terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

É o que mais precisas aprender que ensinas melhor.


LIÇÃO 59

As seguintes ideias são para a revisão de hoje:

1. (41) Deus vai comigo aonde eu for.

Como posso estar só, se Deus sempre vai comigo? Como posso ter dúvidas e ficar inseguro de mim mesmo, se a certeza perfeita habita n'Ele? Como posso ser perturbado por qualquer coisa, se Ele descansa em mim na paz absoluta? Como posso sofrer, se o amor e a alegria me envolvem por intermédio d'Ele? Que eu não nutra ilusões acerca de mim mesmo. Eu sou perfeito porque Deus vai comigo aonde eu for.

2. (42) Deus é minha força. A visão é Sua dádiva.

Que eu não recorra a meus próprios olhos para ver hoje. Que eu esteja disposto a trocar minha ilusão lamentável de ver pela visão que é dada por Deus. A visão de Cristo é sua dádiva, e Ele a dá a mim. Que eu invoque esta dádiva hoje, para que este dia possa me ajudar a compreender a eternidade.

3. (43) Deus é minha Fonte. Separado d'Ele, não posso ver.

Posso ver aquilo que Deus quer que eu veja. Não posso ver mais nada. Além da Vontade d'Ele só existem ilusões. É isto que escolho quando penso poder ver separado d'Ele. É isto que escolho quanto tento ver com os olhos do corpo. Apesar disso, a visão de Cristo me é dada para substituí-los. É por meio desta visão que escolho ver.

4. (44) Deus é a luz na qual eu vejo.

Não posso ver na escuridão. Deus é a única luz. Por isso, se é para eu ver, tem de ser por meio d'Ele. Eu tento definir o que é ver e estou errado. Agora me é dado compreender que Deus é a luz na qual eu vejo. Que eu receba bem a visão e o mundo feliz que ela me mostrará.

5. (45) Deus é a Mente com a qual eu penso.

Não tenho nenhum pensamento que eu não compartilhe com Deus. Não tenho nenhum pensamento separado d'Ele, porque não tenho nenhuma mente separada da d'Ele. Como parte da Mente d'Ele, meus pensamentos são os d'Ele e os Pensamentos d'Ele são os meus. 

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 59

Já lhes disse certa vez - e repito agora, uma vez mais - que ouvi, não sem alguma surpresa, é claro, no primeiro disco de Raul Seixas, o Krig-ha Bandolo, se não me engano, ao final da última faixa, quando ainda se escutava vinil, uma fala de Raul que repetia várias vezes: "Deus é aquilo que me falta para compreender o que ainda não compreendo".

E é exatamente disto que vão tratar hoje as ideias que a lição oferece. Comecemos pela primeira:

"Deus vai comigo aonde eu for."

É certo que Deus vai comigo aonde eu for, mas preciso convidá-Lo. É preciso que eu queira conscientemente Sua Presença comigo. É preciso que eu não tenha medo de andar com Ele por aí, pensando que Ele pode não gostar de meus atos, ou com receio de que o que vou fazer - ou penso fazer - não O agrade e Ele possa me punir. Se eu achar que posso dispensar a companhia d'Ele*, seja lá qual for a razão, ainda assim Ele vai estar comigo, mas não vou ser capaz de perceber.

É, repetindo - como vocês já devem estar cansados de ler -, tal e qual diz Joel Goldsmith em vários de seus livros: a consciência da Presença de Deus pode aparecer - e aparece, muitas vezes, - perceptivelmente como forma, como manifestação, para satisfazer e realizar uma necessidade que temos, aonde aparentemente não havia nada. Na verdade, Deus estava lá o tempo todo e não fez nada. Foi a percepção consciente da Presença d'Ele que trouxe os resultados.

É também a consciência da Presença de Deus que vai nos fazer perceber a verdade eterna que há na segunda ideia para as práticas deste dia.

"Deus é minha força. A visão é Sua dádiva."

Como já vimos antes, Deus é o tudo de tudo. Aonde Ele está nada pode faltar. E quando O vemos, isto é, quando aceitamos e acolhemos e percebemos Sua Presença em nós, podemos ver. A consciência da Presença de Deus é a base de toda a nossa experiência de vida, é o fundamento a partir do qual podemos ver e escolher o que é real.

Tudo aquilo que aparentemente vivemos, na ilusão de que estamos separados de Deus, de que Deus está lá em algum lugar distante de nós, e que é a maior parte do tempo inacessível, não conta. Isto é, tudo aquilo que experimentamos, que não encontre eco no amor, na alegria, no poder único e na paz, não vem de Deus e é apenas ilusório.

Também é disso que vai falar a terceira ideia que revisamos hoje.

"Deus é minha Fonte. Separado d'Ele, não posso ver."

É claro que, se Deus é o tudo de tudo, Ele tem de ser a Fonte. Sendo minha Fonte e sendo Sua dádiva para mim a visão, então é óbvio também que separado d'Ele, não posso ver. Melhor dizendo, quando penso que posso estar ou ser separado de Deus, tudo o que posso ver é a ilusão que resulta da crença na separação. E, uma vez que ilusão não tem nada a ver com realidade, o que penso ver na verdade não é ver. É, como o Curso diz, projeção de imagens.

Mas o que é ver, então? Ver é, na verdade, abrir-se a uma nova perspectiva, uma perspectiva que deve se renovar a cada instante, para que sejamos capazes de oferecer a completa e total liberdade àquilo que vemos.
Alguns exemplos do que a visão nos mostraria talvez sejam o que Richard Bach escreveu no Manual do Messias em seu livro Ilusões, onde se lê, entre outras coisas:

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe.
Fazer é demonstrar que você o sabe.
Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.
A sua única obrigação em qualquer vida é ser sincero consigo mesmo.
Você ensina melhor o que mais precisa aprender.

Percebem? 

Por mais que a escuridão pareça tomar conta de nossas vidas em alguns momentos e nos julguemos incapazes de carregar o fardo que parece se ter depositado sobre nossos ombros, é a luz que vai nos mostrar o poder que trazemos em nós e que tem sua origem na única Fonte: Deus.

É com essa luz que vamos entrar em contato a partir da quarta ideia de nossas práticas com esta lição:

"Deus é a luz na qual eu vejo."

É só na luz de Deus que podemos ver o que somos realmente. Porque é só em Deus que podemos, de fato, ver. E ver significa também entrar em contato com o espírito em nós, com o ser interior que é nosso guia e que é o que somos em Deus, com Ele.

É em contato com a luz que vamos ser capazes de transformar nosso olhar de forma parecida àquela de que fala o texto de Octávio Paz a seguir:

Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim. Todas as tardes os nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano.
De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro muro, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais.
Isso que estamos vendo pela primeira vez já havíamos visto antes. Em algum lugar, no qual nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e queríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados, suspensos no meio da tarde imóvel.

Que luz vocês pensam que é essa?

É preciso que façamos algum esforço mental para entrar em contato com aquilo que somos na verdade? Para estar de acordo com o que o Curso ensina, é forçoso dizer que não. Pois ele ensina que não precisamos fazer nada. Basta que desejemos voltar a casa do Pai e reconheçamos que não sabemos nada e aceitemos entregar a Deus, à Mente em que vivemos, tudo o que somos, tudo o que queremos ser.

A quinta e última ideia desta lição é que vai nos dizer isso. 

"Deus é a Mente com a qual eu penso."

Vejamos um pequeno trecho de um livro que me salta às mãos para continuar este comentário. Diz ele:

A forma como você pensa sobre si mesmo afeta profundamente a maneira como se sente a respeito de si mesmo e de sua vida. Examinando o mundo a partir do ponto interior em si mesmo, é preciso que você passe algum tempo contemplando seu sentimento pessoal de bondade fundamental. Porque, no fundo, você sabe e sente que é basicamente bom de uma forma profunda, uma forma que vai além dos conceitos convencionais de "bom" e "mau".

Esta lição permite que você pratique encarar suas dúvidas a respeito de si mesmo, a respeito de sua bondade fundamental e a respeito da bondade fundamental dos outros. Permite que você, admitindo suas dúvidas a seu próprio respeito, possa colocá-las de lado por um tempo e pensar que no fundo, no fundo, você é essencialmente bom.

Você pode pensar em como sente carinho, ternura e afeto por outras pessoas, animais ou lugares de sua vida; como sente o afeto que recebe dos outros; de que modo ele afeta sua vida. De que maneira a bondade fundamental se manifesta sua vida? Já houve momentos, com certeza, em que você sentiu o mundo de um modo simples e genuíno? 

Esquecendo-se de noções, ideias e conceitos, esquecendo-se do que você "tem" de fazer e das obrigações: o que o faz rir ou chorar? O que produz um efeito em suas emoções? Onde está seu coração? 

Praticando as lições do modo que o Curso orienta é possível entrarmos em contato com a Mente que está por trás de nossa mente e experimentar a condição de santidade do mundo. Aí podemos dizer que estamos em sintonia com a Mente de Deus, que Ele é a Mente com que pensamos.

Às práticas? 

* OBSERVAÇÃO: 

Anexo mais uma vez aqui um pequeno comentário postado nos dois últimos anos em função de uma leitura posterior à lição e seu comentário. Um pequeno insight resultado da prática diária, que me levou a escrever o que segue para ampliar o alcance da reflexão com as ideias para a revisão deste dia.

Em função daquilo que aprendemos a respeito de um Deus exterior, que tudo fiscaliza, tudo vê e tudo registra para nalgum momento futuro, quando chegar nossa hora de prestar contas, nos questionar e cobrar pelos nossos feitos, em geral, aprendemos a nos esquivar de Deus. Para podermos fazer livremente aquilo que queremos fazer, sem a presença de nenhum juiz. E é aí que nos enganamos.

Dizemos mentalmente: - Dá licença, Deus... vou até ali cometer um equívoco básico, julgar um bocadinho, cometer um pecadinho e já volto...

Isto significa acreditar que ainda penso existir um Deus, separado de mim e de todos nós, que desaprova ou pode desaprovar algumas das coisas que faço, ou deixo de fazer, e aprovar outras.

Isto é julgamento. É o julgamento que ainda faço de mim mesmo, limitando meu direito a coisas que julgo menos condenáveis do que outras. Limitando, por assim dizer, todas as possibilidades de viver de modo autêntico aquilo tudo que me põe em contato com a alegria de ser eu mesmo e de fazer tudo aquilo que me dá prazer e alegria.

É um julgamento que faço de Deus e de Sua criação e criaturas, a começar por mim, acreditando que há coisas reprováveis na obra de Deus.

É muito simples viver sem julgamento. Tão simples que muito poucos entre nós o conseguem, porque ainda têm suas mentes e seu modo de pensar presos à ideia de um Deus que aceita, aprova, acolhe, ama e Se estende a apenas a algumas partes de Sua própria Criação, desaprovando, rejeitando e condenando outras.

Este deus não existe. Repito: não existe este deus! Este deus é um deus criado à imagem e semelhança do ego do homem.

"Todas as coisas cooperam para o bem.", o Curso ensina.

Todas, todas, todas!

Que partes da criação queremos excluir?

Enquanto acreditarmos que há algo de reprovável, algo de condenável, na mais ínfima partícula da Criação de Deus, ainda estaremos sendo enganados pelo ego, pela falsa imagem que construímos de nós mesmos.

"Eu, eu, eu!"

Como diz um personagem de um dos livros que li recentemente, é só este "eu, eu, eu" que nos impede de nos fundirmos no Ser e de vivermos, de fato, em comunhão e unidade com aquilo que somos verdadeiramente.

Paz e bem a todos e todas vocês! 

Agora, sim! Às práticas!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Ver só a inocência em tudo nos revela a santidade


LIÇÃO 58

Estas são as ideias para revisar hoje:

1. (36) Minha santidade envolve tudo o que vejo.

É da minha santidade que nasce a percepção do mundo verdadeiro. Ao perdoar, eu não me vejo mais como culpado. Posso aceitar a inocência que é a verdade a meu respeito. Vista por meio de olhos compreensivos, a santidade do mundo é tudo o que vejo, pois só posso conceber os pensamentos que tenho acerca de mim mesmo.

2. (37) Minha santidade abençoa o mundo.

A percepção de minha santidade não abençoa só a mim. Todos e tudo o que vejo em sua luz compartilham da alegria que ela me traz. Não há nada que esteja separado desta alegria, porque não existe nada que não compartilhe minha santidade. À medida que reconheço minha santidade, a santidade do mundo também traz seu brilho para todos verem.

3. (38) Não há nada que minha santidade não possa fazer.

Minha santidade é ilimitada em seu poder de curar, porque é ilimitada em seu poder de salvar. De que mais se pode ser salvo exceto de ilusões? E o que são todas as ilusões exceto ideias falsas a respeito de mim mesmo? Minha santidade desfaz todas elas pela afirmação da verdade acerca de mim. Na presença de minha santidade, que compartilho com o Próprio Deus, todos os ídolos desaparecem.

4. (39) Minha santidade é minha salvação.

Já que minha santidade me salva de toda culpa, reconhecer minha santidade é reconhecer minha salvação. É também reconhecer a salvação do mundo. Uma vez que eu aceite minha santidade, nada pode me amedrontar. E, em razão de eu não ter medo, todos têm de compartilhar minha compreensão, que é a dádiva de Deus para mim e para o mundo.

5. (40) Eu sou abençoado como um Filho de Deus.

Aqui está minha reivindicação a todo o bem, e só ao bem. Eu sou abençoado como um Filho de Deus. Todas as coisas boas são minhas, porque Deus as destinou a mim. Não posso sofrer nenhuma perda ou privação ou dor em razão de ser Quem sou. Meu Pai me apoia, me protege e me orienta em todas as coisas. Seu cuidado por mim é infinito e está comigo para sempre. Eu sou eternamente abençoado como Seu Filho.

*

COMENTÁRIO: 

Explorando a LIÇÃO 58

Repetindo o comentário dos últimos anos quase que integralmente:

As ideias que vamos revisar neste dia tratam de nos fazer reconhecer, aceitar e aplicar nossa santidade em nosso dia, levando nossa condição natural de santos e de filhos de Deus a se transformarem na base para todas as experiências que vamos escolher em nossa vida.

Comecemos, então, pela primeira:

"Minha santidade envolve tudo o que vejo."

É assim que nos vemos normalmente? É assim que olhamos para tudo, vendo as coisas, as pessoas, as situações e tudo que as envolve, presas num abraço de nossa santidade? 

Será que de fato podemos pensar em nós mesmos como santos? 

Bem, se olho para o mundo com os olhos do corpo e me acredito separado de tudo e de todos, onde posso ver a santidade? A minha e a de todos os outros, ou a de cada um daqueles com quem meus caminhos se cruzam?

Lembremo-nos de que a santidade a que se refere o Curso não tem nenhuma relação com aquela santidade que nos foi e continua a ser ensinada pelas religiões. Antes, a santidade de que o Curso fala é exatamente nossa condição natural com Deus, na graça que recebemos d'Ele, mesmo que não tenhamos consciência dela, ainda que a maior parte do tempo nem nos demos conta de que vivemos e nos movemos em Deus.

Isso nos leva a segunda das ideias para as práticas de hoje:

"Minha santidade abençoa o mundo."

Só Deus é eternamente santo. E somos como Ele. Fomos criados a Sua imagem e semelhança. E quando nos pensamos separados d'Ele e da santidade, que é nossa condição natural, é porque estamos dando realidade à ilusão do ego que quer que acreditemos numa separação que não existe.

Deus nunca condena, porque Ele não julga. Seu Amor só pode abençoar. E, ao voltarmos nossa consciência para Ele, temos de reconhecer que somos abençoados como filhos de Deus. Somos absolutamente santos. Só podemos, pois, abençoar o mundo, a partir de nossa santidade. E vivendo em um mundo abençoado somos capazes de experimentar e viver a alegria e a paz, completas e perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós. Mais, na alegria e na paz, de posse de nossa santidade, podemos tudo.

É isso que vamos praticar com a terceira das ideias para este dia.

"Não há nada que minha santidade não possa fazer."

O Curso ensina que "o poder do desejo do Filho de Deus continua a ser a prova de que ele está errado quando se percebe impotente". É desta verdade eterna que trata esta ideia nesta lição. É preciso que reconheçamos que só quando negamos nossa filiação, quando negamos o Ser, o Divino em nós, aceitando o engano que nos oferece o mundo do ego, é que podemos pensar em nós mesmos como seres frágeis, fracos e amedrontados por um mundo cheio de perigos a nos ameaçar.

Lembremo-nos de que nada a não ser nossos pensamentos podem nos ferir. Mas lembremo-nos também de que não somos o que pensamos e de que nossos pensamentos não significam coisa alguma, a não ser que estejamos pensando com Deus e como Ele. E digo isto porque o Curso deixa claro o tempo inteiro que sempre podemos buscar descobrir nossos pensamentos verdadeiros em Deus e, assim, chegar à salvação. A nossa - a de cada um individualmente - e a do mundo inteiro.

É o que a quarta ideia que precisamos aplicar hoje vai nos mostrar:

"Minha santidade é minha salvação."

Além disso, minha santidade é também a salvação do mundo. Primeiro porque, se estou salvo, só posso ver um mundo salvo. Um mundo que Deus nunca condenou e que eu também não condeno. Um mundo que vejo com os olhos do espírito de Deus em mim e que só pode ser exatamente como é a cada momento. Uma manifestação de minha santidade. A santidade que compartilho com Deus e com todos os meus irmãos. Com todos os seres vivos e com tudo no mundo. 

Ou como diz o texto, a certa altura, quando fala da luz que trazemos conosco: 

"Mentes que são unidas e reconhecem isso não podem sentir culpa. Pois não podem atacar e se alegram por isso, vendo neste fato venturoso sua segurança. A alegria delas está na inocência que veem. Por esta razão elas a buscam, porque seu propósito é ver a inocência e se alegrarem com ela." 

E, lembremo-nos, a santidade está em ver [ou buscar ver, ou escolher ver] apenas a inocência em tudo e em todos. É isso que busco ver quando escolho abandonar o julgamento. Qualquer julgamento. É assim que sou salvo. E, salvo por minha santidade, sei que "não há nada a temer". Sei que minha condição verdadeira só pode ser expressa pela quinta e última das ideias que vamos explorar em seguida:

"Eu sou abençoado como um Filho de Deus."

Somos santos tal como somos. Aqui e agora. Somos todos abençoados e a condição de Filho de Deus não é só minha, nem de ninguém de forma exclusiva. A santidade envolve a tudo e a todos em seu abraço amoroso. Não há nada para ser acrescentado, nem nada a ser tirado de nenhum de nós. 

Isto é, mesmo aparentemente vivendo em um corpo, somos abençoados. E é a santidade que pode nos dar - e dá - poderes ilimitados e permite que, se assim desejarmos, todas as nossas ações e todos os nossos pensamentos durante nosso aparente estar-no-mundo sejam expressão e manifestação do divino. É, como já lhes disse antes, o reconhecimento e a aceitação de nossa santidade que pode, de fato, nos tornar humanos, no melhor sentido que se pode dar à humanidade. 

Às práticas?

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Queres ser só a manifestação do divino no mundo?


LIÇÃO 57

Hoje vamos revisar estas ideias:

1. (31) Eu não sou [a] vítima do mundo que vejo.

Como posso ser vítima de um mundo que pode ser completamente desfeito, se eu escolher fazê-lo? Minhas correntes estão soltas. Posso me livrar delas simplesmente por desejar fazê-lo. A porta da prisão está aberta. Posso abandoná-la simplesmente caminhando para fora dela. Nada me prende a este mundo. Só meu desejo de ficar me mantém prisioneiro. Quero desistir de meus desejo loucos e caminhar, enfim, na direção da luz do sol.

2. (32) Eu invento o mundo que vejo.

Eu inventei a prisão na qual me vejo. Tudo o que preciso fazer é reconhecer isto e estou livre. Eu me engano ao acreditar que é possível aprisionar o Filho de Deus. Fui cruelmente enganado nesta crença, que não quero mais. O Filho de Deus tem de ser livre para sempre. Ele é tal como Deus o criou, e não o que quero fazer dele. Ele está aonde Deus quer que ele esteja, e não aonde eu imaginava mantê-lo.

3. (33) Existe outro modo de olhar para o mundo.

Uma vez que a finalidade do mundo não é aquela que atribuí a ele, tem de haver outro modo de olhar para ele. Eu vejo tudo de cabeça para baixo e meus pensamentos são o contrário da verdade. Eu vejo o mundo como uma prisão para o Filho de Deus. A verdade, então, tem de ser que o mundo realmente é um lugar no qual ele pode ser libertado. Quero olhar para o mundo como ele é, e vê-lo como um lugar onde o Filho de Deus encontra sua liberdade.

4. (34) Eu poderia ver paz em vez disto.

Quando eu vir o mundo como um lugar de liberdade, perceberei claramente que ele reflete as leis de Deus em lugar das regras que inventei para ele obedecer. Compreenderei que a paz, não a guerra, habita nele. E perceberei que a paz também habita nos corações de todos aqueles que compartilham este lugar comigo.

5. (35) Minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou absolutamente santo.

Quando compartilho a paz do mundo com meus irmãos, começo a compreender que esta paz nasce do fundo de mim mesmo. O mundo para o qual olho adquire a luz do meu perdão e me devolve o brilho do perdão. Nesta luz eu começo a ver aquilo que minhas ilusões a meu próprio respeito mantinham escondido. Começo a compreender a santidade de todas as coisas vivas, incluindo a mim mesmo, e a unidade delas comigo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 57

A primeira das ideia que vamos explorar em nossas práticas da revisão de hoje tem a ver com a forma pela qual vemos a nós mesmos, vemos o mundo e trazemos a nós as experiências que vão fazer parte de nossa vida. É ela:

"Eu não sou [a] vítima do mundo que vejo."

Uma chamada de atenção de Louise Hay, logo na introdução de seu livro Você Pode Curar Sua Vida, põe em xeque a ideia, que o ego quer nos vender, de que podemos ser vítimas de alguma coisa fora de nós no mundo. Diz Louise, referindo-se a alguns pontos de sua filosofia de vida:

"Somos todos cem por cento responsáveis por nossas experiências. Cada pensamento que temos está criando nosso futuro. O ponto de poder está sempre no momento presente. Todos sofrem de culpa e ódio voltados contra si próprios. A frase chave de todos é: 'Não sou bastante bom'. Ela é apenas um pensamento e um pensamento pode ser modificado. Ressentimento, crítica e culpa são os padrões mais prejudiciais. A liberação do ressentimento pode remover até o câncer. Quando realmente amamos a nós mesmos, tudo na vida funciona.
Devemos nos libertar do passado e perdoar a todos. Devemos estar dispostos a começar a aprender a nos amarmos. A auto-aprovação e auto-aceitação no agora são a chave para mudanças positivas. Cada uma das chamadas 'doenças' em nosso corpo é criada [apenas] por nós [mesmos]."

Onde então a vítima?

Vê-se que a partir desta primeira é perfeitamente lógico praticar com a segunda das ideias de hoje. 

"Eu invento o mundo que vejo."

É claro que, se somos cem por cento responsáveis por nossas experiências, temos de ser nós mesmos a inventar o mundo que vemos, com tudo o que há nele, alegria, tristeza, dor, amor, felicidade e angústia. Porém, é preciso ficarmos atentos para o fato de que há um só e único poder. O de Deus. Tudo o que pensamos criar, que inventamos, aparentemente separados de Deus, é apenas ilusão. Para o bem ou para o mal. 

Ou como diz um personagem de um dos livros que li há algum tempo, como o ego quer que acreditemos: 

"Quem de nós é mesmo feliz...? Não creio que exista uma felicidade verdadeira. Isso é invenção dos poetas. Nossas vidas passam por diferentes estágios e um deles é o da felicidade. Pode-se dizer, porém, que existe uma felicidade permanente? Creio que não. Há em nossas vidas um estado de desordem permanente que impede que a felicidade se instale..." 

É isso, sim, que o ego quer que acreditemos. Que ora podemos experimentar a felicidade, ora não, por conta do caos que permitimos que se instale em nossas experiências diárias. No entanto, isso não precisa ser assim, conforme o Curso ensina. Desde que tomemos a decisão de mudar nosso modo de olhar para o mundo e para tudo o que há nele. 

Lembram-se da lição que praticamos na última terça-feira? Uma parte do comentário se vale do texto do Curso para pôr por terra a ideia de que uma felicidade permanente não é possível. Assim como é possível a paz constante e permanente e a experiência da alegria, característica do divino que somos, que dura eternamente, mesmo neste mundo.

Ou como o Curso diz, repetindo o que citei lá atrás: 

A felicidade enganosa ou a felicidade em forma mutante, que se transforma com tempo e lugar, é uma ilusão que não tem significado algum. A felicidade tem de ser constante, porque a obtemos pela desistência do desejo do inconstante [É este o significado de vencer o mundo: não se deixar dominar pelo desejo de nada que não vá durar para sempre.]. 

E o que pode nos ensinar a desistir do desejo do inconstante? É o Curso que responde mais uma vez, na continuação do texto acima:

O abandono do desejo do inconstante só pode se dar a partir da alegria verdadeira. E:

Não se pode perceber a alegria senão pela visão verdadeira. E a visão verdadeira só pode ser dada àqueles que desejam constância. O poder do desejo do Filho de Deus continua a ser a prova de que ele está equivocado quando se percebe impotente [e isto tem de ser o que leva alguém a acreditar que há um estado de desordem permanente em nossas vidas que impede que a felicidade constante se instale]

Mais, diz o Curso a respeito de nosso poder: 

Deseja o que quiseres e o verás e pensarás que é real. Nenhum pensamento deixa de ter o poder de libertar ou matar. E nenhum [pensamento] pode deixar a mente de quem o pensa ou deixar de influenciá-lo. 

Assim, só não é capaz da felicidade constante, da alegria permanente ou da paz que dura para sempre, aquele que se deixa iludir pelo desejo do inconstante. O que significa dizer, aquele que ainda não se decidiu a colocar o divino em primeiro lugar. 

E como aprendemos a fazer isto?

Com as práticas. Com a constante vigilância de nossos pensamentos e desejos.

Se aprendermos, com as práticas, a mergulhar o mais profundamente possível no interior de nós mesmos, vamos descobrir lá um centro de paz e de alegria perfeitas, que vai nos dar, com certeza, a felicidade permanente. Mesmo em meio às mais violentas turbulências por que passa nossa vida na forma e nos sentidos.

Ou ainda, a partir desse centro interior vamos ser capazes de descobrir a Fonte do poder divino em nós para aprender que, como diz Joel Golsdmith: "Enquanto não percebermos que nossos pensamentos bons não são o poder espiritual, não seremos capazes de perceber que mesmo os pensamentos maus do mundo também não são poder". O único poder é Deus.

É claro também que a partir das práticas das duas ideias anteriores, pode-se depreender que: 

"Existe outro modo de olhar para o mundo."

Não cabe a nenhum de nós determinar a finalidade do mundo, uma vez que em momento algum temos todos os dados ou todas as informações de que necessitaria alguém para resolver uma questão qualquer de modo que só o bem pudesse resultar dela.

Nós nem sabemos o que pode ser o bem para nós, conforme já praticamos. Não sabemos para que serve coisa alguma neste mundo. Nem ao menos sabemos o que somos, a maior parte do tempo. Valendo-nos ainda do que diz Joel Goldsmith, é preciso ponderar que:

A verdade obtida por meio do intelecto, do cérebro, como diria Tara Singh, e que permanece no nível da mente humana, independente de quão lógica ou razoável possa parecer, não tem nada a ver com a percepção espiritual. É só a partir do contato com o Espírito em nós que vamos ser capazes de descobrir, reconhecer e aceitar a verdade eterna desta terceira ideia de hoje. A verdade que pode nos colocar em contato com o Céu na terra e permitir que cheguemos mais perto da verdade a respeito de nós mesmos.

Precisamos nos decidir o quanto antes a emprestar um olhar diferente a tudo que vemos no mundo, se quisermos obter o que a quarta ideia de nossas práticas diz ser possível. 

"Eu poderia ver paz em vez disto."

O que nos impede de ficar em paz? De viver a paz de espírito que só pode ser resultado da alegria e do amor pela vida que recebemos e que não tem fim?

Mateus, no Novo Testamente, dá-nos uma pista das razões por que vemos o que vemos e permitimos que o que vemos nos tire a paz nos afaste da alegria e nos cegue para o amor.

Diz ele:

Porque o coração deste povo se tornou insensível.
E eles ouviram de má vontade,
e fecharam os olhos,
para não acontecer que vejam com os olhos,
e ouçam com os ouvidos,
e entendam com o coração, e se convertam,
e assim eu os cure.

Para Goldsmith, nisto está "toda a história do mundo humano". O mundo, que se orienta pelo sistema de pensamento de separação do ego, "não quer que [se] lhe tire o dinheiro, o poder ou a posição. O mundo tem medo de ouvir esta mensagem, por temer que possa se convencer de que a guerra não é uma necessidade e que os pânicos e as crises são inúteis". O mundo, de fato, não quer ver a paz.

Quando alcançamos a paz de espírito somos capazes de compreender que somos muito mais do que corpos e formas e sentidos. Em paz, é possível aprender, reconhecer, aceitar e pôr em prática tudo aquilo que precisamos fazer para sermos apenas a manifestação do divino no mundo.

É a partir da experiência da paz interior que podemos praticar a última das ideias deste dia, com a confiança e a certeza de que ela é a expressão da verdade acerca de nós. 

"Minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou absolutamente santo."

Mas qual de nós acredita nisto de si mesmo? Ou qual de nós vive a partir desta convicção: a de que é absolutamente santo? E o que significa para nós ser santo?

Ser santo não tem nada a ver com não cometer erros, com não ter dúvidas ou com não se deixar enganar pelo ego às vezes. Tem a ver, sim, com a tomada de decisão de ver de modo diferente. De ver, acima de tudo. Ser santo, do modo como acredito que o Curso entende, ensina e quer que aprendamos, é aceitar-se como se é. E ser no mundo a expressão mais autêntica do divino. O que significa ser capaz de entregar ao Espírito, à Mente de Deus, tudo aquilo com que não se pode lidar.

É ser e aceitar-se por inteiro, incluindo nesta aceitação toda e qualquer experiência que se escolher e que se apresentar. Fazer como diz Eckhart Tolle: 

Perdoe-se por não estar em paz.
Quando você aceita totalmente a sua falta de paz,
essa falta se transforma em paz.
Tudo o que você aceita totalmente o conduz para lá,
e o leva para a paz.
Este é o milagre da entrega.

Às práticas?