terça-feira, 31 de março de 2009

Problema e solução andam sempre juntos.

A lição de número 90, para este dia 31 de março, finaliza a nossa segunda revisão do ano, convidando-nos a revisitar as ideias das lições 79 [Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido.] e 80 [Que eu reconheça que meus problemas foram resolvidos.].

Como penso ter dito, ao passarmos pela primeira destas duas lições, não há como resolver um problema que não sabemos ter. E, apesar de a segunda destas nos afirmar que basta reconhecermos que toods os nossos problemas já estão resolvidos para que eles, de fato, se resolvam, no ego, ainda nos parece que os problemas fazem fila a nossa porta, à espera de solução. Todos diferentes, todos envolvendo decisões seríssimas que, muitas vezes, temos medo de tomar. Ou para não nos magoarmos com este(a) ou aquele(a), ou para não magoarmos ninguém. Esquecidos de que "só meus próprios pensamentos podem me ferir". Ou afetar ou atingir. E, por consequência, ninguém pode magoar ninguém. E só podemos salvar a nós mesmos. [Lembram? "Minha salvação vem de mim."] Isto é, a salvação do mundo depende de mim, conforme diz o Curso, apenas na medida em que reconheço e aceito a responsabilidade por tudo o que crio. Incondicionalmente.

Só temos, de verdade, um problema. A crença na ideia da separação. O mesmo e único problema que se apresenta de infinitas formas diferentes, para atender à necessidade do ego de nos mostrar a mesma ilusão de vários modos distintos. Um truque para nos manter aprisionados à crença de que ele dispõe de inúmeros recursos para nos ajudar a resolver os problemas que ele mesmo cria para nós. Para nos afastar da questão central, aquela que pode pôr termo a tudo o que pensamos serem os problemas de nossa vida.

Todos eles, reduzidos à questão central, vão se mostrar sempre como uma forma de mágoa [que favorece a separação] que queremos manter e alimentar. Se só temos um problema, fica óbvio que só existe também uma solução. E é isso que o ego não quer que percebamos. Se os problemas que ele nos apresenta são um só e se originam de uma mágoa, a solução para todos eles é o perdão. O milagre do perdão, que é uma expressão autêntica do amor em que fomos criados, resolve todos os problemas. Porque o perdão me devolve [e a nós todos] à unidade, onde sei que os problemas já estão resolvidos. Melhor ainda, na unidade não existem problemas. Todos se apagam à luz de verdade do que somos.

Talvez seja importante ressaltar ainda, de acordo com a lição de hoje, que é o mau uso que fazemos do tempo que nos dá a impressão de termos problemas. Algo que o perdão, ao nos devolver à unidade, também resolve porque nos coloca diretamente na eternidade, aqui e agora, no lugar e no tempo em que podemos reconhecer que o problema e a resposta são sempre simultâneos e não podem existir separadamente. Logo, sempre que, aparentemente, um problema se apresenta, à luz da unidade de que fazemos parte, a solução tem de estar junto com ele. Basta estamos atentos.

Para as práticas deste dia, as orientações são as mesmas dadas no início do período de revisão.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Tudo é milagre. Tudo é mistério.

Neste dia 30 de março, pensando ainda em quem está chegando agora e não teve contato anterior com "os milagres", e visando a facilitar a continuação da prática dos exercícios desta lição 89, na qual vamos revisar as ideias das lições 77 [Eu tenho direito a milagres.] e 78 [Que os milagres substituam todas as mágoas.], talvez seja interessante relembrar aqui alguns dos princípios dos milagres, descritos no início do texto do Curso.

Um deles diz que "milagres são naturais" e que, "quando não acontecem [é porque] alguma coisa deu errado". Em seguida, vem o princípio segundo o qual "milagres são um direito de todos, mas primeiro é necessário purificação". Voltando um pouquinho ainda o texto diz que todos os "milagres acontecem naturalmente como expressões do amor" e que "o verdadeiro milagre é [grifo meu] o amor que os inspira". E mais, que "neste sentido, tudo o que vem do amor é um milagre".

Penso que isso deve bastar para orientar nossa prática de hoje das ideias que revisamos. Primeiro porque, contrariando as leis deste mundo, que apenas nos colocam cada vez mais em contato com a ilusão, em suas mais variadas formas, levando-nos, ou tentando nos levar a, acreditar que os milagres não existem ou são coisas sobrenaturais que acontecem apenas a alguns poucos "puros de coração", entre os quais não nos incluímos, o Curso nos diz que todos temos direito aos milagres e que eles são naturais, e só não acontecem quando alguma coisa dá errado.

O que pode dar errado, se os "milagres são naturais"? Parece-me que a questão é apenas a tal da "purificação". E o que significa "purificação"? Traduzindo: não significa que não somos puros, mas que ainda não aprendemos a nos colocar à disposição da Vontade de Deus. Significa que ainda não aprendemos que a Vontade d'Ele é a única que existe e que nossa vontade é a mesma que a d'Ele. Significa apenas que precisamos aprender a focalizar toda a atenção de que somos capazes naquilo que verdadeiramente importa: carregar um único desejo no coração. O desejo de cumprir a Vontade de Deus para nós. Significa que precisamos nos purificar simplesmente porque nos distraímos de nós mesmos. Mergulhados na ilusão, andamos de olhos fechados às "expressões do amor" que se nos apresentam a todo momento. Se pensarmos bem, tudo é milagre, porque tudo o que nos acontece, de alguma forma misteriosa [porque normalmente não nos apercebemos disso], acontece apenas para nos guiar na direção da "alegria perfeita", na direção da realização da Vontade de Deus para nós.

Gosto de lembrar de uma canção antiga em que o autor diz que "o maior mistério é ver mistérios. Ai de mim, senhora natureza humana, olhar as coisas como são, quem dera, e apreciar o simples que de tudo emana. Nem tanto pelo encanto da palavra, mais pela beleza de se ter a fala". Isso não é reconhecer o milagre? Poder-se-ia dizer, assim, mais, que tudo é mistério e tudo é milagre para os olhos amorosos e atentos. Aliás, acho até que se pode dizer que a atenção é uma das maiores expressões do amor, se não a maior.

E, entre outras coisas, é para aprender isso que fazemos os exercícios. As orientações para a prática de hoje continuam sendo as mesmas estabelecidas no início desta revisão.

domingo, 29 de março de 2009

A luz que pode nos dar a paz

Para quem está chegando agora e nunca ouviu falar dos milagres e para quem, apesar de já ter tido contato, ainda resiste à linguagem que nos coloca na posição de "salvadores do mundo", porque incompreensível, buscando responder ao comentário da Nina e, ao mesmo tempo, dar uma resposta às perguntas da Duda, ambas registradas no texto de sexta-feira, dia 27, só posso dizer o seguinte: ou nos responsabilizamos pelo mundo que criamos ou não. Se acreditamos no ensinamento do Curso, é óbvio que a responsabilidade pelo mundo é nossa. De cada um de nós. Que mundo precisa de salvação? O mundo que Deus criou? Ou o mundo que eu criei? O mundo que cada um de nós cria na ilusão da onipotência do ego?

Até onde entendo, a dificuldade em aceitar a posição de "salvador do mundo" faz parte da estratégia de falsa humildade do ego, que coloca fora de si a responsabilidade pelos problemas do mundo, atribuindo aos outros uma culpa que, na verdade, não existe e nem cabe a ninguém. Para o Curso, o mundo e tudo o que existe nele é neutro. O juízo de valor, para o bem ou para o mal, é cada um de nós que dá. Daí, aceitar a posição de "salvador do mundo" nada mais é do que aceitar a responsabilidade por tudo o que crio, consciente ou inconscientemente. No ego, as ilusões todas, e em Deus todas as experiências que me põem em contato com a alegria perfeita, que é a Vontade d'Ele para mim, para cada um e para todos nós.

É claro também que não podemos mudar ninguém. Tudo o que podemos mudar é nosso modo de olhar para o mundo e para as pessoas nele. Alguém precisa ser salvo no meu mundo? Como salvá-lo(a)? Simples, salvando-me. Como? Aceitando que tudo o que vejo é projeção do que existe dentro de mim. Na verdade, nada nem ninguém, para o Curso, precisa de salvação. Já fomos e estamos salvos para toda a eternidade. Lembram-se daquele comentário que fiz algum tempo atrás a respeito de um quadrinho? Ele dizia: Descobrimos o inimigo, nós somos ele. Isto é, só precisamos nos salvar mesmo de nosso próprio ego. Como fazê-lo? Negando-nos a lhe dar um poder sobre nós que ele não tem. Negando-nos a ouvi-lo quando ele nos aconselha a distribuir culpas e a guardar mágoas e ressentimentos. É simples! Fácil? Não! Muito difícil. Por quê? Porque vivemos no mundo dos sentidos, que depende do tempo e do espaço, que acredita no tempo e no espaço. Isso nos leva a ter uma história que muitas vezes nos esmaga e impede ou tolhe nossas tentativas de mudar o modo de ver as coisas. Afinal, "estamos no mundo e precisamos construir nossa experiência de vida nele". Como não dar ouvidos a todos os egos que povoam nosso mundo presente e como deixar de ouvir "voz da experiência" de todos os egos que viveram antes de nós? É sobre isso que o Curso nos convida a refletir. É esta a nossa função no mundo, no dia a dia, desaprender pouco a pouco, da melhor forma que pudermos, toda a ilusão que o ego construiu ao longo do tempo. Aprendendo a vê-la como ilusão apenas. Aprendendo que somos mais do que só um corpo. Buscando cada vez mais ouvir a Voz por Deus no interior de nós mesmos. Para isso servem os exercícios. Vamos à revisão de hoje?

As ideias das lições 75, A luz veio, e 76, Não estou sujeito a nenhuma lei exceto às de Deus, são as que revisamos neste dia 28 de março, na prática da lição 87. Já sabemos que não estamos sozinhos. Já aprendemos que somos a luz do mundo e que só as mágoas que guardamos, quando insistimos em nos magoar ou em ficar ressentidos, pode esconder a luz do mundo que trazemos em nós. Fomos convidados a decidir que queremos a luz. E também aprendemos que nossa salvação só pode vir de nós mesmos.

Todas estas ideias, além das muitas outras que as lições nos ofereceram até agora, podem ter nos deixado confusos, pois elas são o contrário do que o mundo ensina e "batem de frente", por assim dizer, com o plano de salvação do ego. Isso não tem importância. Não neste momento. Basta que tenhamos nos decidido, de fato, a assumir a responsabilidade pelo mundo que inventamos e levar adiante a prática de aprender a lembrar o que somos na verdade. Basta isso e a verdade vai se revelar a nós mais dia, menos dia.

Não precisamos nos preocupar, pois todas as aparentes dificuldades que vão continuar a se apresentar em nosso dia a dia são apenas efeitos da resistência de nosso ego a abandonar as ilusões. "A luz veio". Mesmo que a crença nesta ideia dure apenas uns poucos instantes durante o(s) dia(s) que em que a estamos praticando, podemos ter certeza de que ela ficará permanentemente registrada em nossa memória, para se apresentar quando for necessária.

Se já aprendemos a não resistir à ideia de que só plano de Deus para a salvação pode funcionar, porque aprendemos que não sabemos nada, apesar da quantidade de informação que recebemos desde o momento em que nascemos até agora, não há mais razão para duvidar, nem por um segundo, de que não estamos sujeitos a nenhuma lei que não as de Deus. Isso, em lugar de nos deixar em pânico, porque aparentemente tira de nossas mãos o "controle" que gostaríamos, e gostamos, de ter sobre tudo e sobre todos, no ego, deve nos tranquilizar, deve nos pôr em contato com uma sensação de paz duradoura. Porque nos permite entregar a Ele, e a Seu Espírito Santo, tudo aquilo que não entendemos e com que não sabemos como lidar.

Os períodos e formas da prática continuam a obedecer às orientações vistas no início deste tempo de revisão.

sábado, 28 de março de 2009

Teu caminho tem um coração?

Como o Curso nos aconselha a praticar mais do que uma vez por dia, volto à lição 87 e às ideias de hoje com um comentário que escrevi para um amigo e que, de alguma forma, tem a ver com o momento que vivem todas as pessoas do grupo de estudos do UCEM de que fazemos parte aqui em São Paulo.

É inútil tentar resistir à Vontade de Deus.

A se acreditar nas informações que chegaram até nós, ao longo do tempo, o próprio Jesus, no momento de escolher atender à necessidade de ser crucificado, quem sabe com alguma sensação humana de medo, uma vez que habitava um corpo, pediu que o Pai afastasse de si aquele cálice, para, em seguida, render-se inteiramente a Ele, pedindo que se fizesse Sua Vontade e não a dele, Jesus.

As lições que revisamos hoje nos colocam exatamente nesta posição. A primeira pede que exercitemos em nossa mente a idéia “Eu quero que haja luz”. Mas será que é isso que quero mesmo? No ego, é já mais ou menos claro [é?] para todos nós, estudantes de milagres, que não. O que o ego deseja, de fato, em sua ilusão de onipotência, é nos manter na escuridão, nas trevas, esconder a luz do mundo em mim, em cada um de nós. Aconselhando-nos a atacar, a guardar mágoas e a cultivar um sentimento de culpa que, na verdade, não nos cabe, não nos pertence.

A utilização desta primeira idéia nos exorta a deixar que a luz seja nosso guia hoje, para a seguirmos aonde quer que ela nos leve, para podermos experimentar, ainda que por breves momentos, a paz da percepção verdadeira.

A segunda idéia a ser revisada hoje pede que pratiquemos o reconhecimento de que não existe nenhuma vontade a não ser a de Deus.

E voltamos, assim, à idéia com que abri esta conversa. A idéia de que, por mais que se possa resistir, mais dia, menos dia, vamos ter de nos render à Vontade de Deus. Ela é a única vontade que existe. E, o melhor de tudo isso, é que a aceitação e o reconhecimento desta verdade não nos afastam da alegria, da felicidade, da harmonia, ou da paz. Ao contrário, é a aceitação dela que nos dá a segurança inabalável por nos garantir que já estamos salvos.

O exercício desta segunda idéia diz mais ainda. Diz que só podemos nos sentir amedrontados quando pensamos existir outra vontade diferente da de Deus. E que só podemos atacar, e só atacamos, quando estamos com medo, e que só quando tentamos atacar é que podemos acreditar que nossa segurança eterna está ameaçada. É preciso aprender que isso não acontece nunca. Nossa segurança e salvação residem exatamente no fato de não haver outra vontade exceto a de Deus.

É preciso termos sempre em mente que, como diz o ditado antigo, “todos os caminhos levam a Roma”. Entendendo-se, de uma vez por todas, que todos os caminhos, a se pensar na veracidade desta segunda idéia que exercitamos hoje, reconhecendo-a e aceitando, nos levam a Deus e que não existe nenhum tempo e nenhum lugar MAIS adequado para que nos voltemos para Ele. Cada um vai se encontrar, e encontrar o caminho que leva a Deus DENTRO de si mesmo, na hora exata, quando tomar a decisão de abrir seus olhos e seu coração. Acordando para o fato de que todas, absolutamente todas, as tentativas que fazemos para nos afastar d’Ele vão sempre resultar infrutíferas. Por outro lado, precisamos nos convencer também de que não somos capazes [apenas no sentido de que não nos cabe, não nos compete], ou, se o somos, não temos o direito de exercer nossa vontade própria para indicar ou escolher quais caminhos são mais indicados, ou melhores, para quem quer que caminhe conosco ao longo de nossa jornada.

Como dizia o “brujo” Don Juan, de Castañeda, todos os caminhos não são nada mais do que caminhos. O importante é você saber, é você se perguntar, se seu caminho tem um coração. Se tiver você pode segui-lo tranquilamente. Caso ele não tenha, é preciso mudar. É preciso escolher outro.


Destaco aqui dois pontos importantíssimos a serem lembrados em qualquer ocasião que nos assalte alguma dúvida, quer a respeito de nossa função no mundo, quer a respeito da Vontade de Deus para nós:

Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisto está a paz de Deus.

Eu estou aqui apenas para ser verdadeiramente útil.
Eu estou aqui para apresentar Aquele Que me enviou.
Eu não tenho de me preocupar acerca do que dizer ou fazer, porque Aquele Que me
enviou me orientará.
Eu estou feliz de estar aonde quer que Ele queira, sabendo que Ele vai comigo.
Eu serei curado na medida em que permitir que Ele me ensine a curar.

A necessidade da atenção e da prática

Eu quero que haja luz (73). Esta a primeira das ideias de nossa lição 87, deste dia 28 de março. Dizer isto sabendo o que isto significa é apenas o primeiro passo na direção de acreditar que somos, de verdade, Filhos de Deus. É um passo enorme na direção de acreditar que podemos romper as correntes das limitações que nos impedem de construir e viver "o sonho feliz" neste mundo de ilusões.

A impermanência, caracteristica comum a todas as coisas existentes neste mundo, não pode, nem deve nos impedir de experimentar a alegria perfeita, não pode nos impedir de vivermos "sempre brabos de alegre", mesmo em meio a toda tristeza que acontece no mundo. É aí mesmo que temos de exercitar nossa capacidade de alegria, para não nos deixarmos envolver e ser tragados por aquele mar de incertezas e de sofrimentos que é o que aparentemente o mundo nos oferece.

Para que haja luz, para que a luz se faça presente em nossas vidas, precisamos reconhecer e aceitar no mais íntimo de nós mesmos que: Não há nenhuma vontade exceto a de Deus (74). E esta é a segunda ideia para revisarmos neste dia. Uma vez aceita e reconhecida esta ideia, podemos nos abandonar serenamente à paz. Porque compreendemos, enfim, que não há nenhum estado diferente daquele em que nos encontramos ao qual podemos aspirar, pelo qual podemos ansiar. Aprendemos, repetindo, que "tudo está absolutamente certo exatamente da forma como está" e que não há nada que possamos fazer além daquilo que estamos fazendo. Estamos, onde quer que estejamos, sempre no lugar e na hora certas.

É a atenção e a prática das ideias e dos exercícios que vai nos provar a veracidade disso.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A onipotência do ego

Na onipotência, que parece ser o estado natural do ego, parece-nos que temos todas as soluções para salvar o mundo. E nos esquecemos, a maior parte do tempo, de que nem ao menos somos capazes de nos acreditar salvadores do mundo. O que é uma enorme contradição. Temos todas as soluções para salvar o mundo, mas não queremos ser chamados de salvadores. Não acreditamos naquela afirmação de Jesus que dizia que somos capazes de fazer tudo o que ele fazia. E mais. E melhor. Por que será isso? Humildade? O ego será humilde? Não, não, é o contrário. Não reconhecer que somos Filhos de Deus e que, cada um de nós, pode de verdade salvar-se, e ao mundo, é o contrário de humildade, é arrogância pura e simplesmente. Do ego. Como posso me considerar humilde, se não reconheço meu papel no mundo? Se não aceito a função que recebi de Deus?

Por isso, entre outras coisas, revisamos neste dia 27 de março, na lição 86, as ideias que vimos nas lições 71 e 72:

(71) Só o plano de Deus para a salvação funcionará.
(72) Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação.

Estas ideias nos convidam a pensar no plano de salvação que o ego alimenta. Um plano baseado no ataque e no julgamento, que não pode funcionar de modo algum. Pois como vimos guardar mágoas é afastar-nos do que somos, é esconder a luz do mundo, é trabalhar para impedir a visão. É afastar-se da verdade, porque as mágoas nos levam para longe do presente, o único lugar em que podemos encontrá-la. O que é isto a não ser um ataque ao plano de Deus?

Aproveitemos os períodos da prática conforme as orientações iniciais deste período de revisão para refletir a respeito disso, utilizando as ideias destacadas para a lição de hoje.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Minha salvação e a luz do mundo

Neste dia 26 de março, com a lição 85, vamos revisar as ideias das lições 69 e 70. São elas:

(69) Minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim.
(70) Minha salvação vem de mim.

As mágoas servem apenas para esconder a luz que há em mim e que deve ser estendida ao mundo. As mágoas, de qualquer natureza, são apenas obstáculos que me impedem de ver, de fato. Porque qualquer mágoa me devolve a um lugar que não existe, a um tempo que não existe. O passado. Se pensar bem, posso perceber claramente que toda mágoa me remete sempre a um ponto distante do presente, do agora, que, de acordo com o Curso e com a sabedoria milenar, é o único tempo que existe. O presente é o único momento em que posso atuar, decidir, escolher, agir. Estar no presente é estar na luz, é vê-la, é ser luz. Logo, se as mágoas me afastam do presente, elas só podem esconder a luz do mundo, que existe em mim e que me define. Isto para falar da primeira das ideias a ser revisada.

Quanto à segunda, parece-me suficiente dizer que não podemos buscar fora da nós o que somos ou a luz que pode nos salvar e nos devolver à Unidade em Deus. Ou como diz Harold Bloom em um de seus livros: "se nos buscamos fora de nós mesmos, encontraremos a catástrofe, erótica ou ideológica". Ou ainda: "buscar Deus fora do eu é cortejar os desastres do dogma, a corrupção institucional, a malfeitoria histórica e a crueldade".

Para a prática é preciso seguir as mesmas orientações dadas no início deste período de revisão.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Tornar santos os relacionamentos

Depois do encontro de ontem à noite, nada melhor do que começar o dia com a revisão de duas ideias extremamente importantes para se fazer calar o ego, não é mesmo? E para, quem sabe, aprender-se a escolher, a tomar, de uma vez por todas, a decisão que vai transformar todos os nossos relacionamentos em relacionamentos santos, que é o que podemos aprender, de acordo com o que texto nos dizia ontem.

As ideias para nossa revisão deste dia 25 de março, que fazem parte da lição 84, nos foram apresentadas pelas lições 67 e 68, há mais ou menos 20 dias. São elas:

(67) O amor me criou igual a si mesmo.
(68) O amor não guarda nenhuma mágoa.

Reconhecendo estas duas ideias como verdadeiras e as incluindo em nosso repertório de orientações a serem seguidas nos momentos em que quaisquer dúvidas se apresentarem, é possível, sim, aprender mais a respeito de nós mesmos e do que somos e acerca da melhor maneira de conduzir nossos contatos com todas as pessoas que se aproximam de nós, ou das quais nós nos aproximamos, para transformar todos os nossos relacionamentos em relacionamentos santos. Isto é, em relacionamentos isentos de quaisquer julgamentos, onde vemos o(s) outro(s) simplesmente como a mesma e única expressão do amor que nos criou a todos do mesmo modo. Onde apagamos quaisquer lembranças de qualquer coisa que o outro foi ou fez no passado, porque aprendemos que o passado não existe. E que o amor é sempre novo. E está sempre presente. Aqui. Agora.

As orientações para a utilização das ideias a serem revisadas nas práticas de hoje seguem os mesmos critérios apresentados no início do período de revisão.

terça-feira, 24 de março de 2009

Para conciliar função com felicidade

A lição 83, deste dia 24 de março, nos convida a revisar as ideias que conhecemos nas lições 65 e 66, há alguns dias. São elas:

(65) Minha única função é a que Deus me deu.
(66) Minha função e minha felicidade são uma coisa só.

Como já vimos, não há nenhuma função para cada um de nós a não ser aquela que recebemos diretamente de Deus. Saber disso, reconhecer isso, é ficar livre de todo e qualquer conflito, é libertar-se de uma vez por todas de quaisquer enganos com que o ego tenta nos seduzir e chamar nossa atenção, para nos ter como seus aliados.

Também já aprendemos que, apesar dos ensinamentos do mundo em contrário, tudo o que Deus quer para nós é a felicidade perfeita para todo o sempre. Se só podemos cumprir a Vontade de Deus para nós realizando nossa função, nossa função está diretamente vinculada a nossa felicidade e é por isso que nossa função e nossa felicidade só podem ser uma e mesma coisa.

A prática deve ser feita obedecendo-se às mesmas orientações do início da revisão.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Todo engano é sempre autoengano.

Penso que devíamos incluir a ideia da necessidade de uma revisão periódica em todas as áreas de nossas vidas. Explico. Normalmente, para a maioria de nós, depois que "aprendemos" alguma coisa, ou concluímos um curso, uma etapa em nossa caminhada, consideramo-nos "prontos". Como se tivéssemos aprendido tudo o que havia para aprender a respeito do assunto ou área, ou como se aquilo que aprendemos pudesse ser definitivo, não fosse passível de mudança e, muitas vezes, dependendo da área a que se refere, passível de mudanças radicais. E este é apenas um dos muitos enganos a que nos induz o ego.

Esta introdução às ideias a serem revisadas hoje se deve ao comentário feito pela Paulo De Mico a uma das últimas lições que praticamos. Diz ela estar, mais uma vez, se remoendo por dentro por descobrir que volta aos mesmos erros e enganos, trapaças de si mesma. Como se "só" ela voltasse a tais erros e trapaças. Todos nós fazemos isso, Paula. Todos. E o fazemos o tempo inteiro. No entanto, não há razão para nos sentirmos frustrados, a não ser quando nos entregamos por completo ao jugo do ego, que nos aconselha a cultivar o orgulho e a onipotência. Só o ego pode se frustrar.

Na verdade, de acordo com o que o Curso ensina, a história só existe porque vivemos para repetir os erros. Os nossos, individuais, e todos os erros cometidos por todos os outros que percebemos no mundo inteiro, sem dúvida projeções daquilo que, às vezes, não temos coragem de enfrentar como criações próprias e, portanto, de nossa única responsabilidade. Todo engano é sempre autoengano. E o maior engano que podemos cometer é, acreditando no ego, achar que podemos mudar o mundo, que podemos fazer tudo sempre da maneira correta, como se houvesse uma. O fato de percebermos que repetimos um mesmo erro vezes e vezes seguidas não deve nos pôr tristes ou frustrados. É apenas um sinal de que nossa consciência está se abrindo. O sentimento adequado, pois, é o agradecimento.

Precisamos nos lembrar de que passamos a maior parte do tempo dormindo acordados, porque não dedicamos tempo suficiente a praticar a atenção necessária a nós mesmos. Ocupamo-nos sim, mais e mais, das coisas relacionadas à ilusão e reforçamos uma visão de mundo baseada no julgamento do ego de tudo e de todos. Porque, muitas vezes, temos medo de acordar e de não gostar do que podemos ver em nós mesmos. Mais uma preocupação boba oferecida pelo ego. Como se pudéssemos ser diferentes daquilo que somos de fato. Como se o Ser que somos pudesse, de alguma forma ser contaminado por quaisquer enganos a que o ego nos induz.

Em um livro que leio no momento, Joseph Campbell, logo após lembrar da orientação de Jesus para nos retirarmos para o nosso quarto, fechando as portas, quando quisermos rezar - uma metáfora para a necessidade de que nos voltemos para o interior de nós mesmos, deixando de lado tudo o que é aparentemente externo -, diz que devemos nos lembrar de que somos seres da eternidade que vivem no campo do tempo. E o campo do tempo é o campo da tristeza. Ele diz que "toda a vida é triste". E que, quando tentamos corrigir as tristezas [no ego], tudo o que fazemos é mudá-las de lugar, colocá-las em outro lugar. A vida é triste [para a percepção do ego]. Como você vive então com isso? Você precisa perceber claramente o divino dentro de si mesmo. Fazendo isso, você se desprende e, ao mesmo tempo, volta a se prender. E, para usar as palavras dele, "você - e eis aqui a fórmula maravilhosa - participa com alegria das tristezas do mundo". Você participa da brincadeira. Uma brincadeira na qual não existem vítimas, apenas pessoas que se dispõem a brincar. "Parar de viver o pesadelo", respondendo à questão da Paula, nada mais é do que entrar para valer na brincadeira, com toda a disposição e alegria de que somos capazes. Pois não há como "parar de viver", porque a vida é eterna e a morte não existe.

Para isso continuamos com nosso programa de exercícios. Para isso revisamos neste dia 23 de março, na lição 82, as ideias das lições 63 e 64.

(63) A luz do mundo leva paz a todas as mentes por intermédio de meu perdão.
(64) Que eu não me esqueça de minha função.

O modo de fazer os exercícios é o mesmo indicado para o início do período de revisão.

domingo, 22 de março de 2009

Nova revisão

Neste dia 22 de março, começamos mais uma vez um período de dez dias dedicados à revisão. Desta vez revisaremos nossas últimas 20 lições. Assim, vamos revisar duas lições a cada dia, dedicando a ambas um período mais longo, de quinze minutos, e reservando a primeira parte do dia para a primeira e a segunda para a ideia restante.

As ideias para a revisão de hoje são as das lições 61 e 62:

(61) Eu sou a luz do mundo.

(62) O perdão é minha função como a luz do mundo.

O livro sugere algumas ideias afins às quais podemos recorrer durante os períodos de prática. São apenas sugestões, podemos modificar-lhes a forma, utilizando palavras diferentes, se isso nos parecer adequado.

Boa revisão!

sábado, 21 de março de 2009

"Um problema, uma solução."

A lição 80, deste dia 21 de março, eu diria, busca apenas reforçar nossa compreensão, nosso entendimento, de que lidamos, sempre, com um único problema: o da separação. E este já está resolvido. Assim, diz o livro já no início da lição de hoje, "se estiveres disposto a reconhecer teus problemas, reconhecerás que não tens nenhum problema". Que "teu único problema fundamental está resolvido e [que] não tens nenhum outro".



A ideia central da lição é expressa assim: Que eu reconheça que meus problemas estão resolvidos. Reconhecer isso só pode nos colocar em contato com a paz. A salvação depende, pois, de que reconheçamos este único problema, reconhecendo, assim, que ele já está resolvido.



Por isso o texto sugere repetirmos muitas vezes hoje: Meu único problema está resolvido!

Experimentemos!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Reconhecer o problema é solucioná-lo

A lição 79, para este dia 20 de março, é uma de minhas favoritas. Já disse isto a respeito de outra? Não importa! O que quero dizer é que, em meu modo de ver, a lição de hoje, Que eu reconheça o problema para que ele possa ser resolvido, nos apresenta, se não todos, quase todos os argumentos lógicos para entendermos melhor os mecanismos do ego [e o que é mais interessante, utilizando uma linguagem que o ego entende e contra a qual ele não tem argumentos nem defesas possíveis].

Quase que gostaria de copiá-la aqui inteirinha, mas acho que não há necessidade disso. Assim, vamos apenas dar uma espiada nos pontos que me parece ser mais importante destacar. Vejamos. Todos sabemos que, enquanto não reconhecemos que estamos com um problema, não podemos fazer nada para resolvê-lo. É óbvio que isso se deve ao fato de que não temos consciência de que aquilo que estamos vivendo é um problema. Daí, por exemplo, a necessidade de que a pessoa dependente de álcool, do cigarro, ou de qualquer tipo de substância química, reconheça que é dependente antes de decidir se tratar ou pedir ajuda para isso. Isso serve também para nossa dependência do ego e de todas as outras dependências a que ele nos sujeita, das quais muitas vezes não temos consciência em função da habilidade que ele tem de nos iludir. Ou alguém acredita que há, de fato, alguma coisa neste mundo da qual não podemos abrir mão, sem a qual não podemos viver? Isso é dependência ou não? Isso é um problema?

Importante é reconhecer, como a lição afirma hoje, que o único problema do mundo é o problema da separação e ele, na verdade, já foi resolvido. Entretanto, neste mundo, todos nós parecemos ter nossos próprios problemas particulares e esquecemos que eles são todos o mesmo, o único. E que todos eles têm de ser reconhecidos como tal se quisermos aceitar a única solução que resolve todos eles.

É preciso que atentemos para o fato de que não há nenhum momento em que nos vejamos, ou sintamos, completamente livres de problemas e em paz. E que "a tentação de considerar os problemas como muitos é [apenas] a tentação de manter não resolvido o problema da separação". Um truque do ego que nos convence, às vezes, a guardar mágoas e ressentimentos entendo-os como justa indignação pelo que alguém nos fez. Quando decidimos ser preferível ter razão a ser feliz.

Outras vezes, sentimo-nos onipotentes, no ego, desejando ser ou sabendo-nos portadores da solução para todos os aparentes problemas do mundo. Apenas porque eles, parecendo ter tantos níveis, formas tão variadas e conteúdos tão diversos, nos colocam diante de uma situação impossível de se resolver. Esta é mais uma das maneiras que tem o ego de nos pôr em contato com as sensações de desânimo e depressão, em vista de, agora, nossa aparente onipotência se ter transformado em absoluta impotência. Pois, para o ego, reconhecer que não sabemos nada é sinônimo de impotência.

Toda a aparente complexidade que os problemas parecem trazer consigo não são mais do que "uma tentativa desesperada [do ego] de não reconhecer o problema e, por consequência, de não permitir que ele seja solucionado". Por isso, um dos pontos cruciais da lição de hoje, a ser usado sempre que a necessidade surgir é a ideia de que, na verdade, temos o meio para resolver todos os problemas, se os reconhecermos. Se reconhecermos que, por detrás da enorme quantidade de formas com que todos os problemas se apresentam, eles são sempre o mesmo. O único. A crença na ideia da separação.

Parêntese!

Abro aqui um parêntese para falar de um comentário da Duda a respeito da lição de ontem. Só porque precisamos, como já disse outras vezes, ficar atentos, MUITO ATENTOS, aos truques e artimanhas do ego. E também para que não restem dúvidas - que sempre vão existir - a respeito do que trata o ensinamento do UCEM.

O próprio texto diz inúmeras vezes que o Curso visa à educação, ao aprendizado, do(s) ego(s). O Ser, aquilo que somos na verdade, não precisa fazer curso nenhum. Por isso é que falamos muito nele, Duda. Ou seja, quase não há como falar de outra coisa, uma vez que este mundo é o mundo do ego. O que se pode fazer, e isso é o objetivo do UCEM, é aprender a identificar quais das experiências que o ego nos convida a viver valem a pena. Quer dizer, quais das experiências que escolhemos viver estendem a alegria perfeita, que é a Vontade de Deus para nós, e quais são determinadas pela ideia da separação que é a fonte de todos os problemas e sofrimentos do mundo e que é a ideia central do sistema de pensamento do ego.

Duda diz em seu comentário que "a verdade é que as escolhas já foram feitas, não fazemos nada que já não esteja traçado para nós". E isso não é exatamente a verdade. Ou não haveria razão para estarmos aqui. A escolha existe, sim. Nós escolhemos experimentar esta ilusão nalgum momento e o Curso nos ensina que nossa escolha última, a que vai nos trazer ou devolver à consciência a alegria plena, será cumprir a Vontade de Deus para nós. Mas isso só vai acontecer a partir de nossa escolha. Enquanto não escolhermos isso, vamos continuar a viver a ilusão da separação e todos os resultados e consequências que advêm disso.

E, é claro que, como ela diz também "não devemos nos culpar pelas nossas escolhas". Devemos, porém, entender que sempre que escolhemos, e escolhemos o tempo inteiro, tomamos uma decisão pela qual temos inteira responsabilidade. E a decisão que tomamos sempre nos leva a experimentar e estender o Céu ou o inferno. Conforme Duda diz, um pouco adiante, "temos apenas que aprender a ver de modo diferente o que nos acontece". De novo, é o ego nos desviando a atenção, porque nada nos acontece. Isto é, tudo o que pensamos que nos acontece é apenas resultado de nossas escolhas. Talvez se possa dizer melhor, então, que tudo o que se apresenta a nós, se não for aquilo que esperávamos ou não atender a nosso anseio interior, pode, e deve, sim, ser visto de modo diferente. Melhor dizendo ainda, tudo o que se apresenta a nós deve ser entendido como o resultado de uma escolha que fizemos, conscientes dela ou não.

Por fim, uma vez que todos nós temos muito a aprender ainda, incluindo a mim mesmo aqui, voltamos, de certa forma, ao ponto inicial do comentário de Duda "não temos que escolher nem decidir nada, tudo está decidido por Deus". De novo a ideia do ego de nos convidar a fugir às responsabilidades que nossas escolhas certamente trazem. Para usar uma lógica possível ao Curso, as decisões de Deus dependem das nossas, dependem da decisão de cada um de nós. Nossa mestra de anos, Anna Sharp, resumia esta questão com a seguinte frase: "Deus sempre diz sim". E cada um de nós escolhe o que deseja viver. Lembrando-nos sempre de que nossa escolha é sempre entre viver o Céu ou o inferno. Não há outra. Melhor dizendo, todas as aparentes escolhas se resumem a esta.

Duda, querida, obrigado por seus comentários e obrigado por me dar a oportunidade de aprender cada vez mais a prestar atenção. Entendi perfeitamente seu comentário e percebi, e sei, que nem sempre usamos as palavras de acordo com o que se passa em nossa mente, isto é, nem sempre elas dizem exatamente aquilo que pensamos em dizer. Isso é porque as palavras também são instrumentos a serviço do ego a maioria das vezes. E isso também é mais uma lição que Deus quer que aprendamos.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Para aliviar o fardo

Apenas para lembrar, estamos já há algum tempo realizando nossa prática a partir da orientação de fazer dois períodos mais longos, de cerca de 1o ou 15 minutos, em que nos dedicamos a aprofundar a ideia central da lição, e vários períodos breves de um minuto ou menos, para voltar à ideia e/ou para escapar de uma situação qualquer que nos afaste do aprendizado ou que nos leve em direção a mais separação.

A lição deste dia 19 de março, a de número 78, é um exercício particularmente eficaz para nos ajudar a retirar aquele peso extra que costumamos pôr sobre nossos ombros e que, à medida que caminhamos, se torna um fardo, um peso extremamente difícil de carregar, sob o qual nos curvamos e somos impedidos de alçar nosso olhar em direção ao Céu. Que peso é este? A mágoa, o ressentimento. Aquela "pequena" contrariedade que deixamos entrar, às vezes, em nossa mente e que acaba crescendo, crescendo, crescendo... para se transformar em um monstro de dimensões gigantescas. A gota que pode fazer entornar o balde. Ou nos leva a chutá-lo.

A ideia para se trabalhar hoje, de acordo, com a orientação que lembramos acima é: Deixa os milagres substituírem todas as mágoas. No texto da lição ela aparece como: Que os milagres substituam todas as mágoas, o que é a mesma coisa dita de forma diferente. Prefiro a primeira porque me parece que o "deixa" traz em si o apelo direto para que tomemos a decisão correta, a de permitir que as mágoas sejam substituídas pelos milagres. Uma permissão que cabe apenas a cada um de nós dar, sem a qual nem o Espírito Santo, nem Deus podem agir em nós. Pois, de acordo com o Curso, "cada mágoa [que guardamos] se ergue como um escudo negro de ódio diante do milagre que ela quer ocultar".

Por isso, é preciso invertermos o modo de ver, sem nos determos diante do escudo de ódio, abandonando-o e erguendo os olhos delicadamente em silêncio para ver o Filho de Deus, que espera por nós e aparecerá em sua luz resplandescente por detrás das mágoas, uma vez abandonadas. Ele está onde sempre esteve e permanece na luz, nós nos encontrávamos na escuridão.

Neste dia, atendo-nos à orientação do livro, "vamos escolher uma pessoa" a quem usamos como alvo de nossas mágoas e, abandonando-as, vamos olhar para ela. Podemos escolher alguém a quem tememos ou a quem pensamos odiar até. Ou alguém a quem pensamos amar que nos enfureceu por alguma razão. Alguém, ainda, a quem chamamos de amigo, mas que percebemos como chato, às vezes, ou difícil de agradar, muito exigente, irritante ou alguém que não corresponde ao ideal que deveria aceitar como seu, de acordo com o papel que demos a ele.

Cada um de nós sabe a quem escolher. O nome da pessoa já nos passou pela cabeça. Ela será a pessoa por meio da qual o Filho de Deus se mostrará a nós. Ao vê-la por detrás das mágoas que guardamos contra ela, aprenderemos que aquilo que estava escondido enquanto não a víamos existe em todas as pessoas e pode ser visto. Veremos que aquele que parecia ser inimigo é mais do que amigo quando o libertamos para assumir o papel sagrado que o Espirito Santo reserva para ele. Deixemos que ele seja nosso salvador hoje. E este o papel dele no plano de Deus, nosso Pai.

Assim, nossa prática hoje é ver a pessoa a quem escolhemos no papel que lhe dá o Espírito Santo. Primeiro, vamos trazê-la à mente da forma que a vemos, revendo suas faltas, as dificuldades que tivemos ou ainda pensamos ter com ela, a dor que ela nos causou, sua negligência e todas as feridas, as pequenas e as maiores, que ela provocou em nós. Vamos analisar seu corpo com seus defeitos e qualidades e vamos pensar a respeito de seus erros e até mesmo de seus "pecados". Depois, vamos pedir ao Espírito Santo, Que a conhece em sua realidade e verdade, que nos deixe olhar para ela de modo diferente, para ver nela o nosso salvador, brilhando à luz do verdadeiro perdão que nos foi dado. E, como o exercício aconselha, digamos ao pensar nela:

Permite que eu veja meu salvador neste que Tu
designaste como aquele a quem devo pedir que
me conduza à luz sagrada na qual ele está, para
que eu possa me unir a ele.

E, ao longo de todo o dia, vamos nos lembrar de que cada uma pessoa com quem mantemos contato, seja pela presença, seja apenas em nosso pensamento, traz em si o salvador, se escolhermos vê-la à luz de sua santidade, que é também a nossa. E vamos pedir, para nós e para todos, sempre que nos lembrarmos e pudermos:

Deixa que os milagres substituam todas as mágoas.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Milagres são expressões do amor

Uma da maiores lições que podemos aprender, como forma de neutralizar os ensinamentos equivocados do mundo, é a ideia da lição 77, para este dia 18 de março: Eu tenho direito a milagres. E podemos passar a usá-la com a maior frequência possível para apagar tudo o que o mundo nos ensinou até agora, impondo limites ao que podemos fazer, tentando nos convencer de que somos pecadores e de que, por isso, não merecemos a maioria das coisas pelas quais ansiamos, para nos impedir de entrar em contato com o que somos na verdade.

Praticar a ideia de hoje é dar um grande passo para aprender a exercer nosso direito legítimo de Filhos de Deus. É buscar obter de volta a consciência de nosso estado natural, entendendo que os "milagres são um direito de todos". É escolher ser apenas a manifestação viva do amor, que enseja o milagre e é sua expressão, uma vez que o amor é o verdadeiro milagre. E que, conforme diz o Curso, "tudo o que vem do amor é um milagre".

Há, logo no início do livro, no capítulo 1, uma relação de 50 princípios que precisamos aprender. São estes princípios que devem nortear nossa jornada por este mundo da impermanência. Pois eles nos ensinam a diferença entre o que somos, de fato, e aquilo que o ego quer que pensemos ser. É o milagre que vai nos permitir aprender a diminuir nossa necessidade do tempo, pois não está sujeito às leis que regem o tempo. E também não está sujeito às distâncias, porque para o milagre só a unidade conta. Nunca a separação, que é sempre ilusória.

Vamos, então, buscar exercer nosso direito?

terça-feira, 17 de março de 2009

A que leis queremos nos sujeitar?

Como se fora uma sinfonia em que o volume da música vai crescendo ao se aproximar de seu momento mais importante, para, em seguida, chegar a um movimento mais calmo - um adágio -, em que se pode respirar de forma mais serena e pausada, asssim nos conduziram os exercícios dos últimos dias. Desde o momento em que expressamos nosso desejo de que houvesse luz, passando pelo reconhecimento de que não existe nenhuma vontade que não a de Deus, para culminar com a chegada da luz.



Hoje, 17 de março, a lição 76, pede que reconheçamos a seguinte ideia: Eu não estou sujeito a nenhuma lei exceto às de Deus. O que não deixa de ser um convite a uma pausa para a reflexão. E, se pensarmos bem, há bastante lógica na proposição. Se aceitamos a ideia de que não existe nenhuma vontade a não ser a de Deus, não é mais ou menos óbvio que não podemos estar sujeitos a quaisquer outras leis que não às d'Ele? Não é mais ou menos óbvio que, se só a Vontade d'Ele existe, também só podem existir Suas leis?



É esta ideia que pode nos dar a liberdade mais completa e perfeita. Porque ela abre os portões das prisões a que nos condenaram as leis do mundo, que pensávamos existirem. Não existem. São apenas ilusões. Ou como o texto diz: "Não são leis, mas loucura". Assim, podemos esquecer das "leis" da medicina, da economia e da saúde. Podemos, sim, desobedecer às "leis" da amizade, das "boas" relações e da reciprocidade. Nada disso é verdadeiro. Todas estas "leis" fazem parte de crenças tolas na magia, que não tem nada a ver com aquilo que somos na verdade.



É esta ideia que nos convida a abrirmos os canais para escutar a Voz da Verdade, Que nos garante não haver perda sob as leis de Deus. Que nos garante não haver nada que precisemos pagar e nada que precisemos receber. Não há necessidade de trocas ou barganhas. Nada pode substituir a nada e nenhuma coisa pode tomar o lugar de outra. "As leis de Deus dão eternamente e nunca tiram". Pois, como sabemos, "tudo está absolutamente certo exatamente da maneira como está".



Se atentarmos para a Voz por Deus, nós A ouviremos falar do Amor de Deus por nós, da alegria infinita que Ele tem a nos oferecer, do anseio d'Ele por Seu Filho, criado a Sua imagem e semelhança, e do Céu, reservado a todos nós desde sempre e para toda a eternidade. E poderemos experimentar hoje, ainda que por breves instantes, a alegria que só a decisão pelo Ceú pode nos dar.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Portadores da luz

O que se segue ao reconhecimento e à aceitação de que não existe nenhuma vontade senão a Vontade de Deus?

O milagre. Todos os milagres. E a luz. Conhece-se a luz. Entra-se na luz. Vive-se na luz. É esta a ideia da lição 75, para este dia 16 de março: A luz veio. E a vinda da luz nos coloca em contato com aquilo que verdadeiramente somos. Ela nos cura e nos autoriza a curar. Salva-nos e nos devolve à consciência o poder de salvar.

A luz põe termo à escuridão, à confusão e à morte. E nos põe em contato com "o sonho feliz", depois de tanto tempo de pesadelo. A luz nos traz uma nova era, na qual deixamos todas as nossas crenças velhas para trás e nos abrimos para o novo, abandonando por completo o que passou. Aceitando a luz, abrimos espaço para a alegria sem fim e para a felicidade, para olhar o mundo de modo diferente, com um olhar amoroso que perdoa a nós mesmos e perdoa a tudo e a todos.

Pela luz que nos chega neste dia, o mundo real se apresenta com toda sua beleza. Inteiro e íntegro, completo e uno. Não julgamos mais nenhuma de suas partes, nem damos maior importância a qualquer uma delas, diminuindo ou dando menos atenção à outra parte qualquer. Ou outras. Todas são necessárias à completude, à integridade, à totalidade e à unidade a que pertencemos todos e cada um de nós.

Carreguemos, pois, a luz conosco aonde formos hoje. Tornemo-nos portadores da luz em todos os momentos de nossa vida de hoje em diante. É isso que os exercícios de hoje nos convidam a fazer.

domingo, 15 de março de 2009

Reconhecer e aceitar a Vontade de Deus

A ideia da lição 74, deste dia 15 de março, é o ponto de convergência de todos os exercícios que fazemos. É na direção desta ideia que precisamos nos dirigir se, de fato, buscamos a salvação, se, de fato, queremos acreditar que somos a luz do mundo e se, de verdade, queremos cumprir nossa função de perdão para alcançar a felicidade.
Dito isto, concentremo-nos o melhor que pudermos para reconhecer e aceitar que: Não há nenhuma vontade exceto a de Deus.
Nada mais é preciso!

sábado, 14 de março de 2009

A luz é nosso desejo mais profundo

A lição 73, deste dia 14 de março, nos apresenta à ideia daquilo queremos verdadeiramente. Declara nosso desejo em palavras, dizendo: Eu quero que haja luz.* Assim, apresento-lhes, a título de convite à reflexão, alguns pensamentos acerca daquilo que a ideia parece envolver, e que nem sempre fica muito claro, quando nos pomos a pensar a respeito. Lembrem-se, por favor, de seguir as instruções do texto quanto aos exercícios.

Nossas desculpas para a inação [a dos que como eu demoram aparentemente para se pôr em ação], consciente, às vezes, outras inconscientemente, em sua maioria, se resumem na ideia de que não estamos maduros para tal atitude, tal mudança, tal enfrentamento, tal experiência. Parece-me, e acho que isso é mais ou menos consenso, que nunca estamos maduros, nem ficaremos. A não ser no sentido de que é necessário adquirirmos consciência dos estados que podemos alcançar em nossa vida.

Todos eles, ouso dizer, são o mesmo para a consciência, porque presentes nela, na consciência que temos de nós mesmos, por nós mesmos, se temos alguma consciência - e sempre temos por menor que seja - que nos autorize a pensar que não somos só "isso" que se move por entre a sombra e a escuridão que costumam habitar nossos dias de inconsciência. Aqueles dias em que deixamos de fazer contato com o que existe de verdadeiro em cada um de nós. A maioria dos dias que vivemos na condição de zumbis, buscando um guia, uma orientação outra qualquer, de um guru, de um mestre, de uma religião, de uma crença, fé, ideologia, partido político ou grupo, que confirme nossa esperança de que exista alguma esperença para nós. Fora de nós mesmos.

- Não existe!

E o outro, ou outros, com quem dividimos nosso estar-no-mundo, que criamos individual e coletivamente, a fim de passar pelas experiências sensuais que viemos buscar, não faz nada mais do que refletir - no sentido de ser uma projeção de, um reflexo - aquilo que pensamos de nós mesmos. Projetamos nele, ou nela, ou neles ou nelas, todos os nossos medos e inseguranças, todas as nossas qualidades e defeitos, para vê-los devolvidos a nós, muitas vezes, de uma forma mais inteligível e/ou palatável, mas que, de qualquer maneira, a mais das vezes nos recusamos a ver. "Eu não sou isso!" "Eu não faço isso!" "Eu não seria capaz de tal coisa!"

Entretanto, "dar realidade" à ilusão daquilo que nossos pensamentos criam é sempre nossa escolha. E nossos medos, quando muito fortes, são sempre o que se concretiza em nossa experiência, porque é a eles, mais do que a qualquer outra coisa, que devotamos a maior parte de nossa atenção, seja de modo consciente, seja inconscientemente.

O iceberg, o bloco de gelo flutuante, que é nossa consciência, é visível a olho nu apenas na superfície do mar de nossa inconsciência, quando nos acreditamos sabedores do funcionamento do mundo. Ou quando não temos consciência, ou não aceitamos incondicionalmente a ideia de quão pouco sabemos em nosso estado comum de vigília.

Andamos durante o sono letárgico que é a maior parte de nosso viver no mundo do espaço-tempo dos sentidos. Em alguns momentos logramos alcançar um vislumbre de luz, e enchemo-nos do júbilo e da alegria que atestam nossa origem e reafirmam a completa felicidade que tem de ser nosso estado natural, se nos acreditamos filhos do amor, que é quem verdadeiramente move o mundo.

São breves, porém, esses "instantes santos" nos quais nos ligamos inapelavelmente à unidade, como partes unívocas da totalidade de que não podemos deixar de ser e fazer parte complementar.

Abramo-nos para o desejo de que se faça a luz! A luz existe em todos e em cada um de nós! Lembram-se da lição "eu sou a luz do mundo"? A lição de hoje quer apenas que expressemos com toda a sinceridade possível nosso desejo mais profundo e verdadeiro.

*No original a ideia desta lição é "I will there be light." E na tradução aparece como "É minha vontade que haja luz." A versão "Eu quero que haja luz" é minha tradução do original, que me parece mais de acordo com a ideia original. Mas isso é apenas um detalhe. Importante mesmo é que se façam os exercícios e que se busque, como disse, cada vez mais o contato com nossa vontade mais profunda e verdadeira, que, às vezes, parece não estar muito clara.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A mágoa é um ataque ao plano de Deus

Depois das lições dos últimos dias, que se seguiram à revisão das primeiras 50 ideias que o Curso nos oferece para que comecemos a desaprender o que o mundo nos ensinou, a lição desta sexta-feira 13, a de número 72, só poderia nos trazer à conclusão de que, como afirma sua ideia central: Guardar mágoas é um ataque ao plano de Deus para a salvação.

Vejamos: se "eu sou a luz do mundo" [lição 61] nada mais lógico que minha função como tal seja o perdão [lição 62]. E o que faz a luz do mundo, então? Traz paz a todas as mentes por meio do perdão [lição 63]. Porque o perdão é a única coisa que pode trazer paz a todos. Por isso, a lição 64 aconselha "que eu não esqueça a minha função", e porque "minha única função é aquela que Deus me deu", a de ser a luz do mundo e perdoar [lição 65]. Seguindo tais idéias, logo fica evidente que "minha felicidade e minha função são a mesma coisa" [lição 66]. Porque "o amor me criou igual a si mesmo" [lição 67]. Voltando então à ideia de que minha função como a luz do mundo é o perdão, que é a única coisa capaz de trazer paz de espírito a todas as mentes, tenho de entender que a luz do mundo [eu, ou aquilo que é verdadeiro em mim] traz em si a capacidade de perdoar, o que pode me fazer feliz para sempre. E o que é perdoar? Perdoar é abandonar todos os julgamentos, todos os ressentimentos e entregar-se ao amor. Pois "o amor não guarda mágoas" [lição 68]. Quando estou ressentido, me afasto do amor, me esqueço de minha função e não consigo ver a luz do mundo em mim. São, na verdade, "minhas mágoas que escondem a luz do mundo em mim" [lição 69] e que me impedem de exercer minha função de perdão, e que me levam para longe de qualquer ideia de salvação. Separado, magoado e ressentido fica difícil perceber que "minha salvação vem de mim" [lição 70] e mais difícil ainda entender que "só o plano de Deus para a salvação funcionará" [lição 71], porque a mágoa, ou o ressentimento em mim, me leva a pensar que o mundo inteiro está errado e que não há nada que eu possa fazer. Isto é, o ego me convence a acreditar que tudo e todos têm de mudar para o mundo ser salvo, menos eu mesmo.

Assim, a ideia da lição 72, me convida, hoje, a refletir por que razão guardar mágoas é um ataque que faço ao plano de Deus para a salvação. Para entender que, quando me decido pela mágoa, coloco em Deus as características normalmente associadas ao ego e deixo que o ego assuma os atributos d'Ele. Torno o ego "onipotente", dando-lhe a oportunidade de satisfazer seu desejo fundamental de substituir Deus.

Guardar mágoas é colocar minha mente na prisão corpo e acreditar que ela está limitada a ele para se comunicar com outras mentes. É óbvio que limitar a possibilidade de comunicação ao corpo não é a melhor forma de expandi-la. Mas é nisso que o ego quer que eu acredite. E é por isso que as mágoas que guardo estão sempre associadas a alguma coisa que um corpo faz, fez, ou pode fazer. É alguém que diz ou faz alguma coisa da qual não gosto. Ou "trai" segundas intenções com seu comportamento.

Guardar mágoas me impede de ver qualquer pessoa como ela é. Porque me leva a vê-la apenas a partir do que ela faz em um corpo. Isso não a ajuda a ficar livre das limitações do corpo. Ao contrário, contribui de forma eficaz para mantê-la preso a ele, por confundí-la com o corpo e por acreditar que ela é aquilo que um corpo faz.

A lição de hoje, para quem, de fato, se põe a refletir a respeito da ideia que ela traz, é um grande passo para a compreensão de mais algumas das artimanhas do ego para nos enganar. Precisamos mesmo, seguindo a orientação do exercício, questionar tudo aquilo que o ego quer nos ensinar a respeito da salvação. Para isso é necessário que deixemos a Deus a tarefa de nos dizer o que é verdadeiramente a salvação. O ego não sabe. Nós não sabemos. Perguntemos, pois, a Ele. Ele certamente nos dará a resposta.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Convite

Abro aqui um parêntese para convidar a todos que se interessam pelo estudo do UCEM para comparecerem a um dos encontros que fazemos todas as terças-feiras, às 20 horas. O grupo de que faço parte se reúne, em São Paulo, há mais de quinze anos e teve início com a mestra em milagres, Anna Sharp, que fez as leituras semanalmente até fevereiro de 2006. Com sua mudança para o Rio naquela ocasião, tivemos a generosidade de sua presença nos últimos anos uma ou duas vezes por mês até novembro de 2008. A partir daí, depois de mais uma mudança para a Bocaina, no final do ano passado, e em função de sua agenda e de todos os seus compromissos, Anna optou por oferecer a este grupo a possibilidade de sua presença apenas quando estiver em visita ou a trabalho em São Paulo e sua visita coincidir com o dia do encontro do grupo.

Este convite está sendo feito neste momento porque estamos mudando de endereço e para que mais pessoas tenham a oportunidade de compartilhar conosco do aprendizado. A partir da próxima terça, dia 17, os encontros terão lugar na Rua Itapeva, 574 - 6º andar, sala 61B. Sempre tendo início às 20horas. Pede-se uma contribuição de dez reais por pessoa para o pagamento pela utilização do espaço.

Qual é o maior obstáculo à paz?

O medo de Deus que o mundo nos ensinou ainda é o maior obstáculo que a paz tem de atravessar para se instalar em definitivo em nossas mentes e corações. Em nosso estado normal de consciência não é possível perceber claramente que o ego desenhou um plano para a salvação que é exatamente o contrário do plano de Deus, de Quem temos medo. E é neste plano que acreditamos. É a partir da crença no plano do ego que delineamos os objetivos para nossas vidas e tentamos alcançar a salvação. Não nos apercebemos de que a condenação - a nossa e a do mundo todo - faz parte do plano do ego, o que nos impede, na maior parte do tempo, de aceitar o plano de Deus e de trabalhar para a sua realização.

O ponto central do plano do ego, que se concentra em guardar mágoas, quer nos convencer de que, se outra pessoa falasse ou agisse de modo diferente, se algumas das circunstâncias ou situações externas fossem diferentes, estaríamos salvos. Ou seja, o plano do ego coloca a fonte da salvação fora de nós mesmos. Assim, cada mágoa ou ressentimento que alimentamos não faz senão afirmar que tudo e todos têm de mudar para que sejamos salvos, exceto nós mesmos. Com isso, o ego impede que pensemos a respeito da necessidade de uma mudança pessoal em nossa atitude mental.

É disso que trata a lição 71, deste dia 12 de março. A ideia é: Só o plano de Deus para a salvação funcionará. Não importa o que façamos, impulsionados equivocadamente pelo ego, para afastar de nós a responsabilidade pela nossa própria salvação e pela salvação do mundo, mais dia, menos dia, vamos ter de enfrentar a realidade de que o plano do ego para a salvação não pode nos levar a ela.

Pois não é verdade que orientados por um cego que não quer ver ficará muito mais difícil vislumbrar o caminho? E o que é o ego senão um cego que não quer ver, que finge saber o que é o melhor para nós, a tentar nos convencer de que qualquer fonte para a salvação é aceitável, desde que não funcione? Desta forma, ele nos leva a uma busca incessante e infrutífera, porque nos oferece de modo constante a ilusão de que, se não encontramos a paz, ou a salvação, nesta ou naquela ilusão, há sempre esperança de encontrá-la em outras coisas, em outros lugares.

Lembrando de que falamos de mapas errados ontem, pode-se dizer que o plano para a salvação que o ego nos oferece é como um mapa do tesouro, desenhado de forma a não encontrá-lo, oferecendo falsos caminhos e pistas, apenas para nos desviar do verdadeiro tesouro que se encontra ao nosso alcance o tempo todo, que está sempre debaixo de nossos olhos. Um tesouro para o qual não nos damos sequer ao trabalho de olhar. Já o plano de Deus para a nossa salvação é um mapa que nos leva diretamente ao tesouro, porque nos indica de modo perfeito cada passo que precisamos dar em nossa caminhada. E nos convida a caminhar, oferecendo-nos como companheiros de jornada o amor, a alegria e a paz.

Para chegar a tal ponto, basta que nos voltemos para o interior de mesmos e busquemos ouvir a Voz do Espírito Santo, que é a Voz por Deus em nós, e nos coloquemos em uma posição de escuta atenta ao Lhe perguntar, como sugere o exercício:

O que Tu queres que eu faça?
Aonde Tu queres que eu vá?
O que Tu queres que eu diga, e a quem?

E que abandonemos toda e qualquer necessidade de controle do ego a Ele, colocando-nos a Sua disposição para fazer o que tiver de ser feito, para ir aonde for preciso ir e para dizer o que for necessário dizer a quem quer que seja. Entendendo que guardar mágoas é o contrário do plano de Deus para a salvação. Aceitando a ideia de hoje, segundo a qual "só o plano de Deus para a salvação funcionará".

quarta-feira, 11 de março de 2009

De onde virá a salvação?

Se precisamos ser salvos, de onde a salvação pode vir? Quem pode nos salvar?

Para empreendermos a viagem que fazemos por este mundo, é preciso que recebamos mapas que indiquem os caminhos a serem percorridos. Os caminhos, como sabemos, mudam com muita frequência ao longo de nossa jornada. Também é preciso que nos preparemos para ler os mapas que nos vão sendo oferecidos. Porque são eles que vão nos auxiliar a fazer as escolhas que podem tornar a viagem mais rica, mais bela, mais prazerosa e mais alegre.

Um dos grandes problemas que enfrentamos nesta viagem é que os mapas que nos oferecem, desde o início dela, desde nossa infância, estão errados. Os mapas que recebemos não indicam os atalhos, os becos sem saída, os caminhos melhor iluminados, os desvios, os acidentes do percurso e, muito menos, o caminho mais curto. Assim, para a maioria de nós, a jornada se torna pesada, cansativa e muitas vezes as etapas são dolorosas e esgotam as nossas forças, levando-nos ao ponto de querer desistir.

Poucos entre nós percebem de forma clara que o mapa de que necessitamos para o sucesso de nossa viagem, em todos os sentidos, tem de ser desenhado por nós mesmos. E que ele é diferente para cada um de nós. E que ninguém pode decidir o caminho de ninguém. O máximo que podemos fazer pelo outro, ou outros, se é que, de fato, podemos fazer alguma coisa, é dar-lhe a liberdade total e absoluta para que ele mesmo construa seu caminho, seu mapa. Amorosamente. Confiantemente. Certos de que só ele sabe, no fundo, o que é melhor para si. Só ele é capaz de fazer as escolhas e trilhar os caminhos que vão levá-lo na direção das experiências necessarias à descoberta ou à lembrança de si. E, por consequência, à alegria perfeita e à felicidade.

Conforme aprendemos em nossas lições pelo caminho, Jesus disse nalgum momento que ele era "o caminho, a verdade e a vida", mas ele disse também que tudo o que ele fazia nós somos capazes de fazer também, igual ou melhor. Ele também se identificou como "a luz do mundo", mas também disse ser um de nós, um irmão. E viveu sua vida sabendo que sua salvação e a salvação do mundo dependiam apenas dele mesmo. Sabendo também que não podia salvar a ninguém que não quisesse ser salvo. Ninguém! Mas sabendo mais ainda: tendo a certeza de que todos seriam salvos.

A lição 70, deste dia 11 de março, traz a ideia: Minha salvação vem de mim. E para quem acompanha estes exercícios desde o primeiro, não há nada mais verdadeiro, nada mais lógico do que esta ideia, não é mesmo? Pois, se crio o mundo que vejo e ele, por alguma razão, precisa ser salvo, quem senão eu o pode salvar?

Falamos outro dia do "inimigo" e do "veneno" e é interessante pensar que, da mesma forma que a natureza nos oferece inúmeras variedades de venenos e inimigos, ela também nos oferece todas as possibilidades de cura e de paz. Assim, por exemplo, o remédio, a cura, para a picada de uma cobra venenosa está na própria cobra. Uma planta que pode servir para nos envenenar, em determinada dosagem, serve como cura em uma dosagem diferente. Por que seria diferente conosco? Assim como trazemos em nós o potencial para destruir o mundo inteiro, não lhes parece lógico que tenhamos também o poder para salvá-lo?

É sobre isso que os exercícios prescritos para hoje nos convidam a refletir.

terça-feira, 10 de março de 2009

Que inimigo me impede de ver a luz?

O que nos impede de enxergar em nós a luz do mundo?

A escuridão, as trevas, as camadas espessas de preconceitos e crenças equivocadas que fomos acumulando ao longo dos dias que vivemos neste mundo construído pelo(s) ego(s). Aliás, em nosso encontro de terça-feira passada, lemos no texto que a melhor pergunta que podemos nos fazer, e ao mundo, é a que questiona como a mente pôde inventar o ego. E o texto diz:

"Cada um faz para si um ego ou um ser que está sujeito à enorme variação por causa de sua instabilidade. Faz também um ego para cada pessoa que percebe, que é igualmente variável. A sua interação é um processo que altera a ambos, porque não foram feitos pelo Inalterável ou com Ele. É importante reconhecer que essa alteração pode ocorrer e, de fato ocorre tão prontamente quando a interação tem lugar na mente como quando envolve proximidade física. Pensar sobre um outro ego é tão eficaz para mudar a percepção relativa quanto a interação física. Não poderia haver melhor exemplo de que o ego é só uma ideia e não um fato." [T-4.II.2]

Este parágrafo inteiro nos põe diretamente em contato com a razão pela qual temos tanta dificuldade em enxergar em nós mesmos, e no(s) outro(s), a luz do mundo. Pois como um "ser" tão inconstante e sujeito a tamanhas variações pela interação, quer física, quer mental, com outros "seres" como ele mesmo, criados por ele, poderia trazer em si a luz que pode salvar o mundo?

Isso parece mesmo inacreditável para o(s) ego(s). E é. Pois não consta do currículo criado pelo sistema de pensamento do ego para nós. É por isso então precisamos de uma mudança radical no currículo. Por isso precisamos dos exercícios diários. Para remover, uma a uma, as barreiras que o currículo ensinado pelo ego construiu em nossa mente. Para nos ajudar a dissolver as mágoas que escondem a luz do mundo em nós. E nos impedem de ser a salvação do mundo.

Para isso a lição 69, deste dia 10 de março, trabalha com a seguinte ideia: Minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim. A partir do reconhecimento de que as mágoas que guardamos são responsáveis pelo estado de coisas que vemos no mundo, podemos escolher olhar para o mundo de modo diferente. É preciso reconhecer que, de uma ou outra forma, se pensarmos bem, cultivamos algum tipo de mágoa, maior ou menor, não importa, em relação a quase todas as pessoas com quem convivemos. No passado, no presente e no futuro. E eu digo quase apenas para não dizer todas. Para que nos demos ao trabalho de refletir a respeito disso. Pois o Curso afirma que tudo o que não é amor é uma forma de ódio. Assim, é isso que precisamos buscar em nós mesmos nas práticas da lição de hoje. Limpar em nós todo e qualquer ressentimento ou mágoa. Apagar qualquer emoção ou pensamento que nos afaste uns dos outros. Pois também vai chegar a cada um de nós o momento de dizer, referindo-se à batalha que travamos no dia a dia, "descobrimos o inimigo, nós somos ele". E é isso que vai nos devolver a luz do mundo à consciência para a nossa salvação e para a salvação do mundo inteiro.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O amor não guarda mágoas

Sou sempre relutante em citar frases, ou atribuí-las a algum autor conhecido, quando não tenho certeza de que a fonte é confiável. E a internet está cheia de exemplos de citações de autores que nem ao menos sonharam dizer o que lhes é atribuído. E a maioria das pessoas nem se dá ao trabalho de verificar se a fonte é verdadeira ou não. Isso normalmente gera dois efeitos diferentes.

O primeiro é o que chamo de efeito "bola de neve", que aumenta a obra de determinado autor a um ponto bem distante daquele para o qual ela foi pensada e a coloca bem longe de qualquer possibilidade de controle, no sentido de que seus leitores tomam contato com uma obra que não lhes diz respeito, nem é expressão daquilo que verdadeiramente pensam. Há inumeros exemplos disso na rede hoje em dia. E há autores que se manifestam, às vezes, preocupados em desfazer alguns dos enganos a que seus leitores podem ser induzidos. Outros nem chegam a tomar conhecimento dos apêndices apócrifos que foram adicionados a sua obra. Ou porque já não estão entre nós, ou porque quem lhes administra a obra não soube do acontecido. Há ainda leitores que têm o cuidado de alertar para o fato de que determinadas informações que circulam pela rede não são verdadeiras.

O segundo é o que se pode chamar de "efeito telefone sem fio". Lembram daquela brincandeira que se fazia em grupo, onde se dizia alguma coisa ao ouvido de alguém num círculo ou numa linha para se descobrir, ao final, que o que tínhamos dito se transformou em algo absolutamente diferente daquilo que dissemos no início? Para se confirmar que nem sempre o que se diz é o que se entende. Ou dito de outra forma, cada um de nós ouve apenas aquilo que quer ouvir. Ou ainda para citar Shakespeare: "O diabo é capaz de citar as Escrituras para alcançar seu objetivo".

Bem, mas digo isso tudo apenas porque a lição 68, para este dia 9 de março, me lembrou de uma frase, atribuída a Shakespeare, para a qual quis obter confirmação, sem resultado positivo. A frase em questão diz: "Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra". Uma pesquisa rápida não foi suficiente para confirmar Shakespeare como o autor da frase, que tem uma versão levemente diferente: "Guardar ressentimento é tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra", atribuída a ninguém menos que Albert Einstein. Assim fiquei com a dúvida aumentada e com a possibilidade de pesquisa enormemente ampliada. Isto é, além de consultar toda a obra de Shakespeare, preciso consultar também tudo o que se escreveu a respeito do Einstein. Um trabalho e tanto, não?

Mas isso não nos importa neste momento. É preciso apenas voltar nossa atenção para a ideia da lição de hoje que é a seguinte: O amor não guarda nenhuma mágoa. Não é possível que nenhum de nós chegue ao conhecimento do Ser que é, se guardar mágoas, se guardar ressentimentos de qualquer natureza contra qualquer um de seus semelhantes. A lição de hoje nos ensina que guardar uma mágoa qualquer é esquecer quem somos. É ver-nos, a nós mesmos, e aos outros apenas como corpos. É permitir que o ego governe nossa mente e "condenar o corpo à morte".

A frase que originou minha dúvida, ao iniciar esta reflexão, tem, pois, sua utilidade aqui, para nos fazer reconhecer por inteiro qual é o efeito preciso que guardar mágoas traz a nossa mente. Guardar ressentimentos parece nos separar de nossa Fonte, tornando-nos distintos d'Ela. Ou seja, somos autorizados pelo ego a pensar que podemos tomar o veneno porque queremos que o outro morra. Esquecemo-nos de que fomos criados pelo amor, iguais a ele mesmo, que não pode senão estender-se, dividindo-se apenas para se multiplicar. Nunca para se separar ou para ser diferente de seu Criador.

Por isso, o exercício de hoje nos convida a pensar a respeito de todos os efeitos de guardar mágoas. Quais sejam: o de reforçar a impressão de separação, o da negação de que fomos criados pelo amor, o da transformação de Deus em um Criador amedrontador, o do experimentar a culpa e o do esquecimento do que somos. Além disso, a lição de hoje oferece uma forma prática de redefinir o outro, transformando-o em parte de nós, para nos livrar da ideia de que estamos sozinhos em todo o universo, em função de nosso julgamento equivocado de nós mesmos. Resta, então, decidir apenas ver em tudo a expressão do amor, fonte de tudo, para esquecermos todas as mágoas. Para acordarmos para o Ser que somos. Frutos do amor.

domingo, 8 de março de 2009

A verdade do que somos

A lição 67, deste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, no calendário que usamos para marcar o tempo, quer devolver a nossa consciência a verdade a respeito de nós mesmos, com a ideia: O amor me criou igual a si mesmo.

É esta ideia que nos dá a condição de luz do mundo. É com esta ideia que Deus nos designa salvadores do mundo. Ela também é uma declaração completa e precisa daquilo que somos. E da razão pela qual o Filho de Deus confia em nós para a sua salvação. Ele é salvo por aquilo que somos. E é a isso que o exercício de hoje busca nos fazer chegar, à compreensão da verdade a respeito do que somos. À completa compreensão disso, ainda que só por um breve momento.

Tentemos, pois.

sábado, 7 de março de 2009

A ligação entre função e felicidade

Ou muito me engano ou ninguém nunca nos ensinou neste mundo que a felicidade está diretamente ligada ao cumprimento da função que nos cabe nesta vida e que a maioria de nós vive uma vida miserável porque nem ao menos sabe que tem uma função aqui. Que pensar então, da afirmação, da lição 66, deste dia 7 de março, que diz: Minha felicidade e minha função são a mesma coisa?

Será que somos capazes de perceber a implicação de tal afirmação? É claro que inicialmente vamos precisar refletir, e muito, a respeito desta ideia. E é bem isso que nos aconselha o Curso para a prática deste dia. Só assim vamos poder entender a razão pela qual as últimas lições têm insistido em nos mostrar a relação que existe entre "cumprir tua função e alcançar a felicidade".

Se pararmos para pensar, ainda que só por breves instantes, nos momentos em que nos sentimos felizes, será possível relacionar o que nos deu, ou dá, a sensação de felicidade com algo que gostaríamos de fazer o tempo todo em nossa vida. Ou não lhes parece assim? Em geral, nos momentos em que entramos em contato com a alegria que advém de nos sentirmos no lugar certo, na hora certa, é porque estamos completamente imersos no exercício de nossa verdadeira função. Mesmo quando não nos apercebemos disso de forma consciente.

E é isso que o exercício de hoje nos pede para praticar, a aceitação de que existe uma ligação verdadeira entre a função que Deus nos deu e a nossa felicidade. Porque, de fato, elas são idênticas. Uma vez que Deus só dá felicidade, a função que Ele nos deu tem de ser a felicidade, mesmo que uma e outra aparentem ser diferentes. Por isso os exercícios de hoje são uma tentativa de ir além das aparências para reconhecermos um conteúdo comum onde ele existe.

O livro nos pede que façamos um período de prática mais longo, entre dez e quinze minutos, tentando entender a lógica na sequência dos seguintes pensamentos:

Deus só me dá felicidade.
Ele me deu minha função.
Por isso, minha função tem de ser a felicidade.

Pensemos também, durante este perído, na grande quantidade de coisas que acreditamos ser nossa função, no grande número de tentativas que fizemos de encontrar a felicidade neste mundo. Alguma vez a encontramos? Alguma vez nos sentimos inteiramente felizes e em paz? É preciso que sejamos muito honestos hoje, em relação a isto tudo.

Além deste período mais longo, nos perídos mais curtos, que podem ser feitos a cada meia hora, se possível, o Curso sugere que utilizemos o seguinte pensamento:

Minha felicidade e minha função são a mesma coisa, porque Deus me deu ambas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Reconhecendo nossa única função

A ideia central da lição de número 65, para este dia 6 de março, diz: Minha única função é a que Deus me deu. Uma ideia que nem de longe se aproxima daquilo que costumamos pensar em nossas atribulações de todos os dias. Uma ideia que nem ao menos nos passa pela cabeça quando pensamos acerca do que esperamos que nos aconteça durante o dia, após acordarmos pela manhã. Uma ideia à qual não dedicamos nem um segundo apenas de nosso tempo, quando planejamos o que vamos fazer durante o dia, o que queremos fazer no fim de semana ou o que queremos fazer pelo resto de nossas vidas. Ou algum de nós pensa: "tudo o que eu mais quero fazer, em todos os momentos de minha vida, é cumprir a função que Deus me deu, a única que é verdadeiramente importante para mim, para minha salvação e para a salvação do mundo inteiro"?

Por isso, acolher, aceitar e praticar a ideia da lição de hoje é reafirmar nosso compromisso pessoal com a salvação. A nossa salvação individual e a do mundo inteiro. Ela serve também para nos lembrar de que não temos nenhuma função além dessa. E estes pensamentos são igualmente necessários para nosso total comprometimento com a única função que recebemos de Deus. Essa, na qual quase não pensamos ou pensamos muito pouco. Aceitar por completo que a salvação é a única função que cabe a cada um de nós implica duas coisas. Primeiro, o reconhecimento da salvação como nossa função e, depois, a renúncia a todas as outras funções que inventamos para nós mesmos.

E é só desta forma que podemos assumir nosso lugar verdadeiro entre os salvadores do mundo. E é a única maneira que nos autoriza a dizer com intenção verdadeira: "Minha única função é aquela que Deus me deu", de acordo com o Curso. E é também somente deste modo que vamos entender porque, "aparentemente", tantas coisas não dão certo em nossas vidas. Normalmente não nos damos conta da razão pela qual nos sentimos inclinados a fazer determinadas escolhas. E que são as escolhas que fazemos que abrem os caminhos para a realização de nossos desejos. Para o cumprimento de nossa função. E, muitas vezes, também não percebemos que, quando contrariamos nossos desejos mais profundos, estamos indo na direção contrária àquela que nos encaminharia para o cumprimento de nossa única função. E nos frustramos.

Por estas razões, entre outras, convém dedicarmos vários momentos deste dia à reflexão a respeito desta ideia. E, como o livro nos aconselha, é bom também que reservemos um tempo maior para a prática dos exercícios nos próximos dias. Um tempo de cerca de dez ou quinze minutos. Afinal, o que é mais importante do que descobrir nossa única função verdadeira no mundo?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Decidindo ser feliz

Já paraste alguma vez para colocar toda a atenção nalgum pensamento teu? Nalguma ideia que surge assim, de repente, sem uma razão, sem um motivo bem claro? Algo que te faz ficar com medo? Algo que te dá uma sensação inexplicável de alegria?

Já tiveste a sensação súbita de que "tudo está absolutamente certo exatamente da maneira como está"? Esta sensação é o que o UCEM chama de "o instante santo". E é esta sensação que a prática diária e constante dos exercícios das ideias contidas nas lições do livro quer nos fazer experimentar com mais frequência.

A ideia da lição 64, para este dia 5 de março, diz: Que eu não me esqueça de minha função. O que podemos traduzir como: que eu não me esqueça do papel que devo desempenhar no mundo. Ou, que eu me lembre sempre, e cada vez mais, do motivo que me trouxe aqui. O texto da lição diz, logo no início, que a ideia de hoje é apenas um forma diferente de dizer: "Não me deixeis cair em tentação". O que significa que precisamos abrir bem os olhos, a mente e o coração para o que o mundo nos apresenta. Que precisamos exercitar nossa capacidade de atenção. Para não sermos enganados pelas falsas impressões que o mundo nos oferece. Pois, de acordo com o que a lição diz: " a finalidade do mundo que vês é esconder tua função de perdão e te oferecer uma justificativa para esquecê-la".

Diz mais. Que "nada do que os olhos do corpo parecem ver pode ser qualquer coisa senão uma forma de tentação, uma vez que este era o objetivo do próprio corpo, a tentação de abandonar a Deus e a Seu Filho, assumindo uma aparência física". O Espírito Santo, porém, tem outro uso para todas as ilusões que criamos, "por isso, Ele vê outro objetivo nelas. Para o Espírito Santo, o mundo é um lugar no qual aprendes a te perdoar por aquilo em que pensas como teus pecados".

Nossa função aqui, a de cada um de nós, é ser a luz do mundo, uma função que recebemos de Deus. Só a arrogância do ego pode questionar isso e só seu medo pode fazer com que nos consideremos indignos de cumprir tal função. A salvação do mundo aguarda verdadeiramente nosso perdão porque é por meio dele que o Filho de Deus pode escapar de todas as ilusões.

Importante lembrar que "só serás feliz cumprindo a função que te foi dada por Deus. ... porque tua função é ser feliz", a partir da utilização do meio que torna a felicidade inevitável [o perdão, a ti mesmo e ao mundo inteiro]. "Não há nenhuma outra maneira", diz o livro. "Por isso, cada vez que decides cumprir ou não tua função, na verdade, decides ser feliz ou não".

A prática de hoje, pela manhã e à noite, deve incluir estes pensamentos:

Que eu não me esqueça de minha função.
Que eu não tente substituir a função de Deus pela minha.
Que eu perdoe e seja feliz.

Além disso, o livro aconselha a dedicarmos dez ou quinze minutos para refletir a este respeito de olhos fechados, esperando confiantes que pensamentos afins virão para nos ajudar, se nos lembrarmos da importância vital de nossa função, para nós mesmos e para o mundo. Ao longo do dia, é preciso fazer aplicações frequentes da ideia, que dediquem vários minutos para a reflexão acerca dos pensamentos incluídos na prática. Para ajudar na concentração, pode ser preciso repetir várias vezes "que eu não me esqueça de minha função". O livro pede o uso de duas formas de prática. Algumas vezes fazemos os exercícios de olhos fechados, tentando nos concentrar nos pensamentos que usamos; outras, deixamos os olhos abertos ao revisar os pensamentos e, em seguida, olhamos devagar e aleatoriamente a nossa volta, dizendo:

Este é o mundo que me cabe salvar.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Meu perdão traz paz a todas as mentes

A lição 63, para este dia 04 de março, chama a atenção mais uma vez para nossa santidade, que nos dá o poder de trazer paz a todas as mentes. Ela nos convida a ver quão abençoados somos ao aprendermos a reconhecer de que forma podemos permitir que a paz chegue a todos as mentes por nosso intermédio, por meio do perdão que oferecemos ao(s) outro(s). E a nós mesmos, é claro. Que outro propósito [que não o de perdoar o mundo] poderia nos trazer maior felicidade?

A ideia para os exercícios de hoje, que também devem ser feitos com a maior frequência possível, é: A luz do mundo traz paz a todas as mentes por meio do meu perdão. E isso é uma reafirmação de nossa condição de "luz do mundo", com a função de trazer paz a todas as mentes. O Filho de Deus conta conosco para sua redenção, porque, por ela ser nossa, nós a podemos dar a ele. Assim, não podemos aceitar nenhum objetivo menor ou nenhum desejo sem sentido, sob pena de nos esquecermos de nossa função e, com isso, deixarmos o Filho de Deus no inferno. Não é um pedido sem importância que a lição de hoje nos faz. Ao contrário, ela nos pede que aceitemos a salvação, para podermos dá-la a todos.

Por reconhecer a importância de nossa função, vamos nos lembrar de repetir muitas vezes a ideia de hoje, fazendo-o para iniciar o dia e trazendo-a à consciência antes de encerrá-lo. Ao longo do dia, vamos repetir também o seguinte, quantas vezes pudermos:

A luz do mundo traz paz a todas as mentes por meio do meu perdão. Eu sou o meio que Deus designa para a salvação do mundo.

Se for possível fechar os olhos ao fazê-lo, talvez fique mais fácil deixar que pensamentos afins nos cheguem à consciência durante o minuto ou dois que devemos dedicar para refletir a respeito disto. Mas não é necessário que esperemos pela oportunidade em que a prática de olhos fechados seja possível. Não podemos desperdiçar nenhuma chance para reforçar a idea de hoje. Porque, lembremo-nos, o Filho de Deus conta conosco para sua salvação. E Quem exceto o Ser que somos tem de ser o Filho d'Ele?

terça-feira, 3 de março de 2009

Qual é minha função no mundo?

A lição de hoje, dia 3 de março, a de número 62, nos lembra de nossa função neste mundo. A função da qual passamos a maior parte do tempo esquecidos, porque ocupados com as ilusões que criamos. Assim, o livro lembra a cada um de nós que: O perdão é minha função como a luz do mundo. A luz que cada um de nós é.

O livro nos pede, então, que dediquemos todo o tempo possível para dizer a nós mesmos, de preferência de olhos fechados, o seguinte:

O perdão é minha função como a luz do mundo.
Quero cumprir minha função para poder ser feliz.

Após a repetição destas palavras, devemos dedicar ou minuto ou dois à reflexão a respeito de nossa função e da felicidade e da libertação que nossa função vai nos trazer. Podemos deixar que pensamentos afins apareçam livremente porque nosso coração vai reconhecer estas palavras e nossa consciência saberá que elas são verdadeiras. Caso nossa atenção se desvie, basta repetirmos a ideia central da lição, acrescentando: Quero lembrar disto porque quero ser feliz.

Precisamos exercitar a ideia de que é o perdão que pode trazer luz ao mundo de trevas que criamos. E é também o perdão que nos permite reconhecer a luz na qual vemos. O perdão é a demonstração de que cada um de nós é a luz do mundo. E é também o perdão que nos traz de volta a lembrança da verdade a nosso próprio respeito, a verdade a respeito do que cada um de nós é. E é por isso que nossa salvação, a salvação de todos e de cada um de nós, está no perdão. Ele vai nos permitir reconhecer que as ilusões acerca de nós mesmos e do mundo são a mesma.

É a prática da ideia desta lição que vai ensinar a cada um que todo perdão é uma dádiva a si mesmo. Que o ataque que fazemos à criação e a seu Criador nega nossa própria Identidade, e que o perdão nos ensina a lembrar da verdade e a descobrir quem somos. Pois o ataque tem de ser substituído pelo perdão, para que pensamentos de vida tomem o lugar de pensamentos de morte.

É preciso aprendermos ainda que cada ataque invoca nossa própria fraqueza, ao passo que cada vez que perdoamos invocamos a força de Cristo em nós. A partir daí poderemos começar a entender o que o perdão fará por nós. Ele vai apagar de nossa mente toda e qualquer sensação de fraqueza, de tensão e de fadiga. Vai afastar todo medo, toda culpa e toda dor, devolvendo-nos a invulnerabilidade e o poder que Deus dá a Seu Filho.

Por isso, o livro nos convida a começar e a terminar o dia com a prática da ideia de hoje, usando-a, à medida que o tempo passa, o maior número de vezes possível. Vamos experimentar?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Eu sou a luz do mundo!

Esta é a ideia desta lição de número 61, para este dia 2 de março, com a qual retomamos os exercícios, após a primeira revisão do ano: Eu sou a luz do mundo. E o texto da lição diz que esta ideia "é apenas uma declaração da verdade acerca de ti mesmo... o contrário de uma declaração de orgulho de arrogância e de auto-engano. Ela não descreve o conceito que fazes de ti mesmo e nem se refere a nenhuma das características com as quais dotaste teus ídolos". Ela simplesmente declara a verdade ao se referir a ti tal qual foste criado por Deus.

A prática com a ideia para hoje implica aprender o verdadeiro significado de humildade, que não tem nada a ver nem com a auto-degradação que o ego espera de ti, nem com auto-glorificação que é o que esta ideia parece ser para o ego. A humildade verdadeira é apenas a aceitação do papel que te cabe na salvação, sem te comprometeres com nenhum outro. E o papel que te cabe é o de ser a luz do mundo. A humildade verdadeira impõe que aceites a ideia de hoje, "porque é a Voz de Deus que te diz que ela é verdadeira".

E aceitar isso é um passo gigantesco na direção de aceitar tua verdadeira função no mundo, um passo enorme no sentido de assumires teu lugar legítimo na salvação, que te dá o direito de ser salvo e o reconhecimento de que tens poder para salvar a outros.

Por isso, precisamos empreender tantos períodos de prática quantos possíveis, embora não seja necessário que nenhum deles ultrapasse um minuto ou dois. E a orientação é que comecemos cada um dos períodos dizendo o seguinte:

Eu sou a luz do mundo. Esta é minha única função. É por isso que estou aqui.

Em seguida, de preferência de olhos fechados, dedicamos por breves instantes nossa atenção a estas afirmações, permitindo que alguns pensamentos afins nos venham à mente, e voltamos à ideia central para o dia de hoje. Sempre que nossa mente se desviar, voltamos à ideia central. É preciso que nos certifiquemos de começar e terminar o dia com um período de prática. Isso nos permitirá começar o dia com o reconhecimento da verdade a nosso próprio respeito, bem como reforçá-la ao longo do dia, terminando com a reafirmação de nossa função e de nossa única finalidade aqui.
E este é apenas o primeiro passo. Caminhemos.

domingo, 1 de março de 2009

O fim que é um começo.

Revisamos hoje, dia 1° de março, com a lição de número 60, as últimas cinco lições das primeiras 50, que são as seguintes:



(46) Deus é o Amor no qual perdoo.

(47) Deus é a força na qual confio.

(48) Não há nada a temer.

(49) A Voz de Deus fala comigo durante todo o dia.

(50) O Amor de Deus é meu sustento.



Encerramos aqui um ciclo. O primeiro de uma série que objetiva desfazer o engano a que o mundo quer nos levar o tempo inteiro. Um engano que distorce por completo a finalidade de nosso estar-no-mundo. Um engano que quer nos fazer acreditar que somos a vítima do mundo entre outras bobagens, que somos fracos ao extremo, e que não podemos contar com nada nem com ninguém para nos ajudar. Um engano que nos leva a pensar que estamos sozinhos e que o mundo é um lugar de sofrimento e dor. Um lugar aonde viemos para pagar por todos os pecados que cometemos, por aqueles que ainda não cometemos, mas vamos cometer certamente, por aqueles que outros cometeram e por todos os que ainda vão ser cometidos pelo mundo inteiro.



Os ensinamentos do mundo nos afastam do amor, classificando-o de ilusão impossível. Afastam-nos da força, nossa herança natural, taxando-nos de fracos. Os ensinamentos do mundo nos oferecem a alternativa do medo, uma saída que nos convida a atacar a tudo e a todos e nos impede de entrar em contato com a invulnerabilidade natural que Deus nos dá a todos. Não há nada a temer, se nos negarmos a acreditar no que o mundo ensina por meio do(s) ego(s). Não há nada a temer, se acreditarmos que criamos o mundo e podemos escolher olhar para ele de modo diferente. Não há nada a temer se abrirmos bem nossos ouvidos para a Voz de Deus falar conosco todos os dias. E não há nada a temer se plantarmos em nós a certeza de que é o Amor de Deus que nos sustenta. Assim podemos nos perdoar e perdoar ao mundo.



O fim de um ciclo pressupõe o início de outro. E, uma vez que a vida é infinita, os ciclos por que estamos passando agora também não terão fim. Virão um após o outro, um após o outro e continuarão a vir, até aprendermos a criar, a construir e a viver "o sonho feliz", neste mundo mesmo. Até aprendermos que não há outro lugar em que podemos estar senão aquele em que estamos agora. Até aprendermos que não existe outra vontade a não ser a Vontade de Deus. E que ela é a mesma que a nossa.



Convido-os, pois, a seguirem em frente. Vamos juntos.