quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Queres questionar todos os valores que manténs?


LIÇÃO 304

Que meu mundo não esconda a visão de Cristo.

1. Eu posso esconder minha visão sagrada, se impuser meu mundo a ela. E também não posso ver as cenas sagradas para as quais Cristo olha, a menos que utilize Sua visão. A percepção é um espelho, não um fato. E aquilo para que olho é meu estado de espírito projetado para fora. Eu quero abençoar o mundo olhando para ele com os olhos de Cristo. E olharei para os sinais infalíveis de que todos os meus pecados foram perdoados.

2. Tu me conduzes das trevas para a luz, do pecado à santidade. Permite que eu perdoe e, assim, receba a salvação para o mundo. A salvação é Tua dádiva, meu Pai, dada a mim para eu oferecer a Teu Filho santo, a fim de que eu possa encontrar novamente a memória de Ti e de Teu Filho tal qual Tu o criaste.

*
COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 304

A ideia que vamos praticar hoje oferece uma vez mais a possibilidade de nos permitirmos trazer à consciência - cada um a sua - o fato de que somos nós mesmos que escondemos a visão de Cristo, e de que, ao fazer, isso nos escondemos dela também.

Eu perguntei, nos comentário desta lição em anos anteriores - e creio que vale manter a pergunta -, por que precisamos das práticas? Ora, a resposta, repetindo, não pode ser mais óbvia. Aliás nossas maiores dificuldades, em geral, estão sempre relacionadas à aceitação do óbvio, não é mesmo?

Voltando, então, à pergunta e a sua resposta. Eu diria - e disse - que precisamos das práticas porque, a maior parte do tempo, estamos distraídos de nós mesmos. Acreditamos ser algo que não somos. Acreditamo-nos separados de Deus e, por consequência do divino em nós mesmos. Deixamo-nos enganar a maior parte do tempo pela percepção, considerando-a o instrumento adequado para olhar para o mundo. Para ver a realidade do e no mundo.

Ainda como parte da resposta, eu dizia - e continuo a dizer - que as as práticas são necessários para que possamos criar em nos a disposição de reaprender, ou de lembrar, que o que vemos fora de nós é apenas o reflexo daquilo que trazemos dentro. Pois, como a lição diz: "a percepção é um espelho, não um fato".

Ora, saber disso é que nos permite aprender, reconhecer e aceitar que, quando não gostamos do que vemos fora, a única coisa a se mudar é nossa maneira de olhar. Para tanto, precisamos recorrer ao que há de mais profundo e verdadeiro em nós, e que só podemos alcançar no silêncio. Aquietando a mente, para que o espírito possa se manifestar em nós. Abrindo-nos a ele para permitir que ele nos sirva de guia.

Por fim, é preciso dizer mais uma vez que as práticas são necessárias porque aprender qualquer coisa, seja dirigir um carro, seja tocar um instrumento, seja nadar, andar de bicicleta, ou falar uma língua estrangeira, exige atenção, dedicação e uma vontade consciente. Nossa percepção é muito volúvel e se distrai facilmente. Passa de um objeto a outro em um tempo mais curto do que um piscar de olhos.

Em meio a vários erros e acertos, o começo de qualquer aprendizado não parece muito divertido. Principalmente se considerarmos que o falso eu - o ego, para o Curso, que é uma imagem que temos de nós, que não é, na verdade, o que somos - vai tentar de todas as formas interferir para nos distrair e afastar daquilo que ele vê como uma ameaça a sua existência: a tomada de consciência de que não precisamos nos submeter a seus desejos baseados na percepção.


Uma vez vez dominada a técnica, no entanto, aprendidos os movimentos e princípios básicos, automatizados os procedimentos, podemos começar a relaxar e a perceber quão divertido é [pode ser] o resultado do aprendizado. Quanta alegria, quanta paz e quanta serenidade podemos experimentar. Podemos começar a desfrutar do prazer e da alegria que resultaram de nossos esforços e de nossa atenção iniciais.

Uma vida espiritual, isto é, uma vida que inclua o contato com algo mais do que apenas o corpo e os órgãos dos sentidos, que inclua o contato com o Espírito Santo, com o divino em nós, também exige dedicação, esforço e atenção iniciais. E exige, como o próprio Curso sugere a respeito do que é necessário para o seu aprendizado:


Aprender este Curso exige disposição para questionar cada um dos valores que manténs. Nem um só deles pode ser mantido escondido ou deixado encoberto sem pôr em risco teu aprendizado. Nenhuma crença é neutra. Cada uma delas tem o poder de ditar cada decisão que tomas. Porque uma decisão é uma conclusão que se baseia em tudo o que acreditas. A decisão é o resultado da crença e decorre dela com tanta certeza quanto o sofrimento decorre da culpa e a liberdade decorre da inocência. Não há nenhum substituto para a paz...

Como eu disse antes, para se conhecer Deus, ou para se chegar ao autoconhecimento, é preciso investir o mesmo tempo e as mesmas táticas que empregamos quando queremos conhecer melhor uma pessoa por quem nos interessamos, com quem queremos passar mais tempo, depois de a termos conhecido em um encontro breve e superficial. E, como a lição nos leva a compreender, é preciso que estejamos dispostos a olhar para o mundo com a visão do Cristo. Isto é, precisamos descobrir o Cristo interior e olhar para o mundo com a visão d'Ele.

Às práticas?

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Só a profunda gratidão pode me dar a alegria e a paz


LIÇÃO 303

O Cristo santo nasce em mim hoje.

1. Vigiai comigo, anjos, vigiai comigo hoje. Fazei que todos os pensamentos sagrados de Deus me envolvam e se aquietem comigo enquanto nasce o Filho do Céu. Deixai que os sons terrenos silenciem e que as visões a que estou acostumado desapareçam. Deixai o Cristo ser acolhido no lugar em que Ele se sente em casa. E deixai que Ele ouça os sons que Ele entende e veja apenas as cenas que mostram o Amor de Seu Pai. Fazei que Ele não seja mais um estranho aqui, pois hoje Ele nasce novamente em mim.

2. Teu Filho é bem-vindo, Pai. Ele vem para me salvar do ser maligno que criei. Ele é o Ser que Tu me dás. Ele é apenas o que realmente sou na verdade. Ele é o Filho que Tu amas acima de todas as coisas. Ele é meu Ser tal qual Tu me criaste. Não é Cristo que pode ser crucificado. Em segurança nos Teus Braços, permite que eu receba Teu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 303

Duas ou três coisinhas estão a me pedir atenção para começar o comentário de exploração da ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje.

A primeira delas é a noção que o Curso quer que aprendamos, segundo a qual "dar e receber são uma só e mesma coisa". 

E por que isto pede atenção? 

Talvez porque, como já disse outras vezes, precisamos reconhecer quão mal-agradecidos somos à vida, a Deus, ao espírito e a tudo e a todos de modo geral. Óbvio é que só uma profunda gratidão por tudo e por todos pode me levar a viver uma experiência diferente da que vivo hoje em dia, se o que vivo não é a expressão da mais pura alegria e não me deixa experimentar nem um momento de paz.

A segunda está em uma fala de Ramana Maharshi publicada dia desses no facebook e que diz o seguinte, traduzindo de forma livre:

Torna-te invejoso de qualquer um inferior a ti.
Tu tens de te tornar muito pequeno.
De fato, tu tens de te tornar nada.
Só uma pessoa que não é ninguém pode habitar no Ser.

Parece-me que isto quer dizer que devemos aquietar o 'eu', o falso eu, o ego, abandonando toda e qualquer intenção de ser alguma coisa a partir do corpo, ou da mente que se vê separada. Parece-me que isto é seguir o conselho de Joel Goldsmith, que aconselha a que deixemos Deus viver a vida em nós, por nós. Isto é, que nos entreguemos por completo ao divino em nós e só deixemos vir à tona aquilo que se revela ser a manifestação do que somos na verdade, em Deus, na unidade com Ele.

E, por fim, agradecendo a manifestação da Cida, nossa colega, em comentário feito no dia 28, à lição 301, queria lembrá-los de que o Curso nos pede para voltarmos nosso olhar diariamente ao tema que dá unidade a cada bloco de dez lições, que, neste caso, é: O que é a Segunda Vinda?

Ela diz que chegamos agora a um momento delicado, um momento em que precisamos aprender o que é a Segunda Vinda, na verdade, abandonando tudo o que nos foi ensinado a respeito de um Juízo Final assustador, em que os justos, destinados ao Céu, seriam separados dos ímpios, que, por sua vez, seriam condenados por toda eternidade a um castigo sem fim.

Para o Curso, a Segunda Vinda é apenas a volta do sentido, a correção dos erros e a volta da sanidade. É o convite [que nós fazemos] para Deus, Sua Realidade, tomar o lugar das ilusões. É a permissão que damos para que Cristo nasça em nós em todos os momentos. É nossa disposição para deixar que perdão repouse sobre todas as coisas, em primeiro lugar sobre cada um de nós mesmos, sem exceção e sem reservas. Ou como diz o texto em outro ponto: A Segunda Vinda é a consciência da realidade, não o seu retorno.

Então, faz sentido o Curso dizer que não precisamos fazer nada. Basta que nos coloquemos à disposição do espírito em nós, para deixar que o Cristo nasça em nós, hoje, e todos os dias a contar de hoje. Pois é esta disposição que pode nos dar o olhar crístico para ver um mundo perdoado, um mundo que não necessita de nenhuma das mudanças que o sistema de pensamento do ego, em sua pretensa onipotência, quer nos fazer crer necessárias.

Como já sabemos, é um equívoco pensar que quaisquer mudanças que possamos fazer nas circunstâncias que nos cercam exerçam qualquer efeito no Ser que verdadeiramente somos. As circunstâncias não são mais do que circunstâncias, se vistas corretamente a partir do olhar amoroso de Cristo. Além do mais, ver quaisquer necessidades de mudança no mundo é dar a ele um valor e um poder que ele não tem. Não é o mundo que precisa ser transformado, mas nossa percepção do mundo, conforme a meta que o Curso nos apresenta.

Ou, repetindo a parte final dos comentários anteriores, as paixões que as coisas terrenas despertam dizem respeito apenas às circunstâncias que não vão durar, pois só existem na ilusão de tempo e de espaço, neste mundo em que aparentemente vivemos. Estas paixões fundam as leis que mantêm o amor no cativeiro. E, de acordo com Carol Gilligan, de quem já falei antes: "As leis que mantêm o amor em cativeiro mantêm este mundo no lugar".

Convido-os(as), pois, mais uma vez hoje, a todos e a todas, a deixarmos, mergulhando nas práticas, Cristo nascer em cada um de nós hoje para aprendermos a experimentar o Amor que dura para sempre e que é a única coisa que existe realmente. A única coisa que, de fato, queremos. A única coisa que pode nos dar a alegria e a paz perfeitas e completas, que são a Vontade de Deus para nós. E a nossa própria vontade. 

Às práticas?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Não há nada que precisemos mudar no mundo


LIÇÃO 302

Onde havia trevas eu vejo a luz.

1. Pai, nossos olhos se abrem enfim. Teu mundo sagrado nos espera, uma vez que nossa visão é devolvida finalmente e podemos ver. Pensávamos que sofríamos. Mas tínhamos nos esquecido do Filho que Tu criaste. Agora vemos que as trevas são a nossa própria imaginação, e que a luz existe para olharmos para ela. A visão de Cristo transforma as trevas em luz, pois o medo tem de desaparecer quando o amor chega. Permite que eu perdoe Teu mundo sagrado hoje, a fim de eu poder olhar para a santidade dele e compreender que ela apenas reflete minha própria santidade.

2. Nosso Amor nos espera enquanto seguimos em direção a Ele e anda ao nosso lado indicando o caminho. Ele não falha em nada. É Ele o Fim que buscamos e é Ele o Meio pelo qual vamos a Ele.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 302

Antes de fazer um comentário qualquer para a ideia que o Curso oferece para as práticas de hoje, vou convidá-los, mais uma vez, a assistirem ao vídeo do YouTube, cujo link, como o fiz no ano passado, dou abaixo:

http://youtu.be/X_Di4Hh7rK0

O comentário a seguir é o mesmo do ano passado e deve ser lido depois de terem assistido ao vídeo.

O que acharam? Como eu disse nos comentários anteriores ele nos remete à oração de São Francisco, uma pessoa que viveu em seu tempo em comunhão com a natureza, sem nenhuma preocupação com ecologia ou com qualquer coisa que não o louvor e o agradecimento por tudo aquilo que Deus nos oferece para suprir quaisquer necessidades em nossa jornada neste mundo.

O vídeo, além de nos mostrar o quanto somos arrogantes e pretensiosos, querendo, de forma meio que inconsciente e inconsequente, exercer um domínio sobre a natureza, também nos faz ver que, conforme ensina o Curso, não há nada fora. Nada do que façamos ou deixemos de fazer pode modificar a verdade a nosso próprio respeito. Nada do que pensemos pode mudar o que Deus criou. Não existe nada fora. Nem o planeta, nem o universo.

O Curso ensina que não precisamos fazer nada. Basta que deixemos tudo a cargo do espírito em nós e tudo ficará bem. Tudo seguirá o curso que tem de seguir. Ou, utilizando as palavras do Curso: "A realidade não necessita de tua cooperação para ser o que é". O que precisa de cooperação é nossa consciência da realidade, porque esta é nossa escolha.

Não nos iludamos mais acreditando que há alguma coisa que precisemos mudar no mundo, ou que podemos fazer qualquer coisa para mudá-lo. Não podemos e nem há necessidade disso. Tudo o que precisamos fazer é mudar nossa percepção do mundo e de nós mesmos.

Às práticas?

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mudar o modo de olhar facilita o aprendizado


9. O que é a Segunda Vinda?

1. A Segunda Vinda de Cristo, que é tão certa quanto Deus, é apenas a correção e a volta da sanidade. Ela é uma parte da condição que restitui o que nunca se perdeu e que restabelece o que é verdadeiro para todo o sempre. Ela é o convite para que a Palavra de Deus tome o lugar da ilusão; a disposição de permitir que o perdão se estenda sobre todas as coisas sem exceção e sem reserva.

2. É a natureza todo-abrangente da Segunda Vinda de Cristo que permite que ela envolva o mundo e te mantenha em segurança em seu benigno advento, que abarca todas as coisas vivas consigo. Não há limite para alívio que a Segunda Vinda traz, uma vez que a criação de Deus tem de ser ilimitada. O perdão ilumina o caminho da Segunda Vinda porque ela brilha sobre todas as coisas vivas como uma só. E, desse modo, a unidade é enfim reconhecida.

3. A Segunda Vinda põe fim às lições que o Espírito Santo ensina, dando lugar ao Juízo Final, em que o aprendizado termina em um resumo derradeiro que se estenderá além de si mesmo e chegará a Deus. A Segunda Vinda é o instante em que todas as mentes são entregues às mãos de Cristo, para serem devolvidas ao espírito em nome da criação verdadeira e da Vontade de Deus.

4. A Segunda Vinda é o único acontecimento no tempo que o próprio tempo não pode atingir. Pois cada um daqueles que algum dia veio para morrer, ou que ainda virá, ou que está presente agora é igualmente liberado daquilo que fez. Nessa igualdade Cristo é restabelecido qual uma Identidade única, na qual os Filhos de Deus reconhecem que todos eles são um só. E Deus Pai sorri para Seu Filho, Sua única criação e Sua única alegria.

5. Reza para que a Segunda Vinda aconteça logo, mas não te acomodes nisso. Ela precisa de teus olhos e ouvidos e mãos e pés. Ela precisa de tua voz. E, mais do que tudo, ela precisa de tua boa vontade. Alegremo-nos por sermos capazes de fazer a Vontade de Deus e de nos unirmos em sua luz sagrada. Atenção, o Filho de Deus é um em nós, e podemos alcançar o Amor de nosso Pai por intermédio d'Ele.

*

LIÇÃO 301

E o Próprio Deus enxugará todas as lágrimas.

1. Pai, não posso chorar a não ser que eu julgue. Tampouco posso sentir dor, ou sentir que estou abandonado ou que sou desnecessário no mundo. Este é meu lar porque não o julgo e, por isso, ele é apenas aquilo que Tu queres. Permite-me, hoje, vê-lo sem condenação, pelos olhos felizes que o perdão libera de qualquer distorção. Deixa-me ver Teu mundo em lugar do meu. E todas as lágrimas que derramei serão esquecidas, pois sua fonte desapareceu. Pai, não julgarei Teu mundo hoje.

2. O mundo de Deus é feliz. Aqueles que o observam com atenção só podem adicionar a ele a alegria que sentem e abençoá-lo por ser motivo de mais alegria em si mesmos. Chorávamos porque não compreendíamos. Mas aprendemos que o mundo que víamos era falso e, hoje, olharemos para o mundo de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 301

Convido-os hoje, mais uma vez, a abrirem corações e mentes comigo para recebermos mais uma das instruções especiais a que o Curso se refere na Introdução desta segunda parte do Livro de Exercícios. A nona delas. Uma instrução com o tema: O que é a Segunda Vinda?, que vai dar unidade a nossas práticas nos próximos dez dias.

Como costumo dizer a cada nova instrução, acho que é desnecessário lembrar que a orientação do Curso é que voltemos nossa atenção para ela pelo menos uma vez a cada dia, antes das práticas. Ou será preciso?

A instrução, O que é a Segunda Vinda?, fala por si mesma. Por isso, uma vez que a ideia para as práticas de hoje trata de nos ensinar a olhar para o mundo de forma diferente, para que vejamos nele apenas o mundo de Deus, repetindo o que fiz nos dois últimos anos, ofereço-lhes, mais uma vez, a tradução livre de um poema de e. e. cummings, que pode servir para que nos lembremos de uma das lições da primeira parte, que é uma das mais importantes para facilitar nosso aprendizado da necessidade de que mudemos nosso modo de olhar para tudo e para todos: Deus vai comigo aonde eu for

O poema diz o seguinte:

Carrego teu coração comigo (carrego-o em
meu coração) nunca estou sem ele (a qualquer lugar
que vou, tu vais comigo, meu amado; e qualquer coisa que seja feita
apenas por mim é teu fazer, meu querido)
                                                             não temo
nenhum destino (pois tu és meu destino, meu amor) não quero
nenhum mundo (pois, belo, tu és meu mundo, minha verdade)
e és tu que estás no que quer que seja que uma lua sempre queira dizer
e no que quer que seja que um sol cante sempre és tu

aqui está o segredo mais profundo que ninguém conhece
(aqui está a raiz da raiz e o broto do broto
e o céu do céu da árvore dita vida; que cresce
mais alto até do que a alma pode esperar ou do que a mente pode esconder)
e esta é a maravilha que mantém as estrelas separadas

Carrego teu coração (eu o carrego em meu coração)

Isto, viver isto, é viver a experiência da Presença de Deus, constante e permanentemente em nossos caminhos. Ou pode-se pensar que o "tu" a quem se refere o poema não é Deus?

Às práticas?

domingo, 27 de outubro de 2013

Tudo o que vive vive em nós, por nós e para nós


LIÇÃO 300

Este mundo dura só um instante.

1. Este é um pensamento que pode ser usado para dizer que a morte e a dor são o destino inevitável de todos os que vêm aqui, pois suas alegrias desaparecem antes de serem possuídas ou mesmo apreendidas. No entanto, ele também é a ideia que não permite que nenhuma percepção falsa nos mantenha sob seu controle, nem represente mais do que uma nuvem passageira em um céu eternamente sereno. E é esta serenidade, sem nuvens, inegável e segura, que buscamos hoje.

2. Buscamos Teu mundo sagrado hoje. Pois nós, Teus Filhos amados, perdemos o rumo por algum tempo. Mas ouvimos Tua Voz e aprendemos exatamente o que fazer para sermos devolvidos ao Céu e a nossa Identidade verdadeira. E hoje damos graças porque o mundo dura só instante. Queremos ir além deste diminuto instante para a eternidade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 300

Mais ou menos como tenho dito até agora todas as vezes em que chegamos aqui, tanto para os que vêm pela primeira vez quanto para os que já estão aqui há algum tempo, a partir do início das postagens deste blogue: Parabéns a todos nós, que chegamos a esta lição de número trezentos. 

Este é um marco importante. E como eu disse outras vezes também, não é pouco pensar que passamos trezentos dias deste ano buscando nos manter na mesma sintonia, mantendo-nos em contato com a energia do espírito em nós mesmos. Buscando lembrar-nos - uma, duas, três, quantas vezes mais for possível a cada um -, de voltar à presença do divino em nós mesmos. Com o passar do tempo e a partir da familiarização com as práticas, as lições diárias passam a ser compromisso pessoal, de cada um com o divino em si, imprescindíveis.

Talvez, possamos, este ano também, aproveitando a ideia para nossas práticas de hoje, nos perguntar de novo: Quanto tempo dura um instante?, que é o tempo que dura o mundo de acordo com a ideia que praticamos hoje. Será que esta ideia não serve para que cheguemos, de uma vez por todas à conclusão de que o único tempo que existe é o presente, o agora?

Será que não vamos ser capazes, ao praticar esta ideia, de voltar nossa atenção por completo ao uso que fazemos do tempo - do presente, do "único tempo que existe"? Será que estamos vivendo a vida que nos dá a alegria e a paz completas e perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós, de acordo com o que o Curso ensina?

Ou será que continuamos a adiar a tomada de decisão, acreditando que há muito tempo para isso? Ainda é muito cedo para eu tomar a decisão de voltar para Deus? Será que o mundo pode me oferecer alguma coisa que Deus não tem? Por que razão acho tão difícil tomar a decisão de fazer o que o Curso me pede para fazer? Por que razão o contato com o espírito, com o divino interior me assusta?

"Buscai em primeiro lugar o reino de Deus, e o resto vos será dado por acréscimo", esta é uma das mensagens de Jesus, do tempo em que ele viveu. Uma mensagem que continua a valer neste tempo em que ele vive, pois o que quer que tenha vivido em algum momento e nos tenha chegado à consciência continua a viver em nós. Pois, por mais que não entendamos, por maior que seja a dificuldade que tenhamos para aceitar e reconhecer, a verdade é que o único tempo que existe é este, o momento presente que vivemos. E tudo o que vive vive em nós, por nós e para nós. 

Tudo o que Deus tem é meu, é teu e é de todos nós. Por isso basta que nos dediquemos por inteiro ao Reino, como eu já disse antes, para que tudo aquilo de que precisamos se apresente em nossa vida. É também por esta razão que Joel Goldsmith, ao se referir a esta mensagem, alerta para o fato de que quando nos decidimos por Deus, temos de tomar a decisão sem pensar no "resto". Isto é, o "resto", certamente será o suficiente e até mais do que o suficiente para que vivamos a abundância, a alegria e a paz neste instante que o mundo dura. 

Quem de nós vai ter coragem de se arriscar?

sábado, 26 de outubro de 2013

Por mais que vaguemos vamos ter de voltar ao Eu


LIÇÃO 299

A santidade eterna habita em mim.

1. Minha santidade está muito além de minha própria capacidade de entender ou conhecer. No entanto, Deus, meu Pai, Que a criou, reconhece minha santidade como a d'Ele. Nossa Vontade conjunta a compreende. E Nossa Vontade conjunta sabe que isso é verdade.

2. Pai, minha santidade não vem de mim. Ela não é minha para ser destruída pelo pecado. Ela não é minha para sofrer ataques. Ilusões podem escondê-la, mas não podem extinguir sua radiância nem turvar sua luz. Ela continua a ser perfeita e intocada para sempre. Todas as coisas são curadas nela, pois continuam a ser tal qual Tu as criaste. E eu posso conhecer minha santidade. Pois a Própria Santidade me criu, e eu posso conhecer minha Fonte porque é Tua Vontade que Tu sejas conhecido.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 299

Repetindo o que eu disse em anos anteriores, a ideia que vamos praticar hoje busca nos devolver à condição natural do Filho de Deus. É a prática desta ideia que pode nos pôr em contato com aquilo que verdadeiramente somos. Aquilo em que acreditemos nos ter transformado a partir das experiências que vivemos neste mundo não tem importância, pois só existe naquela parte de nossa mente que acredita ser possível uma existência separada da Deus. 

A imagem que fazemos de nós mesmos, que cria e constrói este mundo, em que aparentemente vivemos, é falsa. É apenas uma parte da ilusão. E toda a ideia de busca e todos os esforços que fazemos nos vários caminhos que trilhamos servem apenas para confirmar aquilo que o Curso diz, que é a mesma coisa que nos dizem todos os mestres de todos os tempos. Nós já somos aquilo que buscamos.

É por isso, pois, que as ideias da alegria e da paz, perfeitas e completas, bem como a da santidade são, como já disse anteriormente, recorrentes no Curso, por serem elas a condição natural do Filho de Deus. Aprender a reconhecer e internalizar a santidade em nós é o que vai nos permitir viver na alegria e na paz perfeitas. É o que vai nos devolver à Graça, ao Eu, de que fala Ramana Maharshi, quando diz, conforme já vimos antes, que:

"As pessoas não entendem a verdade nua e crua e - a verdade de sua consciência de cada dia, sempre presente e eterna. Essa é a verdade do Eu. Existe alguém que não esteja consciente do Eu? Embora não gostem de ouvir falar disso, as pessoas estão ávidas por saber o que vai além [de suas vidas momentâneas] - céu, inferno, reencarnação. Exatamente porque elas amam o mistério e não a verdade pura, as religiões as mimam - para, finalmente, trazê-las de volta ao Eu. Por mais que possam vagar, vocês devem retornar em última instância ao Eu; portanto, por que não subsistir no Eu [na santidade] aqui e agora?

"... a Graça está sempre presente desde o princípio. A Graça é o Eu. Não é algo para ser conseguido. Basta reconhecer sua existência.

"Se a realização não fosse eterna, não valeria a pena. Assim, o que buscamos [a santidade, a Graça, o Eu] não é algo que deve ter começado a existir, mas algo que é eterno e está presente agora mesmo, presente em sua própria consciência [algo que habita em nós].

"[Na verdade], passamos [aparentemente e na ilusão apenas] por todo tipo de práticas e princípios vigorosos para nos tornarmos o que já somos agora [o que sempre fomos e seremos eternamente]. Todo [o] esforço serve simplesmente para nos livrarmos da impressão errada de que estamos limitados pelas aflições desta vida.

"Inicialmente, é impossível para você não fazer esforço. Quando você vai mais fundo, é impossível para você fazer esforço."

O aparente esforço que precisamos fazer inicialmente só é necessário porque "no estado do viver, as coisas vão enqueridas [amarradas] com muita astúcia: um dia é todo para a esperança, o seguinte para a desconsolação", como nos ensina o jagunço Riobaldo.

Porém, ele mesmo nos alerta para o fato de que: "Somente com a alegria é que a gente realiza bem - mesmo até as tristes ações". 


Às práticas?

OBSERVAÇÃO: Este comentário repete quase que literalmente os comentários feitos para esta lição nos dois últimos anos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Somos capazes de declarar amor por nós mesmos?


LIÇÃO 298

Eu Te amo, Pai, e amo Teu Filho.

1. Minha gratidão permite que meu amor seja aceito sem medo. E, dessa forma, sou, afinal, devolvido a minha realidade. O perdão retira tudo o que se intrometia com minha vista sagrada. E eu chego perto do fim da jornada sem sentido, de carreiras loucas e de valores artificiais. Em lugar disso, aceito o que Deus estabeleceu como meu, certo de que só nisso serei salvo; certo de que atravesso o medo para encontrar meu amor.

2. Pai, venho a Ti hoje porque não quero seguir nenhum caminho a não ser o Teu. Tu estás a meu lado. Teu caminho é seguro. E eu estou grato por Tuas dádivas de refúgio garantido e de saída para tudo o que quer esconder meu amor por Deus, meu Pai, e por Seu Filho santo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 298

Hoje, como sempre, e sempre e cada vez mais, é necessário que fiquemos de olhos bem abertos a tudo e a todos. É preciso que voltemos toda a atenção para a ideia a que o Curso nos oferece para as práticas, uma vez que, em geral. como eu já disse antes, não estamos acostumados a declarar nosso amor a Deus. Muito menos, de forma honesta e sincera, a qualquer um de seus filhos, a quem, às vezes dizemos amar, mas com um amor condicionado ao atendimento de certas exigências do falso eu. E também não estamos acostumados a pensar que amamos a nós mesmos, ou que é preciso que nos amemos. Que dirá, então, confessar que nos amamos, a não ser de forma jocosa como uma música tempo atrás, que declarava: "Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim"?

No entanto, isto não deve ser levado em conta de brincadeira. Pois só quando formos capazes de reconhecer em nós mesmos a expressão do divino, e nos amarmos, de fato, sendo, inclusive, capazes de declarar - ainda que apenas para nós mesmos, que é o que importa  - que nos amamos, é que estaremos declarando nosso amor a Deus.

Por esta razão, eu os convido mais uma vez a que voltemos nossa atenção para aquilo que é necessário aprendermos para alcançar o reino de Deus em nós, de acordo com o que nos instrui Joel Goldsmith em um de seus livros: O Despertar da Consciência Mística. Consciência a que também poderíamos chamar de "consciência espiritual". 

Para entendermos melhor o que significa atenção, voltar-se para o espírito, ou voltar-se para si, ou para Deus, a partir do que diz Joel, precisamos estar dispostos a sentar duas ou três vezes por dia, para lembrarmos a nós mesmos de toda a verdade que pudermos lembrar a respeito de Deus, do reino divino, do universo divino e da criação de Deus, para depois descansarmos. N'Ele. E esta disposição quem pode nos dar é o desejo muito grande, o desejo ardente de conhecer o Reino de Deus e de vivê-lo. Ou como diz o Curso em texto que lemos em grupo recentemente: Estar no Reino é simplesmente focalizar tua completa atenção nele. Enquanto acreditares que podes te dedicar àquilo que não é verdadeiro, estás aceitando o conflito como tua escolha [e, é óbvio vais te sentir separado do Reino].

A seguir, dou-lhes novamente aquela pequena oração/meditação de Goldsmith, para que exercitemos manifestar nosso desejo pelo Reino. Um desejo que tem necessariamente de reconhecer como verdadeira a declaração que nos pede para fazer a ideia para as práticas de hoje:

Pai, agora, fala. Estou pronto para ouvir Tua Voz. Estou receptivo a Tua Presença. Tenho só um desejo - não é daqui de fora. Não estou interessado em conseguir emprego, posição, riqueza, fama, fortuna ou felicidade - nem mesmo paz, nem mesmo segurança. Meu único desejo nesta vida é Te conhecer. Este é meu único desejo. Entrego a Ti, Pai, este mundo inteiro. Devolvo-Te todos e todas as coisas que estão nele. Deixa-me apenas Te ter em mim. Já não peço graças para mim mesmo ou para qualquer outra pessoa. Deixa-me apenas Te conhecer. 

Às práticas?

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Para se "ver verdadeiramente" é preciso querer ver


LIÇÃO 297

O perdão é a única dádiva que dou.

1. O perdão é a única dádiva que dou, porque ele é a única dádiva que quero. E tudo o que dou, dou a mim mesmo. Esta é a fórmula básica da salvação. E eu, que quero ser salvo, quero fazê-la minha, para que ela seja o modo como vivo em um mundo que precisa de salvação, e que será salvo quando eu aceitar a Expiação para mim mesmo.


2. Pai, quão seguros são Teus caminhos; quão seguro o resultado final deles, e quão confiantemente já está estabelecido cada passo de minha salvação, e realizado por Tua graça. Graças sejam dadas a Ti por Tuas dádiva eternas, e graças Te dou por minha Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 297

A ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje está relacionada de modo direto à mensagem central de Jesus, que chegou até nós, de sua passagem por este mundo: o perdão, a se dar crédito a tudo o que se disse e diz a respeito dele. 

As práticas com a ideia de hoje também estão intrinsecamente ligadas ao que foi central na vida e mensagem de São Francisco de Assis, o homem que, no seu próprio tempo, também foi capaz de viver em sua vida a mensagem ligada à mensagem central de Jesus, pelas informações que temos de historiadores e estudiosos da vida e da obra do santo.

Assim, aproveitemos para nos lembrar uma vez mais do comentário feito a esta lição em anos anteriores. Voltemo-nos para São Francisco e para o que ele diz em sua oração, conhecida mundialmente.  Pois, se ouvirmos, de fato, o que ele diz em sua oração, aliando suas palavras à ideia que praticamos hoje, vamos ser capazes de aprender que "é perdoando que se é perdoado", e que tudo o que precisamos fazer para obter aquilo que queremos obter é, em primeiro lugar, oferecê-lo.

Como eu já disse antes também, Leonardo Boff, em seu livro A Oração de São Francisco, começa sua mensagem a respeito da frase "É perdoando que se é perdoado" dizendo que: "Uma das dimensões mais surpreendentes e até escandalosas da mensagem de Jesus é o anúncio de que seu Deus é um Deus de amor incondicional e de irrestrita misericórdia. [Um Deus que] Oferece a todos o seu amor e o seu perdão, mesmo quando não [Se] depara com a contrapartida deste amor. [Um Deus que] Ama até 'os ingratos e maus' "(Lc 6, 35).

Há ainda na mesma oração mais uma referência ao perdão que diz "onde houver ofensa, que eu leve o perdão". Repetindo: para fazer isto, é preciso que estejamos dispostos a seguir a orientação do Curso e buscar um modo diferente de olhar para o mundo. Pois não há nenhuma dúvida de que para se "ver verdadeiramente" é preciso que se queira "verdadeiramente" ver. Ou não conhecemos o ditado: "o pior cego é o que não quer ver"? É para que aprendamos a querer ver que o Curso nos oferece estas práticas diárias.

Quando nos decidirmos, de fato, a olhar para o mundo de modo diferente, aprenderemos a eliminar a pouco e pouco o julgamento que fazemos daquilo que vemos. Esse é o caminho que vai nos oferecer a visão de um mundo perdoado.

E que tal lembrar da Oração de São Francisco mais uma vez?

Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Às práticas?


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

As práticas levam à rendição amorosa ao Espírito


LIÇÃO 296

O Espírito Santo fala por meu intermédio hoje.

1. O Espírito Santo precisa de minha voz hoje, para que o mundo inteiro possa ouvir Tua Voz e escutar Tua Palavra por intermédio de mim. Estou decidido a deixar que Tu fales por meio de mim, pois não quero nenhuma palavra a não ser as Tuas e não quero ter nenhum pensamento que esteja separado dos Teus, pois só os Teus são verdadeiros. Eu quero ser o salvador do mundo que fiz. Pois, tendo-o amaldiçoado, quero libertá-lo, para poder achar saída e ouvir a Palavra que Tua Voz sagrada vai dizer para mim hoje.

2. Hoje ensinamos aquilo que precisamos aprender, e só isso. E, por isso, a meta de nosso aprendizado se torna uma meta sem conflitos e pode ser facilmente alcançada e realizada. Quão alegremente o Espírito Santo vem para nos resgatar do inferno, quando permitimos que Seu ensinamento, por nosso intermédio, convença o mundo a buscar e a achar o caminho natural para Deus.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 296

A certa altura, ainda no início do livro de que lhes falei no comentário de ontem, Wayne diz o seguinte:

"Em qualquer instante no tempo, todo o Espírito está concentrado no ponto em que focalizas tua atenção. Por isso, tu podes combinar [e pôr em ação] toda a energia criativa num dado momento no tempo. Isso é teu livre arbítrio em ação."

A ideia que praticamos hoje é, de certa forma, expressão disto mesmo de que fala Dyer. Isto é, quando focalizamos nossa atenção por inteiro no divino interior, é o divino que se manifesta [e fala] por nosso intermédio. E é a partir do divino que funcionamos e vemos funcionar tudo no mundo.

O que acontece, como  eu já disse outras vezes, é que, em geral, andamos pelo mundo e pela vida, distraídos de nós mesmos, bombardeados que somos o tempo todo pelas mensagens do falso eu. Aquele "eu" - ego - que construímos a partir de alguns equívocos que o mundo ensina.

O que precisamos fazer é perceber claramente que a neutralidade do corpo deve ser estendida ao mundo e que podemos fazer isso também com o nosso olhar, se o entregarmos ao divino em nós, se deixarmos nossa visão do mundo a cargo do Espírito Santo, abandonando por completo a ideia que construímos a respeito de quem ou do que somos, a que nos referimos como "eu", este "eu" a que o Curso chama de ego.

As crenças que temos e que dão existência ao ego e a todos os seus-nossos equívocos, de acordo com Wayne Dyer, são as seguintes:

1. Eu sou o que tenho. Minhas posses me definem.

2. Eu sou o que faço. Minhas conquistas me definem.

3. Eu sou o que os outros pensam de mim. Minha reputação me define.

4. Eu estou separado de todos. Meu corpo e só meu corpo me define.

5. Eu estou separado de tudo o que está faltando em minha vida. O espaço de minha vida está desligado de meus desejos.

6. Eu estou separado de Deus. Minha vida depende do estabelecimento de meu valor por Deus [um Deus que existe fora de mim].

É, pois, para nos livrarmos de uma ou de todas estas crenças que praticamos hoje. Assim como é para isto que o Curso nos oferece todas as ideias que praticamos. Pois não importa o quanto tentemos, não podemos chegar ao Espírito, ou desenvolver a visão amorosa d'Ele em nós, ou permitir que Ele fale por nós, a partir dos sentidos e da percepção do corpo, ou do ego, que não consegue, nem quer, ver a neutralidade do corpo ou dos sentidos.

Para que o Espírito fale por intermédio de nós, é necessário que nos rendamos a Ele, com disciplina, sabedoria e amor. E isto, é claro, é o que as práticas diárias podem nos dar. 

Às práticas?

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O que, acreditamos, nos leva a fazer o que fazemos?


LIÇÃO 295

Hoje o Espírito Santo olha através de mim.

1. Cristo pede para usar meus olhos hoje para, desta forma, redimir o mundo. Ele pede esta dádiva para poder me oferecer paz de espírito e afastar todo o medo e toda a dor. E, quanto se afastam de mim, os sonhos que eles pareciam depositar sobre o mundo desaparecem. A redenção tem de ser única. Quando sou salvo, o mundo é salvo comigo. Pois todos nós temos de ser redimidos juntos. O medo se apresenta de muitas formas diferentes, mas o amor é um só.

2. Meu Pai, Cristo me pediu uma dádiva, e uma dádiva que dou para que ela me seja dada. Ajuda-me a usar os olhos de Cristo hoje, para, deste modo, permitir que o Espírito Santo abençoe todas as coisas sobre as quais eu venha a pousar me olhar, para que Seu Amor misericordioso possa permanecer em mim.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 295

Preparei-me hoje, mais uma vez, para fazer um comentário diferente daqueles que fiz em anos anteriores para esta mesma lição, mas, de novo, em função de um livro que comecei a neste final de semana achei que valia a pena manter a mesma linha de raciocínio que ele tem para chamar a atenção de vocês novamente para a necessidade de que estejamos sempre atentos para questionar toda e qualquer informação que chegue até nós. 

Se voltarmos um pouquinho que seja de nossa atenção a uma ou duas das ideias que praticamos nos últimos poucos dias, veremos que elas nos aconselham, entre outras coisas, a esquecer o passado de meu irmão, ou que nos dizem que o passado passou, se foi, e não pode nos tocar. Há ainda uma que nos pede que pratiquemos ver só a felicidade deste momento.

Assim como eu disse anteriormente, isto é, nos comentários que estou repetindo, refletindo a  respeito destas ideias de dias atrás, não há como não pensar no fato de que, conscientes disso ou não, ainda nos debatemos, hoje, em tentativas de encontrar novas interpretações para as palavras atribuídas a Jesus que chegaram até nós, ditas há mais de 2.000 anos. 

Penso, porém, que devem ser muito poucos os que se perguntam: - Quem pode garantir que o que ele disse mesmo seja o que os escritos e escritores nos trouxeram ao longo do tempo?

E que dizer, então, dos textos de que nos valemos até hoje e que são muito mais antigos do que os ditos "evangelhos" do Novo Testamento que o cristianismo nos legou?

Não estaremos todos sugestionados por uma história que foi sendo escrita apenas para atender aos interesses de uns poucos que queriam exercer algum poder sobre um grande número de pessoas, condicionando-as a este ou àquele comportamento, sob a ameaça de uma condenação a um castigo eterno e permanente após a morte do corpo? Uma possibilidade inconcebível, na verdade. Afinal, os registros todos que temos são feitos, ou foram feitos, por apenas cerca de meia dúzia de pessoas, que nos contam o que viram de acordo com sua percepção. Será que outras testemunhas não diriam coisas diferentes?

Um dos livros que li a respeito dos textos chegaram até nós diz que: "Quem quer que lesse um livro na Antiguidade nunca estava cem por cento seguro de que estava lendo o que o autor escrevera. Palavras podiam ter sido trocadas. E, de fato, eram, mesmo que só um pouco".

E por quê? Porque "as pessoas que reproduziam textos por todo o império [romano] não eram, normalmente, aquelas que queriam ler os textos. Os copistas, em geral, reproduziam os textos para outros", sempre por encomenda.

Assim, remetendo a Orígenes, afirma o autor que muitas vezes "as diferenças entre os manuscritos se tornaram gritantes, ou pela negligência de algum copista ou pela audácia perversa de outros; ou eles descuidavam de verificar o que transcreveram ou no processo de verificação acrescenta(va)m ou apaga(va)m trechos, como mais lhes agrad(ass)e".

Somos sugestionáveis! Mas, sabendo disso, não lhes parece ser mais fácil olhar para tudo e questionar os mapas que estão nos apresentando, perguntando-nos, ou a quem os oferece a nós, se eles têm alguma a coisa a ver, de fato, com a geografia do caminho que queremos trilhar ou se não serão apenas mais alguns instrumentos destinados a nos indicar a direção errada, ou uma direção que atenda somente aos interesses dos fazedores e vendedores de mapas?

É claro que este comentário poderia ser muito mais extenso, dada a imensa gama de possibilidades e de questões que ele suscita. Mas deveria? O que quero com ele é apenas chamar sua atenção para o fato de que não pode ser senão por meio do Espírito Santo, do divino em nós, [alguns podem preferir chamar isso de consciência] que poderemos ter acesso à verdade a respeito de nós mesmos e do que somos de fato.

E é para isto que nos orienta a ideia das práticas de hoje. Pois, ainda de acordo com o livro de que falava acima, "... o único modo de entender o que um autor quer dizer é conhecer o que suas palavras - todas as suas palavras - realmente querem dizer". E quero crer que conhecer significa acolher as palavras experimentalmente, ou seja, encontrar seu eco dentro de nós mesmos, como expressão do divino em nós.

Há, porém, que nos lembrarmos de que, além disso, todas as palavras estão sempre sujeitas a milhares de interpretações, que variam de acordo com o interesse, com o objetivo e com a experiência de quem quer que esteja lidando com elas. E, mesmo que venhamos a conhecer "todas as palavras" de um autor, o que elas "realmente" querem dizer está além de nossa percepção. E muitas vezes até além da percepção do próprio autor. [Lembram-se da diferença entre percepção e conhecimento?]

Qualquer um, que não o autor, pode se identificar com as palavras dele, pode concordar com o que ele diz, pode discordar e pode até mesmo entender o que ele diz como não tendo absolutamente nada a ver com a realidade de que ele fala, pelo menos não com a realidade da forma como vista por este leitor discordante.

No entanto, se emprestamos nossos ouvidos interiores ao Espírito Santo, para tentar ouvi-Lo a partir da compreensão amorosa do divino em nós, é bastante provável que cheguemos à comunicação perfeita. É bem provável que cheguemos a comungar com o(s) outro(s), partilhando o entendimento de que somos um, e de que a diversidade, em lugar de nos separar, nos une e enriquece nossa experiência dando-lhe uma variedade de matizes e cores que ela não teria em muitas circunstâncias, vistas apenas com os olhos do corpo, ouvidas apenas com os ouvidos do corpo. Sentidas apenas com os sentidos do humano em nós.


*OBSERVAÇÃO: Para quem ficou curioso a respeito da leitura que iniciei, trata-se de um livro de Wayne Dyer, chamado The Power of Intention [O Poder da Intenção], para o qual não sei se há tradução em Português. Vou voltar a me referir a ele nos próximos dias. Algo que tem a ver com isso tudo que está neste comentário, que tem a ver também com o objetivo do Curso e tudo a ver com o que explica as razões que nos levam a fazer o que fazemos. Ou as que nos impedem aparentemente de fazer o que gostaríamos de fazer.