quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Abandonar o velho para viver apenas o presente

LIÇÃO 243

Não julgarei nada do que acontecer hoje.

1. Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei aquilo que tem de permanecer além de minha compreensão atual. Não pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos de minha percepção, que são tudo o que posso ver. Reconheço hoje que isto é verdadeiro. E, por esta razão, fico desobrigado de julgamentos que não posso fazer. Deste modo, eu me liberto e liberto àquilo que vejo para ficar em paz tal como Deus nos criou.

2. Pai, hoje deixo a criação livre para ser ela mesma. Aceito todas as suas partes, nas quais me incluo. Somos um só porque cada parte contém a memória de Ti e porque a verdade tem de brilhar em todos nós como um só.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para as práticas desta quarta-feira, dia 31 de agosto, como eu disse no comentário desta mesma lição no ano passado, remete imediatamente à lição de número 132: Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que ele fosse. Uma lição de importância muito grande para a meta do desaprender aquilo que o mundo nos ensina, que praticamos durante os exercícios da primeira parte deste Livro de Exercícios.

Lembremo-nos, para reforçar o aprendizado, que o tema que orienta nossas práticas atuais é: O que é o mundo? Uma pergunta que se justifica porque, de verdade, se formos honestos para com nós mesmos, não sabemos o que ele é. E temos sérias dúvidas acerca do que somos, não é mesmo?

Então, como eu dizia também no comentário do ano passado, como aprender ou apreender o significado do mundo, enquanto o mantemos preso a conceitos e pré-conceitos, baseados apenas na experiência de nossas percepções individuais, que mudam tantas vezes quantas mudam as posições de um ponteiro que marca os segundos em um relógio? (Alguém ainda lembra como é um relógio com ponteiros, rsrsrsrs?).

A verdade é que, se, de fato, prestamos atenção às práticas da primeira parte, aprendemos que elas se destinavam a nos oferecer instrumentos e ideias para que desaprêndessemos os conceitos e pré-conceitos do sistema de pensamento que recebemos do e no mundo [do ego, do falso eu], que aprendemos ao longo do tempo. E que continuamos e continuaremos a aprender enquanto ainda influenciados por aquele sistema, vivendo esta experiência, neste mundo.

Ora, repito, o desaprender de um sistema de pensamento por si só pode facilitar o aprendizado de outro [ou preparar para um salto a uma consciência mais abrangente]. É mais ou menos como aquela historinha zen, se vocês lembram, uma xícara cheia não pode receber mais chá do que sua capacidade, não importa o quanto continuemos a vertê-lo. Para colocar chá novo e quente é necessário esvaziá-la primeiro.

Lembremo-nos de que a ideia que praticamos hoje também tem a ver com a exortação de Jesus a que voltemos a ser como as criancinhas, não no sentido de uma regressão a um estado infantil, mas no sentido de se poder experimentar o mundo e as coisas do mundo sempre como se fora a primeira vez.

As criancinhas não têm nenhum pré-conceito. Olham para o mundo com os olhos da inocência. E conseguem se maravilhar com as coisas mais simples, que nós já reputamos corriqueiras. A xícara de sua inteligência continua a se esvaziar depois de cada experiência. E as deixam prontas para receberem o chá da sabedoria e da informação que se lhes apresente. O tempo não tem significado para elas. Seu maravilhar-se com a vida e com as formas que a vida lhes revela é sempre novo. E se renova a cada instante, a cada experiência, a cada descoberta.

O segredo [se é que existe algum] de que nos esquecemos - por acumularmos conceitos e pré-conceitos ao longo de nossa jornada, sem os descartamos a cada passo na direção do novo - é a prontidão que as crianças têm para aprender. A capacidade que elas têm de se entregarem à experiência, à brincadeira presente, sem reservas. A capacidade de abandonar o que aprenderam anteriormente, a brincadeira anterior, para viverem apenas a do momento. E, como o Curso ensina, elas sabem naturalmente que não precisam fazer nada. Basta ser!

É a isso que as práticas de hoje, feitas de forma honesta e aberta, podem, mais uma vez, nos conduzir.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Só podemos nos encontrar nos relacionamentos

LIÇÃO 242

Este dia é de Deus. É meu presente a Ele.

1. Não conduzirei minha vida sozinho hoje. Eu não compreendo o mundo e, por isto, tentar conduzir minha vida sozinho só pode ser tolice. Mas há Alguém Que conhece tudo o que é melhor para mim. E Ele está contente em não fazer nenhuma escolha por mim, a não ser aquelas que levam a Deus. Dou este dia a Ele, pois não quero atrasar minha volta ao lar e é Ele Quem conhece o caminho para Deus.

2. E, então, Te damos o dia de hoje. Vimos com mentes inteiramente abertas. Não pedimos nada do que podemos pensar querer. Dá-nos aquilo que Tu queres que recebamos. Tu conheces todos os nossos desejos e todas as nossas necessidades. E Tu nos darás tudo aquilo de que precisamos para nos ajudar a encontrar o caminho para Ti.

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COMENTÁRIO:

Comecemos nossas práticas nesta terça-feira, dia 30 de agosto, dando as boas vindas a mais uma pessoa que se junta a nós na busca do autoconhecimento. Vamos aproveitar para lhe dizer que, assim como ele, nós também não compreendemos o mundo. Aliás, é na direção disto, isto do reconhecimento disto, como passo inicial para a compreensão, que nos orienta este terceiro tema, O que é o mundo?, que unifica as práticas das próximas dez lições que iniciamos ontem.

Bem-vindo, Douglas. Fique à vontade, por favor, para se manifestar, oferecendo a nós todos, sempre que julgar necessário e adequado, sua experiência no contato com o UCEM e suas práticas. Pois, como a lição nos diz hoje, é tolice tentarmos conduzir nossas vidas sozinhos, uma vez que só podemos nos encontrar no relacionamento com o outro.

Ao reconhecer isto, eu dizia no ano passado, tornamo-nos capazes de abrir nossas mentes por completo, para que o Espírito Santo atue em nós, curando nossos relacionamentos, para que possamos ser conduzidos de volta a casa, perdoados, por termos perdoado a tudo e a todos. Aí podemos voltar a nosso lar em Deus, onde encontraremos novamente o Ser que buscamos esquecer - e que, de fato, esquecemos - enquanto brincávamos de acreditar na ideia da separação.

Podemos, pois, com nossas práticas, oferecer este dia a Deus com serenidade, preparando-nos para desfrutar de Sua alegria e de Sua paz completas, pois compreendemos, por fim, que nossa vontade e a Vontade d'Ele são a mesma.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Libertando o mundo da percepção equivocada


 3. O que é o mundo?

1. O mundo é percepção equivocada. Ele nasce do erro e não abandona sua fonte. Ele não continuará a existir quando o pensamento que lhe deu origem deixar de ser apreciado. Quando a ideia de separação se transformar em um pensamento de perdão verdadeiro, o mundo será visto sob outra luz; e uma luz que leva à verdade, na qual o mundo inteiro tem de desaparecer e todos os seus erros sumirem. Como consequência disto, sua fonte desaparece e seus efeitos também.

2. O mundo foi feito como um ataque a Deus. Ele simboliza o medo. E o que é o medo exceto ausência de amor? Desta forma o mundo tinha por objetivo ser um lugar aonde Deus não pudesse entrar, e onde Seu Filho pudesse estar separado d'Ele. A percepção nasceu aqui, pois o conhecimento não poderia produzir tais pensamentos insanos. Mas os olhos enganam e os ouvidos escutam de forma errada. Então, os erros se tornam bem possíveis, pois a certeza desaparece.

3. Em seu lugar nasceram os mecanismos da ilusão. E, agora, eles partem para encontrar o que lhes cabe buscar. Seu objetivo é servir à finalidade para a qual o mundo foi feito para testemunhar e tornar verdadeira. Eles veem, em suas ilusões, apenas uma base sólida na qual a verdade existe, mantida ao lado das mentiras. Porém, tudo o que elas informam é só ilusão que é mantida ao lado da verdade.

4. Do mesmo modo que a vista foi feita para conduzir para longe da verdade, ela pode ser reorientada. Os sons se tornam o chamado por Deus e toda percepção pode receber uma nova finalidade d'Aquele a Quem Deus nomeou Salvador do mundo. Segue Sua luz e vê o mundo da forma que Ele vê. Ouve só a Voz d'Ele em tudo o que fala a ti. E deixa Ele te dar a paz e a certeza que jogaste fora, mas que o Céu preserva n'Ele para ti.

5. Não nos acomodemos até que o mundo se junte a nossa percepção transformada. Não nos demos por satisfeitos até que o perdão se torne total. E não tentemos mudar nossa função. Temos de salvar o mundo. Pois nós, que o fizemos, temos de vê-lo pelos olhos de Cristo, para que aquilo que foi feito para morrer possa ser devolvido à vida eterna.

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LIÇÃO 241

A salvação chegou neste instante santo.

1. Quanta alegria há hoje! É um momento de celebração especial. Pois o dia de hoje oferece ao mundo sombrio o instante em que se dá sua liberação. Chegou o dia em que a tristeza acaba e a dor desaparece. Hoje a glória da salvação desponta sobre um mundo liberto. Este é o momento da esperança para incontáveis milhões. Eles serão reunidos agora à medida que os perdoas a todos. Pois hoje serei perdoado por ti.

2. Nós nos perdoamos uns aos outros agora e, por isto, chegamos finalmente a Ti mais uma vez. Pai, Teu Filho, que nunca partiu, volta ao Céu e a seu lar. Quão alegres estamos por ter de volta nossa sanidade e por lembrar que somos todos um só.

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COMENTÁRIO:

Vamos receber nesta segunda-feira, dia 29 de agosto, a terceira das instruçôes desta segunda parte do livro de exercícios, dada para as práticas das próximas dez lições. O tema que o Curso nos oferece desta vez é: O que é o mundo?

Reforçando a orientação que recebemos no início desta segunda parte, é preciso que nos lembremos de ler esta instrução antes das práticas da lição de cada dia. Assim, hoje, depois de recebermos a orientação a respeito de como olhar para o mundo a partir da percepção verdadeira, vamos praticar a ideia de que "a salvação chegou neste instante santo".

Como eu disse no ano passado, nossas práticas da ideia de hoje fazem sentido porque já aprendemos como olhar para o mundo, a vê-lo perdoado, a libertá-lo de todos os equívocos que o aprisionavam a nossa percepção equivocada de antes. Neste "instante santo", aprendemos a perdoar o mundo e a tudo o que há nele. Olhamos para ele agora sob uma nova luz. Uma luz que nos torna livres e liberta também o mundo.

Portanto, demos graças por isto durante todo o dia.

domingo, 28 de agosto de 2011

Para olhar o mundo de uma nova perspectiva

LIÇÃO 240

O medo não se justifica de nenhuma forma.

1. Medo é engano. Ele revela que tu te vês de uma forma que nunca poderias ser e, por esta razão, olhas para um mundo que é impossível. Nem sequer uma única coisa neste mundo é verdadeira. Não importa a forma com que ela possa se apresentar. Ela apenas testemunha tuas próprias ilusões acerca de ti mesmo. Não nos deixemos enganar hoje. Nós somos os Filhos de Deus. Não há nenhum medo em nós, pois cada um de nós é uma parte do Próprio Amor.

2. Quão tolos são nossos medos! Tu permitirias que Teu Filho sofresse? Dá-nos fé hoje para reconhecermos Teu Filho e para libertá-lo. Vamos perdoá-lo em Teu Nome, para podermos compreender a santidade dele e sentir por ele o amor que é também Teu Próprio Amor.

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COMENTÁRIO:

As práticas deste domingo, dia 28 de agosto, nos põe em contato mais uma vez, de maneira um pouco diferente, com uma ideia que já praticamos na primeira parte do livro de exercícios. Uma das ideias que eu considero das mais importantes dentre todas as que aprendemos, se é que se pode dizer que uma é mais importante do que outra qualquer; a ideia da lição 48, lembram?, Não há nada a temer.

Da mesma forma que precisamos limpar as memórias que nos oferecem apenas a opção de uma experiência de um mundo de separação, onde todos lutam acirradamente para encontrar seu lugar, sem se importarem com o efeito de suas ações, o que visavam as práticas da primeira parte do livro de exercícios, esta lição, neste momento vem nos dar nova perspectiva do mundo, oferecendo-nos a visão do Espírito Santo, que sabe que o medo não se justifica em nenhuma circunstância e por nenhuma razão, a menos que ainda não tenhamos aprendido que a separação é tão somente uma ilusão.

Para nos libertarmos desta crença é que precisamos das práticas. São elas que vão nos dar a possibilidade de reconhecer e aceitar a responsabilidade por tudo o que se apresentar a nossa experiência. São também as práticas que vão nos permitir acolher as experiências que se apresentarem, sejam quais forem. E  ainda são as práticas que vão nos ensinar a agradecer por tudo que se apresentar e nos oferecer a possibilidade de escolher outra vez, quando e se for o caso.

sábado, 27 de agosto de 2011

A "cola" que deve unir os membros de um grupo

LIÇÃO 239

A glória de meu Pai é minha própria glória.

1. Não deixemos que a verdade acerca de nós mesmo fique escondida hoje por uma humildade falsa. Sejamos gratos, em vez disto, pelas dádivas que nosso Pai nos concedeu. Podemos ver qualquer sinal de pecado ou culpa naqueles com quem Ele compartilha Sua glória? E é possível que não estejamos entre eles, se Ele ama Seu Filho para sempre total fidelidade, sabendo que ele é como Ele o criou?

2. Nós Te agradecemos, Pai, pela luz que brilha em nós para sempre. E nós a exaltamos porque Tu a compartilhas conosco. Somos um só, unidos nesta luz Contigo, em paz com toda a criação e com nós mesmos.

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COMENTÁRIO:

Nesta sábado, dia 27 de agosto, vamos praticar o reconhecimento de que somos portadores da glória e da luz de Deus, nosso Pai, como lhes disse no ano passado ao comentar esta mesma lição, aproximando-nos das práticas com a verdadeira humildade, que é consentir a presença divina a toda realidade.

Vamos também, humildemente, buscar reconhecer que todos aqueles que andam pelo mundo conosco são igualmente portadores desta glória e desta luz, pois sabemos que Deus compartilha tudo de Si com todos e com cada um de Seus Filhos, na unidade de que somos parte.

Observemos, para tanto, que a "cola" natural que deve unir os membros de um grupo (seja ele de que natureza for), em meio a diversidade de dons de cada um, tem de ser "o amor de Cristo e o amor de um pelo outro. Quanto mais profunda for a unidade tanto maior o pluralismo que a comunidade [o grupo] pode absorver. A variedade dos pontos de vista e dos dons são experimentados não como ameaças às práticas e às visões de cada um, mas como enriquecimento", conforme nos ensina Thomas Keating em seu livro Um Convite ao Amor.

Isso também lembra o que diz Mia Couto, escritor moçambicano, a respeito de Guimarães Rosa e dos motivos que o levaram [a ele, Mia] a receber uma grande influência escritor brasileiro. Diz ele, em seu livro mais recente, E se Obama fosse africano?, que Rosa, como autor, oferece uma alternativa à "hegemonia da lógica racionalista como modo único e exclusivo de nos apropriarmos do real. A realidade é tão múltipla e dinâmica que pede o concurso de inúmeras visões. Em resposta ao to or not to be [ser ou não ser] de Hamlet o brasileiro avança outra postura: 'Tudo é e não é'. O que ele sugere é a aceitação da possibilidade de todas as possibilidades: o desabrochar das muitas pétalas, cada uma sendo o todo da flor".

Ora, tanto o que nos diz Keating, quanto o que nos diz Mia Couto, só pode ser alcançado se aceitarmos como verdade a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje, reconhecendo ao mesmo tempo, como eu disse acima, que todos aqueles que vivem no mundo conosco são igualmente portadores da glória do Pai. Isto é, somos todos e cada um "uma das muitas pétalas" e todos contemos em nós "o todo da flor".

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A primeira mudança necessária é a mudança interior

LIÇÃO 238

A salvação inteira depende de minha decisão.

1. Pai, Tua confiança em mim é tão grande que eu tenho de ser digno dela. Tu me criaste e me conheces com sou. E, mesmo assim, Tu puseste a salvação de Teu Filho em minhas mãos e permitiste que ela dependa de minha decisão. Tenho de ser, de fato, amado por Ti. E tenho também de permanecer imperturbável na santidade para que Tu queiras, na certeza de que ele está seguro, me entregar Teu Filho, Que ainda é parte de Ti e, ao mesmo tempo parte de mim, porque Ele é meu Ser.

2. E, por isto, mais uma vez hoje, paramos para pensar o quanto nosso Pai nos ama. E quão caro Seu Filho, criado por Seu Amor, continua sendo para Aquele Cujo Amor se torna completo nele.

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COMENTÁRIO:

Nesta sexta-feira, dia 26 de agosto, vamos lembrar juntamente com as práticas que o Curso nos reserva para este dia, aquilo de que falamos também no comentário feito para esta lição no ano passado: a responsabilidade total e completa que temos para com o mundo inteiro e para com tudo o que vemos e colocamos nele.Tudo aquilo que vemos aparentemente no mundo é apenas aquilo que colocamos nele. Lembram-se do livro Limite Zero, sobre o qual falamos várias vezes, e suas práticas de ho'oponopono?

Pois, como já vimos e falamos, a palavra havaiana ho'oponopono significa exatamente o que significa expiação, conforme a aprendemos no UCEM. Isto é, desfazer o erro. E desfazê-lo onde ele está; na nossa percepção. No julgamento que fazemos de tudo e de todos pelos sentidos. E, aqui, podemos aproveitar para lembrar também que a mensagem central do ensinamento é o perdão. Lembrando-nos ainda de que "uma das acepções de perdoar é des-culpar: eliminar a culpa"...

Conscientes, pois, de que tudo, tudo, absolutamente tudo que vemos no mundo é fruto apenas de nossos próprios pensamentos, como eu disse no ano passado, torna-se óbvio o fato de que, se quisermos que qualquer coisa mude nele - seja ela a mais insignificante ou a mais deslumbrante que for aparentemente -, é preciso, primeiro, que a mudemos em nós mesmos, no interior de nós mesmos, em nossa forma de pensar a respeito dela e do mundo.

É isto que praticamos, na tentativa de aprender e de integrar a nossa experiência a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje, atentos para o fato de que ela é a mesma do ho'oponopono dita de modo diferente, usando outras palavras.

Ou, repito a pergunta anterior, dizer que "a salvação inteira depende de minha decisão" não lhes parece o mesmo que dizer que eu tenho total e completa responsabilidade por tudo o que acontece no mundo, inclusive por sua salvação, que está diretamente ligada a minha salvação?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ser como Deus me criou é tudo o que posso querer

LIÇÃO 237

Agora quero ser como Deus me criou.

1. Hoje aceitarei a verdade acerca de mim mesmo. Eu me elevarei em glória e deixarei que a luz em mim brilhe sobre o mundo ao longo de todo o dia. Trago ao mundo as boas novas da salvação que ouço quando Deus, meu Pai, fala comigo. E vejo o mundo que Cristo quer que eu veja, ciente de que põe fim ao sonho amargo de morte, ciente de que ele é o Chamado de meu Pai para mim.

2. Cristo é os meus olhos hoje e Ele é os ouvidos que ouvem a Voz por Deus hoje. Pai, venho a Ti por meio d'Ele, Que é Teu Filho e também meu Ser verdadeiro. Amém.

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COMENTÁRIO:

"Agora quero ser com Deus me criou". Podemos querer mais do que isto? Mais do que a ideia que o Curso nos oferece para as práticas desta quinta-feira, dia 25 de agosto? Como eu disse no ano passado, nós nos esquecemos de que isto é tudo, e é a única coisa que podemos querer de verdade no mais íntimo de nós mesmos.

Quando nos decidimos a dar ouvidos ao mundo da ilusão, e às coisas do mundo da ilusão, perdemos, aparentemente, nossa Identidade verdadeira. Afastamo-nos do Ser. Com isto pensamos estar separados de Deus, da Fonte. Isto não é verdade. É só uma ilusão passageira da qual podemos nos libertar num piscar de olhos. Basta, repito, como já disse tantas vezes, que tomemos a decisão a que nos convida a ideia que praticamos hoje. A decisão de ser. A decisão de ser como Deus nos criou. Pois não pode existir outra forma. Não há como ser diferente, a não ser nos delírios do ego, que acredita numa separação que nunca aconteceu.

Volto, portanto, a lhes oferecer a visão de Bernardo Soares, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, em seu Livro do Desassossego:

"A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe é ainda pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais do que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida".

E, mais uma vez, volto a Ken Wilber, repetindo o texto que anexei a este comentário no ano passado, que sempre é bom lembrar daquilo que pode nos auxiliar na caminhada do autoconhecimento, objetivo que nos propõe o ensinamento.

Diz Ken Wilber a respeito da Mente, ou Deus, ou o nível mais profundo do espectro da consciência, em um capítulo intitulado "Aquilo que é sempre já", em seu livro O Espectro da Consciência:

"Embora por conveniência falemos da Mente como o "nível mais profundo" do espectro, ela não é, de fato, um nível particular, que dirá "profundo". O "nível" da Mente não está de forma alguma enterrado ou escondido nas profundezas ocultas de nossa psique - ao contrário, o nível da Mente é nosso estado de consciência atual e comum, pois, sendo infinito e todo-abrangente de forma absoluta, ele é compatível com cada nível ou estado de consciência imaginável. Isto é, o "não-nível" da Mente não pode ser um nível particular separado de outros níveis, pois isso imporia uma limitação espacial à Mente. A Mente é, antes, a realidade todo-abrangente, embora sem dimensão, da qual cada nível representa um desvio ilusório.Por esta razão deve-se enfatizar isto - nosso estado de consciência atual, do dia-a-dia, seja ele qual for, triste, alegre, deprimido, em êxtase, agitado, calmo, preocupado ou com medo - justamente este, tal qual ele é, é o Nível da Mente. Brahman [Deus, O Divino] não é uma experiência particular, um nível de consciência ou estado de alma - em vez disso ele é precisamente qualquer nível de consciência que tenhamos agora, e perceber isto claramente dá-nos um vívido centro de paz, que se sustenta e subsiste ao longo das piores depressões, ansiedades e medos".

E lhes pergunto mais uma vez: aprender isto não será parte de aprender o que é a salvação?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Para aprender a controlar o mecanismo de decisão

LIÇÃO 236

Eu controlo minha mente, que só eu tenho de controlar.

1. Possuo um reino que tenho de governar. Às vezes não parece absolutamente que sou seu rei. Ele parece triunfar sobre mim e me dizer o que fazer e o que sentir. E, não obstante, ele me foi dado para servir a qualquer propósito que eu perceba nele. Minha mente só pode servir. Hoje ofereço os préstimos dela para que o Espírito Santo os utilize como achar melhor. Deste modo, controlo minha mente, que só eu tenho de controlar. E, assim, eu a liberto para fazer a Vontade de Deus.

2. Pai, hoje minha mente está aberta para Teus Pensamentos e fechada para qualquer pensamento que não os Teus. Eu controlo minha mente e a ofereço a Ti. Aceita minha dádiva, pois ela é Tua para mim.

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COMENTÁRIO:

Desculpem-me os que já se cansaram de me ouvir falar a respeito de uma das primeiras coisas que aprendi em meus contatos iniciais com o UCEM. Mas devido à importância do tema, e para que nos apercebamos de forma muito clara, que cabe apenas a nós - a cada um de nós - a escolha do mundo em que queremos viver, vou repetir, com algumas pequenas modificações, o que disse no ano passado a título de comentário para a lição que vamos praticar nesta quarta-feira, dia 24 de agosto. Peço-lhes também que vejam, a este respeito, a resposta que dei ao comentário feito pela Nina à lição de ontem. E convido-os também a darem as boas vindas a Claudia Zuccas, que se junto a nós, no dia 22 de agosto. Bem-vinda, Claudia. Fique, por favor, à vontade para tecer seus comentários e fazer quaisquer críticas ou oferecer sua contribuição a respeito de sua experiência com o UCEM.

Quero dizer, uma das primerias coisas que aprendi, se não a primeira, foi a ideia que as práticas de hoje nos orientam a exercitar. A ideia que, em certa medida, talvez seja a mais importante que podemos aprender, pois de seu aprendizado dependem e resultam todos, ou quase todos, os outros aprendizados. Até mesmo o aprender o que é a salvação.

A ideia para as práticas de hoje traz em si o aprendizado de que tudo o que aparentemente existe é fruto de meu pensamento e me ensina e assegura que meus pensamentos são só meus e que só eu os posso e devo controlar. A lição primeira, de onde extraí este conhecimento, foi, é e continua sendo a mais importante, pois ela revela que todas as transformações por que passa meu corpo são resultado de alterações químicas provocadas na biologia pelas mudanças nas emoções, pelas mudanças em meu estado de consciência.

Hoje, é claro para mim, como deveria ser para todos nós, que estas alterações nas emoções só podem ser - e são - provocadas, desencadeadas, por meus pensamentos. Ou seja, toda a gama de emoções que experimento pode ser modificada, se eu decidir mudar meu modo de pensar, em qualquer momento ou em qualquer situação que se apresente a minha experiência.

Assim, por exemplo, quando sou tomado de uma raiva incontrolável por alguém, por acreditar que este alguém tenha feito alguma coisa que me prejudicou, envergonhou ou humilhou, tudo o que faço na verdade é entregar o controle de minha mente, de meus pensamentos, à emoção. Isto é, à raiva e, por consequência, entregar o controle de minha vida, naquele momento, à pessoa a quem responsabilizei por minha raiva aparentemente incontrolável, mas, na verdade, controlável, desde que eu o queira.

E isto funciona para tudo, para todas as situações, para todas as emoções e para quaisquer experiências que se apresentem em minha vida. Sou eu quem as cria. Só eu. E se não tenho consciência disto e não aceito a responsabilidade total pelo mundo que vejo e faço, ainda não aprendi, como a lição de hoje ensina, que sou eu quem controla minha mente e que só eu tenho de controlá-la.

UM PARÊNTESE:

Convido-os, por fim, a darem também comigo as boas vindas a Claudia Zuccas, que se junto a nós, no dia 22 de agosto. Bem-vinda, Claudia. Fique, por favor, à vontade para tecer seus comentários e fazer quaisquer críticas ou oferecer sua contribuição a respeito de sua experiência com o UCEM. E obrigado por se juntar a nós.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Esolher a alegria em lugar da escolha inconsciente

LIÇÃO 235

Deus, em Sua misericórdia, quer que eu seja salvo.

1. Eu só preciso olhar para todas as coisas que parecem me ferir e assegurar a mim mesmo com perfeita certeza: "Deus quer que eu seja salvo disto", para vê-las desaparecerem simplesmente. Eu só preciso ter em mente que a Vontade de meu Pai para mim é só a felicidade para descobrir que só a felicidade veio a mim. E eu só preciso lembrar que o Amor de Deus envolve Seu Filho e conserva sua inocência perfeita para sempre, para ter certeza de que estou salvo e seguro para sempre nos Braços d'Ele. Eu sou o Filho que Ele ama. E estou salvo porque Deus, em Sua misericórdia, quer assim.

2. Pai, Tua Santidade é minha. Teu Amor me criou e tornou minha inocência parte de Ti para sempre. Não tenho nenhuma culpa nem pecado em mim, porque não há nenhum em Ti.

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COMENTÁRIO:

Repetindo o que eu disse no comentário a esta lição, no ano passado, nós nunca sabemos, de fato, com antecedência o que vamos fazer quando as situações se apresentarem a nossa experiência. Tampouco sabemos, de verdade, que resultados virão de nossos gestos e ações concretas, ao enfrentarmos quaisquer dessas situações no comum de nosso dia-a-dia.

 E, continuando, volto a dizer que é cada vez mais interessante - para mim, pelo menos - notar o quanto tudo se encaixa de alguma forma naquilo que pensamos, naquilo que acreditamos a respeito da vida e do viver. Pois não é o que nos fala a segunda das leis espirituais ensinadas na Índia: "aconteceu a única coisa que podia ter acontecido". Ou alguém acha que poderia ser diferente? Acha?

Não é à toa, pois, que o ensinamento nos adverte para termos cuidado com o que desejamos, porque, às vezes, inadverditamente, pedimos alguma coisa apenas para que ela se mostre, na materialização de nosso desejo, justamente como o contrário daquilo que nos faria felizes.

Agora mesmo, ao passar os olhos pelas frases da lição que praticamos nesta terça-feira, dia 23 de agosto, me surpreendi ao perceber o quanto ela tem a ver com o fato de sermos livres para fazer escolhas, avaliar e chegar a conclusões por nós mesmos, conforme o Curso nos ensina.

Mais ainda, que, tanto aquilo em que acreditamos, quanto o que diz a lição de hoje, confirmam que, quando escolhemos o sofrimento, nossa escolha recai sobre o acidente sem importância, pois podemos escolher dar sentido a nossa vida fazendo a opção pela alegria.

Não lhes parece, portanto, volto a perguntar que, se Deus, em Sua misericórdia infinita, quer que sejamos salvos,a escolha do aprendizado da alegria,  pode nos oferecer a salvação em lugar de tudo o que representa a escolha inconsciente, a escolha sem a entrega ao divino? Que basta escolhermos a alegria em lugar do acidente sem importância para ficarmos em contato com a salvação?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Voltando à condição original de Filhos de Deus

LIÇÃO 234

Pai, hoje sou de novo o Teu Filho.

1. Hoje experimentaremos de antemão o momento em que os sonhos de pecado e de culpa desaparecem e no qual alcançamos a santa paz que nunca deixamos. Passou-se apenas um instante muito pequeno entre a eternidade e a intemporalidade. O intervalo foi tão breve que não houve lapso na continuidade nem interrupção nos pensamentos que estão unificados como um só para sempre. Nada jamais acontece para perturbar a paz de Deus Pai e Filho. Hoje aceitamos isto como inteiramente verdadeiro.

2. Pai, nós Te agradecemos porque não podemos perder a lembrança de Ti e do Teu Amor. Reconhecemos nossa segurança e damos graças por todas as dádivas que Tu nos dás, por toda a ajuda amorosa que recebemos, por Tua paciência e pela Palavra que Tu nos dás, que garante que estamos salvos.

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COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 22 de agosto, a ideia para as práticas, parte do tema O que é a salvação?, nos devolve à condição de Filhos de Deus, a condição original que nunca deixamos de ter, muito embora a ilusão de separação se tenha apossado de nossas mentes em função dos equívocos a que nos induz a percepção dos sentidos, sempre parciais, sempre imprecisos, sempre prontos a comparações.

Conforme eu havia dito também no ano passado ao comentar esta lição, tudo aquilo que precisa ser definido, de alguma forma, está limitado pela ilusão, pois o significado original de definir é limitar. Por isso tudo aquilo que podemos definir só serve para atender às necessidades do ego, o falso eu, ele próprio parte da grande ilusão de separação que pensamos viver. Aprender isto é aprender o que é a salvação.

Assim, a ideia que praticamos com a lição de hoje vem a ser um complemento em nossa mente da ideia com que trabalhamos ontem. Isto é, ao entregar o controle a Deus, deixando a cargo d'Ele a orientação para nossas vidas, voltamos a ser Seu Filho. Voltamos a Ser o que nunca deixamos de ser. Voltamos a ser tal qual Deus nos criou. Voltamos ao Ser.

domingo, 21 de agosto de 2011

Quem é o inimigo? Somos nós mesmos.

LIÇÃO 233

Dou minha vida a Deus para que Ele a guie hoje.

1. Pai, hoje Te dou todos os meus pensamentos. Não quero ter nenhum. Dá-me Teus Próprios Pensamentos em lugar deles. Também Te dou todas as minhas ações para eu poder fazer Tua Vontade em vez de buscar objetivos que não podem ser alcançados e perder tempo com fantasias inúteis. Venho a Ti hoje. Recuarei e simplesmente Te seguirei. Sê, Tu, o Guia e eu o seguidor que não questiona a sabedoria infinita, nem o Amor cuja ternura não posso compreender, mas que é, não obstante, Tua dádiva perfeita para mim.

2. Hoje temos um único Guia para nos conduzir adiante. E, enquanto caminhamos juntos, daremos este dia a Ele sem nenhuma reserva sequer. Este é o dia d'Ele. E, por esta razão, é um dia de inúmeras dádivas e graças para nós.

*

COMENTÁRIO:

Uma tira de quadrinhos citada muitas vezes em alguns livros que li identifica o inimigo na pessoa de um soldado que diz a alguém - ao superior em comando, talvez - em um telefone de campanha: "Descobrimos o inimigo. Ele somos nós mesmos".

Em função disso podemos nos perguntar: De que precisamos ser salvos, a não ser de nós mesmos? O inimigo só existe em nossa percepção. É só quando nos acreditamos separados do(s) outro(s) que pensamos poder ver nele(s) um inimigo. Este inimigo não existe, a não ser como projeção daqueles aspectos de nós mesmo com os quais não estamos sabendo lidar. Aqueles aspectos de nós mesmos que precisam ser curados, aos quais temos receio de dedicar nossa atenção.

É para curarmos esta percepção equivocada que praticamos. Neste domingo, dia 21 de agosto, e em todos os dias que reservamos algum tempo para deixar de lado nossas atividades rotineiras por alguns momentos para dedicar nossa atenção a perdoar "o inimigo" que criamos dentro de nós mesmos, levando-o a entrar em contato com o divino de quem nunca se afastou, na verdade.

E a ideia das práticas de hoje é mais uma forma de buscarmos consentir, permitir que nossa vida se ilumine a partir do único Guia a Quem podemos dar ouvidos, na certeza de que tudo o que Ele pode nos oferecer é a volta ao nosso estado natural, pela devolução a nossa consciência de nossa condição de Filhos muito amados.

Isso é a salvação! Às práticas, pois!

sábado, 20 de agosto de 2011

Para abandonarmos todas as formas de escuridão

LIÇÃO 232

Fica em minha mente, meu Pai, ao longo do dia.

1. Fica em minha mente, meu Pai, quando eu acordar e brilha sobre mim durante todo o dia hoje. Deixa que cada minuto seja um tempo em que habito Contigo. E não me deixes esquecer a cada hora de dar graças porque Tu permaneces comigo e vais estar sempre à disposição para ouvir meu chamado a Ti e a me atender. Quando a noite surgir, deixa que todos os meus pensamentos ainda sejam Teus e de Teu Amor. E deixa que eu durma na certeza de minha segurança, certo de Teu cuidado e na feliz consciência de que sou Teu Filho.

2. É assim que todos os dias deveriam ser. Pratica, hoje, o fim do medo. Tem fé n'Aquele Que é teu Pai. Confia todas as coisas a Ele. Deixa que Ele revele todas as coisas para ti e fica contente porque tu és o Filho d'Ele.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 20 de agosto, nossas práticas querem nos levar em direção à atenção. A atenção que devemos dar a tudo o que se apresenta a nossa experiência, como forma de perceber o divino a partir de nosso próprio interior.

Para tanto, é preciso que fiquemos "ligados" a todas as impressões, a todas as sensações que nos apresentem os sentidos. É preciso que estejamos também ligados às impressões e sensações decorrentes do sexto sentido, que todos temos, de nossa intuição.

É preciso ainda que tomemos a decisão de consentir que o divino se apresente e fique conosco o dia todo. Mesmo que nos distraiamos. Basta pedirmos. Nosso pedido será atendido, desde que estejamos, de fato, dispostos a entregar nosso dia ao espírito, para podermos caminhar na luz, abandonando, nem que seja apenas neste dia ou em alguns momentos dele - os que lembrarmos -, todas as formas de escuridão.

Na verdade, a ideia que praticamos é apenas para que nos lembremos de permitir que Deus fique em nossa mente, uma vez que Ele nunca está distante nem separado de nós. É apenas nossa percepção e nossa distração que podem tentar - e, muitas vezes, nos convencem - nos convencer do contrário.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Encontrar a salvação na fidelidade às práticas diárias

2. O que é a salvação?

1. A salvação é uma promessa, feita por Deus, de que por fim encontrarás teu caminho até Ele. Ela não pode senão ser cumprida. Ela garante que o tempo terá um fim e que todos os pensamentos que nasceram no tempo também findarão. A Palavra de Deus é dada a cada mente que pensa ter pensamentos separados e substituirá esses pensamentos de conflito pelo Pensamento de paz.

2. O Pensamento de paz foi dado ao Filho de Deus no instante em que sua mente pensou em guerra. Antes não havia necessidade de tal Pensamento porque a paz era dada sem opositores e simplesmente existia. Mas, quando a mente se divide, surge uma necessidade de cura. Por esta razão o Pensamento que tem o poder de curar a divisão se tornou uma parte de cada fragmento da mente que ainda era uma só, mas que deixou de reconhecer sua unidade. Naquele momento ela não se conhecia e pensava que sua própria Identidade estava perdida.

3. Salvação é desfazer no sentido de que, deixando de apoiar o mundo, ela não faz nada. Deste modo, ela abandona as ilusões. Por não apoiá-las, ela deixa simplesmente que elas se reduzam a pó suavemente. E, agora, revela-se o que elas escondiam; um altar ao santo Nome de Deus, sobre o qual está escrita a Palavra d'Ele, com as dádivas do teu perdão depositadas diante dele e a lembrança de Deus logo atrás.

4. Vamos entrar neste lugar diariamente para passarmos algum tempo juntos. Aqui compartilhamos nosso último sonho. É um sonho no qual não há tristeza, pois ele contém um indício de toda a glória que Deus nos dá. A relva irrompe do solo agora, as árvores começam a brotar e os pássaros vêm viver em seus galhos. A terra renasce com nova perspectiva. A noite acaba e chegamos juntos à luz.

5. Daqui oferecemos a salvação ao mundo, pois é aqui que a salvação foi recebida. A canção de nosso júbilo é o aviso para todo o mundo de que a liberdade voltou, de que o tempo está quase no fim e de que o Filho de Deus só tem de esperar mais um instante até que seu Pai seja lembrado, os sonhos acabem e a eternidade brilhe afastando o mundo para que absolutamente só o Céu exista.

*

LIÇÃO 231

Pai, eu quero apenas me lembrar de Ti.

1. Pai, o que posso buscar a não ser Teu Amor? Talvez eu pense que busco alguma outra coisa; alguma coisa à qual dei muitos nomes. No entanto, Teu Amor é a única coisa que busco ou já busquei. Pois não há, verdadeiramente, nada mais que eu possa querer encontrar. O que mais eu poderia desejar a não ser a verdade acerca de mim mesmo?

2. Esta é tua vontade, meu irmão. E compartilhar esta verdade comigo e também com Aquele Que é nosso Pai. Lembrar d'Ele é o Céu. É isto que buscamos. E é só isto que nos será dado achar.

*

COMENTÁRIO:

Vou reprisar, com algumas poucas modificações, o comentário, um tanto longo, feito para esta mesma lição no ano passado. Espero que todos os que já passaram por ele encontrem aí alguma coisa diferente, nova, para ilumiar sua experiência de vida, para trazer uma nova luz a suas práticas. E que os que ainda não tiveram contato com ele possam aproveitá-lo para aprofundar sua reflexão a respeito da necessidade de fidelidade às práticas diárias, [a algum tipo de prática de contato com o divino, de acordo com Thomas Keating].

Aliás, como ele sugere, é preciso que pensemos a respeito do fato de que, quando conhecemos uma pessoa em nossas vidas - uma pessoa que achamos interessante -, buscamos aprofundar o contato, queremos conhecê-la mais e melhor, procurando, para entendê-la, passar mais tempo com ela, criar maior intimidade. Por que, então, achamos que com Deus é diferente?

Voltemos, então, ao comentário do ano anterior:

Quem está atento às práticas e leu com atenção a introdução a esta segunda parte do ensinamento, há de lembrar de que ela falava de instruções periódicas a respeito de temas de particular importância entre as lições diárias.

Nesta sexta-feira, dia 19 de agosto, recebemos a segunda destas instruções, que vai orientar nossos próximos dez passos, a contar da lição de hoje: a de número 231. O tema que vamos utilizar como apoio às lições seguintes é: O que é a salvação?

Para o ensinamento que praticamos "conhecer o milagre de Deus é conhecer" Deus. E uma vez que cada um de nós está na unidade com Ele, basta que nos conheçamos a nós mesmos para nosso conhecimento estar completo.

Lembrando mais uma vez, porém, do que aconselha Ramana Maharshi, é preciso que busquemos usar sempre a auto-investigação, para aprendermos a nos desprender de vinculações e de apegos, ou para abandonarmos os programas emocionais de busca da felicidade, como diz Thomas Keating, mesmo vivendo a experiência do mundo.

O que não quer dizer, conforme Ramana, "que somente uma atitude desprendida baste, sem uma campanha planejada [no caso do UCEM, os exercícios diários], pois o ego é sutil e tenaz e se refugiará até mesmo nas próprias ações destinadas a anulá-lo, vangloriando-se de humilhar-se ou gozando entregar-se à austeridade".

Para alcançar a salvação, é essencial que aceitemos a Expiação para nós mesmos, que da mesma forma que a salvação é um desfazer. Maharshi diz, também como o UCEM, que o auto-conhecimento pode nos levar a conhecer a harmonia mais vasta que há por trás das aparências do mundo e nos permitir, ao mesmo tempo, "exercer uma influência harmônica sobre o curso dos acontecimentos".

Diz ele: "Assim como você é, assim é o mundo. Sem compreender-se a si mesmo [de] que adianta tentar compreender o mundo? Eis uma questão que aqueles que procuram a verdade não precisam levar em conta".

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mais uma lição a respeito do óbvio na prática (bis)

LIÇÃO 230

Agora quero buscar e achar a paz de Deus.

1. Fui criado na paz. E, na paz, continuo. Não cabe a mim modificar o meu Ser. Deus, meu Pai, é tão misericordioso que, quando me criou, Ele me deu a paz eterna. Agora eu peço apenas para ser o que sou. E isso me pode ser negado, se é verdadeiro para sempre?

2. Pai, busco a paz que Tu me deste em minha criação. O que foi dado então tem de estar aqui agora, pois minha criação se deu à parte do tempo e ainda continua além de toda mudança. A paz em que Teu Filho nasceu em Tua Mente brilha aí inalterada. Eu sou como Tu me criaste. Eu só preciso Te chamar para descobrir a paz que Tu deste. Foi Tua Vontade que a deu a Teu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Estava, no ano passado, à procura de um comentário para esta lição quando uma amiga comum, muito querida, dona de uma sabedoria e de uma experiência neste mundo que já ultrapassa a casa das oito décadas bem vividas, me disse ao telefone que tinha começado a ler o livro Hipnotizando Maria, de Richard Bach - estava nas primeiras cerca de vinte páginas.

Dizia que o estava achando muito óbvio, ao falar daquilo que, na expressão dela, "já estamos carecas de saber", que achava que ele, o autor, era capaz de "muito mais" do que este "bê-á-bá". Algo como dizer que ele estava apenas "chovendo no molhado", não lhes parece?

Disse-lhe, então, como aprendi há algum tempo, que era exatamente este o espírito do livro. O de nos colocar de novo em contato com o óbvio, o de nos mostrar mais uma vez o óbvio, que é sempre o que temos grande dificuldade em aprender. Pois pensamos saber. Ou como diz o UCEM:

Este é um curso muito simples. Talvez não sintas que precisas de um curso que, no final, te ensina que só a realidade é verdadeira. Mas acreditas nisto? (...) Podes reclamar que este curso não é suficientemente específico para compreenderes e utilizares. Todavia, talvez não tenhas feito o que ele pleiteia de forma específica. Este não é um curso a respeito do jogo de ideias, mas a respeito da aplicação prática delas. Nada poderia ser mais específico do que ouvires que, se pedires, receberás" (T-11.VIII.1:1-3; 5:1-4).

E agora eu pergunto: alguém, de fato, acredita nisto?

Nesta quinta-feira, 18 de agosto, de certo modo, estou reprisando o comentário feito para esta lição no ano passado, mudando uns poucos pontos e alguns tempos verbais. Faço-o mais uma vez porque a leitura que fizemos anteontem à noite no grupo de estudos também tratava do óbvio. Referindo-se, é claro, à Vontade de Deus para nós: a salvação, a felicidade perfeita e completa, Agora.

Com as práticas de hoje, como já disse, vamos declarar nosso único desejo verdadeiro: "a paz de Deus". A salvação e a alegria e felicidade perfeitas e completas. E onde podemos encontrar a salvação? Como diz o texto, se ela é a Vontade de Deus para nós, é óbvio que Ele tenha nos dado os meios de achá-la e que tenha "feito com que seja possível e fácil obtê-la".

Onde? O texto continua: "Os teus irmãos estão em todos os lugares. Tu não tens de ir buscar a salvação longe. Cada minuto e cada segundo te dá uma chance de salvar a ti mesmo. Não percas estas chances, não porque elas não voltarão, mas porque é desnecessário protelar a alegria".

Isso não lhes parece óbvio? Creio, pois, que só estaremos prontos para aprender o óbvio, quem sabe?, quando estivermos, de fato, dispostos a reconhecer que não sabemos nada e que a paz de Deus é tudo o que queremos verdadeiramente.

Assim, sabendo disto, esperar "muito mais" de quem quer que seja revela apenas que ainda não abrimos nossas mentes e corações para tudo o que precisamos aprender a respeito do óbvio. Um aprendizado que vai nos levar a aceitar e a incluir o mundo inteiro, e todas as pessoas e coisas do mundo, em nosso abraço amoroso.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Continuamos a ser tal como fomos criados

LIÇÃO 229

O Amor, que me criou, é o que sou.

1. Busco minha própria Identidade e A encontro nestas palavras: "O Amor, que me criou, é o que sou". Agora não preciso buscar mais. O Amor venceu. Ele esperou tão calmamente minha volta para casa que não vou mais me desviar da face santa de Cristo. E aquilo que vejo me afirma a verdade da Identidade que busquei perder, mas que meu Pai mantém a salvo para mim.

2. Pai, meus agradecimentos a Ti pelo que sou; por manteres minha Identidade intocada e inocente em meio a todos os pensamentos de pecado que minha mente tola inventou. E obrigado a Ti por me salvar deles. Amém.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que praticamos nesta quarta-feira, dia 17 de agosto nos devolve a nossa Identidade verdadeira. Ela nos oferece mais uma oportunidade de aprendizado daquilo que somos, na verdade.

"Tal pai, tal filho", não é assim que se diz neste mundo, quando queremos ressaltar a semelhança entre uma pessoa e seu pai? Por que vocês acham que seria diferente com Deus e Seu Filho? Só na ilusão de que podemos, de alguma forma, em algum momento separar-nos do Pai é que podemos pensar em Deus como alguém muito diferente daquilo que somos.

E se o DNA de Deus, caso Ele tenha algum, é só amor, porque o nosso seria diferente? É para aprender isso que praticamos isso. Para nos tranquilizarmos com a certeza de que é verdade que nossa criação se deu "à imagem e semelhança" de Deus e que continuamos a ser tal como fomos criados.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para se abandonar a crença na separação

LIÇÃO 228

Deus não me condena. Eu também não.

1. Meu Pai conhece minha santidade. Negarei o conhecimento d'Ele para acreditar naquilo que Seu conhecimento torna impossível? Aceitarei como verdadeiro aquilo que Ele declara ser falso? Ou aceitarei Sua Palavra como aquilo que sou, uma vez que Ele é meu Criador e Aquele Que conhece a verdadeira condição de Seu Filho?

2. Pai, eu estava equivocado em relação a mim mesmo porque deixei de perceber claramente a Fonte de onde vim. Não deixei aquela Fonte para entrar em um corpo e para morrer. Minha santidade continua a ser uma parte de mim, da mesma forma que sou parte de Ti. E meus erros acerca de mim mesmo são sonhos. Hoje eu os abandono. E fico pronto para receber apenas Tua Palavra por aquilo que sou verdadeiramente.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar nesta terça-feira, dia 16 de agosto, ainda dentro do tema O que é o perdão?, nos fala de nossa santidade e do conhecimento que Deus tem da verdade a nosso respeito, a respeito de cada um de nós, conforme eu disse também no ano passado.

Por que não percebemos nossa santidade no dia-a-dia, em nossos afazeres de rotina, e não a vemos nas pessoas com quem dividimos nosso estar-no-mundo? Principalmente porque fomos ensinados, a partir de algum momento em nossa vida, a acreditar na separação. Vemo-nos isolados uns dos outros, competindo com eles para achar nosso lugar e assumir a posse do que nos é de direito neste mundo.

É isso o que faz conosco a crença na separação do falso eu, o ego. Isto é, como eu disse anteriormente, ela esconde de nós a unidade subjacente a tudo o que vemos como aparentemente separado. Além disso, para nos fazer continuar acreditando na possibilidade de a separação existir de fato, o ego se apresenta a nós como onipotente, onisciente e onipresente, instando-nos a acreditar em um Deus que nos julga e condena inteiramente, ora por fazermos o que fazemos, ora por não fazermos o que deveríamos fazer. Como se, de alguma forma, soubéssemos o tempo todo o que é preciso que façamos.

Repetindo: isto não é verdade. É apenas parte de uma grande ilusão armada pelo ego para nos convencer a julgar as aparências, apenas formas ilusórias de esconder a verdade a respeito do que somos e do que o mundo realmente é. É por isso que precisamos aprender a olhar além das aparências.

As práticas de hoje nos convidam, portanto, a aceitar a santidade que é o conhecimento que Deus tem de nós, em lugar de dar ouvidos ao que o falso eu quer nos fazer crer que somos, condenando-nos à ilusão que ele inventa para nos confundir.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Incluir todas as pessoas do mundo em nossa vida

LIÇÃO 227

Este é meu instante santo de liberação.

1. Pai, é hoje que fico livre, porque minha vontade é Tua. Pensei atender a outra vontade. Porém não existe nada do que pensei separado de Ti. E sou livre porque estava equivocado, e não afetei de modo algum minha própria realidade com minhas ilusões. Agora desisto delas e as abandono aos pés da verdade, para serem eliminadas para sempre de minha mente. Este é meu instante santo de liberação. Pai, sei que minha vontade é una com a Tua.

2. E, assim, hoje, ficamos cientes de nossa volta alegre ao Céu, que, de fato, nunca deixamos. O Filho de Deus abandona seus sonhos neste dia. O Filho de Deus volta novamente para casa neste dia, liberado do pecado e coberto de santidade com sua mente correta devolvida a ele finalmente.

*

COMENTÁRIO:

Neste segunda-feira, dia 15 de agosto, repriso o comentário feito para esta lição no ano passado, com algumas pequenas alterações, lembrando que com ela damos mais um de nossos passos finais rumo à aquisição de percepção verdadeira. E podemos nos sentir gratos, infinitamente gratos, por praticar, neste instante, "o instante santo" de nossa liberação.

Peço-lhes também, mais uma vez, especial atenção para as instruções acerca do primeiro dos temas que abordamos neste período. Atenção às instruções dadas no início das práticas com esta segunda parte do livro de exercícios e ao tema que unifica as práticas: O que é perdão?

Não estamos longe do Céu, "que, de fato, nunca deixamos". Basta que aprendamos a incluir em nossas vidas e em nossa experiência "todas as pessoas deste mundo", que "cada um está sempre procurando", como diz um dos personagens de um dos contos de Guimarães Rosa.

Este mesmo personagem fala daquilo que precisamos descobrir a nosso próprio respeito, quando buscamos alcançar o Céu, ao dizer que: "No coração a gente tem é coisas igual ao que nunca em mão não se pode ter pertencente: as nuvens, as estrelas, as pessoas que já morreram, a beleza da cara das mulheres"...

Ou ainda ao nos indicar o que há por trás da jornada que aparentemente empreendemos, dizendo: "Só estava seguindo... Estava bebendo [a] viagem. Deixa os pássaros cantarem. No ir - seja até onde se for - tem-se de voltar; mas seja como for, que se esteja indo ou voltando, sempre já se está no lugar, no ponto final".

Isso lembra aquela parte do texto que nos alerta para o fato de que o que empreendemos, na verdade, é uma "jornada sem distância". Que me dizem? Este não é mesmo, ou pode vir a ser, o instante santo de nossa liberação?

domingo, 14 de agosto de 2011

Por que não escolher viver na eternidade?

LIÇÃO 226

Meu lar me espera. Eu me apresso na direção dele.

1. Posso desistir inteiramente deste mundo, se assim eu escolher. Não é a morte que torna isto possível, mas a mudança do modo de pensar acerca da finalidade do mundo. Se eu acreditar que ele tem algum valor da forma com que o vejo agora, ele permanecerá assim para mim. Mas se eu não vir nenhum valor no mundo assim como o vejo, nada que eu queria manter como meu ou buscar como uma meta, ele se afastará de mim. Pois não busco ilusões para substituir a verdade.

2. Pai, meu lar espera minha volta alegre. Teus Braços estão abertos e eu ouço Tua Voz. Que necessidade tenho de me demorar em um lugar de desejos vãos e de sonhos despedaçados, se o Céu pode ser meu de modo tão fácil?

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 14 de agosto, em que comemoramos o Dia dos Pais, gostaria de desejar a todos os pais um dia de muita luz, de muito amor, de muita alegria e de muita paz, junto de seus filhos e filhas.

Lembremo-nos todos, pais ou simplesmente filhos, que o Pai vai conosco aonde formos. E que em tempo algum nos separamos ou podemos nos separar d'Ele. De acordo com a leitura que fizemos na última terça, no grupo de estudos, "Deus, em Sua sabedoria, não está esperando [por nós], mas Seu Reino fica incompleto enquanto [nós] esperamos. Todos os Filhos de Deus esperam [nossa] volta, exatamente da mesma forma que [nós esperamos] pela deles. O atraso não tem importância na eternidade, mas é trágico no tempo".

É por isso que não podemos nos demorar em tomar nossa decisão de voltar a casa do Pai. Quanto mais nos demoramos para tomar nossa decisão, tanto mais somos guiados pela impressão de que estamos separados d'Ele e que vivemos vidas separadas uns dos outros.

Talvez seja este o dia em que vamos nos sentir prontos para tomar a decisão. Por que esperar amanhã? Como o Curso diz, ainda no mesmo texto, "tu escolheste viver no tempo em lugar de viver na eternidade, e por isso acreditas que vives no tempo. Tua escolha, porém é tão livre quanto mutável [ou passível de ser alterada]. O tempo não é o teu lugar. Teu lugar é somente na eternidade, onde o Próprio Deus te colocou para sempre".

Por que não hoje?

sábado, 13 de agosto de 2011

Oferecer o perdão para tudo e para todos

LIÇÃO 225

Deus é meu Pai e Seu Filho O ama.

1. Pai, eu tenho de retribuir Teu Amor por mim, pois dar e receber são a mesma coisa. Tu me dás todo o Teu Amor. Eu tenho de retribuí-lo, pois o quero meu em plena consciência, proclamando-o em minha mente e mantendo-o ao alcance de sua luz benigna, inviolado, amado, com o medo deixado para trás e apenas a paz pela frente. Quão sereno é o modo pelo qual Teu Filho amado é conduzido a Ti!

2. Irmão, nós encontramos esta serenidade agora. O caminho está aberto. Agora nós o seguimos juntos, em paz. Tu estendeste tua mão para mim e nunca te abandonarei. Somos um só e é só esta verdade que buscamos enquanto damos estes passos finais que concluem uma jornada que não começou.

*

COMENTÁRIO:

As práticas da lição deste sábado, dia 13 de agosto, são úteis, como sempre, para nos ajudar a resolver a questão que mais nos perturba e que diz respeito ao que somos na verdade. Afinal, como o próprio Curso diz, nosso aprendizado visa a nos levar ao autoconhecimento, o que, por consequência, vai nos levar a conhecer Deus.

Tudo o que o Curso nos ensina, então, subjacente às várias maneiras de que ele se vale para dizer a mesma coisa,  traz em si uma forma de resposta à pergunta: O que eu sou? [Uma pergunta a qual vamos dedicar nossa atenção nas práticas das últimas lições].

Isso também é verdadeiro para o tema de que tratamos nestas práticas recentes: O que é o perdão? Pois é claro que todos entendemos que a mensagem central do Curso, assim como foi - e ainda é - a de Jesus, é o perdão.

O perdão que devemos oferecer a tudo e a todos indiscriminadamente e, em primeiro lugar, a nós mesmos, que olhamos para o mundo de forma equivocada, acreditando-nos apenas corpos em um mundo insensível, corrupto e implacável, onde o destinho de todos é só um e o mesmo: a morte.

Ora, se Deus é meu Pai, isso só pode significar que sou filho de Deus, não é mesmo? E que tipo de deus Deus seria, se me deixasse viver apenas a experiência de um mundo onde tudo está destinado ao pó? Um mundo no qual estou condenado a morrer, sem esperança de que qualquer coisa faça sentido?

É por esta razão que temos de aprender o que é o perdão. Pois só podemos começar a nos conhecer, de fato, quando aprendermos a nos perdoar e a perdoar o mundo, por nossa forma equivocada de olhar para ele e para tudo que apenas quer refletir o amor de Deus, para que o vejamos em nós e para que sejamos capazes de oferecê-lo a tudo e a todos. 

Para tanto, praticamos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A verdade que é tudo o que podemos querer

LIÇÃO 224

Deus é meu Pai e Ele ama Seu Filho.

1. Minha identidade verdadeira é tão segura, tão sublime, inocente, gloriosa e formidável, tão completamente benéfica e livre de culpa que o Céu olha para Ela para lhe oferecer luz. Ela ilumina o mundo também. Ela é a dádiva que meu Pai me deu; a dádiva que eu também dou ao mundo. Não há nenhuma dádiva, a não ser esta, que possa tanto ser dada quanto recebida. Isto, e apenas isto, é realidade. Isto é o fim da ilusão. É a verdade.

2. Meu Nome, ó Pai, ainda é conhecido por Ti. Eu O esqueci e não sei para onde vou, quem sou ou o que faço. Lembra-me agora, Pai, pois estou cansado do mundo que vejo. Revela o que Tu queres que eu veja em seu lugar.

*

COMENTÁRIO:

Continuamos, nesta sexta-feira, dia 12 de agosto, nossa jornada em direção à aquisição da percepção verdadeira, conforme nos assegura o Curso. Nossa prática serve para que aprendamos a reconhecer que não sabemos quem somos, nem para onde vamos. Mas, como eu disse também no ano passado, ela se dá de forma a aprendermos a entrega ao Pai, pedindo-Lhe que nos revele o que Ele quer que vejamos no lugar do mundo da ilusão, que já não nos satisfaz.

É por isso que a ideia para nossas práticas de hoje assegura que somos o Filho de Deus e que o Pai nos ama. Esta verdade é tudo o que podemos querer. Pois com ela somos capazes de perceber que tudo o que o mundo nos ensinou - ensina e continuará a nos ensinar - não passa de fantasia, de sonho.

Entretanto, nosso compromisso com as práticas é revelador do fato de que estamos à procura de nossa identidade verdadeira. Pois sabemos que só ela pode nos dar a segurança e a certeza de que precisamos para aprender e para ensinar a paz e o amor que recebemos do Pai.

Às práticas, pois!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Para ser minha, minha alma tem de ser de Deus

LIÇÃO 223

Deus é minha vida. Não tenho nenhuma vida a não ser a d'Ele.

1. Eu estava errado quando pensava que vivia separado de Deus, uma existência separada que se movimentava no isolamento, independente, alojada dentro de um corpo. Agora sei que minha vida é a de Deus, não tenho nenhum outro lar e não existo separado d'Ele. Ele não tem nenhum Pensamento que não seja parte de mim e eu não tenho nenhum a não ser aqueles que são d'Ele.

2. Pai nosso, permite que vejamos a face de Cristo em lugar de nossos erros. Pois nós, que somos Teu Filho santo, somos inocentes. Queremos olhar para nossa inocência, pois a culpa afirma que não somos Teu Filho. E nós não queremos esquecer de Ti por mais tempo. Sentimo-nos solitários aqui e ansiamos pelo Céu, onde estamos em casa. Queremos voltar hoje. Nosso Nome é o Teu e reconhecemos que somos Teu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, 11 de agosto, vamos continuar com as práticas que nos orientam as instruções para o primeiro dos temas que dá início a esta segunda parte do livro de exercícios: O que é o perdão? Tema que temos de nos lembrar de ler para auxiliar nossa reflexão a respeito da ideia para o dia.

Não posso resistir à tentação de lhe oferecer mais uma vez, como fiz no ano passado, para auxiliar a nossa, a reflexão do jagunço Riobaldo a respeito da própria sabedoria interior, disponível a todos nós, e a respeito de existir um plano [para a salvação]. No livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Diz ele:

Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era só uma coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondido e vivível mas não achável, do verdadeiro viver; que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel...

(...) Mas minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha? ... Olhe: tudo o que não é oração é maluqueira...

Não lhes parece que faz todo o sentido pensar que Deus é minha vida, pois se não fosse, como é que ela podia ser minha? Pensar que não tenho nenhuma vida a não ser a d'Ele?



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Só temos de perdoar nossa percepção equivocada

LIÇÃO 222

Deus está comigo. Vivo e me movimento n'Ele.

1. Deus está comigo. Ele é minha Fonte de vida, a vida interior, o ar que respiro, o alimento que me sustenta, a água que reanima e me purifica. Ele é meu lar, onde vivo e me movimento; o Espírito que orienta minhas ações, que me oferece Seus Pensamentos e garante minha segurança contra toda dor. Ele me cumula de bondade e de atenção e conserva no amor o Filho que Ele ilumina, que também O ilumina. Quão tranquilo é aquele que conhece a verdade daquilo que Ele fala hoje!

2. Pai, não temos nenhuma palavra exceto Teu Nome em nossos lábios e em nossas mentes, ao virmos calmamente a Tua Presença agora, e ao pedirmos para descansar em paz Contigo por um momento.

*

COMENTÁRIO:

Esta é apenas a segunda lição para as práticas desta segunda parte de Livro de Exercícios, cujo tema central é: O que é o perdão?

É preciso, portanto, que nos lembremos de ler e refletir acerca da primeira instrução como forma de facilitar nossos períodos de prática. De acordo com ela, "o perdão reconhece que aquilo que pensaste que teu irmão fez a ti não aconteceu", na verdade.

Por isto, como eu disse também no ano passado, nada do que penso que alguém faz ou fez a mim ou contra mim, de fato, aconteceu. A não ser como resposta a um pedido meu por uma experiência que pedi para viver. Disto se conclui que ninguém pode fazer nada para mim, nem por mim, seja a favor, seja contra. Nem bem, nem mal. Tudo começa e termina em mim.

Reforçando ainda uma vez o que eu disse no ano passado ao comentar esta lição, só eu posso atribuir valor, julgar, condenar ou emitir qualquer opinião a respeito do mundo que construo. Se o construo em sintonia com o Ser que vive em Deus e em mim, o mundo, e tudo o que há nele, tem de ser neutro por completo, e servir apenas para me pôr em contato com as experiências que busco. Estas, por sua vez, não podem receber o rótulo de boas ou ruins, mas somente o de experiências.

Assim, como nos ensina o Dr. Hew Len, no Limite Zero - lembram? -,  tudo o que precisamos perdoar é apenas a nós mesmos por nossa percepção equivocada. É para aprender isso que praticamos a ideia desta quarta-feira, dia 10 de agosto.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Renovar o compromisso a cada um dos passos

PARTE II

Introdução

1. As palavras farão pouco sentido agora. Nós as usamos apenas como guias dos quais já não dependemos. Pois agora buscamos somente a experiência direta da verdade. As lições que restam são simplesmente introduções aos momentos em que deixamos o mundo de dor e avançamos para penetrar na paz. Agora começamos a atingir a meta que este curso estabelece e a encontrar o fim em cuja direção nossa prática sempre esteve orientada.

2. Agora tentamos permitir que o exercício seja simplesmente um começo. Pois esperamos em calma expectativa por nosso Deus e Pai. Deus garante que Ele Mesmo dará o último passo. E temos certeza de que Ele cumpre Suas promessas. Já fomos longe na estrada e agora esperamos por Ele. Continuaremos a passar algum tempo com Ele a cada manhã e à noite, enquanto isto nos fizer felizes. Já não consideramos o tempo uma questão de duração. Usamos tanto quanto necessitarmos para o resultado que desejamos. Tampouco esqueceremos de nossa lembrança a cada hora no intervalo, chamando por Deus quanto tivermos necessidade d'Ele no momento em que formos tentados a esquecer nossa meta.

3. Continuaremos com um pensamento central para todos os dias que virão e usaremos aquele pensamento para começar nossos momentos de descanso e para acalmar nossas mentes quando necessário. Mas não nos satisfaremos simplesmentes com a prática nos instantes santos que restam, que concluem o ano que dedicamos a Deus. Dizemos algumas palavras simples de boas vindas e esperamos que o Pai Se revele, conforme Ele prometeu. Nós O chamamos e Ele assegura que Seu Filho não ficará sem resposta quando invocar o Nome d'Ele.

4. Agora vamos a Ele só com Sua Palavra em nossas mentes e corações, e esperamos que Ele dê, em nossa direção, o passo de que Ele falou pela Sua Voz, que Ele não deixaria de dar quando nós O convidássemos. Ele não abandona Seu Filho em toda sua loucura, nem trai a confiança que Seu Filho tem n'Ele. A fidelidade de Deus não O torna merecedor do convite que Ele busca para nos fazer felizes? Nós o ofereceremos e ele será aceito. Agora passaremos nossos momentos com Ele deste modo. Dizemos as palavras do convite que Sua Voz sugere e, em seguida, esperamos que Ele venha a nós.

5. Agora se cumpre o tempo da profecia. Agora todas as antigas promessas são mantidas e cumpridas por inteiro. Não resta nenhuma ação para o tempo separar de sua realização. Pois agora não podemos falhar. Senta em silêncio e espera teu Pai. Ele deseja vir a ti quando reconheceres que é tua vontade que Ele o faça. E que tu nunca poderias vir tão longe a menos que visses, ainda que de modo não muito claro, que esta é tua vontade.

6. Eu estou tão perto de ti que não podemos falhar. Pai, nós damos estes momentos santos a Ti, em gratidão Àquele Que nos ensina como deixar o mundo de tristeza em troca de seu substituto, que Tu nos deste. Não olhamos para trás agora. Olhamos para frente e cravamos nossos olhos no final da jornada. Aceita estas nossas pequenas dádivas de gratidão, uma vez que pela visão de Cristo vemos um mundo além daquele que criamos e aceitamos que esse mundo seja o substituo pleno para o nosso.

7. E agora esperamos em silêncio, sem medo e certos de Tua vinda. Buscamos encontrar nosso caminho seguindo o Guia que Tu nos enviaste. Não conhecíamos o caminho, mas Tu não nos esqueceste. E sabemos que Tu não nos esquecerás agora. Pedimos apenas que Tuas antigas promessas, que é Tua Vontade cumprir, sejam cumpridas. Ao pedir isto desejamos Contigo. O Pai e o Filho, Cujas Vontades santas criaram tudo o que existe, não podem falhar em nada. Com esta certeza empreendemos estes últimos passos em direção a Ti e descansamos na confiança de Teu Amor, que não faltará ao Filho que chama por Ti.

8. E, assim, iniciamos a parte final deste ano santo, que passamos juntos na busca da verdade e de Deus, que é seu único Criador. Descobrimos o caminho que Ele escolheu para nós e fizemos a escolha de seguí-Lo assim como Ele quer que façamos. Sua Mão nos ampara. Seus Pensamentos iluminam a escuridão de nossas mentes. Seu Amor nos chama incessantemente desde o ínício do tempo.

9. Tínhamos um desejo de que Deus fracassasse em ter o Filho a quem Ele criou para Si Mesmo. Queríamos que Deus mudasse a Si Mesmo e fosse o que queríamos fazer d'Ele. E acreditávamos que nossos desejos loucos eram a verdade. Agora estamos alegres porque tudo isto está desfeito e nós não pensamos mais que as ilusões são verdadeiras. A lembrança de Deus resplandece pelos vastos horizontes de nossas mentes. Mais um instante e ela surgirá outra vez. Mais um instante e nós, que somos Filhos de Deus, estaremos a salvo em casa, onde Ele quer que estejamos.

10. Agora, a necessidade de prática quase acabou. Pois nesta última parte chegaremos a compreender que só precisamos chamar por Deus e todas as tentanções desaparecem. Em lugar de palavras, precisamos apenas sentir Seu Amor. Em vez de preces, só precisamos invocar Seu Nome. Em lugar de julgar, só precisamos ficar calmos e deixar que todas as coisas sejam curadas. Aceitaremos o modo pelo qual o plano de Deus terminará do mesmo modo que recebemos o modo com que ele começou. Agora ele está consumado. Este ano nos trouxe até a eternidade.

11. Conservaremos ainda uma nova utilidade para as palavras. De vez em quando, instruções acerca de um tema de particular importância se intercalarão com nossas lições diárias e os períodos sem palavras, profunda experiência que deve vir posteriormente. Estes pensamentos particulares devem ser revistos todos os dias e cada um deles deve continuar até que o próximo te seja dado. Eles devem ser lidos e deve-se refletir a respeito deles lentamente com atenção por algum tempo antes de um dos instantes santos e abençoados do dia. Damos agora a primeira destas intruções.

*

1. O que é o perdão?

1. O perdão reconhece que o que pensaste que teu irmão fez a ti não aconteceu. Ele não perdoa os pecados e os torna reais. Ele vê que não houve pecado. E, em vista disso, todos os teus pecados são perdoados. O que é o pecado exceto uma ideia falsa acerca do Filho de Deus? O perdão simplesmente vê sua falsidade e, em razão disso, a abandona. Agora, então, o que fica livre para ocupar seu lugar é a Vontade de Deus.

2. Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um juízo ao qual não porá em dúvida, embora não seja verdadeiro. A mente está fechada e não será liberada. O pensamento oculta a projeção, apertando suas correntes a fim de que as distorções fiquem mais veladas e mais disfarçadas; menos facilmente sujeitas à dúvida e mantidas mais distante do bom senso. O que pode se interpor entre uma projeção rígida e o objetivo que ela escolhe como a meta que quer?

3. Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas. Busca seu objetivo numa ação frenética, torcendo e destruindo aquilo que vê como intromissões ao caminho que escolheu. Seu objetivo, e também o meio pelo qual quer alcançá-lo, é a distorção. Ele inicia suas tentativas furiosas de esmagar a realidade sem preocupação com qualquer coisa que pareça apresentar uma contradição a seu ponto de vista.

4. O perdão, por outro lado, é tranquilo e, de modo sereno, não faz nada. Ele não transgride nenhum aspecto da realidade, nem busca alterá-la para formas que lhe agradem. Ele olha simplesmente e espera, e não julga. Aquele que não quer perdoar tem de julgar, pois precisa justificar seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer perdoar tem de aprender a receber a verdade exatamente como ela é.

5. Não faças nada, então, e permite que o perdão te mostre o que fazer, por intermédio d'Aquele Que é teu Guia, teu Salvador e Protetor, forte em esperança e certo de teu êxito final. Ele já te perdoou, porque esta é Sua função, que Lhe foi dada por Deus. Agora tu tens de compartilhara a função d'Ele e perdoar aquele que Ele salvou, cuja inocência Ele vê a a quem Ele reconhece como o Filho de Deus.

*

LIÇÃO 221

Paz a minha mente. Que todos os meus pensamentos silenciem.

1. Pai, venho a Ti hoje para buscar a paz que só Tu podes dar. Venho em silêncio. Na calma de meu coração, nos recantos mais profundos de minha mente, espero e presto atenção a Tua Voz. Fala comigo hoje, meu Pai. Venho ouvir Tua Voz em silêncio e na certeza e no amor, convencido de que Tu ouvirás meu chamado e me responderás.

2. Agora esperamos em paz. Deus está aqui, porque esperamos juntos. Tenho certeza de que Ele falará contigo e de que ouvirás. Aceita minha confiança, pois ela é tua. Nossas mentes estão unidas. Nós esperamos com uma só intenção; ouvir a resposta de nosso Pai a nosso chamado, para permitir que nossos pensamentos silenciem e encontrem a paz de Deus, para ouví-Lo falar daquilo que somos e para Se revelar a Seu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Vamos começar, nesta terça-feira, dia 9 de agosto, mais uma vez, para quem está conosco desde o início, há três anos, a dar os primeiros daqueles passoas que vão nos levar em direção à percepção verdadeira, conforme o Curso nos orienta. Repetindo o que eu disse no ano passado, espero que todos continuemos a ter uma jornada de muita paz, de muita alegria e de muita esperança. A luz está conosco. Espero e desejo, pois, que continuemos a caminhar todos juntos, animados pela perspectiva de compartilhar a luz que vamos receber de volta para iluminar todos os nossos caminhos e para iluminar os caminhos de todos aqueles que caminham conosco.

É importante que renovemos de novo o compromisso de seguir as orientações que receberemos ao longo destes últimos passos. Cada uma delas está destinada a ficar conosco por dez dias. Isto é, cada instrução será renovada a cada dez lições. Por isto a necessidade de toda a atenção a estes primeiros passos.

Desejo, mais uma vez, a todos os que já estão conosco há algum tempo, da mesma forma que aos que se juntaram a nós há pouco e a todos os que estão chegando agora ou aos que ainda virão, uma boa jornada. Vamos todos, por favor, buscar nos lembrar sempre de que caminhamos juntos. Por isso, todos podemos ser úteis para animar e iluminar a caminhada de quem quer que precise de nossa luz e de nossa alegria.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Alcançar a paz de Deus para voltar à Fonte

LIÇÃO 220

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (200) Não há nenhuma paz a não ser a paz de Deus.

Não deixes que eu me desvie do caminho da paz, pois fico perdido em outras estradas que não esta. Mas deixa-me seguir Aquele Que me conduz para casa, e a paz é tão certa quanto o Amor de Deus.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que vamos revisar nesta segunda-feira, dia 8 de agosto, é a última da primeira parte do livro de exercícios. Terminamos aqui o primeiro trecho do caminho que escolhemos seguir. Oxalá tenhamos todos - os que chegam até aqui pela primeira, os que estão refazendo o caminho pela segunda, terceira, quarta ou mais vezes -, alcançado o objetivo de pôr de lado alguns, se não todos, os ensinamentos do mundo, que nos impediam de seguir adiante na direção de nós mesmos [do autoconhecimento] e de Deus.

Esta primeira parte, pois, se encerra com a afirmação de que "não há nenhuma paz a não ser a paz de Deus". Isto é, de nada adianta procurarmos em outros lugares, em pessoas coisas e em qualquer ponto do mundo. Se não entrarmos em contato com a paz de Deus em nós mesmos, ainda não teremos alcançado a paz que pode nos devolver à origem, à Fonte, ao que somos na verdade.

Lembremo-nos também de que chegar até aqui é uma grande realização, pois, de alguma forma já estamos preparados para dar continuidade à jornada, que não termina jamais, uma vez iniciada. Uma jornada, como eu disse no ano passado, em que não devemos nos desviar do caminho da paz, o caminho que pode nos levar a alcançar a percepção verdadeira, a percepção que está em sintonia com o espírito em nós e que vai, enfim, nos levar a nosso destino final: a nós mesmos e a Deus.

Pratiquemos, portanto, mais uma vez, ficar em paz e oferecer a paz, para aprendê-la.

domingo, 7 de agosto de 2011

Aquietar a mente e ouvir a resposta da Voz por Deus

LIÇÃO 219

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (199) Eu não sou um corpo. Sou livre.

Eu sou o Filho de Deus. Aquieta-te, minha mente, e pensa nisto por um momento. E, depois, volta à terra, sem confusão a respeito do que meu Pai ama para sempre como Seu Filho.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Eis aqui neste domingo, dia 7 de agosto, a reprise do comentário feito a esta mesma lição no ano passado, com apenas algumas pequenas alterações.

Revisamos hoje a ideia que nos oferece a possibilidade de libertação completa da crença que nos aprisiona e limita em um corpo, em uma forma. Uma ideia que nos afiança sermos livres, ao reconhecermos, compreendermos e  aceitarmos que não somos corpos. Somos espírito. E o espírito é livre.

É esta a verdade a respeito do que somos, se acreditarmos que ainda somos como Deus nos criou. Mas quem acredita nisto, quando olha para o mundo e vê o "caos" que aparentemente se instalou sobre a terra? Porém, a ideia que praticamos também nos permite ver que o aparente "caos" é apenas a ilusão gerada pela crença em corpos e formas, frutos de uma separação que nunca existiu. Ele é apenas uma interpretação que fazemos do que vemos.

É por esta razão que a orientação para as práticas fala em aquietar a mente. Para que olhemos de modo diferente para o mundo, e para as coisas dele ou nele. Nada é o que parece ser. Pois o que nossos olhos vêem, conforme uma lição lá do início é apenas o passado. E quando cometemos o equívoco de acreditar que compreendemos o que percebemos, seu significado está perdido para nós (conforme T-11.VIII.2:3).

Ainda de acordo com o que o Curso ensina, não conhecemos o significado de nenhuma das coisas que vemos e não temos nenhum pensamento totalmente verdadeiro. Mas temos um Professor, Que conhece o significado de todas coisas. E podemos perguntar a Ele se estivermos dispostos a aprender. Todavia, para aprender com Ele, é preciso que tenhamos disposição para questionar todas as coisas que aprendemos por conta própria [no mundo e do mundo], pois aprendemos mal quando buscamos ser professores de nós mesmos (vide T-11.VIII.3).

Aproveitemos, pois, as práticas de hoje para aprender a respeito de nossa liberdade com o único Professor Que conhece todas as coisas, aquietando nossas mentes para ouvir Sua Resposta.

sábado, 6 de agosto de 2011

"Temos pensamentos, não somos os pensamentos."

LIÇÃO 218

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (198) Só minha condenação me fere.

Minha condenação mantém minha percepção duvidosa e com meus olhos cegos não posso perceber a beleza de minha glória. Hoje, porém, posso ver esta glória e ficar alegre.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Thomas Keating, de quem já lhes falei antes, em seu livro Intimidade com Deus, compara nossa consciência a um rio, em cuja superfície os pensamentos passeiam, como barcos. "A superfície do rio representa nosso nível psicológico normal de consciência. Mas o rio também tem profundezas e o mesmo acontece com nossa consciência. Debaixo do nível psicológico normal de consciência, há o nível espiritual de consciência, no qual nosso intelecto e vontade funcionam em seu modo peculiar, de maneira espiritual", diz ele.

E acrescenta, em um nível mais profundo ainda, ou mais 'centralizada', "está a Força Interior Divina, onde a energia divina está presente como fonte de nossa existência e inspiração a todo momento". É na parte mais central ou íntima de nosso ser, em um lugar a que "os místicos chamam de 'fundamento da existência' ou 'pico do espírito' que podemos encontrar "o esforço pessoal e a graça".

O que fazemos na prática diária, ao utilizarmos a ideia que o Curso nos apresenta a cada lição, de acordo com as instruções, serve como um "gesto do consentimento de nossa vontade espiritual para a presença de Deus no mais íntimo de nosso ser".

Durante as práticas, a ideia  dever aparecer em nossa imaginação sem exercer "nenhuma função tranquilizadora no nível de nosso fluxo de consciência normal". Em vez disso, seu papel é favorecer a expressão "de nossa intenção, a escolha de nossa vontade de se abrir e [de] se entregar à presença divina".

A ideia serve para permitir, se nos lembrarmos da metáfora da consciência como um rio, que "os pensamentos naveguem como barcos na superfície do rio, sem atrair nosso desejo, nem provocar aversão". Isso vai permitir que nos desviemos por algum tempo do processo de pensar, pois "o processo pensante", diz Keating, tende a reforçar o sistema ao qual estamos acostumados e não nos deixa sair do "frenesi para 'obter algo' do mundo exterior para abastecer nossas compulsões ou disfarçar nossa mágoa", além, é claro, de acentuar quaisquer sensações de culpa que tenhamos desenvolvido por alguma razão.

Lembram-se do que Eckhart Tolle diz a respeito do pensamento? Em seu livro, O Poder do Agora, ele diz que o processo do pensamento faz com que nos identifiquemos com a mente e que "ser incapaz de parar de pensar provoca uma aflição terrível".

Quando nos identificamos com a mente, diz Eckhart, "criamos uma tela opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, julgamentos e definições que bloqueia todas as relações verdadeiras" e que se interpõe entre nós e o nosso próprio interior, entre nós e próximo, entre nós e a natureza e entre nós e o divino em nós mesmos. É por essa razão que, para ele, "pensar se tornou uma doença". Isto é, "o ruído mental incessante nos impede de encontrar a área de serenidade interior que é inseparável" daquilo que, na verdade, somos.

Dizendo de outro modo, "a doença acontece quanto as coisas se desequilibram. Por exemplo, não há nada errado com a divisão e a multiplicação das células no corpo humano. Mas, quando esse processo acontece sem levar em conta o organismo como um todo, as células se proliferam e temos a doença", o câncer, entre elas.

Isso é quase a mesma coisa que Keating diz quando, ao se referir ao processo de pensamento, sugere que um descanso "em bases regulares de vinte a trinta minutos sem pensar" nos levaria a perceber que "não somos nossos pensamentos. Temos pensamentos, mas não somos nossos pensamentos".

O que, em geral, nos faz sofrer é pensarmos que somos nossos pensamentos e, se nossos pensamentos são inquietantes, penosos ou 'maus', ficamos confusos com eles. Se nos déssemos o direito de parar de pensar por algum tempo, todos os dias, como disciplina - lembram-se da fidelidade à prática? -, começaríamos a ver que não precisamos ser dominados pelos pensamentos.

Em última instância, o que acontece é que não percebemos que a mente pode ser - e é - "um instrumento magnífico" [Tolle], usada de maneira correta. Em geral, em nosso nível psicológico normal, nós a usamos de forma errada, ou, melhor dizendo, não a usamos, deixamos que ela nos use. Ao acreditar que somos a mente, que somos nossos pensamentos, permitimos que o instrumento se aposse de nós. Tornamo-nos o instrumento.

É para chamar nossa atenção para isto que as práticas da ideia deste sábado, 6 de agosto, se destinam.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não precisamos nada mais do que nossa gratidão

LIÇÃO 217

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (197) Só posso ganhar a minha gratidão.

Quem, a não ser eu mesmo, deve agradecer por minha salvação? E de que modo, a não ser pela salvação, posso descobrir o Ser a Quem devo minha gratidão?

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Se pararmos para refletir um pouquinho só que seja a respeito da última da ideia que revisamos, Só posso crucificar a mim mesmo, relacionando-a, mais uma vez como fiz ontem, à ideia de uma lição anterior, Tudo que dou é dado a mim mesmo, abrindo caminho também para a ideia que vamos revisar amanhã, Só minha condenação me fere, ou lembrando de que há, na segunda parte, uma lição cuja ideia afirma que Nada pode me ferir, exceto meus pensamentos, ou outra que diz que Só meus pensamentos me afetam, havemos de concluir que, na verdade, tudo gira em torno de nós mesmos, de cada um de nós. Ou seja, o mundo só existe como projeção ou manifetação de tudo aquilo que trago dentro de mim. Tanto isso é verdade que estamos já até cansados de ouvir dizer que há tantos mundos quantas são as pessoas que habitam neste em que aparentemente vivemos.

Isto é apenas a confirmação da ideia que praticamos nesta sexta-feira, dia 5 de agosto, que nos diz que só podemos esperar nossa própria gratidão. Mais uma razão, conforme eu disse no ano passado, para aprendermos a não depositar nenhuma expectativa em nada, nem em ninguém. Deve bastar-nos a certeza de que sempre podemos contar com nossa própria gratidão, uma vez a tenhamos aprendido.

Esta ideia é também mais uma razão para que deixemos de buscar determinar o modo que os outros devem viver. Se, em geral, não sabemos o que fazer com nosso próprio mundo, o que nos leva a pensar que podemos decidir o que é melhor para uns e outros?

Voltando a uma parte do comentário do ano passado, é bom lembrar de novo que o texto que introduziu esta ideia para as práticas na primeira vez diz a certa altura: "Não importa se outro considera tuas dádivas indignas. Na mente dele existe uma parte que se junta a tua para te agradecer. Não importa se tuas dádivas parecem perdidas e inúteis. Elas são recebidas onde são dadas. Em tua gratidão elas são aceitas universalmente e reconhecidas com gratidão pelo Coração do Próprio Deus".

Alguém pode pedir ou querer mais do que isto? Não será o caso de aprendermos a dar graças por sermos capazes da gratidão? E, se tudo que damos é a nós mesmos que damos, será difícil concluir que sempre que somos gratos a alguém por alguma coisa é nossa própria gratidão que recebemos? E que não precisamos de mais nada?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Abandonar a culpa para experimentar a paz

LIÇÃO 216

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (196) Só posso crucificar a mim mesmo.

Tudo o que faço, faço a mim mesmo. Se ataco, eu sofro. Mas, se eu perdoar, a salvação me será dada.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Uma vez que a lição desta quinta-feira, dia 4 de agosto, tem tudo a ver com o que discutimos em nosso encontro na terça e que se refere também ao longo comentário que teci ontem, repito o que disse, no ano passado a respeito da ideia que vamos revisar hoje.

Vamos revisar uma ideia que contém uma verdade que não aprendemos com o mundo. O mundo nos ensina a julgar, a condernar, a atacar e a crucificar todos os que se apresentam em nossos caminhos como culpados pelo estado de coisas que vivemos. Um estado que, aliás, nunca é de nossa própria responsabilidade, uma vez que nós "sabemos" o que fazemos e o que queremos, enquanto os outros estão todos errados, a se dar ouvidos ao sistema de pensamento do ego.

O Curso diz várias vezes, em diversos pontos diferentes, que oferece um ensinamento muito simples. Afinal, como ele diz a certa altura, o que pode ser mais simples do que descobrir que ilusão é ilusão e que só a verdade é verdadeira?

E é isto que a ideia para as práticas de hoje nos ajuda a aprender e a compreender. Pois ela é apenas extensão é consequência natural de outra lição que diz: Tudo o que dou é dado a mim mesmo (Lição 126). Ora, se só dou a mim mesmo, é lógico que só posso ferir a mim mesmo, não?

Isto não é simples de se aprender? Sim! Sim! É simples, mas não é fácil. E por quê? Por estarmos hipnotizados pelos modos e sugestões do mundo [do ego], grande número de vezes não nos apercebemos de que o que fazemos só atinge mais fundo, de fato, a nós mesmos.

Apesar de todos já termos experimentado em algum momento a dor que resulta de se ferir alguém, o ego nos convida a relevar esta dor e a esquecê-la, sob a justificativa de que o que fizemos era o que aquela pessoa merecia.

Na verdade, sabemos que não é assim. Pois sempre que buscamos ferir ou atacar alguém é a nós mesmos que machucamos mais. E pagamos o preço em culpa. E a culpa gera o medo. E não conseguimos mais ficar em paz. É só abandonando a culpa, que vem do julgamento e do ataque, frutos da crença na separação, que vamos conseguir experimentar a paz.

Afinal, o que queremos de verdade para nossa vida? Paz ou culpa?

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

"A ação do Espírito Santo é terapêutica."

LIÇÃO 215

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (195) O amor é o caminho que sigo com gratidão.

O Espírito Santo é meu único Guia. Ele caminha comigo no amor. E eu dou graças a Ele por me mostrar o caminho a seguir.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

O comentário feito a esta lição no ano passado buscava fornecer a todos os frequentadores deste espaço mais elementos para o aprofundamento das práticas com a ideia desta quarta, dia 3 de agosto. Assim como penso que fazem todos os comentários.

No ano passado dividi com vocês uma das muitas mensagens que Helen Schucman recebeu da "Voz", esta de 1975, está registrada no livro Absence from Felicity, de Kenneth Wapnick. A mensagem, de acordo com Ken, era uma advertência a Helen, e, por extensão, a nós todos no mundo inteiro, a não acreditar que apenas nosso desejo de ouvir seja suficiente para ouvirmos verdadeiramente. Acho que vale voltar lá e dar uma espiada.

Também a este respeito, como lembra Ken no livro citado, o Curso nos adverte categoricamente: "Não confies nas tuas boas intenções. Elas não são suficientes" (T-18.IV.2:1-2).

Buscando, então, não perder o fio da meada e manter a tentativa de lhes fornecer mais dados para explicar por que razão o Curso e todos os seus professores consideram as práticas extremamente importantes, valho-me mais uma vez do que diz Thomas Keating, em seu livro Intimidade com Deus, que citei ontem em um comentário.

Quando ele se refere ao que chama de Oração Centralizadora, podemos aproveitar o que ele diz e pensar na lições não como práticas concentradoras, nem como exercícios de atenção. O que as práticas nos oferecem diariamente é mais um "exercício de intenção. É nossa vontade, nossa faculdade de escolha, que cultivamos [com as práticas]. A vontade é também nossa faculdade de amor espiritual, que é primordialmente uma escolha. Pode ser acompanhada de sentimentos de amor, mas não os requer. O amor divino não é sentimento [pelo menos não no sentido em que pensamos a respeito do sentimento]. [O amor divino] É disposição ou atitude de submissão contínua e [de cuidado] pelos outros, semelhante [ao cuidado] que Deus tem conosco e com toda coisa viva.

"[Precisamos notar que as práticas com as quais nos comprometemos são a] aceitação não só da presença divina [em primeiro lugar, em nós mesmos], mas também da ação divina. Nossa experiência durante um período de [prática] (ou mesmo fora dele) precisa ser entendida no contexto de nosso relacionamento com o Espírito que é, acima de tudo terapêutico. Por quê? Porque estamos doentes! Se achamos que estamos bem e experimentamos essa atividade curativa (o termo tradicional é 'purificante' [ou purificadora]) ela pode nos causar grande surpresa. Às vezes, em lugar da tranquilidade jubilosa que esperamos do descanso em Deus, encontramos movimentos turbulentos de nosso inconsciente, inclusive emoções fortes e até lágrimas. Algumas medicações são dolorosas, não por ser esse o desejo do médico, mas porque nossa doença é tal que exige um remédio drástico.

"A vontade desenvolve o hábito de submissão à crescente presença e ação de Deus. Nesse ínterim, a influência do Espírito em nossa [prática] também aumenta... [Podemos imaginar o Espírito vindo em nossa direção.] À medida que nossa prática... se aprofunda há uma interação na qual às vezes nossa atividade tranquila predomina e, outras vezes, o Espírito assume."

Em alguns momentos, a partir da fidelidade à pratica diária, podemos mesmo ter a sensação de uma espécie de consciência da ação divina em nós e no mundo.

Isso não significa, no entanto, que, porque recebe o consolo espiritual proporcionado pela prática do recolhimento ou porque se deixou absorver por Deus na prática da unidade, a pessoa se tornou santa. "Como a ação do Espírito Santo é terapêutica, pode [sim!] significar que estamos tão doentes, que precisamos de atenção especial! Assim, não devemos nos envaidecer com essas coisas. Por outro lado, também não resistimos a elas, porque talvez sejam exatamente o que é preciso para nossa cura".

É por isso que o Curso ensina que "os milagres são apenas o sinal de tua disposição em seguir o plano de salvação do Espírito Santo, reconhecendo que tu não conheces o que ele é. [Não é tua/[nossa] função fazer
o trabalho do Espírito Santo] "e a não ser que aceites isso, não poderás aprender qual é a tua função".


Perdoem-me se o conteúdo deste comentário lhes parecer por demais longo, mas ele me parece muito oportuno para enriquecer e complementar as práticas da ideia de hoje, ao mesmo tempo que, acredito, serve para trazer luz aos diferentes estados emocionais que muitas vezes se manifestam em nós durante e depois das práticas.