segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Praticando para alcançar a serenidade de Deus


LIÇÃO 273

A serenidade da paz de Deus é minha.

1. Agora talvez estejamos prontos para um dia de tranquilidade imperturbável. Se isso ainda não for possível, ficamos contentes e até mesmo mais do que satisfeitos em aprender de que modo se pode alcançar um dia assim. Se dermos espaço para um incômodo, vamos aprender como desfazê-lo e voltar à paz. Precisamos apenas dizer a nossas mentes com convicção: "A serenidade da paz de Deus é minha." e nada pode penetrar na paz que o Próprio Deus dá a Seu Filho.

2. Pai, Tua paz é minha. Que necessidade eu tenho de temer que qualquer coisa possa roubar de mim aquilo que Tu queres que eu conserve? Eu não posso perder Tuas dádivas para mim. E, por isso, a paz que Tu deste a Teu Filho ainda está comigo, no silênico e no meu amor eterno por Ti.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 273

A ideia que vamos praticar hoje oferece a oportunidade de vivermos um dia inteiro na paz de Deus. Ela nos dá os meios para descansarmos em Deus, longe de toda a turbulência e dos ruídos do mundo, livres da estática que nos oferece o sistema de pensamento do falso eu, neste mundo em que aparentemente vivemos.

Repetindo o que eu já disse outras vezes, talvez seja bom que nos lembremos do que nos diz Thomas Keating em um de seus livros, quando se refere à linguagem de Deus. Diz ele que "o silêncio é a primeira linguagem de Deus", pois é só no silêncio que podemos experimentar a serenidade da paz de Deus. 

Dizendo com outras palavras, é só quando deixamos de dar qualquer atenção ao que nos sussurra aos ouvidos o falso eu - o ego a que se refere o Curso -, por saber que tudo o que ele diz só nos faz mergulhar mais fundo na ilusão, que vamos ser capazes de dar espaço para a Voz por Deus em nossas vidas.

Aproveitando mais uma vez partes de comentários anteriores, vale lembrar também que na jornada que empreendemos em conjunto, a partir das práticas diárias, "o desafio [que enfrentamos] é estritamente interno. O convite [que nos faz a prática] é para que nos elevemos acima de nossa mediocridade, para abdicarmos do hábito de dar desculpas por nossa própria preguiça, para pararmos de nos desculpar por sermos quem somos, e para pararmos de culpar os outros ou nossa infância por aquilo que nos tornamos".

Ainda de acordo com Keating, "quando nos comprometemos com a jornada espiritual, a primeira coisa que o Espírito faz é começar a remover o lixo emocional de dentro de nós". É por isso que, muitas vezes, temos dúvidas a respeito do progresso que fazemos, ou pomos em dúvida a eficácia das práticas, quando parece que não estamos indo a lugar nenhum. Ou mesmo que a pressão que enfrentávamos anteriormente aumentou, em lugar de diminuir. 


Isso não é verdade. O que acontece é que, ao deixarmos de dar ouvidos ao falso eu por alguns instantes todos os dias, ele passa a sentir ameaçado e busca voltar ao controle, solicitando que voltemos a nos identificar com ele. Para tanto, ele se vale de tudo o que estiver ao seu alcance na ilusão do mundo. 

Porém, quanto mais profundo for o silêncio interior que buscamos alcançar, tanto mais profundamente Deus vai trabalhar em nós. Mesmo sem o nosso conhecimento consciente. É isto que vai permitir que nos rendamos ao mistério último de Deus como Ele é, não como pensamos que Ele é, ou como alguém nos disse que Ele é, mas como Ele é em Si Mesmo. E em nós mesmos.

Lembremo-nos, pois, mais uma vez, de que é praticando deste modo que seremos capazes de alcançar a "serenidade da paz de Deus". 

Às práticas?

domingo, 29 de setembro de 2013

Este mundo é só um véu que encobre a verdade


LIÇÃO 272

Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus?

1. Pai, a verdade me pertence. Meu lar está localizado no Céu por Tua Vontade e pela minha. Sonhos podem me satisfazer? Ilusões podem me trazer felicidade? O que, a não ser ser a lembrança de Ti, pode satisfazer Teu Filho? Não aceitarei nada menos do que Tu me dás. Estou cercado por Teu Amor, sempre tranquilo, sempre bondoso e sempre seguro. O Filho de Deus tem de ser como Tu o criaste.

2. Hoje vamos ignorar as ilusões. E, se ouvirmos a tentação nos chamar para ficarmos e nos demorarmos em um sonho, nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, que podemos escolher o Céu tão facilmente quanto o inferno, poderíamos ficar satisfeitos com sonhos, e o amor substituirá todo o medo com alegria.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 272

Precisamos, conforme já vimos muitas vezes ao longo das práticas nestes anos todos, aprender e fixar em nós mesmos a ideia de que tudo o que o mundo pode nos oferecer são apenas ilusões. Não há nada que, de fato, queiramos no mundo, uma vez que nada daquilo que aparentemente existe no mundo vai durar até a eternidade. Pois, de acordo com o que já aprendemos, o mundo em si mesmo não tem nenhum valor. Lembram-se do texto O amigo indicado, no capítulo 26, do qual já falei várias vezes, citando-o de novo, inclusive, há não muito tempo?

O mundo é apenas um véu que encobre a verdade e não permite ver a realidade, enquanto olharmos para ele apenas com os olhos do corpo, que também é parte deste véu. Neste período, o tema que unifica nossas práticas ensina o que é o Cristo. É a visão d'Ele que vai nos permitir ignorar o mundo, as coisas do mundo, as ilusões todas, para vermos, além delas, o Céu, nosso verdadeiro lar. 

Que tal, portanto, tomar posse do poder que temos todos, herança legítima do Filho de Deus, que somos? Que lhes parece a proposta de assumirmos nosso lugar no Céu? Não num lugar que só exista na fantasia, como contraponto ao aparente inferno que se diz que é viver aqui, mas, sim, como um lugar construído interiormente, a partir do qual possamos estender o amor, a paz, a felicidade e a alegria que são as características que nos unem e igualam ao divino. 

Este lugar existe, de fato, em cada um de nós. Está à espera de que nos voltemos para ele, esquecendo de uma vez por todas as ilusões que nos oferece o falso eu. Basta, pois, que tomemos a decisão de deixar de lado este pesadelo em que aparentemente vivemos, trocando-o pelo sonho feliz que pode advir - se assim quisermos - da escolha da percepção correta em lugar da percepção equivocada do ego.

Assim, a ideia que praticamos hoje, como já disse outras vezes em comentários anteriores, é um instrumento precioso para aprendermos a questionar nossos desejos. A partir dela podemos avaliar quão apegados estamos às ilusões. A partir dela podemos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmos e decidir olhar para o mundo de modo diferente.

Às práticas?

sábado, 28 de setembro de 2013

Como ignorar a percepção dos sentidos do corpo?


6. O que é o Cristo?

1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de nada a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.

*

LIÇÃO 271

É a visão de Cristo que usarei hoje.

1. Todo dia, toda hora, todo instante escolho o que quero ver, os sons que quero ouvir, as evidências daquilo que quero que seja a verdade para mim. Hoje escolho ver aquilo que Cristo quer que eu veja, escutar a Voz de Deus e buscar provas para aquilo que é verdadeiro na criação de Deus. Na visão de Cristo, o mundo e a criação de Deus combinam e, quando eles se reúnem, toda a percepção desaparece. Sua visão generosa redime o mundo da morte, pois nada do que Ele olha não deve senão viver, lembrando o Pai e o Filho; Criador e criação unificados.

2. Pai, a visão de Cristo é o caminho para Ti. O que Ele vê solicita que Tua lembrança me seja devolvida. E escolho isso para ser o que quero ver hoje.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 271

Chegamos hoje, mais uma vez, à sexta das instruções que o Curso oferece para as práticas das lições desta segunda parte do livro de exercícios. Ela se refere a um tema de especial importância para o aprendizado que buscamos com as lições diárias, repetindo o que eu já disse várias outras vezes no passado. 

Como eu já disse antes também, esta instrução, este tema, assim como o Curso todo, se refere ao aprendizado acerca de nós mesmos, do que somos, na verdade, e do que é nossa função neste mundo. Esta sexta instrução, O que é o Cristo?, deve nos guiar, ou orientar nossas práticas ao longo dos próximos dez dias. E, se vocês estiverem bem lembrados, é importante seguir a orientação do Curso de voltamos nosso olhar para ela diariamente antes das práticas da ideia para o dia.

Hoje, praticamos olhar para o mundo, e para todas as pessoas e coisas animadas ou inanimadas do mundo, utilizando a visão de Cristo, olhando para tudo com os olhos do Ser, do divino, em nós, ignorando o que nos mostra a percepção dada pelos sentidos do corpo. Isto não deve nem ser muito difícil, se mantivermos em mente o que nos diz a instrução acerca do que é o Cristo, que O revela a nós, para que O encontremos em nós mesmos, uma vez que Ele é nossa única parte verdadeira, sendo todo o resto apenas ilusão, sonho.

Voltar ao comentário que lhes ofereci para a lição da última quinta-feira também pode ajudar a perceber isto de forma mais clara, se lembrarmos que o texto lá dizia existir em nossa aparente dualidade "o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo", pensamento e desejo que estão sempre na raiz de todas as nossas impressões passageiras e humores momentâneos. Isto é, quando alguma coisa que desejamos ou pensamos querer, a partir da consciência do falso eu, não vem a nós é porque, inconscientemente, deixamos que o Cristo em nós, o Ser verdadeiro, tomasse a decisão, uma vez que bem no fundo de nós mesmos sempre sabemos, mesmo que de forma não consciente [é o divino em nós, o Cristo, que sabe], o que é melhor para nós.

É por isto que, naquele comentário, emprestado do texto do livro Christ in You [Cristo em Ti], aprendemos que, ao aceitarmos, mesmo que inconscientemente a sugestão do "pensamento dentro do pensamento", do "desejo dentro do desejo", estamos, de fato nos unindo à vontade de Deus, que é nossa própria vontade. E é por isto que aquele texto aconselha a prestarmos uma atenção cada vez maior aos sussurros dessa voz interior, dessa voz do espírito. E nos lembra de que cada um de nós está exatamente onde está apenas para fazer cumprir a Vontade Deus, que é a mesma vontade que a nossa. Só pode ser, aliás.

Às práticas?


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"Receber o amor de Deus na forma que Ele vier."


LIÇÃO 270

Não usarei os olhos do corpo hoje.

1. Pai, a visão de Cristo é Tua dádiva para mim e ela tem o poder de traduzir tudo aquilo que os olhos do corpo veem na visão de um mundo perdoado. Quão sublime e generoso é este mundo! Porém, quão mais do que a visão pode mostrar perceberei nele. O mundo perdoado significa que Teu Filho reconhece Seu Pai, permite que seus sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansioso aquele único instante a mais que falta do tempo que acaba para sempre, quando Tua lembrança volta a ele. E, nesse momento, a vontade dele fica uma só com a Tua. A função dele, então, é apenas Tua Própria Função e todo pensamento, exceto Teu Próprio Pensamento, desaparece.

2. A paz de hoje abençoará nossos corações e a partir deles a paz virá para todos. Cristo é nossos olhos hoje. E com a visão d'Ele oferecemos a cura ao mundo por intermédio d'Ele, o Filho santo a quem Deus criou perfeito; o Filho santo a quem Deus criou uno.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 270

A ideia que vamos praticar hoje visa a permitir que usemos - ou aprendamos a usar - a visão de Cristo para olhar para o mundo e perceber que invariavelmente  "... quando pessoas de mente decidida e coração bondoso acreditam apaixonadamente em alguma coisa, de um modo que ilumina suas vidas, parece que Deus sorri através delas".*

Abrir mão da visão que os olhos do corpo nos apresenta em favor da visão de Cristo pode - e vai, mais dia, menos dia - nos fazer entender que "... Deus não é a causa dos males nem das alegrias da vida. O importante é saber que, independentemente dos acontecimentos, Ele está sempre conosco e só deseja que voltemos ao Seu seio" [de onde, aliás, nunca saímos].* 

Aliás, é importante lembrar que, como diz Joel Goldsmith, não nos serve de nada saber racional e intelectualmente que Deus é onipresente, onipotente ou onisciente. O que se faz necessário e pode servir para orientar nossas vidas e iluminar nossos caminhos é trazer a Presença d'Ele à consciência desde as primeiras horas do dia, sempre que acordamos. Só então, vamos ser capazes de olhar para o mundo com os olhos de Cristo, mesmo se nos valermos dos olhos do corpo.

É esta visão crística que pode - e vai - nos levar a atingir a meta proposta para esta segunda parte do livro de exercícios, qual seja, a que nos dá a possibilidade de chegarmos à percepção verdadeira, aquela que só podemos alcançar com a ajuda do Espírito Santo. Aquela percepção que nos revela a necessidade de que estejamos sempre prontos e abertos "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier".* 

Um parêntese: Esta, aliás, é uma das grandes lições que aprendi, conforme já lhes disse antes, de um amigo muito querido, há muitos anos. Isto é, é necessário que estejamos sempre preparados para o inesperado. Já imaginaram como seria sem graça um mundo aonde soubéssemos com antecedência tudo o que vai acontecer?]

E isto - estar pronto e aberto "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier" - é bastante possível, se não cedermos às falsas promessas de controle e poder do falso eu [o ego] sobre o mundo e não nos rendermos à oferta enganosa que ele faz de nos dar o mundo inteiro, sem revelar que o preço que ele cobra por isso é nossa alma. 

Na verdade, com esta lição, assim como com todas, tudo o que o Curso quer nos ensinar - e ensina vezes e vezes repetidas - é que tudo o que precisamos mudar é tão-somente nossa percepção. Uma vez que ela não pode nos oferecer a verdade, por estar sempre contaminada pelas interpretações que fazemos dos fatos e das coisas que vemos a partir do que já experimentamos no passado. 

É por isso que é útil pensar, por exemplo, "quando você sente [uma] dor física ou quando conflitos psicológicos o(a) atormentam, que Deus está lhe dando um abraço um pouco mais apertado. Provações são uma expressão de Seu amor, não de rejeição"**. Porque, se você estiver bem lembrado(a), cada um de nós é livre para escolher aquilo que deseja e precisa viver ou experimentar. E porque Deus só diz sim a tudo o que você escolhe. 

Busquemos, pois, com as práticas da ideia de hoje alcançar a bênção da paz para nossos corações e mentes, para, de fato, sermos capazes de, a partir da cura de nossa percepção, oferecer a cura ao mundo.

* Citações extraídas do livro Apocalipse 2012, de Lawrence E. Joseph.
** Citação de Thomas Keating, em Mente aberta coração aberto.

OBSERVAÇÃO: Este comentário, com pequenas modificações, se vale de praticamente todo o comentário feito nos dois últimos anos para esta mesma lição.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Para chegar ao silêncio e à aceitação total do outro


LIÇÃO 269

Minha visão vai além para ver a face de Cristo.

1. Peço Tua bênção sobre minha visão hoje. Ela é o instrumento que Tu escolheste para vir a ser o modo de me mostrar meus erros e de olhar para além deles. Cabe a mim encontrar uma nova percepção a partir do Guia que Tu me deste e, a partir das lições d'Ele, ultrapassar a percepção e voltar à verdade. Peço a ilusão que transcende todas as que inventei. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de Cristo e me ensinam que aquilo para que olho me pertence, que não existe nada a não ser Teu Filho santo.

2. Hoje, de fato, nossa visão é abençoada. Compartilhamos uma só visão, quando olhamos para a face d'Aquele Cujo Ser é o nosso. Somos um por causa d'Ele Que é o Filho de Deus, d'Ele Que é nossa própria Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 269

Acho que vale a pena repetir mais uma vez o comentário feito anteriormente para esta lição. É uma forma de estender e ampliar o alcance da reflexão da ideia para as práticas de hoje. Assim, como o fiz em anos passados, em lugar de um comentário feito por mim, vou dividir de novo com vocês um pequeno capítulo do livro "Christ in You" [Cristo em ti] de que já falei outras vezes. 

Como já disse antes também, cada um dos capítulos do livro é uma lição. Esta em particular, acredito, pode ser de grande auxílio para o aprendizado da mudança de percepção. Ela trata dos processos que os pensamentos desencadeiam, o que nos permite aprender que precisamos prestar mais atenção a eles ["Orai e vigiai."], se de fato quisermos aprender a olhar e a ver em todos a face de Cristo.

A lição/capítulo se intitula A vontade de Deus e diz o seguinte:

Quanto tempo demora para entendermos a vontade de Deus!

Com frequência usas a expressão: "eu me decidi". Esta expressão tem um significado muito forte, se parares para refletir a respeito dela, pois naquele processo mesmo começas a trazer para a manifestação o desejo da mente. Desta forma dizes: "Percebo uma condição errada em minha mente, em minha mentalidade, em minhas circunstâncias; vou me decidir que isto desapareça". Mentalmente pões em movimento as forças visíveis e invisíveis do universo para realizar tua vontade.

Vês, é impossível viver de forma desatenta ou leviana no plano espiritual e estas lições seriam inúteis para qualquer um que não tenha despertado para a verdadeira consciência espiritual, a consciência da humanidade divina, o Eu Sou. De que forma a vontade de Deus pode se exprimir a não ser pela vida, pela humanidade nos corações e mentes de seres que existem n'Ele Mesmo? Sabe, portanto, que a vontade de Deus opera em ti mesmo.

Como é, então, que as coisas que queremos e desejamos não vêm a nós, podes perguntar.

Porque no mais fundo em todos os teus desejos, pensamentos e propósitos existe, por assim dizer, uma propensão oculta, o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo, e aquilo que tu mais desejas verdadeiramente está sempre na raiz de todas as tuas impressões passageiras e humores do momento. Não sentes muitas vezes que a própria coisa que desejas não é para teu bem permanente? Bem, essa mesma ideia vaga, essa leve sugestão, é do teu Ser que está fazendo tua vida. Dentro de ti mesmo, tu conheces a verdadeira qualidade, as experiências verdadeiras melhor indicadas para teu bem mais elevado. Quando fazes uso integral desta sugestão sutil por detrás de todo o teu sistema de pensamento, tu estás em unidade com a vontade de Deus, que é tua própria vontade. Esta é a voz do espírito, presta atenção a seus sussurros. Não peques contra o Espírito Santo*, ou perderás teus olhos e teus ouvidos e te tornarás cego e surdo*.

No plano dos sentidos isto é mais desastroso, porque tu estás exatamente aonde estás para cumprir a vontade de Deus. Ela é tua comida e bebida. Esta voz interior é tão delicada e tão sutil que tens de permanecer bem tranquilo e humilde, se quiseres ouvi-la. Deixa que Jesus fale contigo mais e mais, lê os Evangelhos até seres guiado mais e mais na direção de eliminar o véu que te esconde de teu Ser verdadeiro. Eu só respondi a tua pergunta, mas espero falar contigo de novo a respeito deste assunto.

Paz, Graça Celestial. Deus vive em ti, Ele é tua vida.


*NOTA: Uma observação apenas em relação a esta frase. Este texto foi publicado pela primeira vez em 1910. Em meu modo de ver, de acordo com o ensinamento do Curso, "pecar contra o Espírito Santo" significa apenas fazer o que fazemos diariamente ao não dar ouvidos a esta voz interior em nós mesmos [talvez possa se dizer que pecado é sinônimo de inconsciência, de falta de atenção], o que traz como resultado toda a insatisfação que vemos no mundo, a partir de nossa própria insatisfação, por estarmos a maior parte do tempo em transe, isto é, cegos e surdos.
 

OBSERVAÇÃO:

Desculpem-me um texto tão longo, mas não pude me furtar a repetir aqui também - porque se refere à ideia que praticamos hoje - uma pergunta feita por uma de nossas colegas de grupo de estudos. Pergunta feita de longe, pois ela estava em viagem pelos países do Leste Europeu quando surgiu a dúvida. Publico aqui também a resposta que dei na ocasião. Abreviando tudo ao máximo para não me alongar demais. 

A pergunta:

Nós que participamos do [grupo de estudos do] curso temos muitos propósitos em comum; certo que são vários e que com muito esforço tentamos dia a dia nos corrigir. Agora, o que eu quero aprender é como lidar com pessoas que não têm nenhum objetivo de mudar ou mesmo achar que nunca tem equívocos e que sempre estão certas.Existe uma resposta para isso ou o silêncio e a aceitação total do outro é que vale? 

A resposta:

Se você estiver bem lembrada do que o Curso ensina, "não existe nada fora". Isto quer dizer que "o outro" [ou os outros] não existe, a não ser como uma projeção de uma parte minha que ainda não reconheci, não acolhi, aceitei, em mim e não agradeci por ela se ter apresentado.

O fato de termos problemas em nossos relacionamentos é revelador apenas da necessidade de que atentemos à orientação do Curso e tomemos a decisão de olhar para o mundo [que, aliás, só existe também como projeção de tudo aquilo que trazemos dentro de nós] de modo diferente.

O que o Curso quer nos ensinar quando nos aconselha a perdoar o mundo é apenas isto: se o mundo se está apresentando de alguma forma que não nos deixa felizes, que nos afasta da alegria, é porque o estamos olhando com os olhos do falso eu, do ego. Isto é, estamos oferecendo ao mundo um julgamento de nós mesmos, considerando-nos culpados por alguma coisa, mesmo que não vejamos isto de forma consciente. É por isto que o Curso diz: "perdoa e verás de modo diferente".

Assim, em resposta a sua pergunta, que você já respondeu para si mesma, mas que o ego [o falso eu] em você parece não querer aceitar ainda, a resposta para isso é, sim, "o silêncio e a aceitação total do outro" [uma visão que vai além para ver no outro, e, por consequência, em nós mesmos, a face de Cristo], uma vez que aceitar o outro não é nada mais do que aceitar um aspecto de você mesma que você ainda não reconhece, não aceita, e pelo qual você [seu ego] ainda não é capaz de demonstrar  gratidão. 

Às práticas?

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Acreditamo-nos capazes de críticas "construtivas"?


LIÇÃO 268

Que todas as coisas sejam exatamente como são.

1. Que eu não seja Teu crítico hoje, Senhor, e julgue contra Tí*. Que eu não tente me intrometer em Tua criação para distorcê-la em formas doentias. Que eu me disponha a retirar meus desejos de sua unidade e a permitir, deste modo, que ela seja tal qual Tu a criaste. Pois assim serei capaz de reconhecer meu Ser da forma que Tu me criaste. Fui criado no amor e permanecerei para sempre no amor. O que pode me assustar, se eu permitir que todas as coisas sejam exatamente como são?

2. Que nossa visão não seja blasfema hoje e que nossos ouvidos também não deem atenção a línguas mentirosas. Só a realidade está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isto que buscamos hoje.

*Nota da tradução: No original esta primeira frase diz: Let me not be Your critic, Lord, today, and judge against You. Na tradução de Lillian Paes a frase ficou assim:Senhor, que eu não seja o Teu crítico, hoje, e nem julgue contra Ti. Apesar de não haver especificamente um elemento indicador do que a levou a incluir a partícula "nem" em sua tradução, pode-se pensar que a inferência foi um elemento oculto que deveria/poderia aparecer subentendido após a terceira vírgula do original, que deixaria a frase com a seguinte forma: Let me not be Your critic, Lord, today, and [let me not] judge against You. Em meu modo de ver, minha tradução abole este elemento subentendido sem prejudicar o entendimento do sentido da frase original, porque se eu me colocar na condição de crítico do Senhor, é forçoso que eu julgue contra Ele, que é o que não quero fazer, de acordo com a primeira parte da frase. Ora, se na primeira parte da oração eu peço para não ser crítico, o fato de a segunda obedecer à lógica que resultaria do fato de eu ser um crítico, que seria julgar contra o Senhor, não impede o leitor de perceber que, apesar de a frase dizer "e julgue contra Ti", no final o sentido é o de que da mesma forma que não quero ser crítico, não quero julgar. Alguém quer fazer alguma observação a respeito?
*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 268

Disse, nos dois últimos anos, que a ideia que praticamos hoje traz consigo de maneira bem clara a fórmula para se viver neste mundo, sem dor, sem perda, em segurança e em paz e com alegria. E qual é esta fórmula? Simplesmente abrir mão de qualquer desejo de exercer algum controle sobre as coisas, sobre quaisquer coisas. 

Em geral, temos a tendência a olhar para as críticas que fazemos e reputá-las "construtivas". Ou temos mesmo a ideia de que é necessário que sejamos críticos em relação a tudo e a todos, como se isso, por si só, fosse o que nos levaria a uma consciência maior, ou como se isso - o ser capaz de ser crítico - fosse um requisito que facilitaria nossas escolhas.

Ser crítico e exercer a atividade de crítico, parece-me, no entanto, ser uma grande, uma enorme falácia, um engano, e na mais das vezes, um auto-engano. Algo de que a pessoa se vale para poder "descer a lenha" naquilo de que não gosta, naqueles que fazem algo contrário àquilo que ele pensa ser o "certo".

À luz do que nos ensina o Curso, precisamos aprender que tudo é neutro no mundo, inclusive o próprio mundo, e que qualquer valor que vemos em alguma coisa foi atribuído por nós mesmos a partir daquilo que trazemos interiormente. Para o bem ou para o mal. Tanto é assim que o Curso ensina que "tudo está absolutamente certo exatamente da maneira como está".

O que nos autoriza, então a pensar que sabemos mais do que quem quer que seja? O que pode nos levar a acreditar que somos capazes de ditar as melhores formas de viver para nós mesmos, para uns e outros e para a humanidade toda, a não ser o enorme auto-engano da onipotência do ego?


Voltemos mais uma vez, então, a uma lição anterior, da primeira parte do livro de exercícios. Vamos perceber lá que ela já nos ensinava a dar o passo que a lição de hoje pede para darmos: Libero o mundo de tudo o que pensava que ele fosse [Lição 132]. Aprendemos?

Repito, então, o que já disse noutros comentários: enquanto, escorados na pretensa força e no pretenso conhecimento do falso eu, o ego de que o Curso fala, com quem nos identificamos, acreditarmos que podemos, de algum modo, ter controle sobre qualquer coisa que não apenas sobre nossos próprios pensamentos vamos continuar a viver no auto-engano. Aliás, também é auto-engano acreditar, como o ego quer que pensemos, que não podemos controlar nossos pensamentos.

Se refletirmos bem, se meditarmos bem, se prestarmos bastante atenção e olharmos de forma amorosa e desprovida de julgamento ou preconceito para tudo o que vemos no mundo, há alguma coisa que acreditamos poder mudar e fazer melhor? 


Será que somos capazes de mudar qualquer coisa que não apenas nossa forma de olhar, para aprendermos, como quer o Curso, a olhar para tudo de forma diferente? Será que somos, ou nos julgamos poderosos a ponto de pensar: - Se eu fosse Deus, faria isso e aquilo de forma diferente? E de acreditar que seríamos capazes de fazer melhor do que Ele?

Quem assistiu ao filme "O Efeito Borboleta" [o primeiro] há de se lembrar de que qualquer mudança que o protagonista introduzia em uma experiência, que ele julgava ser necessário mudar, gerava um resultado que ele não podia sequer imaginar. Um resultado muitas vezes "pior" do que aquele da situação que ele tentava modificar.

Imagino que, com certeza, se estivermos atentos, despertos, isto se aplica a tudo na vida. Um exemplo pode ser o da pupa [a lagarta] presa no casulo aguardando o instante para rompê-lo e se transformar em uma linda borboleta. Se resolvêssemos ajudá-la, poupar-lhe o esforço aparentemente grande para um ser tão frágil e pequeno, qual seria o resultado? O que já sabemos. Poupá-la do esforço que cabe apenas a ela fazer só iria trazer ao mundo uma borboleta sem força suficiente nas asas para ser capaz de voar.

Há uma lição, a 21, entre outras, que também nos ensina o que fazer quando, por qualquer razão, não vemos só "a bondade da criação" em tudo o que vemos. Ela diz: Estou decidido a ver as coisas de modo diferente. Ou ainda a lição 28: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente. Porque, na verdade, ainda não vemos, cegos por todos os preconceitos que atulham nossas cabeças.

Para o ensinamento do Curso, mais do que olhar com os olhos do corpo e depositar sobre o objeto que nosso olhar capta o reflexo de nosso pensamentos passados a respeito dele, ver é comungar, é alcançar a comunicação perfeita com o objeto visto, sem separação, alcançar a unidade com ele e com Deus, sendo também o objeto. Pois para Deus, ou para a ideia de Deus, todas as coisas são neutras e todas desempenham uma função igualmente importante para a realização de Seu plano para a salvação do mundo, o único que funcionará, para nos lembrarmos de outra das lições da primeira parte do livro.

Quando aprendermos a abrir mão de quaisquer tentativas de controlar qualquer coisa, entenderemos a orientação do divino em nós mesmos que nos diz: "Deixa que o espírito tome conta de tudo".

É isto que praticamos hoje.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Quem pode ser dono e senhor de meu destino?


LIÇÃO 267

Meu coração bate na paz de Deus.

1. Toda a vida que Deus criou em Seu Amor está a minha volta. Ela me chama em cada batida do coração e em cada respiração. A paz enche meu coração e inunda meu corpo com o propósito do perdão. Minha mente está curada agora e tudo o que preciso para salvar o mundo me é dado. Cada batida do coração me traz paz; cada respiração me infunde força. Eu sou um mensageiro de Deus, guiado por Sua Voz, animado por Ele no amor e mantido sereno e em paz para sempre em Seus Braços amorosos. Cada batida do coração chama Seu Nome e cada uma recebe a resposta de Sua Voz, que me assegura que n'Ele estou em casa.

2. Que eu ouça a Tua Resposta, não a minha. Pai, meu coração bate na paz que o Coração do Amor criou. É lá, e só lá, que posso estar em casa.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 267

Repetindo mais uma vez de cabo a rabo o comentário dos dois últimos anos, vamos relembrar o que eu já disse outras vezes a respeito desta jornada espiritual que fazemos juntos, cada um de seu jeito. Lembremo-nos, portanto, de que a descoberta de que existe apenas um lugar em que podemos desfrutar da paz e da alegria completas, expressões da Vontade de Deus para nós, envolve algum esforço inicial. E, também como já disse antes, envolve em primeiro lugar que nos conscientizemos de que cada um de nós tem de tomar a decisão de buscar viver a Vontade de Deus de paz e de alegria completas para nós de forma mais frequente e duradoura, mesmo aqui neste mundo.

Os que já se decidiram e estão atentos, hão de lembrar que a lição 253 diz ser impossível que alguma coisa se apresente a nossa experiência sem ter sido solicitada por nós mesmos. E mais: diz que [tudo] o que acontece, em qualquer circunstância, é [sempre] o que queremos que aconteça, mesmo quando não temos consciência disso. E, ainda mais, que o que não acontece deixa de acontecer porque não queremos que aconteça. Ela afirma de modo categórico que "mesmo neste mundo" de ilusões e aparências somos nós - cada um de nós a sua própria maneira - que governamos nosso destino. Basta nos lembrarmos, por exemplo, de uma das leis espirituais da Índia, que diz que, em qualquer situação, precisamos ter presente em nós que "aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido".

Lembram-se do filme Invictus? Quem já o assistiu há de se lembrar de Mandela dizendo ao capitão da equipe de rugby da África do Sul que o que o manteve sempre firme, confiante e o ajudou a suportar os longos vinte e seis anos em que esteve preso foi o poema de William E. Henley*, que, aliás, empresta o título ao filme.

Uma lição mais antiga diz que não somos vítimas do mundo que vemos. O que isso quer dizer? Exatamente a mesma coisa que diz a lição 253 com outras palavras. Isto é, nós mesmos escolhemos tudo aquilo que vamos viver, tudo aquilo que queremos experimentar. Somos cem por cento responsáveis por tudo o que nos acontece. E não só a nós mesmos, mas ao mundo inteiro. Porque o mundo só existe como representação dos desejos e pensamentos que trazemos no interior de nós mesmos. É por isso que o mundo é diferente para cada um de nós.

A ideia que praticamos hoje nos oferece mais uma vez a oportunidade e a ocasião para a tomada de decisão. Ela nos convida a irmos, dentro de nós mesmos, ao lugar em que Deus nos espera, para nos acolher e envolver em Seu abraço amoroso e pleno de paz. E é só nesse abraço amoroso e nessa paz que podemos experimentar a alegria perfeita e sentir o coração bater em total sintonia com "toda a vida que Deus criou em Seu Amor".


*NOTA: O poema Invictus, na tradução de André C. S. Masini ficou assim:

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi'alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Não há nada no mundo que não passe de ilusão


LIÇÃO 266

Meu Ser sagrado vive em ti, Filho de Deus.

1. Pai, Tu me deste todos os Teus Filhos para serem meus salvadores, meus conselheiros visíveis; os portadores da Tua Voz santa para mim. Tu estás refletido neles e, neles, Cristo olha para mim desde o meu Ser. Que Teu Filho não se esqueça de Teu Nome santo. Que Teu Filho não se esqueça de sua Fonte santa. Que Teu Filho não se esqueça de que o Nome dele é o Teu.

2. Neste dia entramos no Paraíso, invocando o Nome de Deus e nosso próprio nome, reconhecendo nosso Ser em cada um de nós; unidos no Amor santo de Deus. Quantos salvadores Deus nos deu! Como podemos perde o caminho para Ele, quando Ele enche o mundo com aqueles que O indicam e nos dá a visão para olhar para eles?

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 266

A ideia que vamos praticar hoje, do ponto de vista da percepção dos sentidos do corpo, não faz nenhum sentido. Isto é, ela se refere a algo que o ego - o falso eu - tem muito medo que venhamos a descobrir, ou lembrar, acerca de nós mesmos, o que o deixaria sem chão.

O que somos na verdade é o Ser sagrado, que vive em Deus e em Seu Filho, que é o que somos e é o que Deus é. Mas para entrar em contato com esta verdade é preciso que nos afastemos do mundo. É preciso que olhemos para o mundo de um ponto de vista que não se baseie nas impressões da percepção do corpo e que nos mostre que há, em tudo e em todos, alguma coisa além da forma que o olhos veem.

Isto tem a ver com a ideia de modificar a percepção, de mudar o modo de ver. Tem a ver com chegar ao ponto de saber que não há nada no mundo, por mais real que nos pareça, que não passe de ilusão, se vocês tiverem em mente o que falamos a respeito disso na lição de ontem. 

Mudar o modo de ver é curar a percepção. É escolher a percepção correta do Espírito Santo, substituindo por ela a percepção do ego e dos sentidos. Trabalhamos com isto na primeira parte do livro de exercícios, cujas ideias buscavam nos ensinar um modo de desaprender aquilo que o mundo ensina. 

Mas também podemos, nesta segunda parte, sem sombra de dúvida, nos valer das ideias da primeira como forma de alcançar a percepção correta, que é o que o Curso se propõe a nos ensinar agora. Assim, eis aqui parte do comentário feito antes a esta lição:

Não há nada a temer [Lição 48]. Nestes tempos aparentemente conturbados que vivemos, em que todos os veículos de comunicação - ou a maioria deles - escolheram nos contar quase que apenas aquelas notícias que confirmam a ideia de - e reforçam a crença na - separação, e nos aconselham a ter medo até do vizinho ao lado, precisamos recorrer com frequência a esta lição. Ela figura, em meu modo de ver, entre as mais importantes do Curso, no que diz respeito à meta da primeira parte do livro de exercícios: o desaprender daquilo que o mundo nos ensina, como disse acima.

Há uma espécie de sintonia - e não poderia ser diferente - entre a ideia da lição 48 e esta que praticamos hoje. Pois, se prestamos atenção, perceberemos que, de fato, não há razão alguma para se temer nenhuma das pessoas que aparentemente povoam este nosso mundo. A ideia de hoje nos ensina a olhar para todos e para cada um e ver neles o nosso salvador. Todos têm a função de nossos "conselheiros visíveis". Seja qual for a forma com que se apresentem. Seja qual for a mensagem que nos tragam.

Se olharmos bem para cada uma das pessoas que se apresenta em nossa vida, seremos capazes de identificar nela o Filho de Deus, a menos que estejamos nos sentindo separados d'Ele, o que significa que não estamos experimentando o Ser em nós mesmos, que estamos apenas distraídos de nós mesmos.

E, mais uma vez, não há como não lembrar e deixar de voltar às falas do jagunço Riobaldo, do livro Grande Sertão: Veredas. Ouçam o que ele diz a certa altura:

"Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade."

Não é mesmo o caso de se buscar praticar com mais afinco?

domingo, 22 de setembro de 2013

Três passos essenciais para mudar a percepção


LIÇÃO 265

A bondade da criação é tudo o que vejo.

1. Certamente eu compreendo mal o mundo, porque depositei meus pecados sobre ele e os vi olhando de volta para mim. Quão ameaçadores pareciam! E como me enganei ao pensar que aquilo que eu temia estivesse no mundo e não apenas em minha mente. Hoje vejo o mundo na bondade celestial com a qual a criação resplandece. Não há nenhum medo nele. Que nenhuma manifestação de meus pecados esconda a luz do Céu, que brilha sobre o mundo. O que se reflete aí está na Mente de Deus. As imagens que vejo refletem meus pensamentos. No entanto, minha mente está em unidade com A de Deus. E, por isso, posso perceber a bondade da criação.

2. Em paz, quero olhar para o mundo que só reflete Teus Pensamentos e também os meus. Que eu me lembre de que eles são os mesmos e verei a bondade da criação.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 265

Acho que nunca é demais relembrar os três passos necessários para facilitar a mudança da percepção. Três passos de que tenho falado pessoalmente às pessoas que frequentam os grupos de estudos. E, mais uma vez, então, quais são estes passos, a que se referem e de que forma estão relacionados à ideia que praticamos hoje?

Bem, eles se referem a nossa forma de experimentar o mundo e tudo o que o mundo aparentemente oferece. E certamente têm a ver com o fato de compreendermos mal o mundo, por só o vemos a partir da percepção equivocada e limitada que nos oferecem os sentidos. Ou será que algum de nós pode dizer que só vê a bondade da criação?

Para tanto, é preciso que esteja bem claro para cada um de nós o que o Curso quer dizer quando ensina que não há nada fora de nós mesmos. Isto quer dizer, básica e claramente, que tudo o que vemos tem a ver com o que trazemos interiormente. E que não existe nada, absolutamente nada, nem mesmo o mundo, senão como expressão daquilo que trazemos em nós. E, se o mundo, aos nossos olhos, é assim ou assado é apenas porque internamente escolhemos colocar nele as características que trazemos e que o definem e limitam nos conceitos de assim ou assado. Seja lá o que isso for. 

É por esta razão que, tanto quanto os exercícios diários, os três passos a que me refiro servem para reequilibrar nossa percepção do mundo e do que há nele, dando-nos a correta dimensão de tudo o que vemos.

Voltem, por favor, ao texto que inicia o comentário da lição de ontem. Nele podemos perceber claramente de que forma precisamos nos posicionar em relação ao mundo. E a tudo o que aparentemente há nele. Isto é, nada do que vemos é real, a não ser como forma de manifestação daquilo que trazemos dentro de nós mesmos. Tudo é parte de uma grande ilusão que começamos a criar a partir do momento em que passamos a acreditar na ideia de separação, isto é, à crença na possibilidade de que algum de nós ou alguma coisa verdadeira possa estar separada de Deus ou de nós mesmos.

Vamos, pois, aos três passos?

O primeiro, ao olharmos para qualquer pessoa, coisa ou situação que se apresente a nossa experiência, é reconhecer que a pessoa, coisa ou situação se apresentou porque nós mesmos as solicitamos. Reforçando: nada se apresenta à experiência de nenhuma pessoa sem que ela tenha pedido, sem que ela tenha escolhido - ainda que de forma inconsciente - passar por aquele experiência determinada.

O segundo passo, que decorre do primeiro, é acolher, aceitar, aquilo que se apresenta. Isto é, reconhecendo que solicitamos a presença daquilo que se apresentou, tudo o que é preciso fazer é acolher, aceitar. A pessoa, coisa ou situação.

E, por fim, o terceiro passo, aquele que nos dá a possibilidade de "escolher outra vez", é agradecer por aquilo que se apresentou. Aliás, como eu já disse outras vezes, de acordo com o ensinamento do Curso e com o ensinamento de vários mestres ao longo do tempo, é preciso que sejamos capazes de agradecer por tudo o que nos acontece o tempo todo. 

Cientes destes passos, prestando atenção a tudo o que vemos, tocamos ou percebemos a partir dos sentidos, vamos ser capazes de, como a ideia de hoje nos pede para praticar, ver a bondade da criação em tudo. E, repetindo o que eu já disse antes, o mundo que veremos, então, será apenas o reflexo dos pensamentos que temos na unidade com Deus e refletirá tão-somente os Pensamentos d'Ele, que são os mesmos que os nossos.

Às práticas?