomamos a única decisão sã. Reconhecemos que fazemos uma escolha consciente entre o que existe e o que não tem nada a não ser uma aparência de verdade. Seu pseudo-ser, trazido ao que é real, é insignificante e transparente na luz. Ele não contém nenhum terror agora, pois o que se fez enorme, vingativo, impiedoso em ódio, exige escuridão para que se invista medo aí. Agora ele é reconhecido como apenas um equívoco sem importância.

12. Antes de fecharmos os olhos para dormir, esta noite, reafirmamos a escolha que fizemos a cada hora do dia. E, agora, damos os últimos cinco minutos de nosso dia de vigília à decisão com que acordamos. À medida que cada hora passava, declaramos nossa escolha mais uma vez, em um breve momento de dedicado à manutenção da sanidade. E, finalmente, terminamos o dia com isto, reconhecendo que escolhemos apenas aquilo que queremos:

O Céu é a decisão que tenho de tomar. Eu a tomo agora e
não vou mudar de ideia, porque é a única coisa que quero.

*

COMENTÁRIO:

Esta é uma lição de que gosto muito. Acredito que se pode pensar nela como a ideia que pode confirmar todas as outras que praticamos até aqui. Isto é, tudo o que os exercícios nos ofereceram até este momento pode se comprovado pelas aplicações práticas da ideia desta quarta-feira, 18 de maio.

Tomar a decisão pelo Céu não significa que tudo vai se transformar de um momento para outro naquela maravilha. Mas significa que resolvemos dar a nós mesmos a oportunidade de experimentar a alegria a partir de tudo o que se apresentar a nossa experiência. Isto é, significa que decidimos abdicar do sofrimento, da dor, do pesar, do infortúnio e de todas as consequências do julgamento em favor da alegria e da paz.

Ao nos decidirmos pelo Céu, abrimos mão do julgamento. E nos preparamos para reconhecer e aceitar a neutralidade do mundo e de tudo e de todos que o habitam. Nesta decisão está também o reconhecimento de que não sabemos nada, que nos preparam para a aceitação da necessidade da entrega de nossas vidas ao Espírito Santo em nós, Àquele que sabe nos conduzir sempre na direção da alegria e da paz completas e perfeitas. Na direção da Vontade de Deus para nós.

Como eu lembrei ao comentar esta lição no ano passado, em algum ponto do livro texto do Curso, lemos a informação de que sempre que fazemos qualquer escolha escolhemos entre o Céu e o inferno, entre o Espírito Santo e o ego, ou ainda entre a crucificação e a ressurreição. Dizendo de outra forma, todas as nossas decisões são escolhas que fazemos entre ter razão, a partir do ego, ou ser feliz, a partir da aceitação da Vontade de Deus da alegria perfeita para nós.

A ideia, pois, que praticamos hoje é bastante clara acerca de como devemos, ou podemos conduzir nossas vidas, se quisermos cumprir o papel que nos cabe no plano de Deus para a salvação. Assim como toda caminhada começa com um passo, que vai nos levar ao destino, afinal, depois de darmos todos os passos necessários naquela direção, nossa busca pelo autoconhecimento, que é o ensinamento que o Curso nos oferece, tem de começar com a tomada de decisão.

Para tanto, é preciso definir o que queremos. Pois, lembrando ainda o comentário do ano passado, se o que temos agora é expressão do que somos e nos permite passear livremente pelo mundo, sem que nada nos aprisione, e se é a alegria que nos move na direção do amor que nunca acaba, e que é a única coisa que verdadeiramente existe, podemos dizer que já fizemos a escolha e estamos colhendo os resultados dela, felizes. Mas, se há ainda algum aspecto em nossas vidas com o qual não sabemos lidar, que gostaríamos de mudar, então, como nos diz a lição de hoje, ainda não tomamos a única decisão que pode nos dar tudo.

As práticas de hoje nos oferecem uma nova oportunidade de tomá-la. E aprender, como Miguilim, no conto Campo Geral, de João Guimarães Rosa, "que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por dentro... (...) o certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma."

terça-feira, 17 de maio de 2011

A alegria que Deus quer que sejamos capazes

LIÇÃO 137

Quando sou curado, não sou curado sozinho.

1. A ideia de hoje continua a ser o principal pensamento em que se baseia a salvação. Pois cura é o oposto de todas as ideias do mundo, que dão ênfase à doença e a estados separados. A doença é um afastamento dos outros e um fechar-se à união. Ela vem a ser uma porta que se fecha sobre um ser separado e o mantém isolado e sozinho.

2. A doença é isolamento. Pois ela parece manter um ser separado de todos os outros, para sentir o que os outros não sentem. Ela dá ao corpo o poder final para tornar real a separação e manter a mente em uma prisão solitária, dividida ao meio e mantida em pedaços por uma parede sólida de carne doente que ela não pode superar.

3. O mundo obedece às leis a que a doença serve, mas a cura funciona independente delas. É impossível que alguém seja curado sozinho. Na doença ele tem de ficar distante e separado. Mas a cura é sua própria decisão de ser uno novamente e aceitar seu Ser com todas as Suas partes intactas e incólumes. Na doença seu Ser parece estar desmantelado e sem a unidade que Lhe dá vida. Mas a cura se realiza quando ele percebe que o corpo não tem nenhum poder para atacar a Unidade universal do Filho de Deus.

4. A doença quer provar que as mentiras têm de ser a verdade. Mas a cura demonstra que a verdade é verdadeira. A separação que a doença quer impor não acontece nunca verdadeiramente. Estar curado é apenas aceitar o que sempre foi a simples verdade, que continuará a ser exatamente como é para sempre. Porém, deve-se mostrar a olhos acostumados às ilusões que aquilo para que eles olham é falso. Por isto, a cura, de que a verdade nunca precisa, tem de demonstrar que a doença não é real.

5. Deste modo, a cura poderia ser chamada de um contra-sonho, que cancela o sonho de doença em nome da verdade, mas não na própria verdade. Da mesma forma que o perdão ignora todos os pecados, que nunca se realizaram, a cura apenas elimina as ilusões, que nunca aconteceram. Assim como o mundo real surgirá para ocupar o lugar daquilo que absolutamente nunca existiu, a cura apenas oferece reparação para os estados imaginários e ideias falsas que os sonhos bordam em quadros da verdade.

6. Não penses, porém, que a cura não é digna de tua função aqui. Pois o anticristo se torna mais poderoso do que Cristo para aqueles que sonham que o mundo é real. O corpo parece ser mais sólido e estável do que a mente. E o amor vem a ser um sonho, enquanto o medo continua a ser a única realidade que se pode ver e justificar e compreender inteiramente.

7. Da mesma forma que o perdão afasta todo o pecado e que o mundo real virá ocupar o lugar daquilo que fizeste, a cura também tem de substituir as fantasias de doença que manténs diante da simples verdade. Quando se vir a doença desaparecer apesar das leis que sustentam que ela não pode deixar de ser real, então, as perguntas estão respondidas. E não se pode mais alimentar nem obedecer a essas leis.

8. Cura é liberdade. Porque demonstra que os sonhos não prevalecerão sobre a verdade. A cura é compartilhada. E por esta característica ela prova que leis diferentes daquelas que sustentam ser a doença inevitável são mais fortes do que seus contrários doentios. Cura é força. Porque por sua mão benigna supera-se a fraqueza e mentes que estavam emparedadas dentro de um corpo são libertadas para se unirem com outras mentes, para serem fortes para sempre.

9. Cura, perdão e a troca alegre de todo o mundo de pesar por um mundo no qual a tristeza não pode entrar são os meios pelo quais o Espírito Santo insiste contigo para que O sigas. Suas lições benignas ensinam quão facilmente a salvação pode ser tua, quão pouco exercício precisas fazer para permitir que Suas leis substituam as que tu inventaste para te manteres prisioneiro da morte. A vida d'Ele vem a ser a tua tão logo ofereces o pouco auxílio que Ele solicita para te libertar de tudo o que alguma vez te causou dor.

10. E, quanto te permites ser curado, vês todos aqueles à volta de ti, ou aqueles que te passam pela cabeça, ou aqueles que tocas ou aqueles que parecem não ter nenhum contato contigo curados junto contigo. Talvez não os reconheças a todos nem te dês conta de quão imensa é tua oferenda para todo o mundo, quando a cura chega para ti. Mas tu nunca és curado sozinho. E legiões após legiões receberão a dádiva que recebes quando és curado.

11. Aqueles que são curados se tornam instrumentos de cura. E também não existe nenhum intervalo entre o momento em que eles são curados e o momento em que toda a graça da cura lhes é oferecida para que eles a deem. Aquilo que é contrário a Deus não existe e quem não o aceita em sua mente se torna um porto aonde os fatigados podem permanecer para descansar. Pois aí a verdade é concedida e aí todas as ilusões são trazidas à verdade.

12. Não oferecerias abrigo à Vontade de Deus? Tu apenas convidas teu Ser a ficar à vontade. E este convite pode ser recusado? Pede que o inevitável aconteça e não falharás nunca. A outra escolha é apenas pedir que aquilo que não pode existir exista e isto não pode ser bem-sucedido. Hoje, pediremos que apenas a verdade ocupe nossas mentes; que pensamentos de cura queiram que este dia siga adiante daquilo que está curado na direção do que ainda tem de ser curado, cientes de que ambos acontecerão como uma coisa só.

13. À medida que cada hora passar, vamos nos lembrar de que nossa função é deixar que nossas mentes sejam curadas, para que possamos levar cura ao mundo, trocando a maldição pela bênção, a dor pela alegria e a separação pela paz de Deus. Não vale a pena dar um minuto de cada hora para receber uma dádiva como esta? Um pouco de tempo não é um custo pequeno a se oferecer pela dádiva de tudo?

14. No entanto, temos de estar preparados para tal dádiva. E, por isto, começaremos o dia com isto e daremos dez minutos a estes pensamentos, com os quais, à noite, também concluiremos o dia de hoje:

Quando sou curado, não sou curado sozinho. E quero compartilhar
minha cura com o mundo, para que a doença possa ser banida da
mente do Filho único de Deus, Que é meu único Ser.

15. Deixa que a cura aconteça por teu intermédio hoje mesmo. E, enquanto descansas em serenidade, prepara-te para dar da mesma forma que recebes, para guardar apenas o que dás e para receber a Palavra de Deus para tomar o lugar de todos os pensamentos tolos que já foram imaginados. Agora nos reunimos para tornar são tudo o que estava doente e para oferecer a bênção onde havia ataque. Também não deixaremos que esta função fique esquecida enquanto cada hora do dia passar, lembrando-nos de nosso objetivo com este pensamento:

Quando sou curado, não sou curado sozinho.
E quero abençoar meus irmãos,
porque quero ser curado com eles,
à medida que eles forem curados comigo.

*

COMENTÁRIO:

"Curar é fazer feliz." Esta frase abre o capítulo cinco do texto, que diz, em seguida: "A luz que te pertence é a luz da alegria". Tanto isso é verdadeiro que, em outro ponto, o Curso afirma que curar é devolver a alegria. A alegria completa e perfeita, que é a condição natural do Filho de Deus, que somos todos nós na unidade.

Lá, já no finalzinho do capítulo cinco, o Curso diz: "Sempre que não estás totalmente alegre é porque reagiste com falta de amor a uma das criações de Deus". E é deste tipo de reação que precisamos nos curar. A reação que se origina no julgamento e que nos afasta da alegria e nos impede de alcançar a paz e a felicidade.

É disto que trata a ideia da lição que praticamos nesta terça-feira, dia 17 de maio. Uma ideia que trata de nos lembrar da unidade que somos da unidade de que fazemos parte. Um modo de abandonarmos a ideia de que qualquer um de nós pode existir independente do outro ou dos outros. Uma forma de nos ensinar que não fazemos nada sozinhos e que tudo o que fazemos a qualquer um traz consequências para cada um de nós, para todos nós e para o mundo inteiro.

Assim, se lembrarmos de que não existe nada fora de nós mesmos, vai ser possível entender que "Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinha... Essa - a alegria que Ele quer...", conforme nos diz Guimarães Rosa.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Quem precisa se defender contra a verdade?

LIÇÃO 136

A doença é uma defesa contra a verdade.

1. Ninguém pode curar a menos que compreenda a que propósito a doença parece servir. Pois, então, ele compreende também que o propósito dela não faz nenhum sentido. Por não ter motivo e não ter uma intenção significativa de qualquer tipo, ela não pode absolutatmente existir. Quando se percebe isto, a cura é instantânea. Ela afasta este ilusão sem sentido com a mesma atitude que as leva todas à verdade e as deixa simplesmente aí para desaparecerem.

2. A doença não é um acidente. Como todas as defesas, ela é um instrumento para o auto-engano. E, como todas as restantes, seu objetivo é esconder a verdade, atacá-la, transformá-la, torná-la absurda, deturpá-la, distorcê-la ou reduzí-la a uma quantidade insignificante de peças desagregadas. A meta de todas as defesas é impedir a verdade de ser íntegra. Veem-se as partes como se cada uma fosse íntegra em si mesma.

3. As defesas não são involuntárias, nem se fazem sem consciência. Elas são varas de condão, mágicas e discretas que brandes quando a verdade parece ameaçar aquilo em que queres acreditar. Elas parecem ser inconscientes apenas em razão da rapidez com que escolhes usá-las. Naquele segundo, menos até, em que se faz a escolha, reconheces exatamente o que queres tentar fazer e, então passas a pensar que já está feito.

4. Quem, a não ser tu mesmo, avalias uma ameaça, decide que é necessário uma saída e fixa uma série de defesas para reduzir a ameaça que é considerada como real? Não se pode fazer tudo isto de forma inconsciente. Mais tarde, porém, teu plano exige que tenhas de esquecer que o fizeste, para que ele pareça estar fora de teu próprio objetivo; um acontecimento fora da compreensão de teu estado de espírito, um resultado com efeito real sobre ti, em lugar de um que tu mesmo causaste.

5. É este rápido esquecimento do papel que desempenhas na construção de tua "realidade" que faz as desfesas parecerem estar fora de teu próprio controle. Mas é possível lembrar o que esqueces, com decidida disposição para reconsiderar a decisão que está protegida duplamente pel esquecimento. Tu não te lembrares é apenas o sinal de que esta decisão ainda está em vigor, no que se refere a teus desejos. Não confundas isto com fato. As defesas têm de tornar os fatos irreconhecíveis. Elas têm por objetivo fazer isto, e é isto que fazerm.

6. Toda defesa apanha fragmentos do todo, reúne-os sem levar em conta todas as suas relações verdadeiras e, desta forma, contrói ilusões de um todo que não existe. É este processo que impõe ameaça e não qualquer resultado que provenha dele. Quando partes são arrancadas do todo e vistas como separadas e íntegras em si mesmas, elas se tornam símbolos que representam ataque ao todo; bem-sucedidas, de fato, mas para nunca mais serem vistas como íntegras. E, no entanto, equeces que elas apenas representam tua própria decisão do que deveria ser real para tomar o lugar do que é real.

7. A doença é uma decisão. Ela não é uma coisa bem indesejável que te acontece, que te torna fraco e te traz sofrimento. É uma escolha que fazes, um plano que preparas, quando por um instante a verdade surge em tua mente iludida, e todo o teu mundo parece tremer e se preparar para ruir. Agora estás doente, a fim de que a verdade possa se afastar e não ameace mais as tuas bases.

8. Como pensas que a doença pode ser bem-sucedida em te proteger da verdade? Em razão de ela provar que o corpo não está separado de ti e, assim, tu tens de estar separado da verdade. Tu sentes dor porque o corpo sofre e nesta dor tu te tornas um com ele. Deste modo, preserva-se tua "verdadeira" identidade e se cala e se acalma a ideia estranha e dolorosa de que poderias ser algo mais do que este pequeno monte de pó. Vê, pois, que este pó pode te fazer sofrer, torcer teus membros e parar teu coração, ordenando-te que morras e deixes de existir.

9. Desta forma, o corpo é mais forte do que a verdade, que pede que vivas, mas não pode derrotar tua escolha de morrer. E, por isto, o corpo é mais poderoso do que a vida eterna, o Céu mais frágil do que o inferno e o plano de Deus para a salvação de Seu Filho é contrariado por uma decisão mais forte do que a Vontade d'Ele. Seu Filho é pó, o Pai incompleto e o caos se senta em triunfo no trono de Deus.

10. Este é teu plano para tua própria defesa. E acreditas que o Céu se inclina diante de ataques tão loucos quanto estes, Deus tornado cego por tuas ilusões, a verdade transformada em mentiras e todo o universo feito escravo de leis que tuas defesas querem impor a ele. Porém, quem acredita em ilusões a não ser aquele que as inventou? Quem mais pode vê-las e reagir a elas como se fossem a verdade?

11. Deus não conhece teus planos para mudar a Vontade d'Ele. O universo continua sem perceber as leis pelas quais pensas governá-lo. E o Céu não se curva ao inferno, nem a vida à morete. Tu só podes escolher pensar que morres, ou sofres de doenças ou deturpar a verdade de alguma foram. Aquilo que foi criado está distante de tudo isto. As defesas são planos para derrotar aquilo que não se pode atacar. Aquilo que é inalterável não pode mudar. E aquilo que é totalmente inocente não pode pecar.

12. Esta é a simples verdade. Ela não apela para o poder nem para o triunfo. Ela não ordena obediência, nem busca provar quão lamentáveis e inúteis são tuas tentativas de planejar defesas que querem modificá-la. A verdade quer simplesmente te dar felicidade, pois este é o propósito dela. Talvez ela lamente um pouco com suspiros quando jogas fora suas dádivas e, não obstante, ela sabe, com perfeita segurança, que aquilo que Deus quer para ti tem de ser recebido.

13. É este fato que demonstra que o tempo é uma ilusão. Pois o tempo te permite pensar que aquilo que Deus te dá não é a verdade agora mesmo, como ela tem de ser. Os Pensamentos de Deus estão bem distantes do tempo. Pois o tempo é apenas outra defesa inútil que fizeste contra a verdade. Contudo, o que Ele quer está aqui, e tu continuas a ser como Ele te criou.

14. A verdade tem um poder muito superior ao das defesas, pois nenhuma ilusão pode permanecer no lugar em que se permite que a verdade penetre. E ela vem a qualquer mente que queria baixar suas armas e parar de brincar com a loucura. Pode-se achá-la a qualquer momento; hoje, se estiveres disposto a escolher praticar dar boas vindas à verdade.

15. Este é nosso objetivo hoje. E dedicaremos um quarto de hora, duas vezes, para pedir que a verdade venha a nós e nos liberte. E a verdade virá, pois ela nunca está distante de nós. Elas espera simplesmente por este convite que oferecemos hoje. Nós o apresentamos com uma prece de cura, para nos ajudar a nos elevarmos acima da defensividade e permitirmos que a verdade seja como ela sempre é:

A doença é uma defesa contra a verdade. Aceitarei a verdade do
que sou e permitirei que minha mente seja totalmente curada hoje.

16. A cura brilhará de um lado a outro de tua mente aberta hoje, à medida que a paz e a verdade surgem para tomar o lugar da guerra e das fantasias inúteis. Não haverá nenhum canto escuro que a doença possa esconder e manter defendido da luz da verdade. Não haverá nenhuma imagem turva de teus sonhos, nem perseguiçoes sombrias e sem significado com propósitos dúbios buscados de forma insana que permaneça em tua mente.

17. Agora o corpo está curado, porque a fonte da doença se abre para o alívio. E tu reconhecerás que praticaste bem por isto: o corpo não deve absolutamente sentir. Se fores bem-sucedido, não haverá nenhuma sensação de passar mal ou bem, de dor ou prazer. Não há absolutamente nenhuma reação na mente àquilo que o corpo faz. Sua utilidade permanece e nada mais.

18. Talvez não te dês conta de que isto elimina os limites que tinhas colocado sobre o corpo pelos propósitos que lhe davas. Quando estes são deixados de lado, a força que o corpo tem será sempre suficiente para atender a todos os propósitos verdadeiros. A saúde do corpo está plenamente garantida, porque ele não está limitado pelo tempo, pelo clima ou pela fadiga, pelo alimento e pela bebida, ou por quaisquer leis que o fizeste obedecer anteriormente. Tu não precisas fazer nada agora para deixá-lo bem, pois a doença vem a ser impossível.

19. Mas esta proteção precisa ser preservada por atenção cuidadosa. Se permitires que tua mente abrigue pensamentos de ataque, autorize julgamentos ou faça planos contra as incertezas por virem, tu mais uma vez te colocas no lugar errado e inventas uma identidade corpórea que atacará o corpo, pois a mente está doente.

20. Dá-lhe remédio imediato, se isto acontecer, não permitido que tua defensividade te fira mais. Não te confundas a respeito do que tem de ser curado, mas dize a ti mesmo:

Eu me esqueci do que realmente sou, pois me confundi
com meu corpo. A doença é uma defesa contra a verdade.
Mas eu não sou um corpo. E minha mente não pode atacar.
Por isto, não posso ficar doente.

*

COMENTÁRIO:

A lição desta segunda-feira, dia 16 de maio, tem tudo a ver aquilo que o mundo quer que acreditemos acerca de nós mesmos, para reforçar a ilusão de que não podemos nada, que não passamos mesmo de um monte de pó. A ideia para as práticas de hoje vai nos mostrar os verdadeiros interesses do ego por trás da ideia da doença, uma defesa criada por ele em busca de sua própria proteção.

Uma vez que esta lição, como a de ontem, é bastante extensa em seu texto de preparação, também não vou me alongar muito no comentário. Basta dizer que esta lição e a ideia que ela nos oferece para as práticas traz em si tudo o que precisamos aprender para ficarmos livres de toda e qualquer doença de uma vez por todas.

É claro que há muito trabalho a fazer até que nos libertemos de todas as crenças que o mundo nos ensinou, ensina e vai continuar a ensinar. Daí a fala de Jesus que dizia que pobres e doentes vão existir sempre. Seu ensinamento, no entanto, apontava para o reconhecimento de nossa condição de filhos de Deus, em unidade com o Pai, quando ele afirmou: "eu e o Pai somos um". Ter consciência disso é o começo da salvação.

Às práticas, pois.

domingo, 15 de maio de 2011

Quem busca a verdade não precisa de defesas

LIÇÃO 135

Se me defendo, sou atacado.

1. Quem se defenderia a menos que pensasse que foi atacado, que o ataque foi real e que sua própria defesa poderia salvá-lo? Mas nisto está toda a loucura da defesa; ela dá realidade plena às ilusões e depois tenta lidar com elas como se fossem reais. Acrescenta ilusões às ilusões tornando, deste modo, a correção duplamente difícil. E é isto o que fazers quando tentas planejar o futuro, reforçar o passado ou organizar o presente do modo que desejas.

2. Tu ages a partir de crença segunda o aquel tens de te proteger do que está acontecendo porque o que acontece tem de conter aquilo que te ameaça. Uma sensação de ameaça é um reconhecimento de uma fraqueza inerente; uma crença em que existe um perigo capaz de exigir de ti que faças a defesa adequada. O mundo se baseia nesta crença louco. E todas as suas estruturas, todos os seus pensamentos e dúvidas, suas penalidades e armamentos pesados, suas definições legais e seus códigos, sua ética e seus líderes e seus deuses, todos servem apenas para preservar a sensação de ameaça. Pois ninguém que ande pelo mundo com uma armadura pode deixar de ter o terror golpeando se coração.

3. A defesa é assustadora. Ela brota do medo e aumenta o medo cada vez que se faz uma defesa. Tu pensas que ela oferece segurança. Mas ela fala do medo tornado real e do terror justificado. Não é estranho que, enquanto elaboras teus planos e reforças tua blindagem e tuas fechaduras, não pares para perguntar o que defendes, e como, e contra o quê?

4. Vamos considerar primeiro o que defendes. Tem de ser alguma coisa muito fraca e fácil de se assaltar. Tem de ser alguma coisa que se torna presa fácil, incapaz de se proteger e que necessita de tua defesa. O que, a não ser o corpo, tem tal fragilidade que necessita de cuidados constantes e atentos, de uma preocupação profunda para proteger sua breve vida? O que, a não ser o corpo, treme e tem de ser incapaz de servir ao Filho de Deus como um anfitrião digno?

5. No entanto, não é o corpo que pode ter medo, nem ser um objeto do medo. Ele não tem nenhuma necessidade exceto aquela que atribuis a ele. Ele não necessita de nenhuma estrutura complicada de defesa, de nenhuma medicina que induza à saúde, de nenhum cuidado e de absolutamente nenhuma preocupação. Defende sua vida, ou dá-lhe presentes para torná-lo belo ou muros para torná-lo seguro, e apenas declaras que teu lar está aberto ao ladrão do tempo, que ele é percível, passível de desintegração, tão inseguro que tem de ser guardado com tua própria vida.

6. Este quadro não amedrontador? Podes ficar em paz com tal conceito de teu lar? Mas o que dotou o corpo do direito de te servir deste modo exceto tua própria crença? É tua mente que deu ao corpo todas as funções que vês nele e que fixou seu valor muito acima de um pequeno monte de pó e de água. Quem faria a defesa de algo que reconhecesse ser assim?

7. O corpo não necessita de nenhuma defesa. Nunca é demais enfatizar isto. Ele será forte e saudável, se a mente não prejudicar atribuindo-lhe papéis que ele não pode desempenhar, objetivos além de seu alcance e metas elevadas que ele não pode realizar. Tais tentativas, ridículas, embora apreciadas de maneira profunda, são as fontes para os muitos ataques loucos que fazes contra ele. Pois ele parece não ser capaz de atender tuas expectativas, tuas necessidades, teus valores e teus sonhos.

8. O "ser" que precisa de proteção não é real. O corpo, sem valor e dificilmente digno da menor defesa, precisa apenas ser percebido como bem distante de ti e ele se torna um instrumento saudável e útil por meio do qual a mente pode funcionar até que a utilidade dele acabe. Quem quereria conservá-lo quanto sua utilidade se acabar?

9. Defende o corpo e atacas tua mente. Pois vês nela os defeitos, as fraquezas, os limites e as faltas das quais pensas que o corpo tem de ser salvo. Tu não verá a mente como estando separada das condições corpóreas. E imporás ao corpo toda a dor que advèm da noção da mente como limitada e frágil, e separada das outras mentes e separadas de sua Fonte.

10. São estes os pensamentos que necessitam de cura e o corpo reagirá com saúde, quando eles estiverem corrigidos e substituídos pela verdade. Esta é a única defesa do corpo. Porém, é nisto que procuras a defesa dele? Tu lhe ofereces um tipo de proteção da qual ele não ganha absolutamente nenhum benefício, mas apenas acrescenta aflição à aflição de sua mente. Tu não curas, mas simplesmente eliminas a esperança de cura, pois deixas de ver aonde a esperança tem de estar se ele for significativa.

11. Um mente curada não planeja. Ela executa os planos que recebe por ouvir a sabedoria que não lhe pertence. Ele espera até ser instruída quanto ao que deve ser feito e, em seguida, passa a fazê-lo. Ela não depende de si mesma para nada exceto para sua adequação para o cumprimento dos planos que lhe foram designados. Ela está segura na convicção de que obstáculos não podem impedir seu avanço na direção da realização de qualquer objetivo que sirva ao plano maior estabelecido para o bem de todos.

12. Uma mente curada está livre da crença de que tem de planejar, apesar de não saber qual é o melhor resultado, o meio pelo qual ele se realiza, nem como reconhecer o problema para cuja solução se fez o plano. Ela tem de fazer mau uso do corpo até reconhecer que isto é verdadeiro. Mas, quando ela aceita isto como verdadeiro, ela, então, está curada e abandona o corpo.

13. A escravização do corpo aos planos que a mente não-curada estabelece para se salvar tem de provocar náuseas no corpo. Ele não é livre para ser o meio de ajudar em um plano que vai muito além de sua própria proteção e que necessita de seu serviço por algum tempo. Nesta função assegura-se a saúde. Pois todas as coisas que a mente emprega para isto funcionarão perfeitamente, e, com a força que lhe é dada, ela não pode falhar.

14. Talvez não seja fácil perceber que planos de iniciativa própria são apenas defesas, de acordo com o objetivo que todas elas foram feitas para realizar. Elas são o meio pelo qual uma mente assustada quer empreender sua própria proteção com o sacrifício da verdade. Não é difícil perceber isto claramente em algumas formas que estes auto-enganos assumem, nos quais a negação da realidade é bem clara. No entanto, muitas vezes não se reconhece o planejamento como uma defesa.

15. A mente envolvida em planejar por si mesma está ocupada em estabelecer o controle dos acontecimentos futuros. Ela não pensa que será suprida, a não ser que faça suas próprias provisões. O tempo se torna uma necessidade futura, a ser controlada pelo aprendizado e pela experiência obtidos de acontecimentos do passado e das crenças anteriores. Ela ignora o presente, pois se baseia na ideia de que o passado ensina o suficiente para permitir que a mente determine seu curso futuro.

16. A mente que planeja está, deste modo, se recusando a permitir a mudança. Aquilo que ela aprendeu antes se torna a base para suas metas futuras. Sua experiência passada orienta sua escolha do que vai acontecer. E ela não vê que tudo aquilo de que ela necessita para garantir um futuro bem diferente do passado está aqui e agora, sem a continuidade de quaisquer ideias antigas e crenças doentias. A expectativa não desempenha absolutamente nenhum papel pois a confiança atual determina o caminho.

17. As defesas são os planos que tentas fazer contra a verdade. O objetivo deles é selecionar aquilo que aprovas e ignorar aquilo que consideras incompatível com tuas crenças a respeito de tua realidade. O que sobra, no entanto, é, de fato, inútil. Pois tua realidade é que é a "ameaça" que tuas defesas querem atacar, esconder e derrotar e crucificar.

18. O que poderias não aceitar, se apenas soubesses que tudo o que acontece, todos os acontecimentos, passados, presentes e por vir, são planejados de forma benigna por Aquele Cujo único propósito é teu bem? Talvez tenha compreendido mal o plano d'Ele, pois Ele nunca te ofereceria dor. Mas tuas defesas não te deixam ver que a bênção amorosa d'Ele brilha em cada passo que já deste. Enquanto fazias planos para a morte, Ele te conduzia suavemente à vida eterna.

19. Tua confiança atual n'Ele é a defesa que garante um futuro tranquilo, sem um traço de pesar e com alegria que aumenta constantemente, à medida que esta vida se torna um instante santo, estabelecido no tempo, mas prestando atenção apenas à imortalidade. Não deixes que nenhuma defesa a não ser tua confiança atual determine o futuro, e esta vida se torna um encontro significativo com a verdade, que somente tuas defesas querem esconder.

20. Sem defesas, tu te tornas uma luz que o Céu reconhece com gratidão como sendo a dele. E ela te levará adiante por caminhos indicados para a tua felicidade de acordo com o plano antigo, iniciado quando o tempo nasceu. Teus seguidores unirão sua luz a tua e ela aumentará até que o mundo seja iluminado pela alegria. E nossos irmãos abandonarão alegremente suas defesas incômodas, que não lhes serviam de nada e só podiam aterrorizar.

21. Hoje vamos apressar este momento com a confiança atual, pois isto é parte do que se planejou para nós. Teremos certeza de que tudo aquilo de que precisamos nos é dado para a nossa realização disto hoje. Não fazemos nenhum plano acerca de como isto se dará, mas percebemos claramente que nossa não-defensividade é tudo o que se exige para que a verdade desponte em nossas mentes com segurança.

22. Duas vezes, hoje, durante quinze minutos descansamos de planejamentos inúteis e de todo pensamento que impeça a verdade de penetrar em nossas mentes. Receberemos, hoje, em lugar de planejar, para podermos dar em vez de organizar. E receberemos verdadeiramente ao dizermos:

Se eu defendo, sou atacado. Mas na não-defensividade serei forte e
aprenderei o que minhas defesas escondem.

23. Nada mais que isso. Se houver planos a fazer, serás informado deles. Ele podem não ser os planos que pensavas serem necessários, e também não ser, de fato, as respostas aos problemas com os quais pensavas te defrontar. Mas eles são respostas a outro tipo de pergunta, que continua sem resposta embora necessite ser respondida até que a Resposta venha a ti afinal.

24. Todas as tuas defesas forma planejadas para o não-recebimento daquilo que receberás hoje. E à luz e à alegria da pura confiança, vais te perguntar por que razão pensaste alguma vez que tens de te defender da liberdade. O céu não pede nada. É o inferno que faz exigências extravagantes de sacrifício. Hoje, durante estes momentos, tu não desistes de nada, quando, indefeso, te apresentas ao teu Criador como realmente és.

25. Ele Se lembra de ti. Hoje nós nos lembraremos d'Ele. Pois este é o tempo da Páscoa em nossa salvação. E tu despertas de novo daquilo que parecia ser morte e desespero. Agora a luz da esperança renasceu em ti, pois agora vens, sem defesa, aprende o papel para ti no plano de Deus. Que planos inúteis ou crenças mágicas ainda podem ter valor, quanto tu recebes tua função da Voz pelo Próprio Deus?

26. Tenta não moldar este dia da maneira que acreditas te beneficiaria mais. Pois não podes imaginar toda a felicidade que vem para ti sem teu planejamento. Aprende hoje. Todo o mundo dará este passo gigantesco e celebrará tua Páscoa contigo. Ao longo do dia, quando pequenas coisas tolas parecerem despertar a defensividade em ti e tentarem a tecer planos, lembra a ti mesmo que este é um dia especial para o aprendizado e reconhece isto com o seguinte:

Esta é minha Páscoa. E eu quero mantê-la santa. Não me
defenderei, porque o Filho de Deus não precisa de nenhuma
defesa contra a verdade de sua realidade.

*

COMENTÁRIO:

A lição deste domingo, dia 15 de maio, dispensa comentários. Até porque seu texto é o mais longo dentre os das lições todas. Só se pode dizer que nunca será demais ler e reler vezes sem conta tudo o que a ideia para as práticas de hoje nos apresenta como uma forma de esclarecer todas as dúvidas que impedem a cura e a purificação de todas as nossas experiências neste mundo. Para que aprendamos, como recomendou a lição 132, a liberar o mundo de tudo aquilo que pensamos que ele é, quando olhamos para ele com os olhos do corpo e o percebemos apenas a partir dos sentidos e das impressões de uma mente que ainda acredita na separação. Para sermos devolvidos a nossa condição verdadeira de inocência, de pureza e de segurança absoluta em Deus. Outra de nossas lições anteriores dizia que ninguém que queira verdadeiramente alcançar a verdade pode falhar. Assim, se buscamos, de fato, chegar à verdade do que somos em Deus e com Ele, para que precisaríamos de defesas? Esquecemo-nos de que só a verdade liberta?

sábado, 14 de maio de 2011

Perdoando a nós mesmos liberamos o mundo

LIÇÃO 134

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

1. Vamos revisar o significado de "perdoar", pois ele está sujeito a ser distorcido e a ser percebido como algo que exige um sacrifício injusto da ira justa, uma dádiva injustificada e não merecida, e uma negação total da verdade. Sob tal ponto de vista, o perdão tem de ser percebido como uma simples loucura excêntrica e este curso parece basear a salvação numa extravagância.

2. Corrige-se facilmente esta perspectiva distorcida do que significa o perdão, quando podes aceitar o fato de que não se pede perdão para aquilo que é verdadeiro. Ele tem de se limitar àquilo que é falso. Ele é não se aplica a qualquer coisa a não ser a ilusões. A verdade é criação de Deus e não tem sentido perdoá-la. Toda a verdade pertence a Ele, reflete Suas leis e irradia Seu Amor. Isto precisa de perdão? Como podes perdoar o inocente e eternamente benigno?

3. A principal dificuldade de tua parte para achar o perdão genuíno é que ainda acreditas que tens de perdoar a verdade e não ilusões. Tu compreendes o perdão como uma tentativa inútil de olhar para além do que existe; ignorar a verdade, em um esforço infundado para te enganar tornando verdadeira uma ilusão. Este ponto de vista distorcido reflete apenas o poder que a ideia de pecado conserva sobre tua mente, na maneira como pensas a teu próprio respeito.

4. Por acreditares que teus pecados são reais, olhas para o perdão como engano. Pois é impossível pensar no pecado como verdadeiro e não acreditar que o perdão é uma mentira. Desta forma, o perdão é realmente apenas um pecado, como todos os outros. Ele diz que a verdade é falsa e sorri para os degenerados como se eles fossem tão inocentes quanto a grama; tão brancos quanto a neve. Ele está iludido quanto àquilo que pensa poder realizar. Ele quer ver como certo o que é claramente errado; o repulsivo como bom.

5. O perdão não é nenhuma saída sob tal ponto de vista. Ele é apenas mais um sinal de que o pecado é imperdoável, no melhor dos casos a ser escondido, negado ou chamado por outro nome, pois o perdão é uma traição à verdade. A culpa não pode ser perdoada. Se pecas, tua culpa é eterna. Aqueles que são perdoados sob o ponto de vista de que seus pecados são reais, são ridicularizados de forma deplorável e duas vezes condenados; primeiro por si mesmos, por aquilo que pensam ter feito, e mais uma vez por aqueles que os perdoam.

6. É a irrealidade do pecado que torna o perdão natural e totalmente são, um alívio profundo para aqueles que o oferecem; uma bênção serena aonde ele é recebido. Ele não encoraja as ilusões, mas as recolhe alegremente, com uma risada suave e as deposita aos pés da verdade de forma benigna. E, aí, elas desaparecem por completo.

7. O perdão é a única coisa que representa a verdade nas ilusões do mundo. Ele vê a inutilidade delas e ignora francamente as milhares de formas com que elas podem se apresentar. Ele olha para as mentiras, mas não se engana. Ele não presta atenção aos guinchos auto-acusadores de pecadores enlouquecidos pela culpa. Ele olha para eles com olhos serenos e lhes diz simplesmente: "Meu irmão, o que pensas não é a verdade".

8. A força do perdão é sua honestidade, que é tão íntegra que vê ilusões como ilusões, não como verdade. É por esta razão que ele vem a ser o esclarecedor diante das mentiras; o generoso restituidor da simples verdade. Em função de sua capacidade de ignorar o que não existe, ele abre caminho para a verdade, que está bloqueada pelos sonhos de culpa. Agora estás livre para seguir no caminho que teu perdão verdadeiro abre para ti. Pois, se um irmão recebe esta dádiva de ti, a porta está aberta para ti mesmo.

9. Há um modo muito simples de achar a porta para o perdão verdadeiro e de percebê-la totalmente aberta em boas vindas. Quando te sentires tentado a acusar alguém de pecado sob qualquer forma, não deixes que tua mente se demore naquilo que pensas que ele fez, pois isto é auto-engano. Pergunta, em vez disso: "Eu me acusaria de fazer isto?".

10. Deste modo, verás alternativas para a escolha em termos que a tornam significativa e manterás tua mente tão livre da culpa e da dor quanto o Próprio Deus pretendia que ela fosse, e como, na verdade, ela é. São apenas as mentiras que querem condenar. Na verdade, a única coisa que existe é a inocência. O perdão se coloca entre as ilusões e a verdade; entre o mundo que vês e aquele que fica além dele; entre o inferno da culpa e o portão do Céu.

11. Do outro lado desta ponte, tão poderosa quanto o amor que depositou sua bênção sobre ela, todos os sonhos de mal e de ódio e de ataque são trazidos à verdade tranquilamente. Eles não se mantêm para inchar e rugir, e para aterrorizar o tolo sonhador que acredita neles. Ele é acordado suavemente de seu sonho pela compreensão de que aquilo que pensava ver nunca existiu. E, agora, ele não pode achar que todas as saídas lhe foram negadas.

12. Ele não tem de lutar para se salvar. Ele não tem de matar os dragões que pensava que o perseguiam. E também não precisa erguer os sólidos muros de pedra e as portas de ferro que pensava o poriam em segurança. Ele pode retirar a armadura pesada e inútil feita para acorrentar sua mente ao medo e ao sofrimento. O passo dele é leve e, quando ele levanta o pé para seguir adiante, uma estrela fica para trás para indicar o caminho àqueles que o seguem.

13. O perdão tem de ser praticado, pois o mundo não pode perceber seu significado nem te oferecer um guia para te ensinar sua benevolência. Não há nenhum pensamento em todo o mundo que leve à mínima compreensão das leis a que ele obedece, nem do Pensamento que ele reflete. Ele é tão estranho ao mundo quanto tua própria realidade é. E, não obstante, ele une tua mente à realidade em ti.

14. Hoje praticamos o perdão verdadeiro para que o momento da união não se demore mais. Pois queremos nos encontrar com nossa realidade em liberdade e em paz. Nossa prática vem a ser as pegadas que iluminam o caminho para todos os nossos irmão, que nos seguirão até a realidade que compartilhamos com eles. Para que isto possa se realizar, vamos dar um quarto de hora duas vezes hoje e passá-lo com o Guia Que compreende o significado do perdão e Que nos foi enviado para ensiná-lo. Peçamos a Ele:

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

15. Em seguida, escolhe um irmão conforme Ele te orientar e enumera, um a um, seus "pecados", à medida que passarem por tua mente. Certifica-te de não te demorares em nenhum deles, mas imagina que estás usando as "ofensas" dele apenas para salvar o mundo de todas as ideias de pecado. Reflete por um breve instante a respeito de todas as coisas ruins que pensaste dele e pergunta a ti mesmo a cada vez: "Eu me condenaria por isto?".

16. Deixa que ele fique livre de todos os pensamentos de pecado que tinhas em relação a ele. E, agora, estás preparado para a liberdade. Se até agora estás praticando com disposição e honestidade, começarás a experimentar uma elevação, uma redução de peso sobre teu peito, uma sensação de alívio profunda e nítida. Deve-se dedicar o tempo restante à experiência de libertação de todas as correntes pesadas que buscaste colocar sobre teu irmão, mas que foram colocadas sobre ti mesmo.

17. Deve-se praticar o perdão ao longo do dia, pois ainda haverá muitos momentos nos quais esquecerás o significado dele e atacarás a ti mesmo. Quando isto acontecer, permite que tua mente veja além desta ilusão, enquanto dizes a ti mesmo:

Que eu perceba o perdão tal como ele é. Eu me acusaria de
fazer isto? Não colocarei esta corrente sobre mim mesmo.

Em tudo o que fizeres lembra-te disto:

Ninguém é crucificado sozinho, mas, ao mesmo tempo,
ninguém pode entrar no Céu por si mesmo.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 14 de maio, vou reprisar o comentário feito a esta lição no ano passado.

Após as práticas com a ideia que nos ensinou a não dar valor àquilo que não tem valor e depois de termos praticado liberar o mundo de tudo o que pensávamos a seu respeito, a lição de hoje busca nos ensinar a perceber o valor do verdadeiro perdão com a ideia para nossos exercícios.

Enganamo-nos, a partir do que ensina o sistema de pensamento do mundo - e o ego em vista de sua percepção equivocada - , pensando que podemos, de fato, "perdoar" alguém por alguma coisa que ele, ou ela, tenha feito. E nosso engano se deve ao fato de que ainda não aprendemos por completo que tudo o que "aparentemente" nos acontece é sempre resultado de uma escolha que nós mesmos fazemos, mesmo quando o que se apresenta a nós não tem, para a nossa forma de perceber, nada a ver com o que pensamos ter escolhido e/ou pedido.

Esta tentativa de nos eximirmos da responsabilidade por todas as coisas que acontecem em nossa vida e na experiência do mundo inteiro é que nos leva a pensar que precisamos, ou podemos, perdoar "alguém" por alguma coisa que ele, ou ela, tenha feito. Isto não é verdadeiro! Precisamos, na verdade, aprender que só perdoamos a nós mesmos. Sempre. E que o que precisamos perdoar, verdadeiramente, em nós mesmos é apenas nossa percepção equivocada, que viu ou sentiu alguma coisa que não existe ou que não aconteceu.

A lição de hoje nos ensina um modo de fazer isto.