segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Quem ainda quer se deixar enganar pelo ego?

LIÇÃO 31

Eu não sou vítima* do mundo que vejo.

1. A ideia de hoje é a introdução de tua declaração de liberdade. Mais uma vez, a ideia deve ser aplicada tanto ao mundo que vês fora quanto ao mundo que vês dentro. Na aplicação da ideia, usaremos uma forma de prática que será utilizada cada vez mais, com modificações conforme indicado. Em geral, a forma inclui dois aspectos, um no qual aplicas a ideia de modo mais contínuo e o outro que consiste em aplicações frequentes da ideia ao longo do dia.

2. São necessários dois períodos de prática mais longos com a ideia para hoje, um pela manhã e um à noite. Recomenda-se de três a cinco minutos para cada um destes períodos. Durante este tempo, olha a tua volta lentamente enquanto repetes a ideia duas ou três vezes. Em seguida, fecha os olhos e aplica a mesma ideia a teu mundo interior. Escaparás de ambos ao mesmo tempo, pois o interior é a causa do exterior.

3. Enquanto examinas teu mundo exterior deixa simplesmente que quaisquer pensamentos que passem por tua mente cheguem a tua consciência, para considerar cada um por um momento e, então, ser substituído pelo seguinte. Tenta não estabelecer qualquer tipo de hierarquia entre eles. Observa-os virem e irem com a maior imparcialidade possível. Não te demores em nenhum em particular, mas tenta deixar a corrente seguir adiante regular e tranquilamente, sem qualquer envolvimento especial de tua parte. Ao sentares calmamente para observar teus pensamentos, repete a ideia de hoje para ti mesmo quantas vezes quiseres, mas sem nenhuma sensação de pressa.

4. Além disso, repete, para ti mesmo, a ideia para hoje com a maior frequência possível durante o dia. Lembra-te de que estás fazendo uma declaração de independência em nome de tua própria liberdade. E em tua liberdade está a liberdade do mundo.

5. A ideia para hoje também é particularmente útil para ser usada como uma resposta a qualquer forma de tentação que possa surgir. Ela é uma declaração de que não cederás à tentação para te colocares em cativeiro.

*NOTA DE TRADUÇÃO: A palavra victim, do original, também tem a acepção que permitiria traduzí-la por escravo. A frase ficaria, então, "Eu não sou escravo do mundo que vejo". Em minha opinião, este significado talvez seja até mais adequado para traduzir a ideia da lição de hoje, a se considerar o que dizem as instruções para as práticas quanto à declaração de independência que fazemos ao usar a ideia. Optei por manter a versão dada por Lillian em função do fato de ser comum em nossa experiência neste mundo o contato com pessoas que se julgam vítimas das circunstâncias que as cercam, por não terem aprendido ainda a assumir a responsabilidade pelas situações que seus pensamentos criam para suas vidas.

*

COMENTÁRIO:

Todos nós gostamos de pensar que somos livres para escolher nosso destino, os rumos que queremos dar a nossas vidas. E mesmo aqueles que dizem acreditar em que não se pode mudar o destino, ou que creem em um destino pré-traçado para a vida de todos e de cada um, no fundo, no fundo, gostariam de acreditar que são senhores de seu próprio destino.

A ideia que vamos praticar nesta segunda-feira, dia 31 de janeiro, trata exatamente de reforçar em nós a ideia da liberdade, a ideia do livre arbítrio que herdamos desde sempre por nossa condição de filhos de Deus.

É interessante notar, porém, que apesar de gostarmos da ideia de que somos livres, temos, em geral, muito medo de exercer esta liberdade. Ou algum de nós está em condições de dizer que sua vida segue na direção que sempre quis, sentindo-se inteiramente responsável por todas as escolhas e experiências que resultaram delas?

Quantos dentre nós ainda nos sentimos vítimas do mundo? Vítimas das circunstâncias de nossas vidas? Escravos de algumas das pessoas com quem convivemos? Dos patrões? Dos companheiros e companheiras? Dos colegas de escola, de universidade, de grupo, de religião? Dos pais e mães e irmãos? Da família? Das crenças a respeito do que herdamos geneticamente de nossos pais biológicos, e que acreditamos serem verdadeiras?

Como eu disse no comentário a esta lição no ano passado e acredito que vale a pena repetir, "utilizar a ideia ao longo do dia, com as práticas, de acordo com as orientações, vai nos permitir perceber o quanto estamos enganados. Ou o quanto nos deixamos enganar pelo "mundo", acreditando no ego que nos diz que não há como fugir do sofrimento neste mundo. Ou que não há como mudar o mundo. Ou que nós não somos capazes de mudar. Nem a nós mesmos, nem ao mundo".

Mudando apenas a pergunta: quantos de nós ainda querem se deixar enganar pelo ego?

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mudar o modo de pensar muda o mundo inteiro

LIÇÃO 30

Deus está em tudo o que vejo, porque Deus está em minha mente.

1. A ideia para hoje é o trampolim para a visão. A partir desta ideia o mundo se abrirá diante de ti e olharás para ele e verás nele aquilo que nunca tinhas visto antes. E o que vias antes não será visível para ti nem mesmo vagamente.

2. Hoje tentamos usar um tipo novo de "projeção". Não estamos tentando nos livrar do que não gostamos buscando vê-lo fora. Ao contrário, tentamos ver no mundo o que está no interior de nossas mentes e aquilo que queremos reconhecer que está aí. Deste modo, tentamos nos unir ao que vemos, em lugar de mantê-lo separado de nós. Esta é a diferença fundamental entre a visão e o modo como vês.

3. A ideia de hoje deve ser aplicada tantas vezes quanto possível durante todo o dia. Sempre que tiveres um momento, repete-a para ti mesmo devagar, olhando a tua volta e tentando perceber claramente que a ideia, de fato, se aplica a tudo o que vês agora, ou ao que poderias ver agora, se estivesse ao alcance de tua vista.

4. A visão verdadeira não está limitada a noções tais como "perto" e "longe". A fim de te ajudar a começar a te acostumares com esta ideia, tenta pensar em coisas distantes de teu alcance atual tanto quanto naquelas que podes realmente ver ao aplicares a ideia de hoje.

5. A visão verdadeira não só não é limitada pelo espaço e pela distância, mas também não depende absolutamente dos olhos do corpo. A mente é sua única fonte. Também a fim de te ajudar a conseguires ficar mais acostumado com esta ideia, dedica vários períodos de prática à aplicação da ideia de olhos fechados, usando quaisquer sujeitos que venham a tua mente e olhando mais para dentro do que para fora. A ideia de hoje se aplica igualmente a ambos.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para as práticas deste domingo, dia 30 de janeiro, complementa, estende e responde de uma forma mais completa a pergunta que a ideia que praticamos ontem respondia. Como lhes disse no comentário a ela no ano passado, hoje em dia a própria Ciência já afirma que, para nosso cérebro, não há diferença entre aquilo que é aparentemente real e visível aos nossos olhos e aquilo que existe apenas em nossos pensamentos. Reagimos a alguma coisa que vemos e podemos tocar do mesmo modo que reagimos a uma lembrança que nos vem à mente.

É por isso que as práticas são extremamente importantes. Se há alguma coisa que achamos que precisa mudar no mundo, ela só podem mudar a partir de nossos pensamentos. É só mudando nosso modo de pensar que o mundo que vemos -  que nos parece real e, por vezes, cruel, um verdadeiro inferno -, pode mudar.

E, mais uma vez, a única explicação possível, plausível e lógica para se acreditar que Deus está em tudo o que vejo é a ideia que praticamos. Até porque nada do que vemos está fora. O "fora" não existe, ou só existe como projeção do "dentro". Ou alguém acredita que, de fato, pode ver alguma coisa que já não esteja impressa no interior de si mesmo, em seus pensamentos, em sua mente?

É importante lembrar que este Curso é um programa de treinamento da mente. E que se quisermos, de fato, mudar alguma coisa em nossas vidas, se quisermos viver no mundo "o sonho feliz" da alegria e da paz perfeitas, a Vontade de Deus para nós, tudo o que precisamos mudar é apenas nosso modo de pensar. Pois, como já disse antes,  na verdade, são só os nossos pensamentos que "criam" e constróem a aparente realidade que vivemos.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Para entregar as práticas ao Espírito Santo

LIÇÃO 29


Deus está em tudo o que vejo.

1. A ideia para hoje explica por que tu podes ver todo o propósito em todas as coisas. Ela explica por que nada está separado, por si mesmo ou em si mesmo. E explica por que nada do que vês significa coisa alguma. De fato, ela explica cada ideia que usamos até agora e também todas as subsequentes. A ideia de hoje é a base total para a visão.

2. É provável que aches esta ideia muito difícil de apreender a esta altura. Podes achá-la tola, irreverente, absurda, engraçada e até mesmo repreensível. Deus certamente não está em uma mesa, por exemplo, da forma como tu a vês. No entanto, enfatizamos ontem que a mesa compartilha o propósito do universo. E aquilo que compartilha o propósito do universo compartilha o propósito de seu Criador.

3. Tenta, então, hoje, começar a aprender como olhar para todas as coisas com amor, gratidão e receptividade. Tu não as vês agora. Queres saber o que há nelas? Nada é como te parece. Seu propósito sagrado está além de teu pouco alcance. Quando a visão te mostrar a santidade que anima o mundo compreenderás perfeitamente a ideia de hoje. E não compreenderás como pudeste alguma vez achá-la difícil.

4. Nossos seis períodos de prática de dois minutos para hoje devem seguir um padrão agora familiar. Começa com a repetição da ideia para ti mesmo e, em seguida, aplica-a a sujeitos escolhidos aleatoriamente a tua volta, citando cada um de forma específica. Tenta evitar a tendência a uma seleção auto-direcionada, que pode ser particularmente tentadora em relação à ideia de hoje em razão de sua natureza completamente inusitada. Lembra-te de que qualquer ordem que estabeleças é igualmente estranha à realidade.

5. Por isso, tua lista de sujeitos deve ser tão livre de tua seleção pessoal quanto possível. Por exemplo, uma lista adequada poderia inlcuir:

Deus está neste cabide.
Deus está nesta revista.
Deus está neste dedo.
Deus está nesta lâmpada.
Deus está naquele corpo.
Deus está naquela porta.
Deus está naquele cesto de lixo.

Além dos períodos de prática estabelecidos, repete a ideia para hoje pelo menos uma vez por hora, olhando lentamente a tua volta enquanto, sem pressa, dizes as palavras para ti mesmo. Pelo menos uma ou duas vezes, deves experimentar uma sensação de tranquilidade enquanto fazes isso.

*

COMENTÁRIO:

Para começar este comentário de forma similar à do ano passado, posso dizer que a ideia para as práticas deste sábado, 29 de janeiro, oferece a resposta para aquela pergunta que aprendemos a fazer e a responder nas aulas de catecismo, quando crianças, quem as teve. A pergunta era: Onde está Deus? E a resposta que aprendi dizia: Deus está no Céu, na terra e em todos os lugares, por mais estranho que pudesse nos parecer tal resposta. Uma vez que não tínhamos [alguém tinha? tem?] a menor ideia do que poderia ser Deus.

As práticas do UCEM, no entanto, nos põem em uma situação um pouco diversa, uma vez que o Curso nos ensina, diferentemente do que nos ensinavam no catecismo, que não existe um Deus externo a nós. Ou melhor, se existe um Deus externo a nós, Ele é apenas reflexo do Deus que trazemos internamente, se é que se pode dizer que somos capazes de reconhecê-Lo em nós.

Aproveitando ainda o comentário feito para esta mesma lição no ano passado, há que se dizer, para aqueles que se sentirem de alguma forma incomodados com esta ideia - que pode parecer mesmo muito estranha aos que estão apenas iniciando suas práticas -, que voltando à introdução do Livro de Exercícios vamos encontrar uma orientação que nos convida apenas a aplicar as ideias da forma que o Curso nos pede, sem julgá-las. Uma instrução que nos diz que não é necessário nem mesmo acreditar nas ideias ou acolhê-las bem. De fato, elas podem se revelar absolutamente desafiadoras para os valores e crenças que construímos a partir do sistema de pensamento do ego.

Entretanto, da mesma forma que fiz no ano passado, sugiro a quem se sentir de algum modo incomodado com a ideia de hoje, que volte sua atenção para um trecho do livro que diz o seguinte:

Este curso oferece uma situação de aprendizado muito direta e muito simples e provê o Guia [o Espírito Santo] Que te diz o que fazer. Se o fizeres, verás que funciona. Seus resultados são mais convincentes do que suas palavras. Eles te convencerão de que as palavras são verdadeiras.

Por fim, e em razão de tudo isto, basta de dizer, como o Curso diz, que não é preciso fazer nada. Basta que acreditemos que o Espírito Santo sabe o que é melhor para nós e entreguemos nossas práticas a Ele.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O mundo que vemos tem tudo o que queremos?

LIÇÃO 28

Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente.

1. Hoje damos, de fato, aplicação específica à ideia de ontem. Nestes períodos de prática, assumirás uma série de compromissos definidos. Não nos interessa agora se os cumprirás no futuro. Se pelo menos estiveres disposto a assumí-los agora, deste início ao movimento para mantê-los. E nós ainda estamos no começo.

2. Podes te perguntar por que é importante dizer, por exemplo, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente". Em si mesma, ela não é absolutamente importante. Mas o que é por si mesma? E o que significa "em si mesma"? Tu vês muitas coisas separadas a tua volta, o que, de fato, significa que não estás vendo em absoluto. Tu vês ou não. Quando vires uma única coisa de modo diferente, verás todas as coisas de modo diferente. A luz que verás em qualquer uma delas é a mesma que verás em todas.

3. Quando dizes, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", está assumindo um compromisso de retirar todas as ideias preconcebidas acerca da mesa e de abrir tua mente para o que ela é e para que ela serve. Tu não a estás definindo em termos passados. Está perguntando o que ela é, em lugar de lhe dizer o que ela é. Não estás amarrando seu significado a tua experiência diminuta com mesas, nem estás limitando o propósito dela a tuas ideias pessoais insignificantes.

4. Não questionarás aquilo que já definiste. E a finalidade destes exercícios é fazer perguntas e receber respostas. Ao dizeres, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", estás te comprometendo a ver. Não é um compromisso exclusivo. É um compromisso que se aplica tanto à mesa quanto a qualquer outra coisa, nem mais nem menos.

5. Poderias, de fato, obter a visão simplesmente a partir dessa mesa, se estivesses disposto a retirar todas as tuas ideias particulares a respeito dela e a olhar para ela com uma mente completamente aberta. Ela tem algo para te mostrar; algo belo e puro e de valor infinito, cheio de felicidade e esperança. Escondido sob todas as tuas ideias a respeito dela está seu propósito verdadeiro, o propósito que ela compartilha com todo o universo.

6. Portanto, ao usares a mesa como um sujeito para aplicar a ideia para hoje, tu estás realmente pedindo para ver o propósito do universo. Farás este mesmo pedido a cada sujeito que usares nos períodos de prática. E assumes o compromisso com cada um deles de permitir que seu propósito te seja revelado, em lugar de colocar teu próprio julgamento sobre ele.

7. Teremos seis períodos de prática de dois minutos hoje, nos quais primeiro se declara a ideia de hoje e, em seguida, se aplica a ideia a qualquer coisa que vejas ao teu redor. Os sujeitos não só devem ser escolhidos aleatoriamente, mas deve-se atribuir a cada um a mesma sinceridade enquanto se aplica a ideia de hoje a ele, em uma tentativa de reconhecer o valor igual deles todos em sua contribuição para teu ver.

8. Como de costume, as aplicações devem incluir o nome do sujeito que, por acaso, teus olhos encontrarem e deves fixar teus olhos nele enquanto dizes:

Acima de tudo quero ver este _________ de modo diferente.

Cada aplicação deve ser feita bem devagar e tão refletidamente quanto possível. Não há pressa.

*

COMENTÁRIO:

Uma pergunta aos que têm o livro. Algum de vocês já o abriu e leu a introdução geral? A nota do tradutor? Já leu o prefácio? Já ouviu falar em Helen Schucman e William [Bill] Thetford? E Kenneth Wapnick? E Judith Skutch?

Bem, os dois últimos não aparecem no livro, mas fazem parte da história de como o UCEM veio a se tornar o que é hoje em dia. Isto é, tanto Kenneth quanto Judith foram de vital importância para o processo de edição e publicação do livro. Helen e Bill já morreram, mas Kenneth e Judith continuam o trabalho que começaram desde que tomaram contato com a mensagem do livro quando o conheceram no início dos anos 1970. A primeira edição do livro é de 1976.

E o que estas informações têm a ver com a ideia para as práticas desta sexta, dia 28 de janeiro? Talvez nada. Talvez muito. Cabe a cada um de nós responder, a partir da decisão que tomamos de questionar toda e qualquer informação que nos seja oferecida. Conforme vimos no sábado é essencial que nos aproximemos pessoalmente da experiência que queremos viver. Não é possível viver uma experiência de segunda mão. Não podemos tomar nenhuma decisão com base no que alguém nos diz ou disse, sem que confirmemos pessoal e individualmente a informação que recebemos.

E isto tem tudo a ver com a ideia de hoje, que é uma extensão e um complemento da de ontem: Acima de tudo eu quero ver [lição 27]. Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente [a lição de hoje]. Há alguma razão para colocarmos como o principal objetivo de nossa vida "ver as coisas de modo diferente"? Quem de nós está absoluta e completamente satisfeito com o mundo da forma como o vê? Quem está vivendo a alegria perfeita que o Curso diz ser a Vontade de Deus para cada um de nós?

Ninguém!!!!!????

Então, não há como negar que é preciso que nos decidamos "a ver as coisas de modo diferente", não é mesmo?

Às práticas, pois.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Aonde achas que teu desejo mais "ardente" te leva?

LIÇÃO 27

Acima de tudo eu quero ver.

1. A ideia de hoje exprime algo mais forte do que simples determinação. Ela dá prioridade à visão entre teus desejos. Podes te sentir hesitante quanto a usar a ideia, com base em que não tens certeza de que é isto que queres realmente. Isto não importa. O objetivo dos exercícios de hoje é fazer chegar mais perto o momento em que a ideia será inteiramente verdadeira.

2. Pode haver uma grande tentação em acreditares que se pede a ti algum tipo de sacrifício, quando dizes que queres ver acima de tudo. Se ficares inquieto em relação à falta de reservas pressuposta, acrescenta:

A visão não custa nada a ninguém.

Se o medo da perda ainda persistir, acrescenta ainda:

Ela só pode abençoar.

3. A ideia de hoje precisa de muitas repetições para o máximo aproveitamento. Ela deve ser usada pelo menos a cada meia hora, e mais se possível. Poderias tentar usá-la a cada quinze ou vinte minutos. Recomenda-se que, quando acordares ou pouco depois, estabelaças um intervalo de tempo definido para o uso da ideia e que tentes ser fiel a ele do início ao fim do dia. Não será difícil fazer isso mesmo se estiveres ocupado conversando ou ocupado de outra maneira no momento. Ainda assim, podes repetir uma frase curta para ti mesmo sem perturbar coisa alguma.

4. A questão verdadeira é quantas vezes tu te lembrarás? Quanto queres que a ideia de hoje seja verdadeira? Responde a uma destas perguntas e terás respondido à outra. É provável que percas várias aplicações e, talvez um número bastante grande delas. Não te incomodes com isto, mas tenta prosseguir em teu horário daí por diante. Se ao menos uma vez durante o dia sentires que foste totalmente sincero enquanto repetias a ideia de hoje, podes ter certeza de que poupaste muitos anos de esforço a ti mesmo.

*

COMENTÁRIO:

Só um desejo "ardente", no sentido daquele desejo que brota do mais profundo em nós mesmos, pode nos levar a estar à vontade no mundo. E estar à vontade no mundo significa estar de bem com a vida, significa entender "até os ossos" que nada do que o mundo nos mostra é permanente ou duradouro. Tudo o que vemos, inclusive os olhos que usamos para ver, vai perecer e, por assim dizer, virar pó.

É deste entendimento que trata a ideia que vamos praticar nesta quinta-feira, dia 27 de janeiro. Isto é, as práticas de hoje vão nos mostrar de que forma precisamos nos comprometer com a decisão de ver. Em outras palavras elas vão nos mostrar que é preciso aprendermos que o que, de fato, queremos mais que tudo na vida é ver. Mas este aprender não é simplesmente ter em mente ou descobrir intelectualmente, e sim um aprender que exige que sejamos inteiramente absorvidos no processo. É este aprender que vai nos levar a ter contato com a visão verdadeira.

É por isso que, para esta lição, vou reproduzir abaixo o comentário feito no ano passado, em função de sua pertinência. Em função de ele trazer um exemplo de vida de alguém que perseguiu insistentemente o objetivo de ver, por ter sido, para efeitos legais, declarado cego ao nove anos de idade. Aí vai:

"O que pensamos querer "acima de tudo"? Qual é nosso maior desejo? Qual é nossa maior aspiração? Será "ver"? Quantos de nós já pensaram a este respeito? Chegaram a alguma conclusão? Será que "ver" tem alguma relação com o que precisamos fazer para alcançar nossos objetivos? Quantos de nós nos lembramos de ser imensamente agradecidos pelo fato de sermos capazes de ver, apenas no sentido de ter a faculdade da visão? E em que medida esta faculdade nos auxilia ou atrapalha na tarefa de construir o mundo no qual queremos viver? Será que o "ver" a que se refere a ideia das práticas de hoje está relacionado apenas à capacidade física do corpo que acreditamos ser?

Meir Schneider nasceu praticamente cego e tem uma história maravilhosa a respeito de seu processo de desenvolver a capacidade de ver com os olhos do corpo, um processo que envolveu muito mais do que apenas suas capacidades físicas. Para ele, "fomos treinados para acreditar que nossos olhos só podem mudar para pior, e nunca podem melhorar depois de começarem a se deteriorar". Ele diz que isto só acontece porque a maioria de nós não sabe nada a respeito de como melhorar a visão.

Diz ainda que "melhorar a visão é um processo complexo, pois a visão, em si mesma, é um processo complexo. Nossos olhos - e, assim, nossas habilidades visuais - estão ligados, inexplicavelmente, com nossos corpos, nossas mentes e nossas emoções. Nossos olhos [como de resto todos os nossos sentidos, eu diria] atuam sobre todos os aspectos de nós próprios, e são, por sua vez, afetados por todos os aspectos de nossas vidas. Trabalhar com os olhos para melhorar a visão é, portanto, sempre um desafio. No processo, você pode defrontar-se com tensões físicas profundamente arraigadas, resistência mental, bloqueios emocionais e traumas. Ao enfrentar essas coisas, entretanto, muitas pessoas descobriram a força para vencê-las, e ao melhorar a visão mudaram suas vidas".

É claro que o exemplo de Meir, de trabalho com a visão orgânica, física, pode ser estendido de forma metafórica à visão em seu sentido mais amplo e abrangente. Cito-o apenas porque a ideia que trabalhamos no exercício de hoje, da mesma forma que o trabalho com o objetivo de melhorar a visão física, vai exigir que deixemos de lado o que aprendemos do mundo a respeito de ver. E é claro que o mundo criado e construído a partir do sistema de pensamento do ego também busca nos treinar a acreditar que não há forma de melhorar nossa visão [o que poderia significar ver o mundo de modo diferente]. Isto não é verdade. E as práticas vão provar isto, se insistirmos nelas

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Para acessar a invulnerabilidade em tempo integral

LIÇÃO 26

Meus pensamentos de ataque ferem minha invulnerabilidade.

1. É certamente óbvio que, se podes ser atacado, não és invulnerável. Tu vês o ataque como uma ameaça real. Isto acontece em razão de acreditares que podes, de fato, atacar. E aquilo que teria efeitos por teu intermédio também tem de ter efeitos sobre ti. É esta lei que, em última instância, te salvará, mas tu a estás utilizando de modo equivocado agora. Por isto, tu tens de aprender de que modo ela pode ser usada em favor de teus maiores interesses mais do que contra eles.

2. Uma vez que teus pensamentos de ataque serão projetados, terás medo do ataque. E, se temes o ataque, tens de acreditar que não és invulnerável. Por esta razão, os pensamentos de ataque te tornam vulnerável em tua própria mente, que é o lugar aonde estão os pensamentos de ataque. Pensamentos de ataque e invulnerabilidade não podem ser aceitos simultaneamente. Eles se contradizem.

3. A ideia para hoje apresenta o pensamento segundo o qual tu sempre atacas a ti mesmo primeiro. Se os pensamentos de ataque impõem a crença de que és vulnerável, seu efeito é o de enfraquecer tua percepção de ti mesmo. Deste modo eles atacam tua percepção de ti mesmo. E, por acreditares neles, não podes mais acreditar em ti mesmo. Uma imagem falsa de ti mesmo vem tomar o lugar daquilo que tu és.

4. A prática com a ideia de hoje te ajudará a compreender que a vulnerabilidade, ou a invulnerabilidade, é o resultado de teus próprios pensamento. Nada exceto teus pensamentos pode te atacar. Nada exceto teus pensamentos pode te fazer pensar que és vulnerável. E nada exceto teus pensamentos pode provar para ti mesmo que isto não é verdade.

5. Pede-se seis períodos de prática para a aplicação da ideia de hoje. Deve-se tentar dois minutos inteiros para cada um deles, embora o tempo possa ser reduzido para um minuto se o desconforto for grande demais. Não o reduzas mais do que isso.

6. Deves começar o período de prática repetindo a ideia para hoje, fechando os olhos, em seguida, e revisando as questões não-resolvidas, cujos resultados estão sendo causa de inquietação para ti. A inquietação pode tomar a forma de depressão, angústia, raiva, uma sensação de incoveniência, medo, pressentimento e fixação. Qualquer problema ainda indefinido que tenda a voltar a teus pensamentos durante o dia é um sujeito adequado. Tu não serás capaz de utilizar um número muito grande em qualquer um dos períodos de prática, porque deve-se dedicar a cada um um tempo maior do que o de costume. A ideia de hoje deve ser aplicada da seguinte forma:

Eu estou preocupado com ____________ .

Em seguida, examina cada resultado possível que ocorra em relação a isso e que te cause preocupação, referindo-te a cada um de modo bem específico, dizendo:

Tenho medo de que ________________ aconteça.

8. Se estiveres fazendo os exercícios de forma adequada, deves encontrar cerca de cinco ou seis possibilidades aflitivas à disposição para cada situação que usares, e é bastante provável achares mais. É muito mais proveitoso examinar por completo algumas poucas situações do que tatear em um número maior. À medida que a lista de resultados previstos para cada situação continuar, é provável que aches alguns deles menos aceitáveis, especialmente aqueles que te ocorrerem perto do final. Na medida do possível para ti, porém, tenta tratar todos do mesmo modo.

9. Depois de citares cada resultado do qual tenhas medo, dize a ti mesmo:

Este pensamento é um ataque contra mim mesmo.

Conclui cada período de prática repetindo a idea de hoje para ti mesmo mais uma vez.

*

COMENTÁRIO:

"Medo é desejo." Esta é uma frase com a qual todos os estudantes de UCEM estão familiarizados. E é uma frase que tem tudo a ver com a ideia que praticamos nesta quarta-feira, dia 26 de janeiro. Pois é só o medo que pode nos levar a ter pensamentos de ataque, sejam eles na forma de uma atitude defensiva, sejam eles destinados a confirmar a crença segundo a qual "a melhor defesa é o ataque".

Nenhuma destas opções é verdadeira.

Se ficarmos atentos podemos ver que no primeiro capítulo do livro, o que trata de nos ensinar "o significado dos milagres", já quase em seu finzinho vamos encontrar o seguinte:

"Todos os aspectos do medo são inverídicos, porque não existem no nível criativo e, portanto, não existem em absoluto. Qualquer que seja a extensão de tua disposição para submeter tuas crenças a esse teste, nessa mesma extensão tuas percepções são corrigidas. Para separar o falso do verdadeiro, o milagre procede nestas linhas:

O amor perfeito exclui o medo.
Se o medo existe,
então não há amor perfeito.
Mas:
Só o amor perfeito existe.
Se há medo,
ele produz um estado que não existe.

Acredita nisto e tu serás livre. Só Deus pode estabelecer esta solução e essa fé é Seu dom."

Acho que dito isto podemos nos dedicar às práticas na certeza de que vamos chegar à compreensão de que a única coisa que existe, de fato, é o amor perfeito de Deus. Em tudo e em todos. Isto pode nos pôr em contato com a invulnerabilidade de que podemos nos valer em tempo integral.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Para ser no mundo uma manifestação do divino

LIÇÃO 25

Eu não sei para que serve coisa alguma.

1. Propósito é significado. A ideia de hoje explica por que nada do que vês significa coisa alguma. Tu não sabes para que servem as coisas. Por isto, elas não têm significado para ti. Tudo serve a teus maiores interesses. É para isto que todas as coisas servem; é este o propósito delas; é isto o que todas as coisas significam. É no reconhecimento disto que tuas metas se tornam harmoniosas. É no reconhecimento disto que aquilo que vês se reveste de significado.

2. Tu percebes o mundo, e tudo nele, como significativo em termos das metas do ego. Essas metas não têm nada a ver com teus maiores interesses, porque tu não és o ego. Esta identificação falsa te torna incapaz de compreender para que serve qualquer coisa. Por consequência, estás fadado a fazer mau uso delas. Quando acreditares nisto, tentarás retirar as metas que estabeleceste para o mundo, em vez de tentar reforçá-las.

3. Outra maneira de descrever as metas que percebes agora é dizer que todas elas estão relacionadas a interesses "pessoais". Uma vez que não tens nenhum interesse pessoal, tuas metas, de fato, estão relacionadas ao nada. Por esta razão, quando as valorizas, não tens absolutamente nenhuma meta. E, deste modo, não sabes para que serve coisa alguma.

4. Antes que possas retirar qualquer sentido dos exercícios para hoje, é necessário mais um pensamento. Nos níveis mais superficiais tu, de fato, reconheces o propósito. Mas o propósito não pode ser compreendido nestes níveis. Por exemplo, compreendes, de fato, que um telefone serve ao propósito de falar com alguém que não esteja fisicamente próximo de ti. O que não compreendes é para que queres alcançá-lo. E é isto que torna teu contato com ele significativo ou não.

5. É vital para teu aprendizado que estejas disposto a desistir das metas que estabeleceste para todas as coisas. O reconhecimento de que elas não fazem sentido, e de que não são "boas" ou "más", é o único jeito de realizar isto. A ideia para hoje é um passo nesta direção.

6. Pede-se seis períodos de prática, cada um com dois minutos de duração. Cada período deve começar com uma repetição lenta da ideia para hoje, seguida de um olhar a tua volta deixando que teu olhar se fixe em qualquer coisa que capte teus olhos casualmente, perto ou longe, "importante" ou "sem importância", "humana" ou "não-humana". Com teus olhos fixos em cada sujeito que selecionares deste modo, dize por exemplo:

Eu não sei para que serve esta cadeira.
Eu não sei para que serve este lápis.
Eu não sei para que serve esta mão.

Dize isto bem devagar, sem deslocar teus olhos do sujeito até completares a declaração a respeito dele. Em seguida, passa para o próximo e aplica a ideia de hoje como antes.

*

COMENTÁRIO:

Poderíamos começar as práticas desta terça-feira, dia 25 de janeiro, dizendo: - Eu não sei para que serve este Curso. Eu não sei para que serve esta lição. Eu não sei para que servem estas práticas. E não estaríamos equivocados, uma vez que, de forma geral, não sabemos, de fato, para que serve coisa alguma.

Creio que o reconhecimento disto é já parte do aprendizado. É uma comprovação de que estamos, de verdade, comprometidos, decididos a ver. E decididos a ver as coisas de forma diferente.

Ou será que algum de nós sabe?

Em um texto que lemos na semana passada, na volta aos encontros do Grupo de Estudos de UCEM, tanto o das segundas quanto o das terças, vimos que uma forma "útil para pensar nos milagres é a seguinte: tu não os compreendes, nem em parte, nem no todo. No entanto, eles se realizaram por teu intermédio. Por isso, tua compreensão não pode ser necessária. Porém, ainda é impossível realizar aquilo que não compreendes. E, por esta razão, tem de have Algo em ti que, de fato, compreende".

Ora, podemos, em condições normais, sujeitos às percepções que nos dão os sentidos, não saber para que serve coisa alguma e nem compreender como ou por que os milagres acontecem. Nem precisamos, de fato, saber ou compreender, para que as coisas cumpram as funções a que se destinam e para que os milagres aconteçam todos os dias em nossa vida. Ou como o Curso diz: 'tu não precisas fazer nada".

Tudo o que é necessário é a disposição para aceitar o papel que nos cabe no plano de Deus para a salvação do mundo, acreditando que o espírito em nós, o "Algo", a que se refere o Curso, sabe. A partir disso basta que sejamos o que somos. Basta que nossa presença no mundo seja uma manifestação do divino em nós.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Para reconhecermos que não sabemos nada

LIÇÃO 24

Eu não percebo meus maiores interesses.

1. Não percebes claramente que resultado te faria feliz em nenhuma situação que surja. Por isto, tu não tens nenhum guia para a ação apropriada e nenhum modo de julgar o resultado. O que fazes é determinado por tua percepção da situação e essa percepção está errada. É inevitável, então, que não vás atender a teus maiores interesses. No entanto, eles são tua única meta em qualquer situação percebida de modo correto. De outra forma, não reconhecerás quais são eles.

2. Se te desses conta de que não percebes teus maiores interesses, poder-se-ia ensinar-te quais são eles. Mas, diante de tua convicção de que sabes quais são eles, não podes aprender. A ideia para hoje é um passo na direção da abertura de tua mente a fim de que o aprendizado possa começar.

3. Os exercícios para hoje pedem muito mais honestidade do que estás acostumado a usar. Alguns poucos sujeitos, considerados honesta e cuidadosamente em cada um dos cinco períodos de prática que devem ser empreendidos hoje, serão mais úteis do que um exame mais superficial de um número grande deles. Sugere-se dois minutos para cada um dos períodos de exame mental que os exercícios envolvem.

4. Os períodos de prática devem começar com a repetição da ideia de hoje, de olhos fechados, seguida pelo exame mental em busca de situações não resolvidas acerca das quais estejas preocupado atualmente. A ênfase deve estar em descobrir o resultado que queres. Rápido perceberás com clareza que tens em mente várias metas como parte do resultado desejado e também que essas metas estão em níveis diferentes e que, muitas vezes, são antagônicas.

5. Ao aplicares a ideia para hoje, cita cada situação que te ocorrer e depois lista cuidadosamente o maior número possível de metas que gostarias que fossem alcançadas na sua resolução. A forma de cada aplicação deve ser mais ou menos a seguinte:

Na situação que envolve _________, eu gostaria que ________
acontecesse, e que __________ acontecesse,

e assim por diante. Tenta incluir tantos tipos diferentes de resultado quantos realmente possam te ocorrer, mesmo que alguns deles não pareçam estar diretamente relacionados à situação ou que nem mesmo pertençam a ela de forma alguma.

6. Se estes exercícios forem feitos de modo correto, reconhecerás rapidamente que fazes um grande número de exigências da situação, que não têm nada a ver com ela. Também reconhecerás que muitas de tuas metas são contraditórias, que não tens nenhum resultado harmonioso em mente, e que terás de te frustrar em relação a algumas de tuas metas independentemente de como a situação se resolva.

7. Depois de examinares a lista do maior número possível de metas almejadas para cada situação não resolvida que passar por tua mente, dize a ti mesmo:

Eu não percebo meus maiores interesses.

e passa para a seguinte.

*

COMENTÁRIO:

Já ouvimos vezes sem conta dizer que não há como acrescentar mais líquido em um copo que já esteja cheio. É disso que trata a ideia para as práticas desta segunda, 24 de janeiro. Pensamos saber o que queremos, quando, na verdade, não temos a menor ideia do que seria melhor que acontecesse para nós em praticamente nenhuma das situações que se apresentam, como afirma a lição de hoje.

Não sabemos - no sentido de que não temos consciência -, nem ao menos que as situações que se nos apresentam são sempre manifestações de escolhas que fizemos, muitas vezes de modo inconsciente. E na grande maioria das vezes elas não são nem de longe aquilo que esperávamos. Como, então lidar com esta questão?

As práticas que o Curso nos oferece são a melhor maneira de reconhecermos que não sabemos nada e de nos ajudar a abrirmos nossa mente para a mudança. Uma mudança que vai nos ensinar de que modo abrir mão da necessidade de ter razão e de "bater o pé", acreditando que sabemos o que é melhor para nós.

Assim como nos ensina a reconhecer que não sabemos, de fato, como escolher o melhor para nós em quase nenhuma ocasião, as práticas nos ensinam também a aceitar o resultado que vai se mostrar a nós a partir de nossa decisão de deixar a cargo do Espírito Santo a escolha do que vai nos fazer felizes e nos devolver à alegria, que é a Vontade de Deus para nós.

Reconhecer que não sabemos é o primeiro passo para começar a esvaziar o copo, antes de permitir que ele volte a ficar cheio. Na verdade, quanto mais o esvaziarmos de nossa pretensão de sabedoria, tanto mais seremos capazes de enchê-lo com o novo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O que contém o mundo que vemos?

LIÇÃO 23

Posso escapar do mundo que vejo
desistindo dos pensamentos de ataque.

1. A ideia para hoje contém a única saída para o medo que será sempre bem-sucedida. Nada mais funcionará; tudo o mais é sem significado. Mas este jeito não pode falhar. Todo pensamento que tens cria algum segmento do mundo que vês. É com teus pensamentos, então, que temos de trabalhar, se quisermos que tua percepção do mundo mude.

2. Se a causa do mundo que vês são os pensamentos de ataque, tens de aprender que são esses pensamentos que não queres. Não faz sentido deplorar o mundo. Não faz sentido tentar mudar o mundo. Ele é incapaz de mudança porque é apenas um efeito. Mas, de fato, faz sentido mudar teus pensamentos a respeito do mundo. Agora estás mudando a causa. O efeito mudará automaticamente.

3. O mundo que vês é um mundo vingativo e tudo nele é um símbolo de vingança. Cada uma de tuas percepções da "realidade externa" é uma representação pitoresca de teus próprios pensamentos de ataque. Cabe muito bem perguntar se isso pode ser chamado de "ver". Fantasia não é uma palavra melhor para tal processo e alucinação um termo mais adequado para o resultado?

4. Tu vês o mundo que fazes, mas não te vês como o autor das imagens. Tu não podes ser salvo do mundo, mas podes escapar daquilo que é sua causa. Isto é o que significa salvação, pois onde está o mundo quando aquilo que é causa dele acaba? A visão já tem um substituto para todas as coisas que pensas ver agora. A beleza pode iluminar tuas imagens e, assim, transformá-las de tal modo que tua as amarás, mesmo que elas forem feitas de ódio. Pois tu não as farás sozinho.

5. A ideia para hoje apresenta o pensamento segundo o qual não estás preso ao mundo que vês, porque é possível mudar aquilo que é causa dele. Esta mudança pede, primeiro, que a causa seja identificada e, em seguida, abandonada, para poder ser substituída. Os dois primeiros passos deste processo pedem tua cooperação. O último não. Tuas imagens já foram substituídas. Ao dares os primeiros dois passos, verás que isso é verdade.

6. Além de usá-la ao longo do dia, quando a necessidade surgir, pede-se cinco períodos de prática para a aplicação da ideia de hoje. Ao olhares a tua volta, repete lentamente a ideia para ti mesmo primeiro e, depois, fecha os olhos e dedica cerca de um minuto a examinar tua mente em busca de tantos pensamentos de ataque quantos te ocorrerem. À medida que cada um passar por tua mente, dize:

Posso escapar do mundo que vejo desistindo dos
pensamentos de ataque sobre ________ .

Mantém cada pensamento de ataque em mente enquanto dizes isto e, então, descarta aquele pensamento e passa ao seguinte.

7. Certifica-te de incluir tanto os pensamentos em que atacas quanto aqueles em que és atacado nos períodos de prática. Os efeitos de ambos são exatamente os mesmos porque eles são exatamente os mesmos. Tu ainda não reconheces isto e pede-se, apenas desta vez, que os trates como se fossem os mesmos nos períodos de prática de hoje. Ainda estamos no estágio de identificação da causa do mundo que vês. Quando, finalmente, aprenderes que os pensamentos em que atacas e aqueles nos quais és atacado não são diferentes, estarás pronto para abandonar a causa.

*

COMENTÁRIO:

O que contém o mundo que vemos? Ou personalizando um pouco mais, o que o mundo que vês contém? Ele está cheio de desgraças, de infelicidade, de dor, de sofrimento, de desastres, de poluição dos mais variados tipos? Está superpopuloso, com gente, como se diz, "saindo pelo ladrão", sem lugar para dormir, sem lugar para morar, sem as condições mínimas para uma vida decente e confortável? Estás satisfeito com o mundo que vês? Ou gostarias de mudá-lo? Ou gostarias de ter nascido em outra época, em outro lugar?

Neste domingo, dia 23 de janeiro, a ideia que vamos praticar complementa e estende a que praticamos ontem. Pois, se o que vemos é uma forma de vingança, o mundo que vemos é, certamente, uma forma de vingança também. Uma vingança que se apresenta em função de nossa crença na separação e de nossa crença na necessidade do ataque como forma de defesa. Ou não concordamos com a expressão corriqueira segundo a qual "a melhor defesa é o ataque".

Na verdade, o que o Curso nos apresentou com as lições até agora foi a possibilidade de percebermos que este mundo, e tudo o que ele contém, não tem significado algum. Para que lhe demos apenas o valor que ele tem, na verdade. Isto é, se nada do que vemos tem qualquer significado, não há porque nos apegarmos a nada. Se nada do que vemos vai durar para sempre, não há nenhum motivo para imaginarmos que existem no mundo coisas de que precisamos para ser o que somos, para viver nossas vidas. Coisas sem as quais não poderíamos viver.

Assim, nada mais verdadeiro e libertador do que a ideia que praticamos hoje. Aliás, nada mais prático do que treinar a ideia que o Curso nos oferece neste dia, para libertarmo-nos do mundo. Pois se ele, como o vemos, é uma forma de vingança, e a vingança é uma forma de ataque, de que melhor forma podemos escapar da vingança do mundo que vemos do que desistindo dos pensamentos que o criam do modo com que o vemos?

Às práticas, pois.  

sábado, 22 de janeiro de 2011

Aprendendo a questionar nossas opiniões e crenças

LIÇÃO 22

O que vejo é uma forma de vingança.

1. A ideia de hoje descreve precisamente o modo pelo qual qualquer pessoa que mantenha pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Tendo projetado sua raiva sobre o mundo, ela vê a vingança prestes a golpeá-la. Deste modo, o próprio ataque dela é percebido como auto-defesa. Isso se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a pertubarão e povoarão seu mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

2. É desta fantasia cruel que queres escapar. Não é uma notícia alegre ouvir que isso não é real? Não é uma revelação feliz descobrir que podes escapar? Tu fizeste aquilo que queres destruir; tudo aquilo que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.

Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:

Este é o mundo que realmente quero ver?

A resposta certamente é óbvia.

*

COMENTÁRIO:

Não lhes parece interessante que pensemos um pouquinho a respeito das formas e dos meios de que nos valemos para ratificar nossas opiniões e nossas crenças, quando alguma coisa que se apresenta a nossa experiências aparentemente as desafia ou as põe em xeque?

Acabei há pouco a leitura de um livro que trata da investigação histórico-crítica da vida de Jesus, com base nas evidências que sobreviveram ao tempo e chegaram até nós. Originais de documentos, manuscritos, objetos, relatos de historiadores da época, entre vários outros. Caso seja de interesse de alguém, o livro se chama Quem Jesus Foi? Quem Jesus não Foi? e seu autor é Bart D. Ehrman, "um dos maiores especialistas em estudos bíblicos e origens do cristianismo".

O que isso tem a ver com a ideia para nossas práticas deste sábado, dia 22 de janeiro?

Bem, não é de forma alguma difícil perceber a relação, se pensarmos que, entre as inúmeras informações que a maioria de nós não recebeu a respeito da Bíblia, o autor dos livros nos diz que um sem número de vezes, para que o Novo Testamento chegasse a nós na forma que chegou, foi necessário mudar os fatos, adaptá-los, para que se adequassem aos interesses dos que o escreveram. Um modo de vingar-se daqueles que tinham opiniões ou crenças diferentes.

Ora, a ideia que praticamos hoje nos revela que o que vemos "é uma forma de vingança". O que é o mesmo que dizer que nós ajustamos todas as coisas que vemos para que caibam no formato que lhes queremos dar, para que aparentem coerência com nossas opiniões e para que não ameacem nem desafiem nossas crenças.

Assim, creio, vale repetir uma vez mais todo o comentário feito no ano passado a esta mesma lição, que começa dizendo: "Bem feito! Eu não avisei?"

Não é assim que pensamos ou que nos expressamos, quando vemos acontecer a alguém alguma coisa que julgamos desagradável, a respeito da qual havíamos alertado a pessoa?

Isso não é um exemplo de vingança? Uma vingança que vem atender a nosso desejo interior de que se concretize o que antevíamos ou profetizávamos. Uma vingança que nos mantém presos ao passado, que nos serve de baliza a partir da qual nos sentimos autorizados a fazer nossas previsões e julgamentos, como se quiséssemos determinar os comportamentos que as pessoas vão ter em função do que "conhecemos" de seu passado.

Não queremos ver de modo diferente. Esquecemo-nos de que "tudo muda o tempo todo no mundo", como bem diz o cantor.

Quando nos imobilizamos na rigidez, aprisionados em imagens que criamos e vemos, às quais damos realidade, fazemos um esforço na direção contrária à da paz de espírito, à da visão. E nos afastamos do centro e de nós mesmos. Damos força à crença na separação e nos vingamos do mundo acreditando na ilusão. É óbvio que a resposta que ele nos dá é a confirmação de que estamos certos. E o ego se tranquiliza e se rejubila. Atingiu seu objetivo.

As práticas de hoje visam a abrir nossos olhos para mais esta artimanha do ego.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Olhar para o mundo inteiro de modo diferente

LIÇÃO 21

Estou decidido a ver as coisas de modo diferente.

1. A ideia para hoje é, obviamente, uma continuação e extensão da anterior. Desta vez, porém, são necessários períodos específicos de exame mental, além da aplicação da ideia a situações particulares na medida em que elas possam surgir. Insiste-se em cinco períodos de prática e em que se conceda um minuto completo a cada um.

2. Nos períodos de prática, começa repetindo a ideia para ti mesmo. Em seguida, fecha os olhos e investiga tua mente com cuidado em busca de situações passadas, presentes ou previstas que te despertem raiva. A raiva pode assumir a forma de qualquer reação, desde uma irritação leve até a fúria. O grau da emoção que experimentas não importa. Tu te tornarás cada vez mais consciente de que um leve toque de contrariedade não é nada senão um véu estendido sobre uma fúria violenta.

3. Tenta, portanto, não deixar que os pensamentos "minúsculos" de raiva escapem de ti nos períodos de prática. Lembra-te de que não sabes verdadeiramente o que desperta raiva em ti e de que nada daquilo em que acreditas em relação a isto significa coisa alguma. É provável que fiques tentado a te demorares mais em algumas situações ou pessoas do que em outras, com base na crença equivocada de que elas são mais "óbvias". Isto não é verdade. É apenas um exemplo da crença de que algumas formas de ataque são mais justificadas do que outras.

4. Quando examinares tua mente em busca de todas as formas com que se apresentam os pensamentos de ataque, mantém cada uma em mente enquanto dizes a ti mesmo:

Estou decidido a ver ________ [nome de uma pessoa] de modo diferente.
Estou decidido a ver ________ [especifica a situação] de modo diferente.

5. Tenta ser o mais específico possível. Podes, por exemplo, focalizar tua raiva em uma característica particular de uma determinada pessoa, acreditando que a raiva está limitada a esse aspecto. Se tua percepção sofre desta forma de distorção, dize:

Estou decidido a ver __________ [especifica a característica]
em _________ [nome da pessoa] de modo diferente.

*

COMENTÁRIO:

Para lembrar do que falamos no ano passado a respeito desta lição, é preciso que notemos que os exercícios com a ideia para este dia 21 de janeiro se assemelham à prática que lhes sugeri para a ideia da lição 16, de domingo passado. Eles podem vir a ser uma fonte de grandes revelações a nosso próprio respeito, uma vez que todo o nosso trabalho com o Curso tem por objetivo o autoconhecimento.

Para que nossas práticas sejam, de fato, eficazes, precisamos honesta e sinceramente lembrar de pessoas e situações e circunstâncias com quem, ou com as quais, nos sentimos aborrecidos, irritados, transtornados e até mesmo profundamente magoados ou, quem sabe, furiosos.

Lembram-se dos exemplos de que me vali? Aí vão:

"O problema de Fulano é a preguiça." "Sicrano é muito burro." "O que me irrita no(a) Fulano(a) é sua falta de interesse por qualquer coisa." "Tal e tal coisas me deixam profundamente irritado(a)." "Aquilo que ele/ela me fez não se faz nem a um cachorro." "A atitude dele(a) me deixou muito magoado(a)." "Às vezes me dá vontade de matar o(a) Fulano(a)."

E vale repetir as perguntas que podem nos levar ao questionamento pessoal e ao aprofundamento das práticas com a ideia de hoje. Quem já não ouviu ou se valeu de algumas das expressões acima? Ou outras similares? É disso que trata nossa lição hoje. É isto, entre outras coisas, que precisamos trazer à consciência para a tomada de decisão de olhar para o mundo inteiro de modo diferente.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Para aprender a assumir a responsabilidade total

LIÇÃO 20

Estou decidido a ver.

1. Até agora fomos bem displicentes em relação a nossos períodos de prática. Não houve realmente nenhuma tentativa de determinar o momento para empreendê-los, pediu-se esforço mínimo e nem mesmo se pediu cooperação e interesses efetivos. Esta abordagem é intencional e planejada de forma muito cuidadosa. Não perdemos de vista a importância vital da mudança radical de teu modo de pensar. A salvação do mundo depende dela. Contudo, não verás se considerares que estás sendo coagido e se te entregares ao ressentimento e à contrariedade.

2. Esta é nossa primeira tentativa de introduzir uma estrutura. Não a interpretes de modo equivocado como um esforço para exercer força ou pressão. Tu queres a salvação. Tu queres ser feliz. Tu queres paz. Tu não as tens agora porque tua mente é totalmente indisciplinada e porque não podes distinguir entre alegria e pesar, prazer e dor, amor e medo. Agora está aprendendo a distinguí-los. E, de fato, tua recompensa será grande.

3. Tua decisão de ver é tudo o que a visão pede. Aquilo que queres é teu. Não confundas o pequeno esforço que se pede a ti com um sinal de que nossa meta tem pouco valor. A salvação do mundo pode ser um objetivo sem importância? E o mundo pode ser salvo se tu não fores? Deus tem um único Filho e ele é a ressurreição e a vida. A vontade dele se faz porque todo o poder lhe foi dado no Céu e na terra. A visão te é dada a partir de tua decisão de ver.

4. Os exercícios para hoje consistem em lembrares a ti mesmo durante todo o dia que queres ver. A ideia de hoje também pressupõe, tacitamente, o reconhecimento de que não vês agora. Por isso, enquanto repetes a ideia, declaras que estás decidido a mudar teu estado presente por um melhor, por um que queres realmente.

5. Repete a ideia de hoje devagar e de forma inequívoca pelo menos duas vezes por hora hoje, tentando fazê-lo a cada meia hora. Não te aflijas se esqueceres de fazê-lo, mas faze um esforço verdadeiro para lembrar. As repetições adicionais devem ser aplicadas a qualquer situação, pessoa ou acontecimento que te transtorne. Podes vê-los de modo diferente, e verás. Tu verás aquilo que desejas. Assim é a verdadeira lei de causa e efeito do modo como ela opera no mundo.

*

COMENTÁRIO:

Quantos de nós estamos, de verdade, decididos a ver? É isto que vamos poder descobrir com as práticas da ideia desta quinta-feira, 20 de janeiro.

Como disse, no comentário a esta lição no ano passado, "se, de fato, tomarmos a decisão de experimentar as práticas destes exercícios do modo que o Curso nos pede, agora, ou a partir de agora, vamos começar a perceber de que forma criamos o mundo que nos cerca. O que o exercício de hoje nos pede é apenas que tomemos a decisão de ver. Afinal queremos ver ou não"?

Disse ainda que, como já sabemos, "todos nós já passamos por muitas situações em que fingimos não ver, por comodidade, para evitar conflitos e, muitas vezes, por medo de ter de assumir mais responsabilidades do que as que já temos".

É interessante e necessário, porém, para esta tomada de decisão, reconhecermos honesta e sinceramente que a partir de nosso contato com o Curso, chegamos a um ponto e a um lugar em nossas vidas em que não há espaço para fingimentos, acomodações, concessões e medos. Até porque ninguém, a não ser nós mesmos, nos está cobrando nada. Não há necessidade de sermos condescendentes. Não há fiscais.

Assim, ou assumimos, por e para nós mesmos, a total responsabilidade por nós mesmos e pelo mundo que criamos ou vamos continuar a marcar passo e a viver a repetição de experiências, situações e relacionamentos que nos afastam da alegria e da paz, pressupostos básicos da felicidade a que todos aspiramos, repetindo de forma um pouco modificada aquilo a que me referi também em 2010.

E ainda como eu disse anteriormente - e vale lembrar disso para qualquer uma das ideias que praticamos até agora, bem como para todas as que o Curso ainda vai nos oferecer -, são as práticas diárias que vão nos ajudar a tomar a decisão de forma definitiva.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Posso escolher co-criar o real com Deus

LIÇÃO 19

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meus pensamentos.

1. A ideia para hoje é, obviamente, a razão pela qual tua visão não afeta só a ti. Observarás que às vezes ideias relacionadas ao modo de pensar antecedem aquelas relacionadas à percepção, enquanto que outras vezes a ordem está invertida. A razão é que a ordem não importa. Pensar e seus resultados são, de fato, simultâneos, pois causa e efeito nunca estão separados.

2. Hoje estamos enfatizando mais uma vez o fato de que as mentes são unidas. Raramente esta é uma ideia totalmente bem recebida a princípio, uma vez que ela parece trazer consigo um enorme senso de responsabilidade e pode até ser considerada uma "invasão de privacidade". Porém, é um fato que não existe nenhum pensamento privado. Apesar de tua resistência inicial a esta ideia, tu ainda compreenderás que ela tem de ser verdadeira se a salvação for possível de alguma forma. E a salvação tem de ser possível porque é a Vontade de Deus.

3. O minuto aproximado de exame mental que os exercícios de hoje pedem deve ser empreendido de olhos fechados. Primeiro, a ideia deve ser repetida e, em seguida, a mente deve ser vasculhada cuidadosamente em busca dos pensamentos que contém naquele momento. À medida que refletes a respeito de cada um, cita-o tendo em vista a pessoa ou tema central que ele contém e, mantendo-o em tua mente ao fazê-lo, dize:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos
deste pensamento sobre ___________ .

4. A esta altura, a necessidade da maior casualidade possível na escolha dos sujeitos para os períodos de prática já deve ser bastante familiar para ti e não será mais repetida a cada dia, embora venha a ser incluída como um lembrete ocasionalmente. Não te esqueças, no entanto, de que a seleção aleatória de sujeitos para todos os períodos de prática continua a ser essencial do início ao fim. A ausência de ordem a este respeito tornará, finalmente, significativo para ti o reconhecimento da ausência de ordem nos milagres.

5. Sem considerar as aplicações da ideia de hoje "de acordo com a necessidade", pede-se pelo menos três períodos de prática, diminuindo a duração do tempo envolvido se necessário. Não tentes mais do que quatro.

*

COMENTÁRIO:

Como podemos perceber até aqui, se estivemos - até agora - e se nos mantivermos atentos às práticas da forma como o Curso recomenda a cada nova lição, estamos equivocados a maior parte do tempo em relação a tudo, ou quase tudo, o que acreditamos ser verdadeiro em nosso experimentar deste mundo. Mesmo aquelas ideias aparentemente mais simples que temos só fazem acrescentar ilusões a nossa ilusão maior: a crença de que, de algum modo, estamos ou podemos estar separados de Deus.

É para que nossa atenção se volte mais uma vez para o fato de que as mentes estão e são sempre unidas que se volta a ideia que praticamos nesta quarta, dia 19 de janeiro. Uma ideia que estende e complementa a das práticas de ontem. Como disse no ano passado ao comentar esta lição, se nos aprofundarmos na reflexão da ideia de hoje, vamos chegar a perceber nela a origem do mundo e de tudo o que existe para nós. Não lhes parece assim?

E renovo o convite anterior para que pensemos bem a respeito disso.Pois, se meus [nossos] pensamentos exercem efeitos sobre tudo e todos no mundo e no próprio mundo, então não é lógico pensar que sou eu [e cada um de nós por sua vez] que o crio e modifico com meus pensamentos? Do mesmo modo que crio e aumento as ilusões, posso escolher co-criar o real com Deus e estender o amor e a alegria.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O segredo para manter a alegria da criação

LIÇÃO 18

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meu olhar.

1. A ideia de hoje é outro passo no aprendizado de que os pensamentos que dão origem ao que vês nunca são neutros ou sem importância. Ela também enfatiza a ideia de que as mentes são unidas, à qual se dará ênfase maior mais tarde.

2. A ideia de hoje não se aplica tanto ao que vês quanto ao modo como o vês. Por esta razão, os exercícios para hoje enfatizam este aspecto de tua percepção. Os três ou quatro períodos de prática que se recomenda devem ser feitos da seguinte forma:

3. Olha a tua volta, escolhendo sujeitos para a aplicação da ideia para hoje tão aleatoriamente quanto possível, e mantendo teus olhos sobre cada um deles por tempo suficiente para dizer:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de como vejo __________ .

Conclui cada período de prática repetindo a declaração mais genérica:

Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meu olhar.

Cerca de um minuto, ou até menos, será suficiente para qualquer período de prática.

*

COMENTÁRIO:

Neste dia 18 de janeiro, terça-feira, vamos voltar aos encontro do grupo de estudos de UCEM das terças.
Depois de mais de um mês desde o último encontro, é interessante que a ideia para as práticas que a lição nos oferece seja esta: a de que não estamos sozinhos ao experimentar os efeitos de nosso olhar para o mundo. Esta é uma ideia de importância fundamental pois ela enfatiza mais uma vez a responsabilidade que temos sobre tudo o que vemos. Ou sobre o modo como escolhemos ver o mundo, em função de nosso modo de pensar.

É interessante que paremos para pensar que tudo o que vemos é apenas uma projeção de nossos medos, de nossas inseguranças. Isto é, a materialização de nossas crenças, conforme disse outro dia em comentário a nossa querida Marilia. A ideia de hoje nos permite acessar O Segredo para manter a criação em seu estado natural de perfeição e alegria, o que não é pouco, não acham?

E de que forma?

De uma forma muito simples, ora. Ela confirma que não estamos sozinhos ao experimentar os efeitos de nosso olhar sobre o mundo. Se não estamos sozinhos é porque povoamos este mundo de gentes e coisas dos mais diferentes tipos e espécies. Gentes e coisas que nossa forma de olhar influencia. Gentes e coisas pelas quais somos responsáveis. Assim, se existe alguma coisa de que não gostamos no mundo precisamos fazer o quê? Eliminá-la de nosso universo? Bombardeá-la? Detoná-la? - para usar uma expressão bem popular destes dias.

Não! Não! Tudo o que temos de fazer é mudar nosso modo de olhar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um modo de abrir os olhos para os preconceitos

LIÇÃO 17

Eu não vejo nenhuma coisa neutra.

1. Esta ideia é outro passo na direção da identificação de como causa e efeito operam realmente no mundo. Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de se acreditar que é ao contrário. Não é deste modo que o mundo pensa, mas tens de aprender que é deste modo que tu pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria nenhuma causa e seria, ela mesma, a causa da realidade. Em virtude de sua natureza altamente variável, isto é muito pouco provável.

2. Ao aplicares a ideia de hoje, dize a ti mesmo, de olhos abertos:

Eu não vejo nenhuma coisa neutra porque não tenho nenhum pensamento neutro.

Em seguida, olha a tua volta fixando teu olhar sobre cada coisa que observares por tempo suficiente para dizer:

Eu não vejo um(a) ____________ neutro(a), porque meus
pensamentos sobre ____________ não são neutros.

Poderias dizer, por exemplo:

Eu não vejo uma parede neutra, porque meus
pensamentos sobre paredes não são neutros.

Eu não vejo um corpo neutro, porque meus
pensamentos sobre corpos não são neutros.

3. Como de costume, é essencial não fazer nenhuma distinção entre o que acreditas ser animado ou inanimado, agradável ou desagradável. Independente daquilo em que possas acreditar, tu não vês nada que seja verdadeiramente vivo ou alegre. Isto é porque ainda não estás ciente de qualquer pensamento realmente verdadeiro e, portanto, realmente feliz.

4. Recomenda-se três ou quatro períodos específicos de prática e pede-se não menos do que três para o máximo aproveitamento, mesmo que experimentes resistência. No entanto, se experimentares, a duração do perído de prática pode ser reduzida para menos do que o minuto aproximado que recomenda caso contrário.

*

COMENTÁRIO:

As palavras que aprendemos a usar para exprimir nosso conhecimento do mundo e para nos referirmos às coisas todas do e no mundo, seja qual for a língua em que aprendemos a usá-las, são sempre carregadas de um conteúdo emocional que, em geral, não podemos ver. Tanto é assim que palavras aparentemente comuns e simples como, por exemplo, caneta pode despertar milhões de lembranças diferentes, para o bem ou para o mal, em cada uma das pessoas a quem ela for dita.

Muitas vezes não nos damos conta do que há por trás de determinadas palavras que dizemos ou de expressões de que nos valemos para comunicar algum fato ou alguma circunstância de que fomos testemunhas. Outras, a partir da reação das pessoas com quem falamos, somos surpreendidos com a acusação de preconceituosos, de parciais, de "puxar a brasa" para nosso próprio assado ou de buscar favorecer um lado em detrimento de outro e por aí afora. Sem perceber que o preconceito vem de longe, das experiências vividas por tais pessoais com tais palavras e expressões. Outras vezes ainda somos nós mesmos a reagir "mal" a uma palavra ou expressão que ouvimos.

A ideia para as práticas nesta segunda-feira, dia 17 de janeiro, serve para nos chamar a atenção para o fato de que normalmente não somos capazes de ver as coisas de forma imparcial, neutra, sem tomar posição. Não nos ensinaram que o mundo, e as coisas nele, é neutro. Por isso não nos sentimos capazes de ver as coisa como neutras. Os nomes que damos a elas estão, como disse acima, carregados de um conteúdo emocional, que vem de muito longe no tempo, conforme o percebemos.

Não é à toa que a linguagem seja algo vivo e mude constantemente para, nalguns casos retirar a carga que determinadas palavras e expressões trouxeram consigo ao longo do tempo desde que são usadas. Por isso a importância de nossa atenção a cada uma e a toda as coisas que vamos escolher usar durante o exercício. Cada uma delas traz em si a possibilidade de nos abrir os olhos para o fato de que não existe nada no mundo a respeito de que possamos nos considerar neutros.

Como já disse anteriormente a respeito desta ideia, aprendemos desde sempre a atribuir qualidades a tudo o que vemos e até àquilo que ainda não vemos ou conhecemos, muitas vezes. Ou já não ouvimos dizer - ou nós mesmos já não dissemos - "não vi e não gostei"? Isto pode, de alguma forma, ser exemplo de neutralidade?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Um teste prático para se ver de modo diferente

LIÇÃO 16

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

1. A ideia para hoje é um passo inicial para fazer desaparecer a crença de que teus pensamentos não têm nenhum efeito. Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos. Não há nenhuma exceção para este fato. Os pensamentos não são grandes ou pequenos, poderosos ou fracos. Eles simplesmente são verdadeiros ou falsos. Os verdadeiros criam a sua própria semelhança. Os falsos o fazem à deles.

2. Não existe nenhuma noção mais contraditória do que a de "pensamentos vãos". Aquilo que dá origem à percepção de um mundo inteiro dificilmente pode ser chamado de vão. Todo pensamento que tens colabora com a verdade ou com a ilusão; ou ele estende a verdade ou multiplica ilusões. Tu, de fato, podes multiplicar o nada, mas não o estenderás ao fazê-lo.

3. Além do teu reconhecimento de que teus pensamentos nunca são vãos, a salvação pede que reconheças também que todo pensamento que tens ou traz paz ou guerra, ou amor ou medo. Um resultado neutro é impossível porque é impossível um pensamento neutro. Há uma tentação tão grande de rejeitar os pensamentos de medo como sem importância, triviais e como não merecedores de que te incomodes com eles, que é essencial que os reconheças a todos como igualmente destrutivos, mas igualmente irreais. Praticaremos esta ideia de muitas formas antes que verdadeiramente a compreendas.

4. Ao aplicares a ideia para hoje, examina tua mente por cerca de um minuto de olhos fechados e busca efetivamente não deixar passar nenhum pensamento "minúsculo" que possa ser capaz de frustrar o exame. Isto é bastante difícil até te acostumares. Descobrirás que ainda é difícil para ti não fazer distinções irreais. Todo pensamento que te ocorrer, independentemente das qualidades que atribuas a ele, é um sujeito adequado para a aplicação da ideia de hoje.

5. Nos períodos de prática, repete primeiro a ideia para ti mesmo e, depois, à medida que cada um passar por tua mente, mantêm-no na consciência enquanto dizes a ti mesmo:

Este pensamento sobre _________ não é um pensamento neutro.
Aquele pensamento sobre _________ não é um pensamento neutro.

Como de costume, utiliza a ideia de hoje sempre que tomares consciência de um pensamento em particular que desperte inquietação. Para esta finalidade, sugere-se a seguinte forma:

Este pensamento sobre ________ não é um pensamento neutro,
porque eu não tenho nenhum pensamento neutro.

6. Recomenda-se quatro ou cinco períodos de prática, se os achares relativamente fáceis. Se experimentares alguma tensão, três serão suficientes. A duração do período dos exercícios também deve ser reduzida se houver desconforto.

*

COMENTÁRIO:

É bastante comum a experiência de que alguns pratos são melhores no dia seguinte. Há inclusive as receitas de pratos que devem ser preparados na véspera, para que no dia em que forem servidos todos os seus ingredientes tenham alcançado o sabor e o efeito que se pretende. Acho que isto também acontece com os exercícios. As lições, ano após ano, adquirem novos significados, principalmente se nos deixamos envolver pelas ideias e as pomos em prática.

Tenho encontrado alguma dificuldade para trabalhar com os comentários. Não no sentido de que não me pareça possível trazer algo para o que chamar a atenção a respeito da ideia que vamos praticar. Mas apenas no sentido de que me parece que o comentário feito anterioremente foi o comentário correto para aquela lição naquele dia. E é claro que sei que cada um dos que leem a lição leem uma nova lição a cada ano. A cada leitura ela revela aspectos de nós mesmos para os quais não tínhamos dado a devida atenção.

É só por isso que vou, mais uma vez, requentar o prato "comentário" que lhes ofereci para esta lição no ano passado. Espero que seu sabor se sobressaia revelando gostos que não se mostraram na primeira vez em que foi servido. Que lhes parece? Estão dispostos a experimentar? Vamos fazê-lo juntos? Aí vai:

Ao contrário do que podemos ter sido levados a acreditar, nada daquilo que pensamos deixa de exercer alguma influência no mundo tal como o percebemos. E isto, eu diria, é mais uma evidência da veracidade da ideia que o Curso nos oferece neste domingo, 16 de janeiro. E também daquela que praticamos ontem.

É bem fácil comprovar isto. Vou lhes pedir que tentem a título de brincadeira. Um teste. Ou porque, de fato, se decidiram a levar a sério os exercícios, para aprender a olhar o mundo de forma diferente. Tomem, por exemplo, alguém, ou alguma coisa, que os(as) incomode, prestando atenção ao pensamento que está relacionado à lembrança desse alguém ou dessa coisa. Experimentem mudar esse pensamento.

Tentem de verdade se referir a esse alguém, ou a essa coisa, com um pensamento agradável, um pensamento que os(as) remeta à alegria, ao prazer, a qualquer coisa que lhes lembre tranquilidade, paz, serenidade. Façam isto por algum tempo, repetindo várias vezes o novo pensamento sempre que a pessoa ou a coisa lhes vier à cabeça.

O que acontece? Isto muda sua forma de ver ou de pensar a respeito dessa pessoa, ou dessa coisa? Não? Podem ficar certos de que essa mudança, se a decisão de mudar for mantida, vai afetar também, de forma direta, a pessoa ou a coisa a respeito da qual vocês tentaram mudar o modo de pensar.

É por esta razão que somos capazes, conforme diz o Curso, de salvar o mundo. É simples. O que não significa que é fácil. Pois vai depender da tomada de decisão de abandonar as crenças a que nos apegamos. Ou não é verdade que gostamos de ter razão, sem pensar na infelicidade que ter razão traz muitas vezes? Porque reforça a decisão de dar ouvidos ao ego e continuar julgando ao mundo e a nós mesmos.

Gostaria de lhes pedir, a quem quiser e puder, se acharem possível e resolverem experimentar a mudança sugerida como exemplo, fazer o teste, que comentassem aqui no blogue as sensações que tiveram e os resultados e a que chegaram. Se lhes parecer, é claro, que isto pode contribuir para seu/nosso aprendizado.

sábado, 15 de janeiro de 2011

As práticas nos permitem chegar ao silêncio

LIÇÃO 15

Meus pensamentos são imagens que faço.

1. É em razão de os pensamentos que pensas que pensas aparecerem como imagens que não os reconheces como nada. Tu pensas que os pensas e, por isto, pensas que os vês. É deste modo que teu "ver" foi feito. Esta é a função que dás aos olhos de teu corpo. Não é ver. É construir imagens. Toma o lugar de ver, substituindo a visão por ilusões.

2. Esta ideia introdutória ao processo de construção de imagens que chamas de ver não fará muito sentido para ti. Tu começarás a compreendê-la quanto vires pequenas bordas de luz em torno dos mesmos objetos familiares que vês agora. Isto é o começo da visão verdadeira. Podes ter certeza de que a visão verdadeira virá rapidamente quando isso acontecer.

3. Conforme prosseguirmos, poderás ter muitos "episódidos de luz". Eles poderão assumir muitas formas diferentes, algumas das quais bastante inesperadas. Não tenhas medo deles. Eles são sinais de que estás abrindo os olhos finalmente. Eles não perdurarão, porque simplesmente simbolizam a percepção verdadeira e não estão relacionados ao conhecimento. Estes exercícios não vão te revelar o conhecimento. Mas prepararão o caminho para ele.

4. Ao praticares a ideia para hoje, primeiro repete-a para ti mesmo e, depois, aplica-a a qualquer coisas que vires à volta de ti, utilizando o nome dela e deixando que teus olhos descansem sobre ela enquanto dizes:

Este(a) _______ é uma imagem que faço.
Aquele(a) ________ é uma imagem qu faço.

Não é necessário incluir um número grande de sujeitos específicos para a aplicação da ideia de hoje. É necessário, porém, continuar a olhar para cada sujeito enquanto repetes a ideia para ti mesmo. A ideia deve ser repetida bem lentamente a cada vez.

5. Embora obviamente não sejas capaz de aplicar a ideia a um número muito grande de coisas durante o minuto aproximado de prática que se recomenda, tenta tornar a seleção o mais aleatória possível. Se começares a te sentir inquieto, menos do que um minuto será suficiente para os períodos de prática. Não faças mais do que três períodos de aplicação da ideia para hoje, a menos que te sintas inteiramente à vontade com ela, e não ultrapasses quatro. Todavia, a ideia pode ser aplicada conforme a necessidade ao longo do dia.

*

COMENTÁRIO:

Acho que vale manter aqui, para a ideia que praticamos neste sábado, dia 15 de janeiro, o comentário feito no ano passado. Por isso o reproduzo ligeiramente modificado abaixo.

Com a ideia da lição de hoje começamos a tomar contato com o modo que nos foi ensinado a pensar da forma que pensamos pensar, de que modo construímos nossos pensamentos e nosso "ver". Se voltarmos à ideia da lição 7, por exemplo, será mais fácil entender o processo de que nos valemos para construir o mundo à volta de nós. Aprendemos a "ver" a partir das imagens que nos foram sendo apresentadas desde os primeiros momentos de nossas vidas. Assim, nosso "ver" se construiu, e constrói, com base nas imagens a que aprendemos a dar nomes. E é dessas imagens que se faz nosso pensamento.

Pode-se, verdadeiramente, dizer que pensamos, quando nos valemos apenas das imagens do passado, que não existe, para exprimir nossos pensamentos?

Eu diria mais uma vez que só as práticas diárias vão fornecer as bases verdadeiras para acharmos, no mais íntimo de nós mesmos, os pensamentos verdadeiros, aqueles que pensamos com Deus, n'Ele. Isto é, é preciso que tomemos a decisão de buscar a verdade a nosso próprio respeito na única Fonte que a pode dar. Em nós mesmos na Unidade com Deus.

É disto que fala Tara Singh ao dizer que não precisamos fazer nada acerca de nossos pensamentos verdadeiros. Eles já estão presentes. São os pensamentos do espírito. E as práticas, que nos permitem alcançar o silêncio, são a melhor maneira que temos para fazer desaparecerem os pensamentos que não significam nada.

É nesta direção que nossas práticas nos levam diariamente.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Para se questionar a autoria deste mundo

LIÇÃO 14

Deus não criou um mundo sem significado*.

1. A ideia para hoje é, evidentemente, a razão pela qual é impossível um mundo sem significado. Aquilo que Deus não criou não existe. E tudo o que existe existe tal qual Ele o criou. O mundo que vês não tem nada a ver com a realidade. Ele é de tua própria autoria e não existe.

2. Os exercícios para hoje devem ser praticados de olhos fechados do início ao fim. O período de exame mental deve ser curto, um minuto no máximo. Não faças mais do que três períodos de prática com a ideia de hoje, a menos que os aches agradáveis. Se achares, será porque compreendes realmente para que servem.

3. A ideia para hoje é outro passo no aprendizado de abandonar os pensamentos que escreves no mundo e ver a Palavra de Deus em lugar deles. Os passos iniciais nesta troca, que pode verdadeiramente ser chamada de salvação, podem ser bem difíceis e até bem dolorosos. Alguns deles te conduzirão diretamente ao medo. Não serás abandonado aí. Irás muito além disso. Nosso rumo é em direção à segurança e à paz perfeitas.

4. De olhos fechados, pensa em todos os horrores do mundo, que passam por tua mente. Cita cada um à medida que te ocorre e, em seguida, nega sua realidade. Deus não o criou e, portanto, ele não é real. Dize, por exemplo:

Deus não criou aquela guerra e, portanto, ela não é real.
Deus não criou aquele acidente aéreo e, portanto, ele não é real.
Deus não criou aquela calamidade [especifica] e, portanto, ela não é real.

5. Os sujeitos adequados para a aplicação da ideia de hoje também podem incluir qualquer coisa que tenhas medo que te aconteça ou a qualquer pessoa com quem estejas preocupado. Em cada caso, cita a "desventura" de forma bem específica. Não uses termos genéricos. Por exemplo, não digas "Deus não criou a doença", mas "Deus não criou o câncer", ou ataques cardíacos, ou o que quer que desperte medo em ti.

6. Isto para que olhas é teu repertório pessoal de horrores. Estas coisas são parte do mundo que tu vês. Algumas delas são ilusões compartilhadas e outras são partes de teu inferno pessoal. Não importa. Aquilo que Deus não criou só pode estar em tua própria mente separado da d'Ele. Por isso, não tem nenhum significado. Em reconhecimento deste fato, conclui os períodos de prática repetindo a ideia de hoje:

Deus não criou um mundo sem significado.

7. A ideia para hoje pode, obviamente, ser aplicada a qualquer coisa que te perturbe durante o dia, à parte dos períodos de prática. Sê muito específico ao aplicá-la. Dize:

Deus não criou um mundo sem significado. Ele
não criou [especifica a situação que está te
perturbando] e, portanto, isto não é real.

______________________
*NOTA DA TRADUÇÃO: Continua a valer a observação feita para as lições 11 e 12.


*

COMENTÁRIO:

Comecei neste ano, entre outras, a leitura de um livro de Umberto Eco, intitulado Quase a Mesma Coisa, em que ele trata de experiências de tradução. Logo no início do livro, ele fala de uma tentativa que fez de traduzir do inglês para o espanhol, com o auxílio de um programa de computador, o início do Gênesis. O resultado que ele obtém é muito engraçado de se ler e tem tudo a ver com a ideia da lição que praticamos nesta sexta-feira, dia 14 de janeiro.

Depois de todas estas lições falando a respeito do que significam e não significam as coisas que vemos, os pensamentos que temos a respeito do que vemos e os significados que damos às coisas e a nossos pensamentos a respeito das coisas, será que estamos prontos para abrir mão da ideia que este mundo é criação de Deus?

Nos exemplos de Eco, as traduções do trecho inícial do Gênesis do inglês para o espanhol e, depois, o resultado do espanhol retraduzido para o inglês, em seguida para o alemão e, por fim, para o italiano, deram em um texto sem nenhum significado coerente, ainda que as palavras estivessem ordenadas de forma lógica. Entretanto, podemos dizer que o que fica claro, e que está além da ordenação lógica das palavras ou das ideias contidas em qualquer texto, é que as palavras não servem para dar significado à experiência, Tudo o que elas podem fazer é dar-nos uma pálida noção de que em determinadas circunstâncias, em um determinado momento, nós sentimos isto ou aquilo, mas o sentimento que as palavras descrevem não é de forma nenhuma o modo que sentimos. Isto é, cada um de nós sente de forma única. Indescritível. 
 
No comentário do ano passado eu disse que esta lição trazia consigo a oportunidade de comprovarmos por nós mesmos a falta de significado do mundo que pensamos ver e ser real. Um mundo que Deus não criou. Não importa o que fomos e somos levados a acreditar. Importa que, com as práticas da ideia de hoje possamos começar a questionar nossas próprias crenças. Questionar os significados que damos ao mundo. Questionar a atribuída autoria deste mundo a Deus. E, quem sabe, perceber que aquilo que destacamos como horrores é apenas parte de nossa própria ilusão de mundo.

Para tanto, eu dizia também no comentário do ano passado, basta olharmos com um pouco de atenção para perceber claramente que, neste mundo, aquilo que é aparentemente um horror para nós é, muitas vezes, algo muito diferente para outros. As qualidades que damos às coisas todas que povoam nosso mundo não são senão projeções de nossa insegurança, de nossos medos, desejos e de nossos sonhos. Projeções das coisas que trazemos interiormente às quais classificamos deste ou daquele modo, sem nenhuma base na realidade.

Praticar a ideia de hoje pode nos permitir um pequeno vislumbre desta verdade: a de que estamos todos, ou quase todos, hipnotizados por uma grande ilusão de mundo criada coletivamente no tempo. Uma ilusão que só tem valor enquanto damos valor ao tempo. Uma ilusão que só encontra razão de ser no tempo, que não existe. Pelo menos não da maneira pela qual o concebemos. Não da maneira pela qual o experimentamos na ilusão de passado, presente e futuro como algo linear e concreto. Isto é, um passado que, de fato, existe e no qual nos apoiamos para definir o que somos. Um presente que na maior parte do tempo nos passa despercebido, porque nos ocupamos de construir, a partir do passado que nos trouxe até aqui, um futuro, que não existe e que, esperamos, seja melhor do que o passado e do que o presente.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O presente é o único tempo que existe

LIÇÃO 13

Um mundo sem significado* gera medo.

1. A ideia de hoje é, na verdade, outra forma da anterior, exceto que ela é mais específica em relação à emoção despertada. De fato, um mundo sem significado é impossível. Não existe nada sem significado. No entanto, disso não decorre que não pensarás que percebes algo que não tem nenhum significado. Ao contrário, estarás particularmente inclinado a acreditar que, de fato, o percebes.

2. O reconhecimento da falta de significado desperta profunda ansiedade em todos os separados. Ele representa uma situação em que Deus e o ego "desafiam" um ao outro para decidir de quem é o significado a ser escrito no espaço vazio que a falta de significado oferece. O ego se lança de modo frenético para estabelecer suas próprias ideias aí, com medo de que, caso não o faça, o vazio seja utilizado para demonstrar sua própria impotência e irrealidade. E somente nisto ele está correto.

3. Por isso, é essencial que aprendas a reconhecer o sem significado e a aceitá-lo sem medo. Se tiveres medo, é certo que dotarás o mundo de características que ele não possui e o atulharás de imagens que não existem. Para o ego, ilusões são dispositivos de segurança, do mesmo modo que elas também têm de ser para ti, que te equiparas ao ego.

4. Os exercícios para hoje, que devem ser feitos cerca de três ou quatro vezes por não mais do que mais ou menos um minuto no máximo, de cada vez, devem ser práticados de um modo um pouco diferente dos anteriores. De olhos fechados, repete a ideia de hoje para ti mesmo. Em seguida, abre os olhos e olha a tua volta lentamente dizendo:

Estou olhando para um mundo sem significado.

Repete esta declaração para ti mesmo enquanto olhas ao teu redor. Então, fecha os olhos e conclui com:

Um mundo sem significado gera medo porque eu penso
que estou em competição com Deus.

5. Podes achar difícil evitar algum tipo de resistência a esta declaração final. Seja qual for a forma que tal resistência possa tomar, lembra-te de que estás, de fato, com medo de tal pensamento por causa da "vingança" do "inimigo". A esta altura, não se espera que acredites na declaração e, provavelmente, a rejeitarás como absurda. Observa com muito cuidado, porém, quaisquer sinais de medo, evidentes ou dissimulados, que ela possa despertar.

6. Esta é nossa primeira tentativa de declarar uma relação explícita de causa e efeito de um tipo que estás muito inexperiente para reconhecer. Não te demores na declaração final e tenta nem mesmo pensar nela, exceto durante os períodos de prática. Neste momento isso será suficiente.

_____________________
*NOTA DE TRADUÇÃO: Valem as observação feitas para as lições 11 e 12.

*

COMENTÁRIO:

Lembram-se do comentário que fiz para a lição de 13 de janeiro de 2010?

Parece-me que vale lembrá-lo, uma vez que nós todos, ou quase todos, de uma forma geral ainda estamos aparentemente a caminho de nós tornarmos aquilo que já somos e de que esquecemos. Ou como o Curso diz que a jornada que fazemos é uma jornada sem distância. E nosso esquecimento se deu e se dá muito em função do medo que temos de enfrentar as crenças que nos foram ensinadas ao longo do tempo.

Revendo, pois, ligeiramente o que eu dizia há um ano o comentário era o seguinte: A lição deste dia 13 de janeiro começa, de forma mais contundente, a colocar "o dedo na ferida". A apontar as razões pelas quais nos apegamos às ilusões de mundo que construímos. E me faz lembrar de que o maior medo do ego, que pude observar e perceber até o presente - não apenas nos grupos de estudos de UCEM, mas em todas as circunstâncias em que alguém tem de enfrentar uma verdade que desafia seu modo de ver e de pensar o mundo -, é o de ter de abandonar suas crenças. É o de ter de se desfazer de suas ilusões. É o de perder o poder e o controle que pensa exercer sobre corpos e mentes daqueles que se acreditam apenas corpos, e que começam a despertar.

É certo que um mundo sem significado só pode gerar medo, uma vez que estamos todos, de algum modo, quer conscientes disso ou não, buscando um sentido para nossas vidas. E ouvir dizer que o mundo não tem significado pode ser uma verdadeira bofetada nas crenças que acalentamos. Tirar do mundo, e das coisas do mundo, o significado que damos a ele, e a elas... a tudo aquilo a que nos apegamos é como tirar o chão sobre o qual pisamos. Como viver, então, se aquilo em que acreditávamos, de fato, não existe? Como seguir adiante se tudo o que fazemos, na verdade, é repetir os equívocos, em função de vivermos prisioneiros das memórias e lembranças de um tempo -  o passado - que já não existe, ou de basearmos e dirigirmos nossas ações para outro tempo - o futuro - que também não existe?

Por isso, entre outras coisas, estou certo de que vale a pena continuar as práticas. Na pior das hipóteses, elas vão ensinar as formas pelas quais podemos dedicar mais e mais nossa atenção ao presente, a nós mesmos. Vão nos permitir fazer, de fato, a escolha de abandonar cada vez mais o julgamento que o mundo ensina. E a limpar nossas memórias, para agirmos no mundo a partir da inspiração do presente. O único tempo que existe.

Que lhes parece? Faz sentido?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cada um de nós pode libertar o mundo todo

LIÇÃO 12

Estou transtornado porque vejo um mundo sem significado*.

1. A importância desta ideia está no fato de que ela contém uma correção para uma distorção básica de percepção. Tu pensas que aquilo que te transtorna é um mundo assustador, ou um mundo triste, ou um mundo violento, ou um mundo doente. Todas estas características são dadas a ele por ti. O mundo em si mesmo não tem significado.

2. Estes exercícios são feitos com os olhos abertos. Olha ao teu redor, desta vez bem devagar. Tenta regular teu ritmo de forma que a passagem lenta de teu olhar de uma coisa para outra envolva um intervalo de tempo razoavelmente constante. Não permitas que o tempo da passagem se torne marcadamente mais longo ou mais curto, mas tenta, em lugar disso, manter um andamento sereno e uniforme do início ao fim. O que vês não importa. É isso que ensinas a ti mesmo quando dás a qualquer coisa sobre a qual teu olhar pouse atenção e tempo iguais. Este é um passo inicial no aprendizado de dar valor igual a todas elas.

3. Enquanto olhas ao teu redor, dize a ti mesmo:

Penso ver um mundo amedrontador, um mundo
perigoso, um mundo hostil, um mundo triste,
um mundo perverso, um mundo louco,

e assim por diante, usando quaisquer termos descritivos que te ocorrerem. Se te ocorrerem termos que parecem mais positivos do que negativos, inclui-os. Por exemplo, podes pensar em "um mundo bom", ou em "um mundo satisfatório". Se tais termos te ocorrerem usa-os juntamente com os outros. Podes não entender ainda por que estes adjetivos "amáveis" são adequados a estes exercícios, mas lembra-te de que um "mundo bom" pressupõe um "mau" e um "mundo satisfatório" pressupõe um "insatisfatório". Todos os termos que passarem por tua mente são sujeitos adequados para os exercícios de hoje. Sua qualidade aparente não importa.

4. Certifica-te de não alterares os intervalos de tempo entre as aplicações da ideia de hoje àquilo que pensas ser agradável e àquilo que pensas ser desagradável. Para os propósitos destes exercícios, não há nenhuma diferença entre eles. No final do período de prática, acrescenta:

Mas estou transtornado porque vejo um mundo sem significado.

5. Aquilo que não tem significado não é bom nem mau. Por que, então, um mundo sem significado deveria te transtornar? Se pudesses aceitar o mundo como sem significado e permitir que a verdade fosse escrita sobre ele para ti, isso te faria indescritivelmente feliz. Mas, em razão de ele ser sem significado, és impelido a escrever nele aquilo que queres que ele seja. É isto o que vês nele. É isto que não tem significado na verdade. Por baixo de tuas palavras está escrita a Palavra de Deus. A verdade te transtorna agora, mas quando tuas palavras forem apagadas, verás as d'Ele. Este é o propósito fundamental destes exercícios.

6. Três ou quatro vezes são suficientes para a prática da ideia para hoje. Os períodos de prática também não devem exceder um minuto. Podes achar até mesmo isso longo demais. Interrompe os exercícios sempre que experimentares uma sensação de inquietude.

_____________________
*NOTA DE TRADUÇÃO: Continua valendo a observação feita ontem a respeito da expressão sem significado como equivalente a sem sentido para traduzir a palavra original: meaningless.

*

COMENTÁRIO:

Para convidá-los todos a aprofundarem a reflexão a respeito da ideia que vamos praticar nesta quarta-feira, dia 12 de janeiro, ofereço-lhes uma versão requentada do comentário que fiz para a mesma lição no ano passado. Disse eu então que me parecia, naquela oportunidade, depois de vários anos de prática destes exercícios - este é o décimo primeiro -,  ser cada vez mais evidente a necessidade de fazermos uma limpeza na memória, livrando-a de tudo aquilo que faz ou fez parte de nossa história, quer de nossa história pessoal e individual, quer da história do mundo como um todo. Continuo a acreditar nisto.

E por quê? Porque, como disse também no ano passado, entre as coisas que nos diz o UCEM está uma passagem do texto que afirma que a história não existiria se não teimássemos em repetir os erros do passado. E isto é dito de um modo tão claro e tão honesto que chega a abalar as convicções do próprio ego naquilo que ele quer nos fazer acreditar. Ou seja, que temos um dever para com as tradições, para com tudo aquilo que nos foi legado pela "civilização". Que temos de manter acesa a chama do patriotismo e de todos os "ismos" que apenas semeiam e alimentam a crença na ideia da separação. Isso para citar apenas dois exemplos.

Mas, será que, valendo-nos da mesma lógica que o ego utiliza, não é possível acreditar que "toda cura é libertação do passado" [T-13.VIII.1:1]? Ou já não passamos todos por experiências que comprovam esta afirmação? Isto é, todos nós já nos encontramos em algum momento em alguma situação que pedia que libertássemos alguém [ou nós mesmos] do julgamento em que o/a mantínhamos prisioneiro(a) e, ao fazer isso, experimentamos aquela maravilhosa sensação de termos tirado um fardo muito pesado de sobre nossos ombros, um alívio, uma sensação de liberdade e alegria que mal podia ser descrita.

É disso que trata a ideia da lição de hoje. Cada um de nós pode libertar o mundo, deixando que a verdade seja escrita sobre ele, tal como ela é, e não como gostaríamos que fosse.