quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Perdoar o mundo é esquecer o passado

LIÇÃO 334

Reivindico, hoje, as dádivas que o perdão dá.

1. Não vou esperar outro dia para achar os tesouros que meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos desaparecem, mesmo porque se baseiam em percepções falsas. Permite que hoje eu não aceite dádivas tão mesquinhas novamente. A Voz de Deus oferece a paz de Deus a todos que ouvem e escolhem seguí-Lo. Esta é minha escolha hoje. E, assim, vou encontrar os tesouros que Deus me dá.

2. Busco apenas o eterno. Pois Teu Filho não pode se satisfazer com nada menos do que isso. O que, então, pode servir de consolo para ele, a não ser aquilo que Tu ofereces a sua mente confusa e coração amedrontado, para lhe dar segurança e lhe trazer paz? Quero ver meu irmão sem pecado hoje. Esta é Tua Vontade para mim, pois deste modo verei minha inocência.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que o Curso nos oferece para as práticas nesta quarta-feira, dia 30 de novembro, tem a ver com tomar posse da herança de Filhos de Deus, a que temos direito natural, por ainda sermos tal qual Deus nos criou, conforme ensina o UCEM de várias maneiras e em várias ocasiões ao longo do texto e dos exercícios.


Tem a ver com o perdão, que é a forma de acessar essa herança. E perdoar o mundo é o mesmo que abandoná-lo, é abrir mão dele para ganhá-lo por inteiro, à luz da percepção verdadeira, sabendo que ele não vai durar, que ele não é eterno e não tem senão o valor que lhe damos, que é sempre temporário e variável. Por dependente da percepção que temos e que, ora nos mostra algo como útil, ora como inútil.

Perdoar o mundo, como eu já disse antes, em sintonia com o que o Curso ensina, é esquecer o passado. É entregar o mundo e seu futuro a seu próprio destino, sem qualquer intenção de controle, sem qualquer pretensão de saber ditar a ele "melhores" modos e comportamentos.

Repetindo, perdoar o mundo é reconhecer que ele não tem nada que queiramos realmente. É dar a ele apenas o valor que lhe é devido por sua impermanência, por sabe-lo passageiro e mutável, reconhecendo a diversidade apenas como aspectos diversos da mesma ilusão, que o cria e constrói a partir de pensamentos baseados na crença em uma ideia que valoriza a separação, como se ela fosse verdadeira, esquecendo-se da Unidade, de que todos somos partes.

Para nos lembrarmos de tudo isso, ofereço-lhes mais uma vez a passagem do livro Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, na qual ele nos apresenta a compreensão disto, a partir da percepção do Menino, em um trecho de uma das estórias:

"E, vindo outro dia, não no não-estar-mais-dormindo e não-estar-ainda-acordado, o Menino recebia uma claridade de juízo - feito um assopro - doce, solta. Quase como assistir às certezas lembradas por um outro; era que nem uma espécie de cinema de desconhecidos pensamentos; feito ele estivesse podendo copiar no espírito ideias de gente muito grande. Tanto, que, por aí, desapareciam, esfiapadas.

"Mas naquele raiar, ele sabia e achava: que a gente nunca podia apreciar, direito, mesmo as coisas bonitas ou boas, que aconteciam. Às vezes, porque sobrevinham depressa e inesperadamente, a gente nem estando arrumado. Ou esperadas, e então não tinham gosto de tão boas, eram só um arremedo grosseiro. Ou porque as outras coisas, as ruins, prosseguiam também, de lado e do outro, não deixando limpo lugar. Ou porque faltavam ainda outras coisas, acontecidas em diferentes ocasiões, mas que careciam de formar junto com aquelas, para o completo. Ou porque, mesmo enquanto estavam acontecendo, a gente já sabia que elas já estavam caminhando para se acabar roídas pelas horas, desmanchadas..."


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um convite para se criar o Círculo do Perdão

LIÇÃO 333

O perdão acaba com o sonho de conflito aqui.

1. O conflito tem de ser resolvido. Se quisermos nos livrar dele, não podemos evitá-lo, pô-lo de lado, negá-lo, disfarçá-lo, vê-lo em outro lugar, dar-lhe outro nome ou escondê-lo por meio de qualquer tipo de truque. Ele tem de ser visto exatamente como é, onde se pensa que ele está, na realidade que lhe foi dada e com o propósito que a mente conferiu a ele. Pois só assim suas defesas são suspensas e a verdade pode brilhar sobre ele à medida que ele desaparece.

2. Pai, o perdão é a luz que Tu escolheste para eliminar todo conflito e toda dúvida, e para iluminar o caminho de nossa volta a Ti. Nenhuma luz a não ser essa pode pôr fim a nosso sonho mau. Nenhuma luz a não ser essa pode salvar o mundo. Pois apenas essa não falhará em nada jamais, pois é Tua dádiva para Teu Filho amado.

*

COMENTÁRIO:

Mais uma vez vou repetir por inteiro um comentário a uma lição. As pequenas modificações se referem apenas a adequar o comentário à data e ao momento presente. Quer dizer, a ideia que vamos praticar nesta terça-feira, dia 29 de novembro, tem tudo a ver com o comentário que virá em seguida, e que é mesmo feito para ilustrar esta ideia no ano passado. Vejamos, pois: 


Gerald Jampolsky, um dos estudantes de UCEM de primeira hora e fundador do primeiro Center for Attitudinal Healing [Centro para Cura das Atitudes - CCA], escreveu, a partir de suas interpretações dos ensinamentos do UCEM, entre outros, um livro inteiro a respeito do perdão.

O livro se chama Perdão e vale a pena ser lido, pois traz explicações para as muitas razões pelas quais achamos difícil perdoar e ilustra os motivos por que "apegar-se a sentimentos de revanche e de vingança é uma atitude que só pode causar sofrimento". Um livro que descreve de forma clara e simples, "os motivos pelos quais [muitas vezes] nos negamos a perdoar e como a nossa mente trabalha para justificar essa atitude". O que, é claro, tem a ver com a ideia para nossas práticas de hoje.

Além do mais, a fim de ajudar a nos decidirmos pelo perdão, o livro "aponta os efeitos colaterais tóxicos causados [pela] intolerância e os males que isso pode provocar no nosso corpo e na nossa vida em geral. Mas, acima de tudo, revela-nos os incomensuráveis benefícios do perdão".

Entre as várias histórias que Jampolsky conta, "que abrem nossos corações aos milagres que acontecem quando acreditamos verdadeiramente que todas as pessoas merecem o nosso amor", está a seguinte:

"Na tribo Babemba, da África do Sul, quanto uma pessoa age de maneira injusta ou irresponsável, ela é colocada sozinha no centro da aldeia, mas não é de maneira alguma impedida de fugir.

"Todos os habitantes da aldeia param de trabalhar e formam um círculo em volta da pessoa acusada. Em seguida, cada um, independentemente de sua idade, começa a lembrar o acusado de todas as boas ações que ele praticou ao longo da vida.

"Tudo o que é lembrado sobre a pessoa em questão é descrito em pormenores. Todos os atributos positivos do acusado, suas boas ações, seus pontos fortes e generosidades são ressaltados em benefício dela. Cada pessoa do círculo faz isso de forma detalhada.

"Todos os fatos da vida dessa pessoa são expostos com o máximo de sinceridade e amor. Ninguém pode exagerar os acontecimentos e todos sabem que não podem inventar histórias. Ninguém mente nem é irônico ao fazer esse relato.

"Essa cerimônia prossegue até que todos os habitantes da aldeia tenham relembrado os feitos dessa pessoa como membro respeitado de sua comunidade. Esse procedimento pode prolongar-se por vários dias. No final, a tribo desfaz o círculo e começa uma celebração jubilosa em que a pessoa é recebida de volta à tribo.

"Pelos olhos do amor, que essa cerimônia descreve de maneira tão bela, só a reconciliação e o perdão têm lugar. Cada pessoa no círculo, bem como a pessoa colocada em seu centro, é lembrada [de] que o perdão nos dá a oportunidade de abandonar o passado e os medos do futuro. A pessoa que está no centro não é considerada uma pessoa má nem é excluída da comunidade. Em vez disso, ela é lembrada do amor que existe em seu interior e é acolhida por todos à sua volta."

É isto o que fazemos quando alguém à volta de nós age, para o nosso julgamento, nosso modo particular de ver, de maneira injusta e irresponsável? E se, mesmo que apenas na imaginação, adotássemos o hábito de criar na mente um Círculo de Perdão [o Curso nos oferece a ideia de um círculo de Expiação], no qual colocássemos todas as pessoas que, por qualquer razão, ainda nos parece difícil perdoar? É possivel! As práticas de hoje se destinam a nos ensinar a encontrar a alegria e a liberdade que só o perdão dá.

Às práticas, pois! 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tudo o que não é apenas amor não é real

LIÇÃO 332

O medo aprisiona. O perdão liberta.

1. O ego cria ilusões. A verdade desfaz seus sonhos maus, afastando-os com sua luz. A verdade nunca ataca. Ela é simplesmente. E a partir da presença dela a mente se lembra das fantasias e acorda para o real. O perdão convida esta presença a entrar e a tomar seu lugar legítimo na mente. Sem o perdão, a mente fica aprisionada, acreditando em sua própria inutilidade. Com o perdão, entretanto, a luz brilha, de fato, por entre as trevas, oferecendo-lhe esperança e lhe dá o meio para perceber claramente a liberdade que é sua herança.

2. Não queremos aprisionar o mundo novamente hoje. O medo o mantém prisioneiro. E, não obstante, Teu Amor nos dá o meio de libertá-lo. Pai, queremos libertar o mundo agor. Pois na medida em que oferecemos a liberdade ela nos é dada. E não queremos continuar a ser prisioneiros, quanto Tu nos ofereces a liberdade.

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COMENTÁRIO


Nesta segunda-feira, dias 28 de novembro o Curso nos oferece mais uma vez a oportunidade de aprender a perdoar o mundo inteiro. A de nos abraçarmos também a liberdade para nós mesmos. A de deixarmos de lado, de uma vez por todas, qualquer ideia de medo que nos aprisione. Daí o convite-pergunta: vamos aprender a libertar o mundo e, por consequência aprender a liberdade para nos mesmos, libertando-nos de toda e qualquer ideia de medo, que, por mantê-lo em um prisão, nos faz prisioneiros a todos ao mesmo tempo?

O medo não é real. Tudo o que não é amor não é real. A única realidade com a qual podemos ter contato é o amor, que é sinônimo de alegria e de liberdade. E as práticas de hoje são, de fato, uma grande oportunidade para aprendermos a viver o que é real, a única coisa que é real em nós mesmos. De que modo?


Pelo perdão. O perdão, conforme ensina o Curso, é o meio de "remover os bloqueios à consciência da presença do amor" e da verdade, que "nunca ataca" e "é simplesmente". Lembram da Introdução ao Curso?. E é o perdão o meio de que precisamos nos valer para chegarmos à liberdade, a nossa própria e a da mundo. Para tanto, é preciso, primeiro, que deixemos a verdade tomar seu lugar legítimo em nossa mente, para desfazer as trevas que nos impedem de ver a luz.

Repetindo o finalzinho do comentário feito a esta lição no ano passado, é a luz que vai permitir que cheguemos ao perdão, que abandonemos toda e qualquer condenação, de nós mesmos de quem quer que seja, e que nos libertemos, oferecendo o perdão ao mundo todo que, deste modo, se libertará conosco.

domingo, 27 de novembro de 2011

Não há conflito entre a Vontade de Deus e a nossa

12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louvo. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucrua e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas eperanças, seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

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LIÇÃO 331

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

1. Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

2. O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém.

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COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 27 de novemto, chegamos à décima segunda das quatorze instruções que o Curso nos oferece para acompanhar as práticas das lições desta segunda parte do Livro de Exercícios. A parte, como já se disse várias vezes antes, de acordo com o Curso, cujo objetivo é o de nos oferecer os meios para alcançarmos a percepção verdadeira. O tema de que trata esta instrução é: O que é o ego? E é necessário que voltemos nossa atenção para ele diariamente nos próximos dez dias. Ao menos uma vez antes da prática com a ideia para o dia.

Conforme vocês já devem ter percebido, em particular aqueles que já estão passando por este ponto pela segunda, terceira ou mais vezes, esta instrução traz informações preciosas a respeito do ego, o falso eu que quer usurpar o lugar de Deus, como nos ensina o Curso, e de seu sistema de pensamento. Ao mesmo tempo ela nos ensina a olhar além dele, para entrarmos em contato com a verdade do que somos, para nos colocarmos na posição e no lugar em que a Vontade de Deus, em Seu Amor infinito, quer que estejamos. E que é o único lugar em que podemos estar.

Vamos, pois, para tanto, às práticas com a primeira das dez ideias que as lições deste período, sob esta décima-segunda instrução, nos oferece. Uma ideia que mais uma vez busca nos ensinar o caminho para a liberdade de todos os conflitos que o sistema de pensamento do ego quer que acreditemos verdadeiros. Uma ideia que nos assegura de que não há conflito possível entre nossa vontade e a Vontade de Deus. 

sábado, 26 de novembro de 2011

Qual é o único medo de que precisamos nos livrar?

LIÇÃO 330

Não vou me ferir novamente hoje.

1. Vamos aceitar o perdão como nossa única função neste dia. Por que deveríamos atacar nossas mentes e lhes dar imagens de dor? Por que deveríamos ensinar-lhes que são impotentes, se Deus oferece Seu poder e Seu Amor e as convida a aceitarem aquilo que já é delas? A mente que se torna disposta a aceitar a dádivas de Deus é devolvida ao espírito e estende sua liberdade e sua alegria, uma vez que a Vontade de Deus está unida à vontade dela mesma. O Ser que Deus criou não pode pecar e, por isso, não pode sofrer. Vamos escolher que Ele seja nossa Identidade hoje e, deste modo, escapar para sempre de todas as coisas que o sonho de medo parece nos oferecer.

2. Pai, Teu Filho não pode ser ferido. E, se pensamos sofrer, nós apenas deixamos de conhecer nossa Identidade una, que compartilhamos Contigo. Queremos voltar para Ela hoje, para nos tornarmos livres de todos os nossos erros e para sermos salvos daquilo que pensávamos ser.

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COMENTÁRIO:

A ideia que o Curso nos oferece para as práticas deste sábado, dia 26 de novembro, pode - e vai -, a todos que desejarem e decidirem assim, ensinar a nos livrarmos para sempre da dor e do sofrimento. E é apenas pensando na forma pela qual ela nos traz tal ensinamento que vou repetir o que disse no ano passado a respeito dela.

Ela é uma ideia que nos convida a aceitarmos "o perdão como nossa única função neste dia", neste mundo. E aceitar "o perdão como nossa única função" é compreender que "o Ser que Deus criou não pode pecar" e que, se ainda somos como Deus nos criou, de acordo com o ensinamento e de acordo com várias de nossas práticas anteriores, podemos escolher voltar a nossa Identidade una com Deus a qualquer momento e, assim, pôr fim a todas as ilusões "que o sonho de medo parece nos oferecer".

Para tanto, basta que estejamos dispostos a aceitar as dádivas de Deus. Para sermos devolvidos ao espírito, para voltarmos ao contato e ao convívio, em comunhão, com o divino em nós. Para partilharmos a liberdade e a alegria, e a paz sem fim que é a Vontade de Deus para nós. E que, é claro, é também nossa própria vontade, de acordo com o que vimos nas últimas lições.

Tudo aquilo de que temos de nos livrar é apenas o medo de morrer [Um medo que é resultado da crença na separação.], conforme nos diz Cecília Meirelles em um de seus poemas: o Cântico VI:

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno. 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Só o melhor acontece ao nos voltamos para o divino

LIÇÃO 329

Eu já escolhi aquilo que Tu queres.

1. Pai, pensei que me desviava de Tua Vontade, que a desafiava, desobedecia suas leis e interpunha uma segunda vontade mais poderosa do que a Tua. Todavia, o que sou, na verdade, é apenas Tua Vontade estendida e se estendendo. Sou isto e isto nunca vai mudar. Da mesma forma que Tu és Um, eu também sou um Contigo. E escolhi isto na minha criação, quando minha vontade se tornou para sempre uma só com a Tua. Essa escolha foi feita para toda a eternidade. Ela não pode mudar para ficar em oposição a si mesma. Pai, minha vontade é a Tua. E eu estou seguro, tranquilo e sereno, em alegria sem fim, porque é Tua Vontade que seja assim.

2. Hoje aceitaremos nossa união uns com os outros e com nossa Fonte. Não temos nenhuma vontade separada da d'Ele e todos somos um porque todos compartilhamos a Vontade d'Ele. A partir dela descobrimos, enfim, nosso caminho para Deus.

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COMENTÁRIO:

Nesta sexta-feira, dia 25 de novembro, vamos afirmar que queremos estar - e que acreditamos estar - em sintonia com a Vontade de Deus para nós. Vamos nos abrir à ideia de que nossa vontade e a d'Ele são uma só, conforme nos ensina o Curso e conforme já vimos muitas vezes antes. Já escolhemos o que queremos e queremos apenas aquilo que Deus quer, mesmo que não tenhamos consciência disso a maior parte do tempo.


Como eu disse no ano passado, nossa maior dificuldade, quando se trata de escolher entre ilusão e realidade está em achar que alguma das formas da ilusão tem valor [vejam, por favor, o texto O amigo indicado, no capítulo 26 do livro]. Isto nos leva a tentar dar realidade às ilusões. Essa tentativa está fadada ao fracasso, uma vez que nada pode dar realidade àquilo que não tem realidade. Esta ideia, aliás, foi tema de um dos exercícios da primeira parte. Lembram?


O Curso ensina, entre outras coisas, que não podemos ter certeza de nada daquilo que vemos fora de nós, mas podemos ficar certos de que, ao nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo, pelo divino em nós, oferecendo-Lhe um lugar de descanso, é n'Ele que vamos descansar.


Dizendo de outra forma, para nos valermos também das ideias de duas lições recentes, tudo o que o Espírito Santo nos pede é que nos deixemos conduzir, que escolhamos ser o segundo [Deus está em primeiro, sempre], pois, de verdade, não sabemos o que é melhor para nós em praticamente nenhuma circunstância. Será competir pelo primeiro lugar? Lembremo-nos de que tudo é sempre entre nós e Deus. Daí, muitas vezes, nós mesmos questionarmos as decisões que acabáramos de tomar. Ou de termos dúvidas quanto à decisão a ser tomada.


Os sentidos, de que nos valemos para traçar os caminhos que vamos trilhar neste mundo, não conseguem ver, tocar, cheirar, saborear ou ouvir a realidade. A lógica do sistema de pensamento do ego [o falso eu] não é suficiente para abarcar todos os aspectos de um fato qualquer. Racionalizar serve para nos dar uma indicação de um caminho provável em função dos dados que determinada situação nos mostra, mas apenas para isso. Quando nos entregamos ao Ser, voltando-nos para o divino dentro de nós mesmos, só o melhor pode acontecer. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eliminando quaisquer necessidades de competição

LIÇÃO 328

Escolho o segundo lugar para ganhar o primeiro.

1. Aquilo que parece ser o segundo lugar é o primeiro, porque todas as coisas que percebemos estão de cabeça para baixo até escutarmos a Voz por Deus. Parece que só ganharemos autonomia pela nossa luta para sermos separados, e que nossa independência do restante da criação de Deus é o modo pelo qual se alcança a salvação. Porém, tudo o que encontramos é doença, sofrimento e perda e morte. Isso não é o que nosso Pai quer para nós, e nem existe nenhum segundo para a Vontade de d'Ele. Unir-nos à Vontade d'Ele é apenas achar nossa própria vontade. E, uma vez que nossa vontade é a d'Ele, é a Ele que temos de recorrer para reconhecer nossa vontade.

2. Não existe nenhuma vontade senão a Tua. E fico contente de que nada do que imagino contradiga aquilo que Tu queres que eu seja. É Tua Vontade que eu esteja completamente seguro, eternamente em paz. E compartilho com alegria esta Vontade que Tu, meu Pai, me deste como parte de mim.

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COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 24 de novembro, o Curso nos oferece para as práticas uma ideia que, de certo modo, complementa e amplia a ideia que praticamos no último domingo: Eu apenas sigo, pois não quero conduzir. Conforme eu disse ao comentar a ideia, se não me engano, ela nos oferece a fórmula para fazer calar o falso eu, deixando em nossas mãos a decisão de entregar ao Espírito Santo, ao divino em nós, a responsabilidade por toda e qualquer escolha que fizermos. E, se aprendermos a sempre escolher em sintonia com o Espírito Santo, quais serão as chances de que alguma coisa saia errado?


Como penso ter dito também tanto a ideia para as práticas de hoje quanto a das práticas de domingo, são modos diferentes de ratificar o "eu não preciso fazer nada" que o Curso ensina. Para "apenas seguir", precisamos abrir mão do "conduzir", isto é, da necessidade obsessiva de controle do falso eu. É apenas esta aparente necessidade de controle do falso eu que nos impede de ver o que somos na verdade. Pois como o Curso não cansa de repetir sempre fomos, continuamos a ser e seremos eternamente aquilo que pensamos buscar. 


A ideia de que nalgum momento houve uma separação, ou a crença de que estamos de algum modo separados de Deus e uns dos outros é tão somente um equívoco. Pois nunca houve um tempo em que Deus Se separou de nós. Ele não nos abandonou a uma sorte que não sabemos qual será. O contrário é a verdade. Ele está, sempre esteve e sempre estará conosco, em nós. E nós n'Ele.


Na verdade, reconhecer, acolher, aceitar e ser grato por poder pôr em prática a ideia que o Curso nos oferece hoje é tudo o que precisamos fazer para aprender que não precisamos, de fato, fazer nada. Até porque, conforme já disse várias, de acordo com o que o Curso ensina, não há nada fora de nós. E ser o segundo em Deus elimina qualquer necessidade de competir por qualquer outra posição. Aliás, aceitar ser o segundo, praticar para ser o segundo em e com Deus nos põe diretamente na posição de primeiro, pois nos coloca direto na unidade.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Não é preciso fazer nada. Basta deixar para Deus.

LIÇÃO 327

Só preciso chamar e Tu me responderás.

1. Não se pede de mim que aceite a salvação com base em uma fé insustentável. Pois Deus garante que Ele ouvirá meu chamado e que Ele Mesmo responderá. Deixa apenas que eu aprenda de minha experiência que isso é verdadeiro e a fé n'Ele tem de vir a mim com certeza. Essa é a fé que irá durar e que me levará cada vez mais adiante pela estrada que conduz a Ele. Pois, deste modo, ficarei certo de que Ele não vai me abandonar e de que ainda me ama, e de que espera apenas meu chamado para me dar toda a ajuda de que preciso para chegar até Ele.

2. Pai, eu Te agradeço porque Tuas promessas nunca falharão em minha experiência, se eu apenas testá-las. Permite, portanto, que eu tente testá-las e que não as julgue. Tua Palavra é uma só Contigo. Tu dás o meio a partir do qual a convicção vem, e a certeza da qual se ganha, enfim, Teu Amor duradouro.

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COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar nesta quarta-feira, dia 23 de novembro é: Só preciso chamar e Tu responderás. Uma ideia extremamente poderosa e que pode servir de grande ajuda em tudo. Uma ajuda que, de fato, não precisamos nem pedir, se, em função das práticas deste último domingo, já tivermos aceitado a ideia de nos deixarmos conduzir por Deus em tudo e para tudo. 


Em geral, andamos pelo mundo esquecidos de Deus a maior parte do tempo, hipnotizados pela quantidade de coisas de que nos ocupamos em nosso dia a dia. Ou completamente absorvidos por milhares de pensamentos a respeito de deveres e afazeres que - dizemos - não vamos chegar a completar por falta de tempo. Muitos dizem que o tempo mudou. Tudo está passando mais e mais depressa. Já não há tempo para Deus. 

No entanto, quando as coisas apertam de maneira irremediável, todos se voltam para Deus, voltam a lembrar que aprenderam que voltar-se para Deus sempre ajuda. Principalmente quando nos encontramos em uma situação em que não há nada que possamos fazer por nós mesmos. Sozinhos. Ora, é neste momento que lembramos de entregar o controle. Isto é, é neste momento que abrimos mão da intenção de conduzir. 


E isto basta! Lembram-se de que o Curso ensina que não é preciso fazer nada? Pois bem, tudo o que este não fazer nada quer dizer é apenas isto: é preciso que tomemos a decisão de não atrapalhar o plano de Deus para a nossa própria salvação. Basta que deixemos tudo a cargo d'Ele e tudo vai dar certo.



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Passando ao largo das questões deste mundo

LIÇÃO 326

Sou um Efeito de Deus para sempre.

1. Pai, fui criado em Tua Mente, um Pensamento santo que nunca deixou seu lar. Sou Teu Efeito para sempre e Tu és minha Causa para todo o sempre. Continuo a ser tal qual Tu me criaste. Ainda habito o lugar em que Tu me puseste. E todos os Teus atributos moram em mim, porque é Tua Vontade ter um Filho tão semelhante a sua Causa, que a Causa e Seu Efeito são indistinguíveis. Deixa-me saber que sou um Efeito de Deus e que, por isso, tenho o poder de criar do mesmo modo que Tu. E que é assim tanto no Céu quanto na terra. Sigo Teu plano aqui e sei que no fim Tu reunirás Teus efeitos no Céu sossegado de Teu Amor, onde a terra se desvanecerá e todos os pensamentos separados se unirão na glória na condição de Filho de Deus.

2. Vejamos a terra desaparecer hoje, primeiramente transformada e, em seguida, perdoada, inteiramente desvanecida na Vontade santa de Deus.

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COMENTÁRIO:

A lição para as práticas desta terça-feira, dia 22 de novembro, nos oferece a ideia de que somos, para sempre, um efeito de Deus. Uma ideia que passa ao largo das questões da ciência e das religiões, ou de quaisquer questões mundanas, pois ensina a nos considerarmos efeitos da Causa Primeira, efeitos de Deus, Pensamentos d'Ele, que criam da mesma forma que Ele.


Não há razão alguma para se pensar que quaisquer questões que o mundo imponha aparentemente se refiram à verdade, de alguma foram. A verdade de que o Curso fala está acima que qualquer questão. Além do mais, todas as dúvidas, que as questões traduzem, se referem apenas à ilusão, uma vez que nada neste mundo é real. Ou alguém conhece alguma coisa neste mundo que vá durar para sempre?


Quando o falso eu em nós nos leva a perguntar: mas como foi que tudo começou? Ou quando é que houve a separação? ele está apenas tentando se convencer - e, por conseguinte, nos convencer - de houve de fato uma separação em algum momento. Se nos lembrarmos, porém, de que o tempo também não é real e não existe, a não ser como expressão da ilusão de que estamos passando por ele, seremos capazes de perceber que essas perguntas não fazem sentido. E que tudo o que elas buscam fazer é reforçar em nós a crença em uma separação que nunca aconteceu. Uma separação que não pode acontecer e que não acontecerá jamais. Pois como ensina a lição para as práticas de hoje, aquilo que somos somos para sempre. E para toda a eternidade somos tão somente um efeito de Deus.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tomar a decisão de viver apenas o presente

LIÇÃO 325

Todas as coisas que penso ver refletem ideias.

1. Este é o princípio fundamental da salvação: o que vejo reflete um processo em minha mente, que começa com minha ideia do que quero. A partir disso, a mente constrói uma imagem da coisa que deseja, julga favorável e, portanto, busca encontrar. Essas imagens são, em seguida, projetadas para fora, examinadas, consideradas reais e preservadas como pessoais. Dos desejos loucos, surge um mundo louco. Do julgamento, surge um mundo condenado. E, de pensamentos de perdão, surge um mundo pacífico, misericordioso para com o Filho de Deus, para lhe oferecer um lar benigno no qual ele possa descansar por um momento antes de seguir adiante, para ajudar seus irmãos a andarem para frente com ele e encontrarem o caminho para o Céu e para Deus.

2. Pai Nosso, Tuas ideias refletem a verdade, e as minhas, separadas das Tuas, apenas inventam sonhos. Deixa-me ver apenas aquilo que reflete Tuas ideias, pois as Tuas, e só as Tuas, estabelecem a verdade.

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COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar nesta segunda-feira, dia 21 de novembro, é a revelação do modo de que nos valemos para "aparentemente" criar este mundo. Ou será que algum de nós acredita que tudo aquilo que vê existe na forma que se apresenta a ela e é real daquela forma? Será que já não nos passou pela cabeça o fato de que o que vemos pode não ser exatamente como vemos? A descoberta de que outros veem de modo diferente do nosso não é suficiente para pôr em dúvida a pretensa certeza de que aquilo que vemos só pode ser da forma que vemos? 


Ora, não há como não pensar no que a ideia nos sugere para as práticas. E, se pensarmos bem, conforme já vimos lá nas primeiras lições deste Curso, na sétima lição, por exemplo, havemos de concordar que raras vezes temos contato com o real, com o verdadeiro, uma vez que só vemos o passado. É por isso que poucos de nós conseguem, de fato, compreender o ensinamento do Curso. É por isso também que muito poucos de nós são capazes de se abrir por inteiro à mensagem que ele nos oferece. 


Para tanto, é necessário abrir mão de todas as nossas crenças. É preciso que estejamos dispostos a reformular todos os conceitos que temos, de nós mesmos, dos outros, da vida e do significado deste mundo. É preciso que tomemos a decisão de viver apenas o presente. O agora. Pois, também como o ensina o Curso, não há nenhum outro tempo.


Só quando estivermos dispostos a abandonar tudo aquilo que o mundo nos oferece, abrindo mão de nossas ideias e crenças, construídas a partir de uma lógica que considera verdadeiro e certo apenas aquilo que vemos do modo que vemos, é que vamos ser capazes de deixar de lado quaisquer certezas, para buscar a sintonia com os Pensamentos de Deus. Aí vamos ser capazes também de abandonar nossa identificação com um corpo para experimentar viver a paz que só o perdão ao mundo, e a nós mesmos, pode oferecer. 

domingo, 20 de novembro de 2011

Como encontrar nosso exato lugar no universo?

LIÇÃO 324

Eu apenas sigo, pois não quero conduzir.

1. Pai, Tu és Aquele Que me deu o plano para minha salvação. Tu estabeleceste o caminho que devo seguir, o papel que devo assumir e todos os passos do caminho designado para mim. Eu não posso me perder. Só posso escolher me desviar por algum tempo e depois voltar. Tua Voz amorosa sempre vai me chamar de volta e guiar meus passos corretamente. Todos os meus meus irmãos podem seguir pelo caminho que lhes indico. No entanto, eu apenas sigo no caminho que leva a Ti, conforme Tu me orientas e queres que eu siga.

2. Sigamos, pois, Aquele Que conhece o caminho. Não precisamos hesitar porque não podemos nos perder de Sua Mão amorosa exceto por um instante. Caminhamos juntos porque O seguimos. E é Ele que torna certo o final e garante um volta segura para casa.

*

COMENTÁRIO:

Desculpem-me, mas preciso repetir o comentário feito a esta lição no ano passado. Digam-me depois, por favor, se quiserem, se ele é ou não pertinente. Vejamos o que eu disse, então.


O maior - ou um dos maiores - equívocos que podemos cometer em relação ao fato de sermos responsáveis por tudo aquilo que nos chega à consciência, durante o tempo em que vivemos neste mundo, é acreditar que o livre arbítrio nos dá o poder para desafiar a Vontade Deus e criar um plano diferente do d'Ele para a salvação. Acreditar que, porque temos - e, de fato, temos - todo o poder que Ele nos dá, sem limites, a não ser aqueles limites que nós mesmos nos impomos, somos capazes de inventar um plano melhor do que o de Deus para nossa própria salvação, e para a salvação do mundo inteiro, é um enorme equívoco.

É para curar este equívoco que o Curso nos oferece para as práticas deste domingo, 20 de novembro, a ideia: Eu apenas sigo, pois não quero conduzir. Só o ego pode ter a pretensão de querer, e de se acreditar capaz de, conduzir. E é só dando ouvidos a ele que podemos nos desviar do caminho estabelecido por Deus para vivermos a alegria e a paz perfeitas: a condição natural de todos os Seus Filhos.

Quantas vezes já nos equivocamos ao escolher um caminho? Quantas vezes já nos deparamos com a dor e com o sofrimento após tomar alguma decisão a partir da ideia de onipotência egóica? Como se, de verdade, soubéssemos de alguma coisa! Quantas vezes mais vai ser preciso que erremos, até ficarmos prontos para tomar a única decisão que pode nos livrar de todas as ilusões do mundo? A decisão de seguir pelos caminhos que Deus nos indica, sem receio, sem temor, sem hesitação, pois Ele, sim, sabe o que queremos. E sabe e põe a nossa disposição o tempo inteiro, amorosamente, tudo aquilo de que precisamos.

É por esta razão que podemos dar crédito, sem sombra de dúvida, ao que nos diz Francis Utéza, em texto de livro que leio no momento. Diz ele que, de acordo com os ensinamentos taoistas, "... o homem só encontra seu exato lugar na imensa espiral do universo se deixar sua vontade acompanhar as forças cósmicas que regem o movimento". Isto, para mim, significa dizer deixar-se conduzir. E para vocês?

sábado, 19 de novembro de 2011

"Tudo o que está escrito tem constante reforma."

LIÇÃO 323

Faço o "sacrifício" do medo com alegria.

1. Eis aqui o único "sacrifício" que Tu pedes a Teu Filho amado: pedes que ele desista de todo o sofrimento, de toda a sensação de perda e de tristeza, de toda ansiedade e dúvida e permita livremente que Teu Amor venha a se derramar em sua consciência, curando-o da dor e lhe dando Tua Própria alegria eterna. É este o "sacrifício" que Tu me pedes e ele é um que faço com prazer; o único "custo" do restabelecimento de Tua memória em mim, para a salvação do mundo.

2. E, quando pagamos a dívida que temos para com a verdade - uma dívida que é apenas o abandono dos auto-enganos e das imagens que adorávamos falsamente -, a verdade volta para nós na integridade e na alegria. Não somos mais enganados. O amor volta então a nossa consciência. E ficamos em paz mais uma vez, pois o medo se foi e só o amor permanece.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 19 de novembro, a ideia que praticamos nos coloca em contato com uma verdade inegável: a de que todos nós abriríamos mão do medo, de qualquer medo, com alegria. Pois não há ninguém que, de modo consciente goste ou queira viver com medo, sentir medo do que quer que seja. Ou estou enganado?


Outro dia li em um caminhão um daqueles ditados que quase sempre nos surpreendem por revelar uma verdade para a qual ainda não tínhamos dado a devida atenção. Dizia algo parecido com: "Quem não tem tempo para Deus desperdiça todo o tempo".


É algo para se pensar, não? Pois em nossa atribulação nos dias que vivemos vamos sempre deixando para pensar em Deus mais adiante. Dizemos: - amanhã ou depois. Ou fazemos planos para quando as coisas ficarem mais claras e fáceis. Ou, na pior das hipóteses, voltamo-nos para Deus, quando alguma coisa terrível nos força a fazê-lo, porque incapazes de entender ou resolver a situação que se apresentou, sem que soubéssemos por quê.


Aí vale a pena voltar ao comentário do ano passado em que demos espaço, mais uma vez, para a fala do jagunço Riobaldo, do Grande Sertão: Veredas, que diz a respeito:

"Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa - a inteira - cujo significado e vislumbre dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondida e vivível, mas não achável, do verdadeiro viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel."

Melhor ainda é ouvir o que ele nos diz a respeito da responsabilidade que temos pelas mudanças que queremos em nossas vidas, a "reforma" que julgamos necessária, complementando a ideia da fala acima:


" Lei é asada é para as estrelas. Quem sabe, tudo o que já está escrito tem constante reforma - mas que a gente não sabe em que rumo está - em bem ou mal, todo-o-tempo reformando?"


Será, como perguntei antes, que tudo isso não é uma forma de dizer que estejamos aonde quer que estejamos aí é o lugar certo para nós? Ou de dizer que façamos o que quer que façamos - ou deixemos de fazer - esta é a ação correta? Pode-se pensar também que as ideias que Riobaldo nos apresenta revelam de forma clara aquilo que já aprendemos no Curso: Só o plano de Deus para a salvação funcionará [Lição 71]. Ou: Não há nada a temer [LIção 48].