domingo, 27 de setembro de 2009

Aprender a abandonar as expectativas

É muito interessante notar o quanto, em geral, nossas expectativas se - e nos - frustram, quando as temos. Quando, por exemplo, estimulados por alguém que nos fala de um filme, buscamos assistí-lo esperando que ele traga, no mínimo, uma revelação. Não acontece nada! Nada! Ou quando um(a) amigo(a) nos indica um livro e o abrimos esperando encontrar nele a resposta para todas as perguntas que temos. Ou a expressão definitiva da beleza, do amor, da alegria e de tudo o que julgamos importante ter bem definido em nossas vidas. Nada! Às vezes nem conseguimos passar das primeiras páginas do livro. Digo isso, hoje, agora, em função do que escrevi ontem neste blogue, por ter imaginado que, em virtude da importância do tema, e também porque achei que tinha escrito bem - direitinho, bonitinho -, os comentários choveriam. Pois vejam só. O único comentário que recebi [Obrigado, Duda!] nem sequer se referia ao que eu havia dito.

Não, não! Não estou frustrado. Mesmo! Já aprendi que as expectativas só existem para serem frustradas. Na verdade, elas mais impedem do que ajudam as coisas a acontecerem, pois limitam as possibilidades. E nós nunca sabemos, de fato, o que pode nos fazer felizes. De acordo com o UCEM, os problemas que somos levados a enfrentar nesta vida, neste mundo, se devem ao fato, não de pedirmos muito, de termos grandes expectativas, e sim de pedirmos e esperarmos muito pouco. Isto é, ao fato de não termos consciência de que não é necessário ter nenhuma expectativa nunca, porque temos direito a tudo. Tudo o que existe está a nossa disposição o tempo todo. Por isso, é que, quando, aparentemente, uma qualquer de nossas expectativas se realiza, isto é, desobedece ao princípio de que elas existem para serem frustradas, sua realização sempre supera o que esperávamos. Pois, na verdade, não somos nem de longe capazes de imaginar o tamanho de nossa herança como Filhos de Deus. Só por isso limitamos nossos pedidos. Por isso e por, na maior parte do tempo, não nos julgarmos merecedores de mais. De tudo.

Isso também se deve, entre outras coisas, ao fato de que a orientação que recebemos para nossas vidas neste mundo foi a de ver com os olhos do corpo. E isso é ver de modo limitado. Ou todos nós não sabemos que existe muito mais do que sonha "nossa vã filosofia"? Não sabemos que há muito mais mundos do que sequer somos capazes de imaginar? Não nos apercebemos ainda de que há tantos mundos quantas são as criaturas [Torga, em A Criação do Mundo]? E que até mesmo no interior de cada um de nós existem infinitos mundos a espera de serem descobertos? E que isso significa que nenhum deles, visto com os olhos do corpo, corresponde à realidade?

Roberto Crema, no livro Normose, de que já falei outras vezes, diz que "... todos nós somos filhos e filhas de uma promessa que fizemos. Encarnamos para lembrar e cumprir essa promessa através da realização de uma tarefa individual intransferível. É essa aventura que nos convida a penetrar no labirinto de nós mesmos, em direção ao diamante do ser, no coração de pedra bruta de nossa existência". Isso demanda um jeito diferente de olhar, um jeito diferente de ver.

E é deste jeito diferente que se ocupam nossas práticas da ideia da lição 270, neste domingo, dia 27 de setembro. Ela se apresenta assim:

Hoje não usarei os olhos do corpo.

1. Pai, a visão de Cristo é Tua dádiva para mim e ela tem poder para traduzir tudo aquilo que os olhos do corpo veem na visão de um mundo perdoado. Quão sublime e generoso é este mundo! E quão mais vou perceber nele além do que a visão pode dar. O mundo perdoado exprime de forma clara que Teu Filho reconhece seu Pai, permite que seus sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansioso aquele único instante a mais que resta do tempo, que se acaba para sempre, quando Tua lembrança volta a ele. E, nesse momento, a vontade dele é a mesma que a Tua. A função dele, agora, é apenas Tua Própria função, e todos os pensamentos, não ser Teus Próprios Pensamentos, desaparecem.

2. A tranquilidade de hoje abençoará nossos corações e, por meio deles, a paz virá para todos. Cristo é os nossos olhos hoje. E pela visão d'Ele oferecemos a cura ao mundo, por intermédio d'Ele, o Filho santo a quem Deus criou íntegro, o Filho santo a quem Deus criou uno.

4 comentários:

  1. Oi Moises,
    Realmente nossas maiores frustações chegam através das nossas expectativas, que o outro não tem que atender, mas mesmo assim, lá no fundo esperamos que atenda.
    Mas ainda bem que praticamos as lições para voltarmos rápido e desfazer nossas expectativas e deixar que as coisas, pessoas etc correspondam ou não da forma que tem que ser correspondido, e não da forma que queremos que corresponda, porque na verdade não sabemos nada para decidir a melhor maneira para que tudo corresponda a nós!
    Obrigada!
    Bjs

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  2. Moisés, li atentamente ao texto de ontem sobre refletir um pouco acerca do amor. Também já li anos atrás este livro do Léo Buscaglia e fiquei, na época, impressionadíssima. Isto foi antes de ter chegado ao UCEM. Não postei nenhum comentário, pois queria e ainda quero reler o texto no blog e ver se clareia umas questões que ele me trouxe na parte que fala (o Léo) sobre relacionamentos...O que fazer na prática?? Por isso preciso pensar melhor e por mais tempo para depois comentar.
    Sobre o texto de hoje que trata de expectativas é assim mesmo, quase sempre, elas nos frustram, ou seja, frustam nosso ego.
    Falando sério sobre a lição de hoje, é bem mais facil de praticar neste domingo, em casa, em estado de recolhimento e paz absoluta. O desafio (que pretendo vencer praticando) é continuar neste estado amanhã, segunda-feira, haja o que houver.
    Obrigada!
    Bjs

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  3. Oi Moisa,

    pois e, sabe que nao te respondi talvez seja pq estava estudando o assunto e tb nao tenho tanta facilidade para me espressar como vc.

    Passei por uma situacao nesses ultimos dias aonde aprendi muito sobre mim mesma.

    E tem uma pte no cap.4 texto UCEM:

    " 6.6 Again-nothing you do or think or wish or make is necessary to establish you worth.

    8.The ego to exploit all situations into forms of praise for itself in order to overcome its doubts. It will remain doubtful as long as you believe in its existence. you who made it cannot trust it, because in right mind you realize it is not real. The only sane solution is not to try to change reality, which is indeed a fearful attempt, but to accept it as it is.

    In this world you NEED not have tribulation because I have overcome the world. That is why you should be of good cheer."

    Texto 2
    4.7 The question is not how you responde to the ego, but what you believe you are.
    6. Only those who have a real and lasting sense of abundance can be truly charitable.

    essa sao as parte que me marcaram tb gostei muito do texto que vc colocou do Leo Buscaglia, tem certas coisas q te faz para e meditar a respeito talvez seja esta a razao por nao ter tido tantos retornos.

    Tudo de bom tudo q vc escreve e muito util no estudo q estamos fazendo pelo menos pra mim e qdo nao respondo e pq nao tenho uma resposta ou estou processando.

    Uma bagunca meus comentarios, ne?

    Desculpe por colocar o texto acime em ingle.

    beijo amigo obrigada por tudo q tem feito por ser um otimo teacher

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  4. Obrigado, Duda, Nina e Daniela.

    Eu, na verdade, não estava reclamando ou manifestando minha frustração porque o texto não recebeu nenhum comentário. Tudo o que fiz foi apenas registrar a constatação de que as expectativas do ego, e elas são sempre do ego, só contribuem para nos afastar de nós mesmos, se lhes damos atenção e nos frustramos por não vê-las atendidas.

    Tomara seja verdade que todos leram o texto e que sua leitura calou tão fundo a ponto de os levar a um recolhimento e a uma reflexão mais profunda, que não deixou espaço para um comentário a respeito.

    Se isso aconteceu, ótimo. Se não, perfeito. Quem, afinal, neste mundo, sabe mesmo com certeza qualquer coisa que de fato faça alguma diferença? Tudo o que podemos fazer é interpretar e escolher o que queremos sentir a partir das interpretações que fazemos.

    Tomara fôssemos capazes de escolher sempre a alegria.

    Obrigado por compartilharem.

    Daniela, não se preocupe com a bagunça. Fique à vontade, por favor, para bagunçar sempre que lhe der ganas.

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