sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Esperança e medo são a raiz de nosso sofrimento


6. O que é o Cristo?

1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de nada a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.
*

LIÇÃO 274


Este dia pertence ao amor. Que eu não tenha medo.

1. Pai, hoje quero deixar que todas as coisas sejam tais como Tu as criaste e oferecer a Teu Filho o respeito devido a sua inocência; o amor do irmão a seu irmão e Amigo. Por meio disso sou redimido. Também por meio disso a verdade penetrará no lugar aonde as ilusões estavam, a luz substituirá toda a escuridão e Teu Filho saberá que é como Tu o criaste.

2. Hoje chega a nós uma bênção especial d'Aquele Que é nosso Pai. Dá este dia a Ele e não haverá nenhum medo hoje, porque o dia é dado ao amor.


*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 274

A ideia que o Curso oferece para as práticas de hoje nos convida a dedicarmos, mais uma vez, um dia inteiro ao amor. E é só o amor que pode - e vai - nos fazer abandonar e esquecer por completo quaisquer medos. É possível existir coisa melhor a se fazer? Mas, pergunto-lhes mais uma vez, será que somos capazes de dedicar um só dia dos nossos que seja inteiramente ao amor? Quem sabe? Como eu disse antes, se nos decidirmos a ficar atentos, é possível. Se nos decidirmos a estar presentes a tudo o que nos acontecer neste dia, é possível.

Quem sabe será possível? Se dedicarmos, de fato, o dia todo ao silêncio, que é a única forma de chegarmos ao autoconhecimento, deixando de lado tudo o que nos oferece o mundo das ilusões, a partir de nossa sintonia com o sistema de pensamento do falso eu, talvez seja possível. 

Repetindo pela enésima vez o que diz Krishnamurti a respeito do autoconhecimento: "autoconhecimento não significa acumular conhecimentos sobre si próprio; significa observar a si próprio. Se aprendo acumulando conhecimentos, nada aprendo a respeito de mim mesmo". Aprendendo apenas a respeito do conhecimento do mundo que vejo, continuo a encher minhas reservas de informações velhas em lugar de esvaziar a mente para que o novo possa entrar. Lembremo-nos da necessidade de esvaziar a xícara antes de servir um chá novo.

Ele diz ainda que devemos "recusar, não apenas verbal, intelectual ou teoricamente, mas negar realmente tudo o que o homem" diz e precisamos incluir aí tudo o que cada um de nós diz a si mesmo - e aos outros - a partir do que a percepção nos leva a pensar. Cabe a cada um de nós descobrir, por si próprio, o que é a Verdade. Porque não é possível obtermos a Verdade de outrem. E a Verdade também não está fixada em um ponto particular.

Lembremo-nos novamente do comentário anterior a esta lição. Krishnamurti vai ainda além, dizendo que nos cumpre ser sérios para rejeitar toda espécie de propaganda - e toda religião institucionalizada é uma contínua propaganda -, a fim de que possamos descobrir por nós mesmos "o que é a Verdade, se tal coisa existe". 

O que importa, ele diz ainda, é que compreendamos por nós mesmos e não pelo que dizem a nosso respeito psicólogos, filósofos, analistas, intelectuais, velhos mestres, mesmo os mais antigos e venerados, pois, fazendo isto, estaríamos apenas seguindo o que eles dizem a respeito de nós. 

O próprio Buda, de acordo com livro que li há algum tempo, e conforme já lhes disse aqui no ano passado, se recusava, por inútil, repetidamente a discutir a respeito de 14 temas, todos eles buscando uma certeza absoluta, que ninguém pode encontrar no mundo. Vejam aí, por favor, quais são eles e vamos refletir, para mudar, caso algum destes temas seja parte de nossas próprias discussões: 

1) Se o mundo é eterno, ou não, ou ambos, ou nenhuma das duas coisas.
2) Se o mundo é finito (no espaço), ou infinito, ou ambos, ou nenhuma das duas coisas.
3) Se um ser iluminado existe depois da morte, ou não, ou ambos, ou nenhuma das coisas.
4) Se a alma é idêntica ao corpo ou diferente dele. 

Vejam bem, o próprio Buda diz que é inútil se discutir acerca destes temas. Não há reposta possível a nenhuma destas questões. Não é possível haver certeza absoluta nenhuma nunca acerca de nada. Abandonemos, pois, a busca por certezas e busquemos nos contentar com "a sabedoria da insegurança", ou da incerteza, como também nos ensina o Curso.

Daí, pois, ser interessante notar também, como já ressaltei outras vezes antes, que o próprio Curso, em uma de suas lições iniciais, nos convida a abandonarmos tudo, inclusive o próprio Curso, e a irmos, de coração e mente abertos, na direção do mais profundo de nós mesmos. Pois é só lá, diz ele, que vamos poder, de fato, encontrar o que buscamos. E que é, na verdade, o que já somos.

Ampliando um pouquinho este comentário antes de finalizá-lo, em função de um livro que leio no momento, que também tem a ver com a ideia que praticamos hoje, preciso lhes dizer que, além do medo, no abandonar tudo a que nos orienta o Curso, há que se incluir igualmente o abandono de toda esperança.


Por quê?

Porque esperança e medo são duas faces da mesma moeda. Enquanto mantivermos uma, a outra vai se apresentar, necessariamente. E o que significa abandonar a esperança? Significa aceitarmos que não há base alguma no mundo para qualquer tipo de segurança. Tudo é impermanência e mudança. 

Pema Chödrön, a autora do livro, afirma, por exemplo, que: 

"Sem desistir da esperança - de que há um lugar melhor para [se] estar, de que há alguém melhor para ser - nunca relaxaremos onde estamos ou naquilo que somos". 

Diz ela ainda: 

"A primeira nobre verdade que Buda ensinou diz que, quando sofremos, isso não significa que algo está errado. Que alívio! Finalmente alguém falou a verdade. O sofrimento faz parte da vida e não devemos achar que o estamos sentindo por termos feito, pessoalmente, algo errado. Entretanto, o fato é que, quando sofremos, achamos que algo está errado. Enquanto estivermos viciados em esperança, pensaremos que podemos abrandar nossa experiência, torná-la mais intensa ou, de algum modo, modificá-la - e continuaremos a sofrer muito."

Ambos, esperança e medo, "são a raiz de nosso sofrimento. No mundo da esperança e do medo, sempre teremos que mudar de canal, ajustar a temperatura ou procurar outra música, porque algo está se tornando desconfortável, algo está se tornando inquieto, algo está começando a doer, e nós continuamos a procurar alternativas".

Não é assim que lhes parece? Ora, o Curso ensina que é possível viver sem medo, o que significa certamente que também é bem possível viver sem esperança. Sem expectativas. Deixando que o mundo seja exatamente como é no momento que se apresenta. Ele e todas as coisas nele.

Convido-as(os), então mais uma vez, a se entregarem às práticas, deixando este dia aos cuidados do amor, que é o que somos para descobrir que "não há nada a temer", como nos ensina uma das lições da primeira parte do livro de exercícios. 

Às práticas?


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Nenhum de nós precisa se desculpar por ser o que é


6. O que é o Cristo?

1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de nada a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.


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LIÇÃO 273


A serenidade da paz de Deus é minha.

1. Agora talvez estejamos prontos para um dia de tranquilidade imperturbável. Se isso ainda não for possível, ficamos contentes e até mesmo mais do que satisfeitos em aprender de que modo se pode alcançar um dia assim. Se dermos espaço para um incômodo, vamos aprender como desfazê-lo e voltar à paz. Precisamos apenas dizer a nossas mentes com convicção: "A serenidade da paz de Deus é minha." e nada pode penetrar na paz que o Próprio Deus dá a Seu Filho.

2. Pai, Tua paz é minha. Que necessidade eu tenho de temer que qualquer coisa possa roubar de mim aquilo que Tu queres que eu conserve? Eu não posso perder Tuas dádivas para mim. E, por isso, a paz que Tu deste a Teu Filho ainda está comigo, no silêncio e no meu amor eterno por Ti.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 273

A ideia que vamos praticar hoje oferece, mais uma vez, a oportunidade de vivermos um dia inteiro na paz de Deus. Ela nos dá os meios para descansarmos em Deus, longe de toda a turbulência e dos ruídos do mundo, livres da estática que nos oferece o sistema de pensamento do falso eu, neste mundo em que aparentemente vivemos.

Repetindo algo de que eu já falei muitas outras vezes, talvez seja bom lembrarmos do que nos diz Thomas Keating em um de seus livros, quando se refere à linguagem de Deus. Diz ele que "o silêncio é a primeira linguagem de Deus", pois é só no silêncio que podemos experimentar em nós mesmos a serenidade da paz de Deus. 

Dizendo com outras palavras, é só quando deixamos de dar qualquer atenção ao que nos sussurra aos ouvidos o falso eu - o ego a que se refere o Curso -, por saber que tudo o que ele diz só nos faz mergulhar mais fundo na ilusão, que vamos ser capazes de dar espaço para a Voz por Deus em nossas vidas. Lembram-se do comentário de dias atrás? Quando eu uso meus órgãos dos sentidos para ficar atento ao que se passa a minha volta, percebendo tudo e todos fora de mim, deixo de oferecê-los ao Espírito Santo em mim, para acreditar que a ilusão que me cerca é real.

Aproveitando mais uma vez de algumas partes de comentários anteriores, vale lembrar também que na jornada que empreendemos em conjunto, a partir das práticas diárias, "o desafio [que aparentemente enfrentamos todos e cada um de nós] é estritamente interno. O convite [que nos faz a prática] é para que nos elevemos acima de nossa mediocridade, para abdicarmos do hábito de dar desculpas por nossa própria preguiça, para pararmos de nos desculpar por sermos quem somos [nenhum de nós precisa nunca se desculpar por ser o Eu Sou que, na realidade, é], e para pararmos de culpar os outros ou nossa infância por aquilo que nos tornamos".

Ainda de acordo com Keating, "quando nos comprometemos com a jornada espiritual, a primeira coisa que o Espírito faz é começar a remover o lixo emocional de dentro de nós". É por isso que, muitas vezes, temos dúvidas a respeito do progresso que fazemos, ou pomos em dúvida a eficácia das práticas, quando parece que não estamos indo a lugar nenhum. Ou mesmo quando nos parece que, comparada ao que tínhamos de enfrentar anteriormente, a pressão aumentou, em lugar de diminuir. 


Isso não é verdade. O que acontece é que, ao deixarmos de dar ouvidos ao falso eu por alguns instantes todos os dias, ele passa a sentir ameaçado e busca voltar ao controle, solicitando que voltemos a nos identificar com ele. Para tanto, ele se vale de tudo o que estiver ao seu alcance na ilusão do mundo. 

Porém, quanto mais profundo for o silêncio interior que buscamos alcançar, tanto mais profundamente Deus vai trabalhar em nós. Quanto mais profundo for o silêncio interior, tanto mais profundamente o Espírito em nós vai assumir o controle. Mesmo sem o nosso conhecimento consciente. É isto que vai permitir que nos rendamos ao mistério último de Deus como Ele é, não como pensamos que Ele é, ou como alguém nos disse ou diz que Ele é, mas como Ele é em Si Mesmo. E em nós mesmos.

Lembremo-nos, pois, mais uma vez, de que é só praticando deste modo que seremos capazes de alcançar a "serenidade da paz de Deus". 

Às práticas?


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O mundo é apenas um véu que encobre a verdade


6. O que é o Cristo?

1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de nada a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.


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LIÇÃO 272

Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus?

1. Pai, a verdade me pertence. Meu lar está localizado no Céu por Tua Vontade e pela minha. Sonhos podem me satisfazer? Ilusões podem me trazer felicidade? O que, a não ser ser a lembrança de Ti, pode satisfazer Teu Filho? Não aceitarei nada menos do que Tu me dás. Estou cercado por Teu Amor, sempre tranquilo, sempre bondoso e sempre seguro. O Filho de Deus tem de ser como Tu o criaste.

2. Hoje vamos ignorar as ilusões. E, se ouvirmos a tentação nos chamar para ficarmos e nos demorarmos em um sonho, nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, que podemos escolher o Céu tão facilmente quanto o inferno, poderíamos ficar satisfeitos com sonhos, e o amor substituirá todo o medo com alegria.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 272

Precisamos, conforme já vimos muitas vezes ao longo das práticas nestes anos todos, aprender e fixar em nós mesmos a ideia de que tudo o que o mundo pode nos oferecer são apenas ilusões. Não há nada que, de fato, queiramos no mundo, uma vez que nada daquilo que aparentemente existe no mundo vai durar até a eternidade. Pois, de acordo com o que já aprendemos, o mundo em si mesmo não tem nenhum valor. Lembram-se do texto O amigo indicado, no capítulo 26, do qual já falei várias vezes, citando-o de novo, inclusive, há não muito tempo?

O mundo é apenas um véu que encobre a verdade e não permite ver a realidade, enquanto olharmos para ele apenas com os olhos do corpo, que também é parte deste véu. Neste período, o tema que unifica nossas práticas ensina o que é o Cristo. É a visão d'Ele que vai nos permitir ignorar o mundo, as coisas do mundo, as ilusões todas, para vermos, além delas, o Céu, nosso verdadeiro lar. 

Que tal, portanto, tomar posse do poder que temos todos, herança legítima do Filho de Deus, que somos? Que lhes parece a proposta de assumirmos nosso lugar no Céu? Não num lugar que só exista na fantasia, como contraponto ao aparente inferno que se diz que é viver aqui, mas, sim, como um lugar construído interiormente, a partir do qual possamos estender o amor, a paz, a felicidade e a alegria que são as características que nos unem e igualam ao divino. 

Este lugar existe, de fato, em cada um de nós. Está à espera de que nos voltemos para ele, esquecendo de uma vez por todas as ilusões que nos oferece o falso eu. Basta, pois, que tomemos a decisão de deixar de lado este pesadelo em que aparentemente vivemos, trocando-o pelo sonho feliz que pode advir - se assim quisermos - da escolha da percepção correta em lugar da percepção equivocada do ego.

Assim, a ideia que praticamos hoje, como já disse tantas outras vezes em comentários anteriores, é um instrumento precioso para aprendermos a questionar nossos desejos. A partir dela podemos avaliar quão apegados estamos às ilusões. A partir dela podemos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmos e decidir olhar para o mundo de modo diferente.

Às práticas?


terça-feira, 27 de setembro de 2016

Olhando-se para o mundo com uma visão crística


6. O que é o Cristo?

1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de nada a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.

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LIÇÃO 271

É a visão de Cristo que usarei hoje.

1. Todo dia, toda hora, todo instante escolho o que quero ver, os sons que quero ouvir, as evidências daquilo que quero que seja a verdade para mim. Hoje escolho ver aquilo que Cristo quer que eu veja, escutar a Voz de Deus e buscar provas para aquilo que é verdadeiro na criação de Deus. Na visão de Cristo, o mundo e a criação de Deus combinam e, quando eles se reúnem, toda a percepção desaparece. Sua visão generosa redime o mundo da morte, pois nada do que Ele olha não deve senão viver, lembrando o Pai e o Filho; Criador e criação unificados.

2. Pai, a visão de Cristo é o caminho para Ti. O que Ele vê solicita que Tua lembrança me seja devolvida. E escolho isso para ser o que quero ver hoje.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 271

Chegamos hoje, mais uma vez, à sexta das instruções que o Curso oferece para as práticas das lições desta segunda parte do livro de exercícios. Ela se refere a um tema de especial importância para o aprendizado que buscamos com as lições diárias, repetindo o que eu já disse várias outras vezes no passado. 

Como eu já disse antes também, esta instrução, este tema, assim como o Curso todo, se refere ao aprendizado acerca de nós mesmos, do que somos, na verdade, e do que é nossa função neste mundo. Esta sexta instrução, O que é o Cristo?, deve nos guiar, ou orientar nossas práticas ao longo dos próximos dez dias. E, como o Curso orienta, é importante que voltemos nosso olhar para ela diariamente antes das práticas da ideia para o dia. Por isso, como passei a fazer desde a primeira lição e instrução para esta segunda parte, vou publicar esta instrução também antes de cada uma das lições desta sexta série.

Assim, hoje, praticamos a ideia de olhar para o mundo, e para todas as pessoas e coisas animadas ou inanimadas do mundo, mais uma vez, utilizando a visão de Cristo, olhando para tudo com os olhos do Ser, do divino, em nós, ignorando o que nos mostra a percepção dada pelos sentidos do corpo. Isto não deve nem ser muito difícil, se mantivermos em mente o que nos diz a instrução acerca do que é o Cristo, que O revela a nós, para que O encontremos em nós mesmos, uma vez que Ele é nossa única parte verdadeira, sendo todo o resto apenas ilusão, sonho.

Voltar ao comentário que lhes ofereci para a lição do último domingo também pode ajudar a perceber isto de forma mais clara, se lembrarmos que o texto lá dizia existir em nossa aparente dualidade "o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo", pensamento e desejo que estão sempre na raiz de todas as nossas impressões passageiras e humores momentâneos. Isto é, quando alguma coisa que desejamos ou pensamos querer, a partir da consciência do falso eu, não vem a nós é porque, inconscientemente, deixamos que o Cristo em nós, o Ser verdadeiro, tomasse a decisão, uma vez que bem no fundo de nós mesmos sempre sabemos, mesmo que de forma não consciente [é o divino em nós, o Cristo, que sabe], o que é melhor para nós.

É por isto que, naquele comentário, emprestado do texto do livro Christ in You [Cristo em Ti], aprendemos que, ao aceitarmos, mesmo que inconscientemente a sugestão do "pensamento dentro do pensamento", do "desejo dentro do desejo", estamos, de fato nos unindo à vontade de Deus, que é nossa própria vontade. E é por isto que aquele texto aconselha a prestarmos uma atenção cada vez maior aos sussurros dessa voz interior, dessa voz do espírito. E nos lembra de que cada um de nós está exatamente onde está apenas para fazer cumprir a Vontade Deus, que é a mesma vontade que a nossa. Só pode ser, aliás.

Às práticas?

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

As provações são expressões do Amor de Deus


5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

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LIÇÃO 270

Não usarei os olhos do corpo hoje.

1. Pai, a visão de Cristo é Tua dádiva para mim e ela tem o poder de traduzir tudo aquilo que os olhos do corpo veem na visão de um mundo perdoado. Quão sublime e generoso é este mundo! Porém, quão mais do que a visão pode mostrar perceberei nele. O mundo perdoado significa que Teu Filho reconhece Seu Pai, permite que seus sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansioso aquele único instante a mais que falta do tempo que acaba para sempre, quando Tua lembrança volta a ele. E, nesse momento, a vontade dele fica uma só com a Tua. A função dele, então, é apenas Tua Própria Função e todo pensamento, exceto Teu Próprio Pensamento, desaparece.

2. A paz de hoje abençoará nossos corações e a partir deles a paz virá para todos. Cristo é nossos olhos hoje. E com a visão d'Ele oferecemos a cura ao mundo por intermédio d'Ele, o Filho santo a quem Deus criou perfeito; o Filho santo a quem Deus criou uno.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 270

A ideia que vamos praticar hoje visa a permitir que usemos - ou aprendamos a usar - a visão de Cristo para olhar para o mundo e perceber que invariavelmente  "... quando pessoas de mente decidida e coração bondoso acreditam apaixonadamente em alguma coisa, de um modo que ilumina suas vidas, parece que Deus sorri através delas".*

Abrir mão da visão que os olhos do corpo nos apresenta em favor da visão de Cristo pode - e vai, mais dia, menos dia - nos fazer entender que "... Deus não é a causa dos males nem das alegrias da vida. O importante é saber que, independentemente dos acontecimentos, Ele está sempre conosco e só deseja [se é que Deus pode desejar alguma coisa que já faça parte do que Ele É] que voltemos ao Seu seio" [de onde, aliás, nunca saímos].* 

Aliás, é importante lembrar novamente que, como diz Joel Goldsmith, não nos serve de nada saber racional e intelectualmente que Deus é onipresente, onipotente ou onisciente. O que se faz necessário e pode servir para orientar nossas vidas e iluminar nossos caminhos é trazer a Presença d'Ele à consciência desde as primeiras horas do dia, sempre que acordarmos. Só então, vamos ser capazes de olhar para o mundo com os olhos de Cristo, mesmo se nos valermos dos olhos do corpo.

É esta visão crística que pode - e vai - nos levar a atingir a meta proposta para esta segunda parte do livro de exercícios, qual seja, a que nos dá a possibilidade de chegar à percepção verdadeira, aquela que só podemos alcançar com a ajuda do Espírito Santo. Aquela percepção que nos revela a necessidade de que estejamos sempre prontos e abertos "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier".* 

Um parêntese: Esta, aliás, é uma das grandes lições que aprendi, já há muitos anos conforme também lhes disse antes, de um amigo muito querido, que se encantou há algum tempo. Isto é, é necessário que estejamos sempre preparados para o inesperado. Já imaginaram como seria sem graça um mundo aonde soubéssemos com antecedência tudo o que vai acontecer? Pema Chödrön diz que, e isto tem a ver com a lição de meu amigo: "A vida é uma boa escola e um bom amigo. Tudo está sempre em transição, se pudermos nos dar conta disso. Nada nunca se completa da maneira como gostamos de sonhar. A situação ideal é a fora do eixo, no meio das coisas, e na qual podemos abrir nossos corações e mentes além do limite".]

E isto - estar pronto e aberto "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier" e ser capaz de "abrir nossos corações e mentes além do limite" - é bastante possível, se não cedermos às falsas promessas de controle e poder do falso eu [o ego] sobre o mundo e não nos rendermos à oferta enganosa que ele faz de nos dar o mundo inteiro, sem revelar que o preço que ele cobra por isso é nossa alma. 

Na verdade, com esta lição, assim como com todas e cada uma delas, tudo o que o Curso quer nos ensinar - e ensina vezes e vezes repetidas, para quem quiser de fato aprender - é que tudo o que precisamos mudar é tão-somente nossa percepção. Uma vez que ela não pode nos oferecer a verdade, por estar sempre contaminada pelas interpretações que fazemos dos fatos e das coisas que vemos a partir do que já experimentamos no passado. 

É por isso que é útil pensar, por exemplo, "quando você sente [uma] dor física ou quando conflitos psicológicos o(a) atormentam, que Deus está lhe dando um abraço um pouco mais apertado. Provações são uma expressão de Seu amor, não de rejeição"**, vistas à luz do ensinamento do Curso. Porque, se você - e eu e todos nós - estiver bem lembrado(a), cada um de nós é inteiramente livre para escolher aquilo que deseja e precisa viver ou experimentar. E porque Deus só diz "sim" a tudo o que você escolhe.

Ou ainda porque, como disse Chögyam Trungpa Rinpoche: "O caos deve ser encarado como uma excelente notícia". 

Busquemos, pois, com as práticas da ideia de hoje alcançar a bênção da paz para nossos corações e mentes, para, de fato, sermos capazes de, a partir da cura de nossa percepção, oferecer a cura ao mundo.

* Citações extraídas do livro Apocalipse 2012, de Lawrence E. Joseph.
** Citação de Thomas Keating, em Mente aberta coração aberto.


OBSERVAÇÃO: Este comentário, com algumas modificações, se vale de praticamente todo o comentário feito nos últimos anos para esta mesma lição.

domingo, 25 de setembro de 2016

Quanto tempo até entendermos a Vontade Deus?


5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.


*


LIÇÃO 269


Minha visão vai além para ver a face de Cristo.

1. Peço Tua bênção sobre minha visão hoje. Ela é o instrumento que Tu escolheste para vir a ser o modo de me mostrar meus erros e de olhar para além deles. Cabe a mim encontrar uma nova percepção a partir do Guia que Tu me deste e, a partir das lições d'Ele, ultrapassar a percepção e voltar à verdade. Peço a ilusão que transcende todas as que inventei. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de Cristo e me ensinam que aquilo para que olho me pertence, que não existe nada a não ser Teu Filho santo.

2. Hoje, de fato, nossa visão é abençoada. Compartilhamos uma só visão, quando olhamos para a face d'Aquele Cujo Ser é o nosso. Somos um por causa d'Ele Que é o Filho de Deus, d'Ele Que é nossa própria Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 269

Acho que vale a pena repetir mais uma vez o comentário feito anteriormente para esta lição. É uma forma de estender e ampliar o alcance da reflexão da ideia para as práticas de hoje. Assim, como o fiz em anos passados, em lugar de um comentário feito por mim, vou dividir de novo com vocês um pequeno capítulo que traduzi do livro "Christ in You" [Cristo em ti] de que já falei outras vezes. 

Como já disse antes também, cada um dos capítulos do livro é uma lição. Esta em particular, acredito, pode ser de grande auxílio para o aprendizado da mudança de percepção. Ela trata dos processos que os pensamentos desencadeiam, o que nos permite aprender que precisamos prestar mais atenção a eles ["Orai e vigiai."], se de fato quisermos aprender a olhar e a ver em todos a face de Cristo.

A lição/capítulo se intitula A vontade de Deus e diz o seguinte:

Quanto tempo demora para entendermos a vontade de Deus!

Com frequência usas a expressão: "eu me decidi". Esta expressão tem um significado muito forte, se parares para refletir a respeito dela, pois naquele processo mesmo começas a trazer para a manifestação o desejo da mente. Desta forma dizes: "Percebo uma condição errada em minha mente, em minha mentalidade, em minhas circunstâncias; vou me decidir que isto desapareça". Mentalmente pões em movimento as forças visíveis e invisíveis do universo para realizar tua vontade.

Vês, é impossível viver de forma desatenta ou leviana no plano espiritual e estas lições seriam inúteis para qualquer um que não tenha despertado para a verdadeira consciência espiritual, a consciência da humanidade divina, o Eu Sou. De que forma a vontade de Deus pode se exprimir a não ser pela vida, pela humanidade nos corações e mentes de seres que existem n'Ele Mesmo? Sabe, portanto, que a vontade de Deus opera em ti mesmo.

Como é, então, que as coisas que queremos e desejamos não vêm a nós, podes perguntar.

Porque no mais fundo em todos os teus desejos, pensamentos e propósitos existe, por assim dizer, uma propensão oculta, o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo, e aquilo que tu mais desejas verdadeiramente está sempre na raiz de todas as tuas impressões passageiras e humores do momento. Não sentes muitas vezes que a própria coisa que desejas não é para teu bem permanente? Bem, essa mesma ideia vaga, essa leve sugestão, é do teu Ser que está fazendo tua vida. Dentro de ti mesmo, tu conheces a verdadeira qualidade, as experiências verdadeiras melhor indicadas para teu bem mais elevado. Quando fazes uso integral desta sugestão sutil por detrás de todo o teu sistema de pensamento, tu estás em unidade com a vontade de Deus, que é tua própria vontade. Esta é a voz do espírito, presta atenção a seus sussurros. Não peques contra o Espírito Santo*, ou perderás teus olhos e teus ouvidos e te tornarás cego e surdo*.

No plano dos sentidos isto é mais desastroso, porque tu estás exatamente aonde estás para cumprir a vontade de Deus. Ela é tua comida e bebida. Esta voz interior é tão delicada e tão sutil que tens de permanecer bem tranquilo e humilde, se quiseres ouvi-la. Deixa que Jesus [não a pessoa, mas o Cristo] fale contigo mais e mais, lê os Evangelhos até seres guiado mais e mais na direção de eliminar o véu que te esconde de teu Ser verdadeiro. Eu só respondi a tua pergunta, mas espero falar contigo de novo a respeito deste assunto.

Paz, Graça Celestial. Deus vive em ti, Ele é tua vida.


*NOTA: 


Uma observação apenas em relação a esta frase. Este texto foi publicado pela primeira vez em 1910. Em meu modo de ver, de acordo com o ensinamento do Curso, "pecar contra o Espírito Santo" significa apenas fazer o que fazemos diariamente ao não dar ouvidos a esta voz interior em nós mesmos [talvez possa se dizer que pecado é sinônimo de inconsciência, de falta de atenção], o que traz como resultado toda a insatisfação que vemos no mundo, a partir de nossa própria insatisfação, por estarmos a maior parte do tempo em transe, isto é, cegos e surdos. 

OBSERVAÇÃO:

Desculpem-me um texto tão longo, mas não posso, mais uma vez, me furtar a repetir aqui também - porque se refere à ideia que praticamos hoje - uma pergunta feita por uma de nossas colegas de grupo de estudos. Pergunta feita de longe, pois ela estava em viagem pelos países do Leste Europeu quando surgiu a dúvida. Publico aqui também a resposta que dei na ocasião. Abreviando tudo ao máximo para não me alongar demais. 

A pergunta:

Nós que participamos do [grupo de estudos do] curso temos muitos propósitos em comum; certo que são vários e que com muito esforço tentamos dia a dia nos corrigir. Agora, o que eu quero aprender é como lidar com pessoas que não têm nenhum objetivo de mudar ou mesmo achar que nunca têm equívocos e que sempre estão certas.Existe uma resposta para isso ou o silêncio e a aceitação total do outro é que vale? 

A resposta:

Se você estiver bem lembrada do que o Curso ensina, "não existe nada fora". Isto quer dizer que "o outro" [ou os outros] não existe, a não ser como uma projeção de uma parte minha que ainda não reconheci, não acolhi, aceitei, em mim e não agradeci por ela se ter apresentado.

O fato de termos problemas em nossos relacionamentos é revelador apenas da necessidade de que atentemos à orientação do Curso e tomemos a decisão de olhar para o mundo [que, aliás, só existe também como projeção de tudo aquilo que trazemos dentro de nós] de modo diferente.

O que o Curso quer nos ensinar quando nos aconselha a perdoar o mundo é apenas isto: se o mundo se está apresentando de alguma forma que não nos deixa felizes, que nos afasta da alegria, é porque o estamos olhando com os olhos do falso eu, do ego. Isto é, estamos oferecendo ao mundo um julgamento de nós mesmos, considerando-nos culpados por alguma coisa, mesmo que não vejamos isto de forma consciente. É por isto que o Curso diz: "perdoa e verás de modo diferente".

Assim, em resposta a sua pergunta, que você já respondeu para si mesma, mas que o ego [o falso eu] em você parece não querer aceitar ainda, a resposta para isso é, sim, "o silêncio e a aceitação total do outro" [uma visão que vai além para ver no outro, e, por consequência, em nós mesmos, a face de Cristo], uma vez que aceitar o outro não é nada mais do que aceitar um aspecto de você mesma que você ainda não reconhece, não aceita, e pelo qual você [seu ego] ainda não é capaz de demonstrar  gratidão. 

OBSERVAÇÃO 2: 

Num dos encontros posteriores das pessoas do grupo de estudos, a mesma pessoa repetiu a pergunta de modo diferente. Daí esta segunda observação repetida aqui novamente.

Voltei e volto a repetir, reafirmando a resposta dada acima, também de modo diferente. Isto é, o fato de aprendermos, ou não, que não há nada fora, nos autoriza a pensar que, como afirma Neale Donald Walsch, em sua trilogia Conversando com Deus, nenhum de nós tem nenhuma responsabilidade para com ninguém a não ser para consigo mesmo. 

Ou dizendo ainda de outro modo diferente, se nossos órgãos dos sentidos, olhos, ouvidos, nariz, boca e corpo como órgãos táteis, estão atentos apenas ao que está acontecendo aparentemente fora de nós, eles estão forçosamente fechados para o espírito em nós, quer dizer, não estão sendo usados pelo espírito que nos ensina que somos todos um.

Tratemos, pois, de nos voltarmos para dentro de nós para analisar e refletir a respeito daquilo que me/nos incomoda. Será que é algo que vejo/vemos no outro, ou será que é algo que não aceito, ou não quero aceitar, em mim/nós mesmo(s)? 

O que digo, e que é exatamente o que quero dizer em relação a isto, é que enquanto repetirmos os mesmos comportamentos e tivermos as mesmas perguntas, estamos dando a clara indicação de que, no fundo, no fundo, no mais íntimo de nós mesmos, ainda não tomamos a decisão que pode nos fazer ver tudo e todos de modo diferente, e abandonar o julgamento [aquele que faço dos outros, do mundo e que no fundo revelam o quanto eu mesmo me julgo, sem perceber que meu julgamento de mim mesmo não é real, porque estou julgando apenas uma imagem que criei de mim mesmo, o falso eu, que acredito ser, mas que não é nem de longe o que sou, na verdade], e perceber claramente que o mundo é neutro. E que o valor que ele, e tudo nele, tem aparentemente é só aquele que eu mesmo atribuo a ele. 


Na verdade, parece-me, que a pessoa que tem sempre o mesmo comportamento e repete as mesmas perguntas não quer, de fato, aprender com o ensinamento. Parece-me que a dificuldade maior que a pessoa tem é ouvir, e ouvir-se, mesmo em pensamento, sem cair no julgamento de si mesma, o que a leva a julgar o(s) outro(s) e o mundo inteiro. Ela quer - e isso não é possível - que o(s) outro(s) mude(m), que o mundo mude, sem se dar ao trabalho de fazer qualquer mudança em seu modo de pensar e agir no mundo. 

Caso haja ainda qualquer dúvida para alguém em relação à pergunta feita e respondida nestas observações, talvez valha a pena olhar com vagar e atenção o comentário feito para a lição de ontem. Lá, além do que está dito aqui, estão todas as respostas possíveis para as perguntas que fazemos e que envolvem a ideia de efetuar uma mudança no mundo, ou em alguém no mundo, ou alguma coisa no mundo. Se todas as coisas são perfeitas exatamente do modo que são, quem há-de querer mudar qualquer coisa, a não ser o ego?

Às práticas?



sábado, 24 de setembro de 2016

"Deixa que o espírito em ti tome conta de tudo."


5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

*

LIÇÃO 268

Que todas as coisas sejam exatamente como são.

1. Que eu não seja Teu crítico hoje, Senhor, e julgue contra Tí*. Que eu não tente me intrometer em Tua criação para distorcê-la em formas doentias. Que eu me disponha a retirar meus desejos de sua unidade e a permitir, deste modo, que ela seja tal qual Tu a criaste. Pois assim serei capaz de reconhecer meu Ser da forma que Tu me criaste. Fui criado no amor e permanecerei para sempre no amor. O que pode me assustar, se eu permitir que todas as coisas sejam exatamente como são?

2. Que nossa visão não seja blasfema hoje e que nossos ouvidos também não deem atenção a línguas mentirosas. Só a realidade está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isto que buscamos hoje.

*Nota da tradução: No original esta primeira frase diz: Let me not be Your critic, Lord, today, and judge against You. Na tradução de Lillian Paes a frase ficou assim:Senhor, que eu não seja o Teu crítico, hoje, e nem julgue contra Ti. Apesar de não haver especificamente um elemento indicador do que a levou a incluir a partícula "nem" em sua tradução, pode-se pensar que a inferência foi um elemento oculto que deveria/poderia aparecer subentendido após a terceira vírgula do original, que deixaria a frase com a seguinte forma: Let me not be Your critic, Lord, today, and [let me not] judge against You. Em meu modo de ver, minha tradução abole este elemento subentendido sem prejudicar o entendimento do sentido da frase original, porque se eu me colocar na condição de crítico do Senhor, é forçoso que eu julgue contra Ele, que é o que não quero fazer, de acordo com a primeira parte da frase. Ora, se na primeira parte da oração eu peço para não ser crítico, o fato de a segunda obedecer à lógica que resultaria do fato de eu ser um crítico, que seria julgar contra o Senhor, não impede o leitor de perceber que, apesar de a frase dizer "e julgue contra Ti", no final o sentido é o de que da mesma forma que não quero ser crítico, não quero julgar. Alguém quer fazer alguma observação a respeito?


*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 268

Repetindo:

Eu lhes disse, em anos anteriores, que a ideia que praticamos hoje traz consigo de maneira bem clara a fórmula para se viver neste mundo, sem dor, sem perda, em segurança e em paz e com alegria. E qual é esta fórmula? Simplesmente abrir mão de qualquer desejo de exercer algum controle sobre as coisas, sobre quaisquer coisas. 

Em geral, temos a tendência a olhar para as críticas que fazemos e reputá-las "construtivas". Ou temos mesmo a ideia de que é necessário que sejamos críticos em relação a tudo e a todos, como se isso, por si só, fosse o que nos levaria a uma consciência maior, ou como se isso - o ser capaz de ser crítico - fosse um requisito que facilitaria nossas escolhas.

Ser crítico e exercer a atividade de crítico, parece-me, no entanto, ser uma grande, uma enorme falácia, um engano, e na mais das vezes, um auto-engano. Algo de que a pessoa se vale para poder "descer a lenha" naquilo de que não gosta, naqueles que fazem algo contrário àquilo que ele pensa ser o "certo" [mas não só isto necessariamente].

À luz do que nos ensina o Curso, precisamos aprender que tudo no mundo é neutro, o próprio mundo inclusive, e que qualquer valor que vemos em alguma coisa foi atribuído a essa coisa por nós mesmos a partir daquilo que trazemos interiormente, daquilo que julgamos ser de valor. Para o bem ou para o mal [que também são julgamentos, e que interferem com a vista do mundo e das coisas todas do mundo dentro da visão de neutralidade]. Tanto é assim que o Curso ensina que "tudo está absolutamente certo exatamente da maneira como está". 

Mas isto é algo extremamente difícil para o ego engolir.

Entretanto, se pensarmos bem, o que nos autoriza a pensar, então, que sabemos mais do que quem quer que seja? O que pode nos levar a acreditar que somos capazes de ditar as melhores formas de viver para nós mesmos, para uns e outros e para a humanidade toda, a não ser o enorme auto-engano da onipotência do ego?

Voltemos mais uma vez, então, a uma lição anterior, da primeira parte do livro de exercícios. Vamos perceber lá que ela já nos ensinava a dar o passo que a lição de hoje pede para darmos novamente, se ainda não o demos, então: Libero o mundo de tudo o que pensava que ele fosse [Lição 132]. Aprendemos?

Repito, pois, de novo e de novo, o que já disse noutros comentários: enquanto, escorados na pretensa força e no pretenso conhecimento do falso eu - o ego de que o Curso fala, e com quem nos identificamos -, e, de algum modo, não sei qual, acreditarmos poder ter controle sobre qualquer coisa, que não apenas sobre nossos próprios pensamentos, vamos continuar a viver no auto-engano. 


Aliás, também é auto-engano acreditar, como o ego quer que pensemos, que não podemos controlar nossos pensamentos.

Se refletirmos bem, se meditarmos bem, se prestarmos bastante atenção e olharmos de forma amorosa e desprovida de julgamento ou preconceito para tudo o que vemos no mundo, há alguma coisa que acreditamos poder mudar e fazer melhor? 


Será que somos capazes de mudar qualquer coisa que não apenas nossa forma de olhar, para aprendermos, como quer o Curso, a olhar para tudo de forma diferente? Será que somos, ou nos julgamos poderosos a ponto de pensar: - Se eu fosse Deus, faria isso e aquilo de forma diferente? E de acreditar que seríamos capazes de fazer melhor do que Ele?

Quem assistiu ao filme "O Efeito Borboleta" [o primeiro] há de se lembrar de que qualquer mudança que o protagonista introduzia em uma experiência, que ele julgava ser necessário mudar, gerava um resultado que ele não podia sequer imaginar. Um resultado muitas vezes "pior" do que aquele da situação que ele tentava modificar.

Imagino que, com certeza, se estivermos atentos, despertos, isto se aplica a tudo na vida. Um exemplo pode ser o da pupa [a lagarta] presa no casulo aguardando o instante para rompê-lo e se transformar em uma linda borboleta. Se resolvêssemos ajudá-la, abrindo o casulo para ela, para poupar-lhe o esforço, aparentemente grande para um ser tão frágil e pequeno, qual seria o resultado? O que já sabemos. Poupá-la do esforço que cabe apenas a ela fazer só iria trazer ao mundo uma borboleta sem força suficiente nas asas para voar.

Há uma lição, a 21, entre outras, que também nos ensina o que fazer quando, por qualquer razão, não vemos só "a bondade da criação" em tudo o que vemos. Ela diz: Estou decidido a ver as coisas de modo diferente. Ou ainda a lição 28: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente. Porque, na verdade, ainda não vemos, cegos por todos os preconceitos que atulham nossas cabeças.

Para o ensinamento do Curso, mais do que olhar com os olhos do corpo e depositar sobre o objeto que nosso olhar capta o reflexo de nosso pensamentos passados a respeito dele, ver é comungar, é alcançar a comunicação perfeita com o objeto visto, sem separação, alcançar a unidade com ele e com Deus, sendo também o objeto. Pois para Deus, ou para a ideia de Deus, todas as coisas são neutras e todas desempenham uma função igualmente importante para a realização de Seu plano para a salvação do mundo, o único que funcionará, para nos lembrarmos de outra das lições da primeira parte do livro.

Quando aprendermos a abrir mão de quaisquer tentativas de controlar qualquer coisa, entenderemos a orientação do divino em nós mesmos que nos diz: "Deixa que o espírito em ti tome conta de tudo".

É isto que praticamos hoje, mais uma vez.