terça-feira, 30 de novembro de 2021

Abrir mão do mundo é a mesma coisa que perdoá-lo

 

12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 334

Reivindico, hoje, as dádivas que o perdão dá.

1. Não vou esperar outro dia para achar os tesouros que meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos desaparecem, mesmo porque se baseiam em percepções falsas. Permite que hoje eu não aceite dádivas tão mesquinhas novamente. A Voz de Deus oferece a paz de Deus a todos que ouvem e escolhem segui-Lo. Esta é minha escolha hoje. E, assim, vou encontrar os tesouros que Deus me dá.

2. Busco apenas o eterno. Pois Teu Filho não pode se satisfazer com nada menos do que isso. O que, então, pode servir de consolo para ele, a não ser aquilo que Tu ofereces a sua mente confusa e coração amedrontado, para lhe dar segurança e lhe trazer paz? Quero ver meu irmão sem pecado hoje. Esta é Tua Vontade para mim, pois deste modo verei minha inocência.


*

COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 334

A ideia para as práticas de hoje tem a ver com o renovar nossa decisão de tomar posse da herança de filhos de Deus, a que temos direito natural, por ainda sermos tal qual Deus nos criou, conforme ensina o Curso de várias maneiras e em várias ocasiões ao longo do texto e dos exercícios. 

Tal decisão começa com a afirmação que cada um de nós vai fazer da ideia: 

Reivindico, hoje, as dádivas que o perdão dá.

Ela tem a ver com o perdão, porque é a forma de acessar essa herança. Pois perdoar o mundo é o mesmo que abandoná-lo, é a mesma coisa que abrir mão dele, para ganhá-lo por inteiro, à luz da percepção verdadeira, sabendo que ele não vai durar, que ele não é eterno e não tem senão o valor que lhe damos, que é sempre temporário e variável. Por dependente da percepção que temos e que, ora nos mostra algo como útil, ora como inútil. 

Ora, se nos parecer difícil pensar na enormidade do gesto que parece ser oferecer o perdão ao mundo todo, é preciso que nos lembremos que o Curso ensina que não há nada fora. Assim é que podemos ficar tranquilos e aceitar a tarefa, pois, além de tudo, perdoar o mundo não é nada mais nada menos do que apenas perdoarmos a nós mesmos/as, por tudo e por nada, aceitando que ainda somos como Deus nos criou, escolhendo viver a Vontade d'Ele para nós, que é a mesma que a nossa, como vimos há pouco 

E é urgente que tomemos esta decisão. A decisão que pode nos salvar e salvar o mundo inteiro. Pois por que esperar para fazer em outro momento, se a decisão pode nos pôr em contato com a paz e a alegria perfeitas e completas, que são a Vontade de Deus para nós? Assim é que dizemos:

Não vou esperar outro dia para achar os tesouros que meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos desaparecem, mesmo porque se baseiam em percepções falsas. Permite que hoje eu não aceite dádivas tão mesquinhas novamente. A Voz de Deus oferece a paz de Deus a todos que ouvem e escolhem segui-Lo. Esta é minha escolha hoje. E, assim, vou encontrar os tesouros que Deus me dá.

Vamos, pois, perdoar o mundo, em sintonia com o que o Curso ensina, para podermos encontrar e desfrutar dos tesouros que Deus nos dá. Perdoemos o mundo e tudo o que há nele e esqueçamos o passado. Pois perdoar o mundo é, como já disse outras vezes, entregá-lo a seu próprio destino, juntamente com seu futuro, sem sequer uma única intenção de controle, sem qualquer pretensão de saber ditar a ele "melhores" modos e maneiras.

Repetindo, perdoar o mundo é reconhecer que ele não tem nada que queiramos realmente. É dar a ele apenas o valor que lhe é devido por sua impermanência, por sabê-lo passageiro e mutável, reconhecendo a diversidade apenas como aspectos diferentes da mesma ilusão, que o cria e constrói a partir de pensamentos baseados na crença em uma ideia que valoriza a separação, como se ela fosse verdadeira, esquecendo-se da Unidade, de que todos somos partes. 

Não há nada no mundo que vá durar para sempre, para a eternidade; e o que buscamos, unindo-nos à orientação do Curso nesta lição é apenas o eterno. Por isso dizemos:

Busco apenas o eterno. Pois Teu Filho não pode se satisfazer com nada menos do que isso. O que, então, pode servir de consolo para ele, a não ser aquilo que Tu ofereces a sua mente confusa e coração amedrontado, para lhe dar segurança e lhe trazer paz? Quero ver meu irmão sem pecado hoje. Esta é Tua Vontade para mim, pois deste modo verei minha inocência.

Para nos lembrarmos de tudo isso, ofereço-lhes mais uma vez, outra, a passagem do livro Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, na qual ele nos apresenta a compreensão disto, a partir da percepção do Menino, em um trecho de uma das estórias:

"E, vindo outro dia, no não-estar-mais-dormindo e não-estar-ainda-acordado, o Menino recebia uma claridade de juízo - feito um assopro - doce, solta. Quase como assistir às certezas lembradas por um outro; era que nem uma espécie de cinema de desconhecidos pensamentos; feito ele estivesse podendo copiar no espírito ideias de gente muito grande. Tanto, que, por aí, desapareciam, esfiapadas.

"Mas naquele raiar, ele sabia e achava: que a gente nunca podia apreciar, direito, mesmo as coisas bonitas ou boas, que aconteciam. Às vezes, porque sobrevinham depressa e inesperadamente, a gente nem estando arrumado. Ou esperadas, e então não tinham gosto de tão boas, eram só um arremedo grosseiro. Ou porque as outras coisas, as ruins, prosseguiam também, de lado e do outro, não deixando limpo lugar. Ou porque faltavam ainda outras coisas, acontecidas em diferentes ocasiões, mas que careciam de formar junto com aquelas, para o completo. Ou porque, mesmo enquanto estavam acontecendo, a gente já sabia que elas já estavam caminhando para se acabar roídas pelas horas, desmanchadas..." 

Não lhes parece que as práticas podem nos levar mais depressa ao encontro de nós mesmos/as, no Ser, em Deus, com Ele? Não lhes parece que perdoar o mundo vai permitir que, de fato, reivindiquemos e recebamos as dádivas que o perdão oferece, e que, na verdade, já são nossas? 

Às práticas?


segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Como tratar de comportamentos ditos irresponsáveis

 

12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

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LIÇÃO 333

O perdão acaba com o sonho de conflito aqui.

1. O conflito tem de ser resolvido. Se quisermos nos livrar dele, não podemos evitá-lo, pô-lo de lado, negá-lo, disfarçá-lo, vê-lo em outro lugar, dar-lhe outro nome ou escondê-lo por meio de qualquer tipo de truque. Ele tem de ser visto exatamente como é, onde se pensa que ele está, na realidade que lhe foi dada e com o propósito que a mente conferiu a ele. Pois só assim suas defesas são suspensas e a verdade pode brilhar sobre ele à medida que ele desaparece.

2. Pai, o perdão é a luz que Tu escolheste para eliminar todo conflito e toda dúvida, e para iluminar o caminho de nossa volta a Ti. Nenhuma luz a não ser essa pode pôr fim a nosso sonho mau. Nenhuma luz a não ser essa pode salvar o mundo. Pois apenas essa não falhará em nada jamais, pois é Tua dádiva para Teu Filho amado.


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COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 333

Continuo a crer que nunca é demais repetir as palavras, ou as histórias que buscam facilitar o contato e a sintonia com o que somos na verdade, e que podem nos fazer abandonar as ilusões e os conflitos por inteiro, e de uma vez por todas. É isto que vamos fazer mais uma vez hoje para explorar a ideia que o Curso oferece para as práticas. 

Pois é hoje que vamos reconhecer e aceitar o que a ideia nos diz e buscar pô-la em prática. Para tanto, basta que digamos para nós mesmos/as de forma decidida:

O perdão acaba com o sonho de conflito aqui.

E, após esta tomada de consciência, vamos nos voltar para o interior de nós mesmos/as à procura da luz que pode perdoar a tudo e a todas as coisas, em nós, e em tudo o que está aparentemente fora de nós também.

Podemos fazer uso novamente da história que reproduzo abaixo como forma de exercitar o perdão, valendo-nos dela para aprender a reconhecer o divino nas outras pessoas e coisas, para lhes oferecer a paz e a alegria do reencontro com o divino, em si mesmos/as, por nosso intermédio.

Gerald Jampolsky, um dos estudantes de UCEM de primeira hora e fundador do primeiro Center for Attitudinal Healing [Centro para Cura das Atitudes - CCA], escreveu, a partir de suas interpretações dos ensinamentos do UCEM, entre outros, um livro inteiro a respeito do perdão.

O livro se chama Perdão e vale a pena ser lido, pois traz explicações para as muitas razões pelas quais achamos difícil perdoar e ilustra os motivos por que "apegar-se a sentimentos de revanche e de vingança é uma atitude que só pode causar sofrimento". Um livro que descreve de forma clara e simples, "os motivos pelos quais [muitas vezes] nos negamos a perdoar e como a nossa mente trabalha para justificar essa atitude". O que, é claro, tem a ver com a ideia para nossas práticas de hoje.

Além do mais, a fim de ajudar a nos decidirmos pelo perdão, o livro "aponta os efeitos colaterais tóxicos causados [pela] intolerância e os males que isso pode provocar no nosso corpo e na nossa vida em geral. Mas, acima de tudo, revela-nos os incomensuráveis benefícios do perdão".

Entre as várias histórias que Jampolsky conta no livro, e "que abrem nossos corações aos milagres que acontecem quando acreditamos verdadeiramente que todas as pessoas merecem o nosso amor", está a seguinte:

Na tribo Babemba, da África do Sul, quando uma pessoa age de maneira injusta ou irresponsável, ela é colocada sozinha no centro da aldeia, mas não é de maneira alguma impedida de fugir.

Todos os habitantes da aldeia param de trabalhar e formam um círculo em volta da pessoa acusada. Em seguida, cada um, independentemente de sua idade, começa a lembrar o acusado de todas as boas ações que ele praticou ao longo da vida.

Tudo o que é lembrado sobre a pessoa em questão é descrito em pormenores. Todos os atributos positivos do acusado, suas boas ações, seus pontos fortes e generosidades são ressaltados em benefício dela. Cada pessoa do círculo faz isso de forma detalhada.

Todos os fatos da vida dessa pessoa são expostos com o máximo de sinceridade e amor. Ninguém pode exagerar os acontecimentos e todos sabem que não podem inventar histórias. Ninguém mente nem é irônico ao fazer esse relato.

Essa cerimônia prossegue até que todos os habitantes da aldeia tenham relembrado os feitos dessa pessoa como membro respeitado de sua comunidade. Esse procedimento pode prolongar-se por vários dias. No final, a tribo desfaz o círculo e começa uma celebração jubilosa em que a pessoa é recebida de volta à tribo.

Pelos olhos do amor, que essa cerimônia descreve de maneira tão bela, só a reconciliação e o perdão têm lugar. Cada pessoa no círculo, bem como a pessoa colocada em seu centro, é lembrada [de] que o perdão nos dá a oportunidade de abandonar o passado e os medos do futuro. A pessoa que está no centro não é considerada uma pessoa má nem é excluída da comunidade. Em vez disso, ela é lembrada do amor que existe em seu interior e é acolhida por todos à sua volta.


A forma utilizada pelos babembas para tratar o conflito é que vai resolvê-lo de forma definitiva. Pois, como diz a lição:

O conflito tem de ser resolvido. Se quisermos nos livrar dele, não podemos evitá-lo, pô-lo de lado, negá-lo, disfarçá-lo, vê-lo em outro lugar, dar-lhe outro nome ou escondê-lo por meio de qualquer tipo de truque. Ele tem de ser visto exatamente como é, onde se pensa que ele está, na realidade que lhe foi dada e com o propósito que a mente conferiu a ele. Pois só assim suas defesas são suspensas e a verdade pode brilhar sobre ele à medida que ele desaparece.

Podemos, então, perguntar-nos: é isto o que fazemos quando alguém à volta de nós age, para o nosso julgamento, nosso modo particular de ver, de maneira injusta e irresponsável? E se, mesmo que apenas na imaginação, adotássemos o hábito de criar na mente um Círculo de Perdão [o Curso nos oferece a ideia de um círculo de Expiação], no qual colocássemos todas as pessoas que, por qualquer razão, ainda nos parece difícil perdoar? 

É possível!  Podemos fazê-lo, valendo-nos das palavras finais da lição, repetindo-as para nós mesmos sempre que uma situação de conflito se apresentar, dizendo:

Pai, o perdão é a luz que Tu escolheste para eliminar todo conflito e toda dúvida, e para iluminar o caminho de nossa volta a Ti. Nenhuma luz a não ser essa pode pôr fim a nosso sonho mau. Nenhuma luz a não ser essa pode salvar o mundo. Pois apenas essa não falhará em nada jamais, pois é Tua dádiva para Teu Filho amado.

As práticas de hoje se destinam a nos ensinar a encontrar a alegria e a liberdade que só o perdão dá.

A elas?


domingo, 28 de novembro de 2021

Só podemos viver o real pela alegria e pelo perdão

 

12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 332

O medo aprisiona o mundo. O perdão o liberta.

1. O ego cria ilusões. A verdade desfaz seus sonhos maus, afastando-os com sua luz. A verdade nunca ataca. Ela é simplesmente. E a partir da presença dela a mente se lembra das fantasias e acorda para o real. O perdão convida esta presença a entrar e a tomar seu lugar legítimo na mente. Sem o perdão, a mente fica aprisionada, acreditando em sua própria inutilidade. Com o perdão, entretanto, a luz brilha, de fato, por entre as trevas, oferecendo-lhe esperança e lhe dá o meio para perceber claramente a liberdade que é sua herança.

2. Não queremos aprisionar o mundo novamente hoje. O medo o mantém prisioneiro. E, não obstante, Teu Amor nos dá o meio de libertá-lo. Pai, queremos libertar o mundo agora. Pois na medida em que oferecemos a liberdade ela nos é dada. E não queremos continuar a ser prisioneiros, quanto Tu nos ofereces a liberdade.

*

COMENTÁRIO


Explorando a LIÇÃO 332

O Curso oferece hoje, mais uma vez, a oportunidade de aprendermos a perdoar o mundo inteiro, e, claro, como não poderia deixar de ser, a oportunidade de nos perdoarmos por completo também, porque só podemos condenar o mundo ao nos condenarmos. 


A ideia para as práticas de hoje traz consigo ainda uma nova oportunidade de abraçarmos, também para nós mesmos/as, a liberdade. A de deixarmos de lado, de uma vez por todas, qualquer ideia de medo que nos aprisione. Daí, novamente, o convite-pergunta: vamos aprender a libertar o mundo e, por consequência, aprender a liberdade para nós mesmos/as, libertando-nos de toda e qualquer ideia de medo, o que faz de todos e de todas nós prisioneiros e prisioneiras ao mesmo tempo, por manter o mundo todo em uma prisão: a do julgamento?

Pois:


O medo aprisiona. O perdão liberta.

E, como diz Joel Goldsmith, não podes sentir medo e ter fé em Deus. Uma coisa exclui a outra. Pois, para se chegar à liberdade, é preciso que nos libertemos de todo e qualquer medo. E que outra coisa além do perdão pode nos libertar?

O perdão vai nos ensinar que o medo não é real. Tudo o que não é amor não é real. A única realidade com a qual podemos ter contato é o amor, que é sinônimo de alegria e de liberdade. Ou como diz Julian de Norwich:

A plenitude da alegria
é
contemplar 
Deus
em tudo.

Para ver/contemplar Deus em tudo, preciso experimentar/viver "a plenitude da alegria" - cada um, e cada uma, de nós precisa - ser capaz de me ver em tudo e em todos e todas o tempo inteiro. Isto é, preciso ser capaz de abandonar qualquer ideia de separação. Qualquer ideia que me coloque distante, por mais perto que seja a distância, do(s) outro(s), ou da(s) outra(s). E mais, preciso ser capaz de não perceber qualquer distância, qualquer separação, entre Deus e eu. Ou como já disse Goldsmith, não existe Deus e eu, ou Deus e nós, ou Deus e o mundo. Só existe Deus. Eu sou o EU SOU que Deus é.

Enquanto não formos capazes de olhar para tudo, para todas as pessoas e para todas as coisas e perceber em tudo e em todas as coisas e pessoas a manifestação de Deus, ainda estaremos olhando para as ilusões que nos oferece o ego. É disto que a lição fala, ao dizer:

O ego cria ilusões. A verdade desfaz seus sonhos maus, afastando-os com sua luz. A verdade nunca ataca. Ela é simplesmente. E a partir da presença dela a mente se lembra das fantasias e acorda para o real. O perdão convida esta presença a entrar e a tomar seu lugar legítimo na mente. Sem o perdão, a mente fica aprisionada, acreditando em sua própria inutilidade. Com o perdão, entretanto, a luz brilha, de fato, por entre as trevas, oferecendo-lhe esperança e lhe dá o meio para perceber claramente a liberdade que é sua herança.

É a possibilidade da plenitude de que fala Julian que as práticas com o perdão da ideia de hoje nos oferece. As práticas vão nos trazer, de fato, a grande oportunidade para aprendermos a viver o que é real, a única coisa que é real em nós mesmos/as. De que modo?

Pela alegria e pelo perdão. O perdão, que é o meio de "remover os bloqueios à consciência da presença do amor" e da verdade, que "nunca ataca" e simplesmente "é". É o perdão que vai nos permitir libertar o mundo e nos libertarmos com ele, pois da mesma forma que não nos queremos prisioneiros/as da ilusão,

Não queremos aprisionar o mundo novamente hoje. O medo o mantém prisioneiro. E, não obstante, Teu Amor nos dá o meio de libertá-lo. Pai, queremos libertar o mundo agora. Pois na medida em que oferecemos a liberdade ela nos é dada. E não queremos continuar a ser prisioneiros, quando Tu nos ofereces a liberdade.

E o perdão é o meio de que precisamos nos valer para chegar à alegria e à liberdade, a nossa própria e a do mundo. Para tanto, é preciso, primeiro, que deixemos a verdade tomar seu lugar legítimo em nossa mente, para desfazer as trevas que nos impedem de ver a luz.

E é só a luz que vai permitir que cheguemos ao perdão, que abandonemos toda e qualquer condenação que fazemos de nós mesmos/as sempre que condenamos a quem quer que seja, e que nos libertemos, oferecendo o perdão ao mundo todo que, deste modo, se libertará conosco.

Às práticas?


sábado, 27 de novembro de 2021

É impossível conflito entre a tua vontade e A de Deus

 

12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 331

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

1. Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

2. O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 331

Chegamos hoje, mais uma vez - a décima-terceira para os que acompanham as postagens deste blogue desde seu início -,  à décima segunda das quatorze instruções que o Curso nos oferece para acompanhar e dar unidade às práticas das lições desta segunda parte do Livro de Exercícios. Esta parte que, como eu já disse várias vezes antes, de acordo com o Curso, quer nos oferecer os meios para que alcancemos a percepção verdadeira. 

O tema da instrução para a qual voltamos nossa atenção é: O que é o ego? E é necessário que voltemos a ele diariamente nos próximos dez dias. Ao menos uma vez antes das práticas com a ideia para o dia. Para tanto, como tenho feito, já há alguns anos, desde o início das lições desta segunda parte do livro, vou continuar a postar a instrução a cada dia, antes de cada lição.

Conforme vocês já devem ter percebido, em particular aqueles e aquelas que já estão passando por este ponto pela segunda, terceira ou mais vezes, esta instrução traz informações preciosas a respeito do ego [o falso eu que quer usurpar o lugar de Deus, como nos ensina o Curso] e de seu sistema de pensamento. Ao mesmo tempo ela nos ensina a olhar para além dele, para nos auxiliar a entrarmos em contato com a verdade do que somos, para nos colocarmos na posição e no lugar em que a Vontade de Deus, em Seu Amor infinito, quer que estejamos. E que é o único lugar em que podemos estar.

Vamos, pois, às práticas com a primeira das dez ideias que as lições deste período nos oferece. Uma ideia que mais uma vez busca nos ensinar o caminho para nos libertarmos de todos os conflitos que o sistema de pensamento do ego quer que acreditemos verdadeiros. Uma ideia que assegura não ser possível qualquer conflito entre a minha, a tua, as nossas vontades, e a Vontade de Deus. É por esta razão, pois, que a ideia que praticamos para iniciar este bloco de dez lições diz: 

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua. 

É claro que já aprendemos que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma e uma só. Por isso não deve haver nenhuma dificuldade a esta altura para nos alinharmos à ideia que praticamos. 

Por isso, podemos dizer em uníssono com a lição: 

Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

Aproveitemos, pois, mais uma vez, a fim de facilitar a compreensão - tendo sempre em mente que compreender é aceitar - da ideia e estender a reflexão, para acompanhar a meditação de Julian de Norwich, mística do século XIV, que também mostra não haver nenhum conflito entre o que Deus quer para nós e aquilo que queremos. Vejamos o que ela diz:

Temos o poder de pedir a nosso Amado,
reverentemente,
tudo o que desejamos.

Pois nosso desejo natural é possuir a Deus
e o bom desejo de Deus é nos possuir.

Não deixaremos nunca de ter esse desejo e 
anseio,
enquanto não possuirmos nosso Amado
na plenitude da alegria.

Então, não teremos mais nenhum outro
desejo. 

E há também, para ilustrar claramente a necessidade de que aceitemos e escolhamos a Vontade de Deus, e apenas a Vontade d'Ele, como a nossa, a história do grande santo, que lutava para chegar a Deus, contada assim por Níkos Kazantzákis, em seu "Relatório ao Greco":

Um grande santo lutou durante quarenta dias e não pôde chegar a Deus; havia alguma coisa no meio que o impedia; depois de quarenta anos entendeu: era o jarrinho de que gostava muito porque jogava dentro dele a água que bebia e o refrescava: quebrou-o e, imediatamente, uniu-se a Deus.

E há ainda o koan budista que diz o seguinte:

O mestre conserva a cabeça do discípulo sob a água, por muito, muito tempo; pouco a pouco as bolhas se rarificam; no último instante, o mestre tira o discípulo, o reanima: quando tiveres desejado a verdade [Deus] como desejaste o ar, então saberás o que ela [Deus] é.

Então, quando não houver "mais nenhum outro desejo" a não ser o de conhecer Deus, fazer de Sua Vontade a nossa, há de ser porque reconhecemos, aprendemos e aceitamos o que o perdão nos mostra. Como diz a lição:

O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos [com Ele]. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém. 

Às práticas?

*

ADENDO:

Pareceu-me correto fazer aqui algumas observações, ao mesmo tempo em que expresso meus agradecimentos pelos comentários das colegas estudantes-professoras de milagres nalgumas postagens anteriores. Ia fazer isto ontem para aparecer junto do comentário à última lição com o tema "O que é a criação?", mas não deu tempo. Por isso, este adendo só hoje.

Agradeço, pois, à Nina, à Raquel, à Dandan e à Gloria por terem dedicado parte de seu tempo para trazer a mim - e às pessoas todas que navegam por este espaço - suas impressões a respeito de como a lição diária e os comentários que a acompanha traz à tona os sentimentos que tanto as lições quanto os comentários despertam nelas. 

É bastante animador saber que alguma coisa do que eu digo, ao comentar as lições, na tentativa de incentivar suas práticas e trazer alguma luz para coisas que às vezes parecem estar escondidas, chega até vocês como uma mensagem, como é o caso do que diz Gloria. Que bom. Gloria, obrigado.

Entretanto, é bom lembrar sempre que tudo o que aparece nos comentários vem das lições, do estudo do Curso, de suas ideias e do que apreendo, ou busco apreender, do ensinamento. Os registros que faço ao comentar vêm, acredito, por inspiração do divino em mim, por assim dizer. O mérito, portanto, não é meu apenas. A luz vem do ensinamento. As práticas, como já disse tantas vezes, a meu ver, são certamente a melhor forma de acessarmos a luz que pode mostrar o que somos. E é bom quando podemos chegar a esta luz e dividi-la.

Pelo que o Curso ensina é bem fácil chegar a ela. Praticando.

A pergunta da Raquel: "O que é a criação?", que ela diz não estar entendendo no texto, é também o tema que deu unidade às práticas com estas dez últimas lições.

Bem, Raquel, o que posso lhe dizer para tornar mais claro, ou menos obscuro, o significado das palavras que o Curso oferece com este décimo-primeiro tema?

Acho que bastaria, talvez, dizer como diz o início do quarto parágrafo: "Nós somos a criação." Nós, você e eu, e todos e todas nós, filhos e filhas de Deus. Nós, os Pensamentos d'Ele/Ela. E tudo o que de verdadeiro existe em nós, a partir daquela parte de nossa mente que ainda se mantém unida à verdade do Ser. A partir dos pensamentos que temos com Deus.

Há também no terceiro parágrafo uma luz, um alerta, para atentarmos ao fato de que a ilusão - ou as muitas ilusões - de mundo não faz parte da criação. Quer dizer, este mundo que depende de nossos sentidos, da percepção que nossos sentidos nos trazem e que nos mostra apenas coisas e gentes que não vão durar por toda a eternidade.

Nesta segunda parte do livro de exercícios, em temas anteriores, que nos preparavam para chegar até aqui, já tratamos, com o ensinamento, de esclarecer "o que é o mundo": falsa percepção, baseada na crença de que é possível uma existência separada do divino. Vimos também "o que é o mundo real": um símbolo, algo que pode ser percebido a partir da visão de quem já perdoou este mundo e tudo o que há aparentemente nele. Um mundo, este, feito como um ataque à divindade.

Assim, Raquel, acho que posso dizer, sem medo de errar, que a criação de que o Curso fala é tudo aquilo que vem do amor, do perdão absoluto, da luz, da inocência e pureza originais da criança de Deus que ainda vive em nós, em nossa unidade com o divino. Tudo aquilo que não tem fim em nossa experiência de seres, humanos, mas também divinos.

Começamos a compreender a criação quando abrimos os olhos, as mentes e os corações ao observar o mundo que percebemos, sentindo no mais fundo de nós, que tudo está absolutamente certo exatamente como está e se apresenta à nossa experiência.

Por fim, Dandan, uma vez que "este papo já 'tá qualquer coisa... já está pra lá de Marrakesh", resta dizer que sim, o ensinamento pode bem ter se baseado também no Bardo Thödol - O livro tibetano dos mortos. Assim como certamente foi baseado em tudo o que a mente humana foi capaz de trazer à luz, em sua busca para nos devolver à consciência do divino em nós, para que sejamos capazes de andar pelo mundo semeando apenas amor, verdade, paz, luz e perdão. E, claro, para que nossa vida no mundo, neste mundo, seja vivida em plenitude, com a certeza de que a morte é parte do viver e que "aprender a morrer", sem medo, é também aprender a viver.

Sem dúvida, precisamos ter em mente isto que dizes: "somos fragmentos de um mesmo Ser e é só o Todo que buscamos". Ao mesmo tempo, porém, precisamos plantar em nós - com as práticas é possível - a certeza de que o fragmento - o Pensamento de Deus, que cada um, e cada uma, de nós é - é "continente do todo". Quer dizer, ao mesmo tempo em que cada um, ou cada uma, é parte do todo, ele ou ela é o todo, porque somos a criação completa, e a trazemos inteira dentro de nós. Quer maior prova do que termos construído, cada um e cada uma de nós, todo este universo em pensamos viver?

A unicidade - "garantida para sempre" - de que fala o Curso, a meu ver, se refere aos aspectos individuais de cada um ou de cada uma de nós. Aquelas características próprias que nos tornam únicos e que mostram aspectos diferentes da divindade em cada um ou cada uma. 

Há diferentes, diversos, espectros em cada pessoa. Não seríamos seres completos se fôssemos todos o mesmo, idênticos.

Na prática, quer me parecer, dizer que somos o mesmo Ser é apenas uma metáfora para nos referirmos ao divino que há em cada pessoa.

Assim, unicidade e unidade não são a mesma coisa. A unicidade se refere àquilo que me pertence como fragmento e que me diferencia e me leva a ser atraído por outros fragmentos, e a atrai-los para mim na busca pela completude, pela unidade. Esta completude, esta unidade, se dá quando todos os fragmentos vibram harmonicamente na mesma sintonia.

Encerrando momentaneamente esta conversa, que espero não tenha sido cansativa para vocês, é preciso lembrarmos o tempo todo que, como o ensinamento diz, a jornada que fazemos é uma jornada sem distância, porque cada um, cada uma, já é aquilo que busca.

E, por favor, sintam-se sempre muito à vontade para dividir suas impressões, dúvidas e inspirações. Afinal, as partes precisam sempre saber umas das outras, para seu enriquecimento. Este espaço foi pensado para isto.

Paz e bem!

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Sentir-se bem e sentir Deus não são coisas diferentes

 

11. O que é a criação?

1. A criação é a soma de todos os Pensamentos de Deus, em número infinito e sem qualquer limite em todos os lugares. Só o amor cria, e só como ele mesmo. Nunca houve um tempo em que aquilo que ele criou não existia. Tampouco haverá um em que qualquer coisa que ele criou venha a sofrer qualquer perda. Os Pensamentos de Deus são para todo o sempre exatamente como eram e tal qual são, imutáveis ao longo do tempo e depois que o tempo acabar.

2. Os Pensamentos de Deus recebem todo o poder que seu próprio Criador tem. Pois Ele quer acrescentar ao amor por sua extensão. Deste modo, Seu Filho compartilha da criação e, por isso, tem de compartilhar do poder de criar. Aquilo que Deus quer que seja Um para sempre ainda será Um quando o tempo acabar; e não mudará ao longo do curso do tempo, permanecendo como era antes que a ideia de tempo começasse.

3. A criação é o contrário de todas as ilusões, pois criação é verdade. A criação é o Filho santo de Deus, pois na criação a Vontade d'Ele é completa em todos os aspectos, tornando cada parte continente do todo. A inviolabilidade de sua unicidade fica garantida para sempre; preservada eternamente dentro de Sua Vontade santa, além de toda possibilidade de dano, de separação, de imperfeição e de qualquer mancha em sua inocência.

4. Nós somos a criação; nós, os Filhos de Deus. Parecemos estar separados e não-cientes de nossa unidade com Ele. Mas, por trás de todas as nossas dúvidas, além de todos os nossos medos, ainda existe a certeza. Pois o amor permanece com todos os seus Pensamentos, porque é deles a certeza do amor. A memória de Deus está em nossas mentes, que conhecem sua unicidade e sua unidade com seu Criador. Permite que nossa função seja apenas deixar que esta memória volte, apenas para permitir que a Vontade de Deus seja feita sobre a terra, apenas para sermos devolvidos à sanidade e para sermos apenas como Deus nos criou.

5. Nosso pai nos chama. Ouvimos Sua Voz e perdoamos a criação em Nome de Seu Criador, a Própria Santidade, Santidade Da Qual Sua Própria criação compartilha; Santidade Que ainda é uma parte de nós.

*

LIÇÃO 330

Não vou me ferir novamente hoje.

1. Vamos aceitar o perdão como nossa única função neste dia. Por que deveríamos atacar nossas mentes e lhes dar imagens de dor? Por que deveríamos ensinar-lhes que são impotentes, se Deus oferece Seu poder e Seu Amor e as convida a aceitarem aquilo que já é delas? A mente que se torna disposta a aceitar a dádivas de Deus é devolvida ao espírito e estende sua liberdade e sua alegria, uma vez que a Vontade de Deus está unida à vontade dela mesma. O Ser que Deus criou não pode pecar e, por isso, não pode sofrer. Vamos escolher que Ele seja nossa Identidade hoje e, deste modo, escapar para sempre de todas as coisas que o sonho de medo parece nos oferecer.

2. Pai, Teu Filho não pode ser ferido. E, se pensamos sofrer, nós apenas deixamos de conhecer nossa Identidade una, que compartilhamos Contigo. Queremos voltar para Ela hoje, para nos tornarmos livres de todos os nossos erros e para sermos salvos daquilo que pensávamos ser.


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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 330

Num dos livros de Wayne Dyer que li há já algum tempinho, conforme já lhes disse, ele se refere a Swami Muktananda, que costumava perguntar a quem se aproximava dele se sabia qual a diferença entre sentir-se bem e sentir Deus. E, quando as pessoas respondiam, balançando a cabeça negativamente, ele fazia o sinal de zero com os dedos. Indicando com o sinal que não há diferença entre sentir-se bem e sentir Deus.

Esta historinha está em perfeita sintonia com a ideia que o Curso oferece para as práticas de hoje:

Não vou me ferir novamente.

Pois é só o ego que pode querer sentir dor, sentir medo, sentir raiva, angústia; sentir-se mal, isto é, separado de Deus. É só o ego em nós que acredita ser capaz de fazer coisas imperdoáveis e que usa o perdão como forma de se sentir superior ao outro a quem perdoou. Isto, na verdade, não é o perdão a que se refere o Curso, a lição.

Vejamos:

Vamos aceitar o perdão como nossa única função neste dia. Por que deveríamos atacar nossas mentes e lhes dar imagens de dor? Por que deveríamos ensinar-lhes que são impotentes, se Deus oferece Seu poder e Seu Amor e as convida a aceitarem aquilo que já é delas? A mente que se torna disposta a aceitar a dádivas de Deus é devolvida ao espírito e estende sua liberdade e sua alegria, uma vez que a Vontade de Deus está unida à vontade dela mesma. O Ser que Deus criou não pode pecar e, por isso, não pode sofrer. Vamos escolher que Ele seja nossa Identidade hoje. 

É isso, então, que as práticas vão trazer a todos e todas que praticarem e aceitarem as dádivas de Deus: a volta ao espírito e à liberdade e à alegria do espírito, que levam a nos sentirmos bem, a sentirmos Deus. É esta a única escolha que precisamos fazer. Escolher de modo diferente é separar-se de Deus, da alegria, que é o estado natural do Filho de Deus, como ensina o Curso. 

Aquele que perdoa ama e "quem ama permanece em Deus e Deus nele". Em Deus não há como sermos feridos, magoados, abandonados ou mortos. Em Deus, podemos dizer, fazendo eco à lição:

Pai, Teu Filho não pode ser ferido. E, se pensamos sofrer, nós apenas deixamos de conhecer nossa Identidade una, que compartilhamos Contigo. Queremos voltar para Ela hoje, para nos tornarmos livres de todos os nossos erros e para sermos salvos daquilo que pensávamos ser.

É, pois, a prática com esta ideia, hoje, que vai nos ensinar - a todos e todas que desejarem e decidirem assim - a nos livrarmos para sempre da dor e do sofrimento e de todos os sentimentos e sensações que reforçam a crença do ego na separação.

Se não acreditarmos na separação a ideia de que ainda somos como Deus nos criou só pode ser verdadeira. Só assim podemos voltar a nossa Identidade una com Deus. 

Às práticas?