sábado, 29 de fevereiro de 2020

Chegar à decisão de pôr Deus em primeiro lugar


LIÇÃO 60

Estas são as ideias para a revisão de hoje:

1. (46) Deus é o Amor no qual eu perdoo.

Deus não perdoa porque Ele nunca condena. Os inocentes não podem acusar e aqueles que aceitam sua inocência não veem nada para perdoar. Contudo, o perdão é o meio pelo qual reconhecerei minha inocência. Ele é o reflexo do Amor de Deus no mundo. Ele me levará perto o bastante do Céu para que o Amor de Deus possa se inclinar para me alcançar e me elevar até Ele.

2. (47) Deus é a força na qual eu confio.

Não é com minha própria força que eu perdoo. É por meio da força de Deus em mim, da qual me lembro enquanto perdoo. À medida que começo a ver, reconheço o reflexo d'Ele na terra. Eu perdoo todas as coisas poque sinto o estímulo de Sua força em mim. E começo a me lembrar do Amor que escolhi esquecer, mas que não Se esquece de mim.

3. (48) Não há nada a temer.

Quão seguro me parecerá o mundo quando eu puder vê-lo! Ele não se assemelhará a nada do que imagino ver agora. Todos e tudo o que vejo se inclinarão para mim para me abençoar. Eu reconhecerei em cada um o meu Amigo mais querido. O que poderia existir para se temer em um mundo ao qual perdoo e que me perdoa?

4. (49) A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia.

Não há nenhum momento em que a Voz de Deus deixe de invocar meu perdão para me salvar. Não há nenhum momento em que a Voz d'Ele deixe de orientar meus pensamentos, guiar minhas ações e conduzir meus passos. Caminho decididamente em direção à verdade. Não há nenhum outro lugar para o qual eu possa ir, porque a Voz de Deus é a única Voz e o único Guia que são dados a Seu Filho.

5. (50) É o Amor de Deus que me anima.

Ao escutar a Voz de Deus, Seu Amor me anima. Ao abrir os olhos, Seu Amor ilumina o mundo para eu ver. Ao perdoar, Seu Amor me lembra de que Seu Filho é inocente. E, ao olhar para o mundo com a visão que Ele me dá, eu me lembro de que eu sou Seu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 60

Eis-nos, mais uma vez, na última lição deste primeiro período de revisão, uma lição que nos reserva alguns desafios e muitos milagres, caso já nos tenhamos decidido a aplicar em nossa vida e no dia-a-dia as verdades que o Curso traz com cada uma das ideias que praticamos. Este comentário reprisa o comentário feito a esta lição em fevereiro de 2016, o ano bissexto anterior a este 2020, bissexto também. Pareceu-me que ainda vale.

Comecemos, pois, nossa exploração de hoje: 

"Deus é o Amor no qual eu perdoo."

Esta primeira ideia com a qual devemos praticar neste dia traz em si o poder de nos fazer entrar em contato com a energia amorosa de que necessitamos para perdoar, caso estejamos com alguma coisa engasgada em nós para a qual precisamos de solução. O Curso ensina que só podemos perdoar a nós mesmos porque aquilo que pensamos que alguém fez de mal para nós, na verdade, não aconteceu. O erro que a percepção nos mostra é apenas um equívoco da percepção. Os sentidos não conseguem abarcar a realidade e confundem ilusão com verdade muitas vezes.

De que modo?

Acreditando que alguém pode fazer alguma coisa que nos prejudique, que nos magoe, que nos fira e que até nos mate [o corpo], sem nossa permissão. A segunda lei espiritual que se ensina na Índia diz: "aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido".

E esta lei se refere a absolutamente tudo. Não há exceções para ela. Ou podemos pensar que alguma coisa diferente do que aconteceu poderia ter acontecido, se aconteceu o que aconteceu e estamos tendo de lidar com o acontecido? Em absoluto! O que acontece - e que aparentemente 'nos' acontece - acontece sempre a partir de uma escolha que fizemos, mesmo quando não temos consciência disso. Nada vem a nós sem que tenhamos solicitado.

É por isso que precisamos voltar nossa consciência para o Amor de Deus, que vai permitir que nos perdoemos pela escolha que fizemos e que nos afastou da alegria e nos tirou a paz.

A segunda ideia de hoje é a ideia que pode nos dar o poder para fazer nossas escolhas sem medo, sem receio de cometer qualquer erro, porque ela nos diz que podemos contar sempre com o poder de Deus, com sua força.

Ei-la: 

"Deus é a força na qual eu confio."

Deus é o Único Poder e, por isso, a única força verdadeira que existe. É só no Poder d'Ele que podemos confiar incondicionalmente. Quando tudo vai mal, quando tudo está escuro em nossa vida, só podemos nos voltar para Ele. As respostas virão. 

A luz se apresentará na forma que for necessária para que nos livremos de qualquer situação difícil que estejamos enfrentando. Seja na forma de uma pessoa a quem somos apresentados, seja na forma de uma oportunidade nova de emprego, seja na forma de um novo relacionamento, ou do fim de um, seja na forma de uma mudança, de uma viagem ou qualquer outra, Deus Se mostrará a nós, se mantivermos nossa confiança n'Ele.

Uma forma de exercitar essa confiança é praticar com a terceira das ideias da lição de hoje: 

"Não há nada a temer."

Confiar em Deus, no divino em nós, no outro, e em tudo e todos no mundo, é saber, no fundo do coração, que "não há nada a temer".

O medo, em qualquer de suas formas, é apenas um atestado de que ainda não nos livramos da crença na separação, em que quer que acreditemos o ego. O medo só pode existir quando pensamos ser verdadeira a existência de dois poderes. Um para o bem, outro para o mal. Isto é pensar que existe uma força que pode se opor à Vontade de Deus.

Não existe!

E quanto mais aplicamos a ideia a tudo o que vivemos, convictos e conscientes da Presença de Deus como o Único Poder, tanto mais abençoados seremos com a consciência da Presença em nós, tanto mais o milagre vai fazer parte da harmonia de nossa vida diária. Pois como ensina o Curso: Milagres são naturais. Quando não ocorrem é porque alguma coisa saiu errado.

É esta certeza, esta convicção, esta confiança que pode nos levar a ser testemunhas da verdade eterna da quarta das ideias que revisamos neste dia. 

"A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia."

Não poderia ser de outra forma, uma vez que tomamos a decisão de ver de modo diferente. Quando nos dispomos a parar para praticar a lição por algum tempo como nos orienta o Curso, demonstramos a vontade de encontrar nossa identidade verdadeira em Deus.

É por isso que, à medida que vamos nos aprofundando nas práticas, somos cada vez mais capazes de deixar espaço para que a Voz por Deus nos alcance e nos diga o que fazer. Isto é tudo o que precisamos fazer. Deixar claro que queremos ouvir. Basta isso para ouvirmos.

E basta ouvirmos, confiarmos e desenvolvermos a capacidade de entregar a Deus toda a nossa vida, todas as nossas decisões, todos os nosso planos, projetos e expectativas para que Ele nos alcance e Se revele Presença de Amor e de Luz em nossos dias. Pois, 

"É o Amor de Deus que me anima."

Tudo aquilo que pensarmos, tudo aquilo que tentarmos sem contar com Deus, considerando-nos separados d'Ele, é ilusão e nos enfraquece e nos leva à culpa e ao medo em suas incontáveis formas.

Precisamos ter bem claro e presente em nossas mentes que só Deus é Força, só Deus é Poder, só Deus é Amor e que tudo o que Ele tem está a nossa disposição. Basta que o desejemos. Basta que O busquemos pôr sempre em primeiro lugar.

Praticar com a última das ideias de hoje é o que pode nos levar a tomar a decisão de ter Deus em primeiro lugar em nossa vida. Vamos fazer isto? Quando? Por que não hoje? Agora?

Às práticas?

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Sempre ensinas melhor o que mais precisas aprender


LIÇÃO 59

As seguintes ideias são para a revisão de hoje:

1. (41) Deus vai comigo aonde eu for.

Como posso estar só, se Deus sempre vai comigo? Como posso ter dúvidas e ficar inseguro de mim mesmo, se a certeza perfeita habita n'Ele? Como posso ser perturbado por qualquer coisa, se Ele descansa em mim na paz absoluta? Como posso sofrer, se o amor e a alegria me envolvem por intermédio d'Ele? Que eu não nutra ilusões acerca de mim mesmo. Eu sou perfeito porque Deus vai comigo aonde eu for.

2. (42) Deus é minha força. A visão é Sua dádiva.

Que eu não recorra a meus próprios olhos para ver hoje. Que eu esteja disposto a trocar minha ilusão lamentável de ver pela visão que é dada por Deus. A visão de Cristo é sua dádiva, e Ele a dá a mim. Que eu invoque esta dádiva hoje, para que este dia possa me ajudar a compreender a eternidade.

3. (43) Deus é minha Fonte. Separado d'Ele, não posso ver.

Posso ver aquilo que Deus quer que eu veja. Não posso ver mais nada. Além da Vontade d'Ele só existem ilusões. É isto que escolho quando penso poder ver separado d'Ele. É isto que escolho quanto tento ver com os olhos do corpo. Apesar disso, a visão de Cristo me é dada para substituí-los. É por meio desta visão que escolho ver.

4. (44) Deus é a luz na qual eu vejo.

Não posso ver na escuridão. Deus é a única luz. Por isso, se é para eu ver, tem de ser por meio d'Ele. Eu tento definir o que é ver e estou errado. Agora me é dado compreender que Deus é a luz na qual eu vejo. Que eu receba bem a visão e o mundo feliz que ela me mostrará.

5. (45) Deus é a Mente com a qual eu penso.

Não tenho nenhum pensamento que eu não compartilhe com Deus. Não tenho nenhum pensamento separado d'Ele, porque não tenho nenhuma mente separada da d'Ele. Como parte da Mente d'Ele, meus pensamentos são os d'Ele e os Pensamentos d'Ele são os meus. 

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 59

Já lhes disse certa vez - e repito agora, uma vez mais - que ouvi, não sem alguma surpresa, é claro, no primeiro disco de Raul Seixas, o Krig-ha Bandolo, se não me engano, ao final da última faixa, quando ainda se escutava vinil, uma fala de Raul que repetia várias vezes: "Deus é aquilo que me falta para compreender o que ainda não compreendo".

E é exatamente disto que vão tratar hoje as ideias que a lição oferece. Comecemos pela primeira:

"Deus vai comigo aonde eu for."

É certo que Deus vai comigo aonde eu for, mas preciso convidá-Lo. É preciso que eu queira conscientemente Sua Presença comigo. É preciso que eu não tenha medo de andar com Ele por aí, pensando que Ele pode não gostar de meus atos, ou com receio de que o que vou fazer - ou penso fazer - não O agrade e Ele possa me punir. Se eu achar que posso dispensar a companhia d'Ele*, seja lá qual for a razão, ainda assim Ele vai estar comigo, mas não vou ser capaz de perceber.

É, repetindo - como vocês já devem estar cansados de ler -, tal e qual diz Joel Goldsmith em vários de seus livros: a consciência da Presença de Deus pode aparecer - e aparece, muitas vezes, - perceptivelmente como forma, como manifestação, para satisfazer e realizar uma necessidade que temos, aonde aparentemente não havia nada. Na verdade, Deus estava lá o tempo todo e não fez nada. Foi a percepção consciente da Presença d'Ele que trouxe os resultados.

É também a consciência da Presença de Deus que vai nos fazer perceber a verdade eterna que há na segunda ideia para as práticas deste dia.

"Deus é minha força. A visão é Sua dádiva."

Como já vimos antes, Deus é o tudo de tudo. Aonde Ele está nada pode faltar. E quando O vemos, isto é, quando aceitamos e acolhemos e percebemos Sua Presença em nós, podemos ver. A consciência da Presença de Deus é a base de toda a nossa experiência de vida, é o fundamento a partir do qual podemos ver e escolher o que é real.

Tudo aquilo que aparentemente vivemos, na ilusão de que estamos separados de Deus, de que Deus está lá em algum lugar distante de nós, e que é a maior parte do tempo inacessível, não conta. Isto é, tudo aquilo que experimentamos, que não encontre eco no amor, na alegria, no poder único e na paz, não vem de Deus e é apenas ilusório.

Também é disso que vai falar a terceira ideia que revisamos hoje.

"Deus é minha Fonte. Separado d'Ele, não posso ver."

É claro que, se Deus é o tudo de tudo, Ele tem de ser a Fonte. Sendo minha Fonte e sendo Sua dádiva para mim a visão, então é óbvio também que separado d'Ele, não posso ver. Melhor dizendo, quando penso que posso estar ou ser separado de Deus, tudo o que posso ver é a ilusão que resulta da crença na separação. E, uma vez que ilusão não tem nada a ver com realidade, o que penso ver na verdade não é ver. É, como o Curso diz, projeção de imagens.

Mas o que é ver, então? Ver é, na verdade, abrir-se a uma nova perspectiva, uma perspectiva que deve se renovar a cada instante, para que sejamos capazes de oferecer a completa e total liberdade àquilo que vemos.
Alguns exemplos do que a visão nos mostraria talvez sejam o que Richard Bach escreveu no Manual do Messias em seu livro Ilusões, onde se lê, entre outras coisas:

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe.
Fazer é demonstrar que você o sabe.
Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.
A sua única obrigação em qualquer vida é ser sincero consigo mesmo.
Você ensina melhor o que mais precisa aprender.

Percebem? 

Por mais que a escuridão pareça tomar conta de nossas vidas em alguns momentos e nos julguemos incapazes de carregar o fardo que parece se ter depositado sobre nossos ombros, é a luz que vai nos mostrar o poder que trazemos em nós e que tem sua origem na única Fonte: Deus.

É com essa luz que vamos entrar em contato a partir da quarta ideia de nossas práticas com esta lição:

"Deus é a luz na qual eu vejo."

É só na luz de Deus que podemos ver o que somos realmente. Porque é só em Deus que podemos, de fato, ver. E ver significa também entrar em contato com o espírito em nós, com o ser interior que é nosso guia e que é o que somos em Deus, com Ele.

É em contato com a luz que vamos ser capazes de transformar nosso olhar de forma parecida àquela de que fala o texto de Octávio Paz a seguir:

Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim. Todas as tardes os nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano.
De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro muro, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais.
Isso que estamos vendo pela primeira vez já havíamos visto antes. Em algum lugar, no qual nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e queríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados, suspensos no meio da tarde imóvel.

Que luz vocês pensam que é essa?

É preciso que façamos algum esforço mental para entrar em contato com aquilo que somos na verdade? Para estar de acordo com o que o Curso ensina, é forçoso dizer que não. Pois ele ensina que não precisamos fazer nada. Basta que desejemos voltar a casa do Pai e reconheçamos que não sabemos nada e aceitemos entregar a Deus, à Mente em que vivemos, tudo o que somos, tudo o que queremos ser.

A quinta e última ideia desta lição é que vai nos dizer isso. 

"Deus é a Mente com a qual eu penso."

Vejamos um pequeno trecho de um livro que me salta às mãos para continuar este comentário. Diz ele:

A forma como você pensa sobre si mesmo afeta profundamente a maneira como se sente a respeito de si mesmo e de sua vida. Examinando o mundo a partir do ponto interior em si mesmo, é preciso que você passe algum tempo contemplando seu sentimento pessoal de bondade fundamental. Porque, no fundo, você sabe e sente que é basicamente bom de uma forma profunda, uma forma que vai além dos conceitos convencionais de "bom" e "mau".

Esta lição permite que você pratique encarar suas dúvidas a respeito de si mesmo, a respeito de sua bondade fundamental e a respeito da bondade fundamental dos outros. Permite que você, admitindo suas dúvidas a seu próprio respeito, possa colocá-las de lado por um tempo e pensar que no fundo, no fundo, você é essencialmente bom.

Você pode pensar em como sente carinho, ternura e afeto por outras pessoas, animais ou lugares de sua vida; como sente o afeto que recebe dos outros; de que modo ele afeta sua vida. De que maneira a bondade fundamental se manifesta sua vida? Já houve momentos, com certeza, em que você sentiu o mundo de um modo simples e genuíno? 

Esquecendo-se de noções, ideias e conceitos, esquecendo-se do que você "tem" de fazer e das obrigações: o que o faz rir ou chorar? O que produz um efeito em suas emoções? Onde está seu coração? 

Praticando as lições do modo que o Curso orienta é possível entrarmos em contato com a Mente que está por trás de nossa mente e experimentar a condição de santidade do mundo. Aí podemos dizer que estamos em sintonia com a Mente de Deus, que Ele é a Mente com que pensamos.

Às práticas?


* OBSERVAÇÃO: 

Anexo mais uma vez aqui um pequeno comentário postado nos últimos anos em função de uma leitura posterior à lição e seu comentário. Um pequeno insight resultado da prática diária, que me levou a escrever o que segue para ampliar o alcance da reflexão com as ideias para a revisão deste dia.

Em função daquilo que aprendemos a respeito de um Deus exterior, que tudo fiscaliza, tudo vê e tudo registra para nalgum momento futuro, quando chegar nossa hora de prestar contas, nos questionar e cobrar pelos nossos feitos, em geral, aprendemos a nos esquivar de Deus. Para podermos fazer livremente aquilo que queremos fazer, sem a presença de nenhum juiz. E é aí que nos enganamos.

Dizemos mentalmente: - Dá licença, Deus... vou até ali cometer um equívoco básico, julgar um bocadinho, cometer um pecadilho e já volto...

Isto significa acreditar que ainda penso existir um Deus, separado de mim e de todos nós, que desaprova ou pode desaprovar algumas das coisas que faço, ou deixo de fazer, e aprovar outras.

Isto é julgamento. É o julgamento que ainda faço de mim mesmo, limitando meu direito a coisas que julgo menos condenáveis do que outras. Limitando, por assim dizer, todas as possibilidades de viver de modo autêntico aquilo tudo que me põe em contato com a alegria de ser eu mesmo e de fazer tudo aquilo que me dá prazer e alegria.

É um julgamento que faço de Deus e de Sua criação e criaturas, a começar por mim, acreditando que há coisas reprováveis na obra de Deus.

É muito simples viver sem julgamento. Tão simples que muito poucos entre nós o conseguem, porque ainda têm suas mentes e seu modo de pensar presos à ideia de um Deus que aceita, aprova, acolhe, ama e Se estende a apenas a algumas partes de Sua própria Criação, desaprovando, rejeitando e condenando outras.

Este deus não existe. Repito: não existe este deus! Este deus é um deus criado à imagem e semelhança do ego do homem.

"Todas as coisas cooperam para o bem.", o Curso ensina.

Todas, todas, todas!

Que partes da criação queremos excluir?

Enquanto acreditarmos que há algo de reprovável, algo de condenável, na mais ínfima partícula da Criação de Deus, ainda estaremos sendo enganados pelo ego, pela falsa imagem que construímos de nós mesmos.

"Eu, eu, eu!"

Como diz um personagem de um dos livros que li recentemente, é só este "eu, eu, eu" que nos impede de nos fundirmos no Ser e de vivermos, de fato, em comunhão e unidade com aquilo que somos verdadeiramente.

Paz e bem a todos e todas vocês! 

Agora, sim! Às práticas!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Se só vemos inocência em tudo a santidade se revela


LIÇÃO 58

Estas são as ideias para revisar hoje:

1. (36) Minha santidade envolve tudo o que vejo.

É da minha santidade que nasce a percepção do mundo verdadeiro. Ao perdoar, eu não me vejo mais como culpado. Posso aceitar a inocência que é a verdade a meu respeito. Vista por meio de olhos compreensivos, a santidade do mundo é tudo o que vejo, pois só posso conceber os pensamentos que tenho acerca de mim mesmo.

2. (37) Minha santidade abençoa o mundo.

A percepção de minha santidade não abençoa só a mim. Todos e tudo o que vejo em sua luz compartilham da alegria que ela me traz. Não há nada que esteja separado desta alegria, porque não existe nada que não compartilhe minha santidade. À medida que reconheço minha santidade, a santidade do mundo também traz seu brilho para todos verem.

3. (38) Não há nada que minha santidade não possa fazer.

Minha santidade é ilimitada em seu poder de curar, porque é ilimitada em seu poder de salvar. De que mais se pode ser salvo exceto de ilusões? E o que são todas as ilusões exceto ideias falsas a respeito de mim mesmo? Minha santidade desfaz todas elas pela afirmação da verdade acerca de mim. Na presença de minha santidade, que compartilho com o Próprio Deus, todos os ídolos desaparecem.

4. (39) Minha santidade é minha salvação.

Já que minha santidade me salva de toda culpa, reconhecer minha santidade é reconhecer minha salvação. É também reconhecer a salvação do mundo. Uma vez que eu aceite minha santidade, nada pode me amedrontar. E, em razão de eu não ter medo, todos têm de compartilhar minha compreensão, que é a dádiva de Deus para mim e para o mundo.

5. (40) Eu sou abençoado como um Filho de Deus.

Aqui está minha reivindicação a todo o bem, e só ao bem. Eu sou abençoado como um Filho de Deus. Todas as coisas boas são minhas, porque Deus as destinou a mim. Não posso sofrer nenhuma perda ou privação ou dor em razão de ser Quem sou. Meu Pai me apoia, me protege e me orienta em todas as coisas. Seu cuidado por mim é infinito e está comigo para sempre. Eu sou eternamente abençoado como Seu Filho.

*

COMENTÁRIO: 

Explorando a LIÇÃO 58

Repetindo o comentário dos últimos anos quase que integralmente:

As ideias que vamos revisar neste dia tratam de nos fazer reconhecer, aceitar e aplicar nossa santidade em nosso dia, levando nossa condição natural de santos e de filhos de Deus a se transformarem na base para todas as experiências que vamos escolher em nossa vida.

Comecemos, então, pela primeira:


"Minha santidade envolve tudo o que vejo."

É assim que nos vemos normalmente? É assim que olhamos para tudo, vendo as coisas, as pessoas, as situações e tudo que as envolve, presas num abraço de nossa santidade? 

Será que de fato podemos pensar em nós mesmos como santos? 

Bem, se olho para o mundo com os olhos do corpo e me acredito separado de tudo e de todos, onde posso ver a santidade? A minha e a de todos os outros, ou a de cada um daqueles com quem meus caminhos se cruzam?

Lembremo-nos de que a santidade a que se refere o Curso não tem nenhuma relação com aquela santidade que nos foi e continua a ser ensinada pelas religiões. Antes, a santidade de que o Curso fala é exatamente nossa condição natural com Deus, na graça que recebemos d'Ele, mesmo que não tenhamos consciência dela, ainda que a maior parte do tempo nem nos demos conta de que vivemos e nos movemos em Deus.

Isso nos leva a segunda das ideias para as práticas de hoje:

"Minha santidade abençoa o mundo."

Só Deus é eternamente santo. E somos como Ele. Fomos criados a Sua imagem e semelhança. E quando nos pensamos separados d'Ele e da santidade, que é nossa condição natural, é porque estamos dando realidade à ilusão do ego que quer que acreditemos numa separação que não existe.

Deus nunca condena, porque Ele não julga. Seu Amor só pode abençoar. E, ao voltarmos nossa consciência para Ele, temos de reconhecer que somos abençoados como filhos de Deus. Somos absolutamente santos. Só podemos, pois, abençoar o mundo, a partir de nossa santidade. E vivendo em um mundo abençoado somos capazes de experimentar e viver a alegria e a paz, completas e perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós. Mais, na alegria e na paz, de posse de nossa santidade, podemos tudo.

É isso que vamos praticar com a terceira das ideias para este dia.

"Não há nada que minha santidade não possa fazer."

O Curso ensina que "o poder do desejo do Filho de Deus continua a ser a prova de que ele está errado quando se percebe impotente". É desta verdade eterna que trata esta ideia nesta lição. É preciso que reconheçamos que só quando negamos nossa filiação, quando negamos o Ser, o Divino em nós, aceitando o engano que nos oferece o mundo do ego, é que podemos pensar em nós mesmos como seres frágeis, fracos e amedrontados por um mundo cheio de perigos a nos ameaçar.

Lembremo-nos de que nada a não ser nossos pensamentos podem nos ferir. Mas lembremo-nos também de que não somos o que pensamos e de que nossos pensamentos não significam coisa alguma, a não ser que estejamos pensando com Deus e como Ele. E digo isto porque o Curso deixa claro o tempo inteiro que sempre podemos buscar descobrir nossos pensamentos verdadeiros em Deus e, assim, chegar à salvação. A nossa - a de cada um individualmente - e a do mundo inteiro.

É o que a quarta ideia que precisamos aplicar hoje vai nos mostrar:

"Minha santidade é minha salvação."

Além disso, minha santidade é também a salvação do mundo. Primeiro porque, se estou salvo, só posso ver um mundo salvo. Um mundo que Deus nunca condenou e que eu também não condeno. Um mundo que vejo com os olhos do espírito de Deus em mim e que só pode ser exatamente como é a cada momento. Uma manifestação de minha santidade. A santidade que compartilho com Deus e com todos os meus irmãos. Com todos os seres vivos e com tudo no mundo. 

Ou como diz o texto, a certa altura, quando fala da luz que trazemos conosco: 

"Mentes que são unidas e reconhecem isso não podem sentir culpa. Pois não podem atacar e se alegram por isso, vendo neste fato venturoso sua segurança. A alegria delas está na inocência que veem. Por esta razão elas a buscam, porque seu propósito é ver a inocência e se alegrarem com ela." 

E, lembremo-nos, a santidade está em ver [ou buscar ver, ou escolher ver] apenas a inocência em tudo e em todos. É isso que busco ver quando escolho abandonar o julgamento. Qualquer julgamento. É assim que sou salvo. E, salvo por minha santidade, sei que "não há nada a temer". Sei que minha condição verdadeira só pode ser expressa pela quinta e última das ideias que vamos explorar em seguida:

"Eu sou abençoado como um Filho de Deus."

Somos santos tal como somos. Aqui e agora. Somos todos abençoados e a condição de Filho de Deus não é só minha, nem de ninguém de forma exclusiva. A santidade envolve a tudo e a todos em seu abraço amoroso. Não há nada para ser acrescentado, nem nada a ser tirado de nenhum de nós. 

Isto é, mesmo aparentemente vivendo em um corpo, somos abençoados. E é a santidade que pode nos dar - e dá - poderes ilimitados e permite que, se assim desejarmos, todas as nossas ações e todos os nossos pensamentos durante nosso aparente estar-no-mundo sejam expressão e manifestação do divino. É, como já lhes disse antes, o reconhecimento e a aceitação de nossa santidade que pode, de fato, nos tornar humanos, no melhor sentido que se pode dar à humanidade. 

Às práticas?