quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Por que trabalhar a aplicação constante do perdão?


LIÇÃO 305

Há uma paz que Cristo nos concede.

1. Aquele que usa apenas a visão de Cristo encontra uma paz tão profunda e serena, tão imperturbável e tão totalmente imutável, para a qual o mundo não tem nenhum equivalente. As comparações silenciam diante dessa paz. E o mundo inteiro se afasta em silêncio quando essa paz o envolve e o traz suavemente à verdade, para não ser mais a morada do medo. Pois o amor chega e cura o mundo por dar a ele a paz de Cristo.

2. Pai, a paz de Cristo nos é dada porque é Tua Vontade que sejamos salvos. Ajuda-nos hoje a aceitar apenas Tua dádiva e não julgá-la. Pois ela veio para nos salvar de nosso julgamento de nós mesmos.

*

COMENTÁRIO:

Vou começar este comentário com dois agradecimentos pelo comentário postado para a lição de segunda-feira. Dois agradecimentos para um só comentário? Sim, o primeiro para a Nina, minha irmã, que intermediou a postagem do comentário de nossa querida Marília Castilho, que volta ao nosso convívio [Bem-vinda, Marília!], após um tempo de afastamento, conforme vocês puderam ver na publicação. Obrigado, Nina, por sua generosidade quanto ao comentário que fiz para a lição. E obrigado, Marília, por sua forma também inspirada de se relacionar com as lições e por sua bondade em relação aos comentários que faço. 

É óbvio que há Algo, a que não podemos dar nome, que se expressa naquilo com que nos envolvemos em nossas práticas diárias. E, aproveitando em parte o comentário feito a esta lição nos dois últimos anos, é claro que há Algo, inominável, a nos oferecer a possibilidade de trabalhar com o perdão, com "sua aplicação corajosa e constante..., não porque o perdão seja em primeiro lugar moralmente correto ou porque conte com a aprovação divina, mas simplesmente porque ele funciona melhor do que qualquer outra coisa para curar nossos corações e colocar nossas cabeças no lugar". Para nos deixar em paz.

É o perdão, que nos oferece a possibilidade do contato com a consciência crística e com a paz que advém dessa consciência. Aproveitando ainda um pouco mais o comentário anterior, "o que provém do perdão pode ser um tipo diferente de milagre em relação àquele a respeito do qual ouvimos falar nos noticiários ou em um encontro religioso. Mas é o tipo de milagre com o qual nós mesmos podemos 'trabalhar', se estivermos dispostos" [Grifo meu].

É por isso que nesta quarta-feira, dia 31 de outubro, damos continuidade a nossas práticas com a ideia de que "há uma paz que Cristo concede". Pois as práticas, "com aplicações repetidas e eficácia crescente", nos oferecem "justamente o tipo de milagre que [pode] mudar nossa maneira de ver todas as coisas". É isso também que o Curso nos oferece quando traz para as práticas ideias como "O Céu é a decisão que tenho de tomar.", ou "Acima de tudo eu quero ver.", ou "Acima de tudo eu quero ver as coisas de modo diferente.", ou, ainda, para ficar em poucos exemplos, "Eu poderia ver paz em lugar disso".

Às práticas?

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Atenção, dedicação e uma vontade consciente


LIÇÃO 304

Que meu mundo não esconda a visão de Cristo.

1. Eu posso esconder minha visão sagrada, se impuser meu mundo a ela. E também não posso ver as cenas sagradas para as quais Cristo olha, a menos que utilize Sua visão. A percepção é um espelho, não um fato. E aquilo para que olho é meu estado de espírito projetado para fora. Eu quero abençoar o mundo olhando para ele com os olhos de Cristo. E olharei para os sinais infalíveis de que todos os meus pecados foram perdoados.

2. Tu me conduzes das trevas para a luz, do pecado à santidade. Permite que eu perdoe e, assim, receba a salvação para o mundo. A salvação é Tua dádiva, meu Pai, dada a mim para eu oferecer a Teu Filho santo, a fim de que eu possa encontrar novamente a memória de Ti e de Teu Filho tal qual Tu o criaste.

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COMENTÁRIO:

Nesta terça-feira, dia 30 de outubro, a ideia que vamos praticar nos oferece a possibilidade de trazermos à consciência o fato de que somos nós mesmos que escondemos a visão de Cristo, e de que, ao fazer, isso nos escondemos dela também.

Eu perguntei, nos comentário desta lição nos dois últimos anos, por que precisamos das práticas? Ora, a resposta, repetindo, não pode ser mais óbvia. Aliás nossas maiores dificuldades, em geral, estão sempre relacionadas à aceitação do óbvio, não é mesmo?

Voltando, então, à pergunta e a sua resposta. Eu diria - e disse - que precisamos das práticas porque, a maior parte do tempo, estamos distraídos de nós mesmos. Acreditamos ser algo que não somos. Acreditarmo-nos separados de Deus e, por consequência do divino em nós mesmos. Deixamo-nos enganar a maior parte do tempo pela percepção, considerando-a o instrumento adequado para olhar para o mundo. Para ver a realidade do e no mundo.

Ainda como parte da resposta, eu dizia que as as práticas são necessários para que possamos reaprender, ou para lembrar, que o que vemos fora de nós é apenas o reflexo daquilo que trazemos dentro. Pois, como a lição diz: "a percepção é um espelho, não um fato".

Ora, saber disso é que nos permite aprender, reconhecer e aceitar que, quando não gostamos do que vemos fora, a única coisa a se mudar é nossa maneira de olhar. Para tanto, precisamos recorrer ao que há de mais profundo e verdadeiro em nós, e que só podemos alcançar no silêncio. Aquietando a mente, para que o espírito possa se manifestar em nós. Abrindo-nos a ele para permitir que ele nos sirva de guia.

Por fim, é preciso dizer mais uma vez que as práticas são necessárias porque aprender qualquer coisa, seja dirigir um carro, seja tocar um instrumento, seja nadar, andar de bicicleta, ou falar uma língua estrangeiro, exige atenção, dedicação e uma vontade consciente. Nossa percepção é muito volúvel e se distrai facilmente. Passa de um objeto a outro em um tempo mais curto do que um piscar de olhos.

Em meio a vários erros e acertos, o começo de qualquer aprendizado não parece muito divertido. Principalmente se considerarmos que o falso eu - o ego, para o Curso, que é uma imagem que temos de nós, que não é, na verdade, o que somos - vai tentar de todas as formas interferir para nos distrair e afastar daquilo que ele vê como uma ameaça a sua existência: a tomada de consciência de que não precisamos nos submeter a seus desejos baseados na percepção.


Uma vez vez dominada a técnica, no entanto, aprendidos os movimentos e princípios básicos, automatizados os procedimentos, podemos começar a relaxar e a perceber quão divertido é [pode ser] o resultado do aprendizado. Quanta alegria, quanta paz e quanta serenidade podemos experimentar. Podemos começar a desfrutar do prazer e da alegria que resultaram de nossos esforços e de nossa atenção iniciais.

Uma vida espiritual, isto é, uma vida que inclua o contato com algo mais do que apenas o corpo e os órgãos dos sentidos, que inclua o contato com o Espírito Santo, com o divino em nós, também exige dedicação, esforço e atenção iniciais. Como eu disse antes, para se conhecer Deus, ou para se chegar ao autoconhecimento, é preciso investir o mesmo tempo e as mesmas táticas que empregamos quando queremos conhecer melhor uma pessoa por quem nos interessamos, com quem queremos passar mais tempo, depois de a termos conhecido superficialmente.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

As leis que aprisionam o amor mantêm este mundo


LIÇÃO 303

O Cristo santo nasce em mim hoje.

1. Vigiai comigo, anjos, vigiai comigo hoje. Fazei que todos os pensamentos sagrados de Deus me envolvam e se aquietem comigo enquanto nasce o Filho do Céu. Deixai que os sons terrenos silenciem e que as visões a que estou acostumado desapareçam. Deixai o Cristo ser acolhido no lugar em que Ele se sente em casa. E deixai que Ele ouça os sons que Ele entende e veja apenas as cenas que mostram o Amor de Seu Pai. Fazei que Ele não seja mais um estranho aqui, pois hoje Ele nasce novamente em mim.

2. Teu Filho é bem-vindo, Pai. Ele vem para me salvar do ser maligno que criei. Ele é o Ser que Tu me dás. Ele é apenas o que realmente sou na verdade. Ele é o Filho que Tu amas acima de todas as coisas. Ele é meu Ser tal qual Tu me criaste. Não é Cristo que pode ser crucificado. Em segurança nos Teus Braços, permite que eu receba Teu Filho.

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COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 29 de outubro, o Curso nos oferece para as práticas uma ideia que pode ajudar em nossas tentativas de aprender a olhar para tudo e para todos de modo diferente. Se permitirmos o nascimento do Cristo em nós mesmo hoje, poderemos nos voltar para o mundo e dizer como Jesus: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", repetindo parte do comentário feito anteriormente. Sem medo de escolher o Reino, em lugar do mundo e das coisas do mundo.

Mais do que apenas nos mostrar de que forma podemos deixar de dar, às coisas mundanas, mais valor do que elas têm, porque na verdade elas não têm nenhum valor, e não duram eternamente, a ideia para as práticas de hoje pode transformar nosso modo de ver, ao nos oferecer a dádiva da escolha do olhar crístico, amoroso, que vai permitir que vejamos em cada um, e em todos, à volta de nós o Cristo que nasce em nós neste dia, e que pode nascer em nós, e em todos, todos todos os dias. Ao nascer, em um só de nós que seja, Ele nasce em todos, pois não estamos separados. Somos todos um só, na unidade, em Deus.

Repetindo aquilo que já estamos cansados de saber e que o Curso ensina vezes e vezes sem conta. É um equívoco pensar que quaisquer mudanças que possamos fazer nas circunstâncias que nos cercam exerçam qualquer efeito no Ser que verdadeiramente somos. As circunstâncias não são mais do que circunstâncias, se vistas corretamente a partir do olhar amoroso de Cristo. Além do mais, ver quaisquer necessidades de mudança no mundo é dar a ele um valor e um poder que ele não tem. Não é o mundo que precisa ser transformado, mas nossa percepção do mundo, conforme a meta que o Curso nos apresenta.

As paixões que as coisas terrenas despertam dizem respeito apenas às circunstâncias que não vão durar, pois só existem na ilusão de tempo e de espaço, neste mundo em que aparentemente vivemos. Estas paixões fundam as leis que mantêm o amor no cativeiro. E, de acordo com Carol Gilligan, de quem já falei aqui: "As leis que mantêm o amor em cativeiro mantêm este mundo no lugar".

Convido-os(as), pois, mais uma vez hoje, a todos e todas, a deixarem, mergulhando nas práticas, Cristo nascer em cada um de nós hoje para aprendermos a experimentar o Amor que dura para sempre e que é a única coisa que existe realmente. A única coisa que, de fato, queremos. A única coisa que pode nos dar a alegria e a paz perfeitas e completas, que são a Vontade de Deus para nós. E a nossa própria vontade. 

OBSERVAÇÃO: Este comentário é repetição, com pequenas modificações, do comentário feito a esta mesma lição no ano passado.

domingo, 28 de outubro de 2012

Quem acha que precisa mudar algo no mundo?


LIÇÃO 302

Onde havia trevas eu vejo a luz.

1. Pai, nossos olhos se abrem enfim. Teu mundo sagrado nos espera, uma vez que nossa visão é devolvida finalmente e podemos ver. Pensávamos que sofríamos. Mas tínhamos nos esquecido do Filho que Tu criaste. Agora vemos que as trevas são a nossa própria imaginação, e que a luz existe para olharmos para ela. A visão de Cristo transforma as trevas em luz, pois o medo tem de desaparecer quando o amor chega. Permite que eu perdoe Teu mundo sagrado hoje, a fim de eu poder olhar para a santidade dele e compreender que ela apenas reflete minha própria santidade.

2. Nosso Amor nos espera enquanto seguimos em direção a Ele e anda ao nosso lado indicando o caminho. Ele não falha em nada. É Ele o Fim que buscamos e é Ele o Meio pelo qual vamos a Ele.

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COMENTÁRIO:

Antes de fazer um comentário qualquer para as práticas com a ideia que o Curso oferece neste domingo, dia 28 de outubro, vou convidá-los a assistirem um video do YouTube, cujo link dou abaixo:

http://youtu.be/X_Di4Hh7rK0

O que acharam? Como eu disse nos comentários anteriores ele nos remete à oração de São Francisco, uma pessoa que viveu em seu tempo em comunhão com a natureza, sem nenhuma preocupação com ecologia ou com qualquer coisa que não o louvor e o agradecimento por tudo aquilo que Deus nos oferece para suprir quaisquer necessidades em nossa jornada neste mundo.

O vídeo, além de nos mostrar o quanto somos arrogantes e pretensiosos, querendo, de forma meio que inconsciente e inconsequente, exercer um domínio sobre a natureza, também nos faz ver que, conforme ensina o Curso, não há nada fora. Nada do que fazemos ou deixemos de fazer pode modificar a verdade a nosso próprio respeito. Nada do que pensemos pode mudar o que Deus criou. Não existe nada fora. Nem o planeta, nem o universo.

O Curso ensina que não precisamos fazer nada. Basta que deixemos tudo a cargo do espírito em nós e tudo ficará bem. Tudo seguirá o curso que tem de seguir. Ou, utilizando as palavras do Curso, num ponto que lemos na semana passada em um dos grupos de estudo: "A realidade não necessita de tua cooperação para ser o que é". O que precisa de cooperação é nossa consciência da realidade, porque esta é nossa escolha.

Não nos iludamos mais acreditando que há alguma coisa que precise mudar no mundo, ou que podemos fazer qualquer coisa para mudá-lo. Não podemos e nem há necessidade disso. Tudo o que precisamos fazer é mudar nossa percepção do mundo e de nós mesmos.

Às práticas?

sábado, 27 de outubro de 2012

não temo um destino, não quero nenhum mundo



9. O que é a Segunda Vinda?

1. A Segunda Vinda de Cristo, que é tão certa quanto Deus, é apenas a correção e a volta da sanidade. Ela é uma parte da condição que restitui o que nunca se perdeu e que restabelece o que é verdadeiro para todo o sempre. Ela é o convite para que a Palavra de Deus tome o lugar da ilusão; a disposição de permitir que o perdão se estenda sobre todas as coisas sem exceção e sem reserva.

2. É a natureza todo-abrangente da Segunda Vinda de Cristo que permite que ela envolva o mundo e te mantenha em segurança em seu benigno advento, que abarca todas as coisas vivas consigo. Não há limite para alívio que a Segunda Vinda traz, uma vez que a criação de Deus tem de ser ilimitada. O perdão ilumina o caminho da Segunda Vinda porque ela brilha sobre todas as coisas vivas como uma só. E, desse modo, a unidade é enfim reconhecida.

3. A Segunda Vinda põe fim às lições que o Espírito Santo ensina, dando lugar ao Juízo Final, em que o aprendizado termina em um resumo derradeiro que se estenderá além de si mesmo e chegará a Deus. A Segunda Vinda é o instante em que todas as mentes são entregues às mãos de Cristo, para serem devolvidas ao espírito em nome da criação verdadeira e da Vontade de Deus.

4. A Segunda Vinda é o único acontecimento no tempo que o próprio tempo não pode atingir. Pois cada um daqueles que algum dia veio para morrer, ou que ainda virá, ou que está presente agora é igualmente liberado daquilo que fez. Nessa igualdade Cristo é restabelecido qual uma Identidade única, na qual os Filhos de Deus reconhecem que todos eles são um só. E Deus Pai sorri para Seu Filho, Sua única criação e Sua única alegria.

5. Reza para que a Segunda Vinda aconteça logo, mas não te acomodes nisso. Ela precisa de teus olhos e ouvidos e mãos e pés. Ela precisa de tua voz. E, mais do que tudo, ela precisa de tua boa vontade. Alegremo-nos por sermos capazes de fazer a Vontade de Deus e de nos unirmos em sua luz sagrada. Atenção, o Filho de Deus é um em nós, e podemos alcançar o Amor de nosso Pai por intermédio d'Ele.

*

LIÇÃO 301

E o Próprio Deus enxugará todas as lágrimas.

1. Pai, não posso chorar a não ser que eu julgue. Tampouco posso sentir dor, ou sentir que estou abandonado ou que sou desnecessário no mundo. Este é meu lar porque não o julgo e, por isso, ele é apenas aquilo que Tu queres. Permite-me, hoje, vê-lo sem condenação, pelos olhos felizes que o perdão libera de qualquer distorção. Deixa-me ver Teu mundo em lugar do meu. E todas as lágrimas que derramei serão esquecidas, pois sua fonte desapareceu. Pai, não julgarei Teu mundo hoje.

2. O mundo de Deus é feliz. Aqueles que o observam com atenção só podem adicionar a ele a alegria que sentem e abençoá-lo por ser motivo de mais alegria em si mesmos. Chorávamos porque não compreendíamos. Mas aprendemos que o mundo que víamos era falso e, hoje, olharemos para o mundo de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 27 de outubro, vamos abrir nossos corações e mentes para receber mais uma das instruções especiais a que o Curso se refere na Introdução desta segunda parte do Livro de Exercícios. A nona delas. Uma instrução com o tema: O que é a Segunda Vinda?, que vai dar unidade a nossas práticas nos próximos dez dias.

Como costumo dizer a cada nova instrução, é desnecessário lembrar que a orientação do Curso é que voltemos nossa atenção para ela pelo menos uma vez a cada dia, antes das práticas. Ou será preciso?

A instrução, O que é a Segunda Vinda?, fala por si mesma. Por isso, uma vez que a ideia para as práticas de hoje trata de nos ensinar a olhar para o mundo de forma diferente, para que vejamos nele apenas o mundo de Deus, repetindo o que fiz no ano passado, ofereço-lhes, mais uma vez, a tradução livre de um poema de e. e. cummings, que pode servir para que nos lembremos de uma das lições da primeira parte, que é uma das mais importantes para facilitar nosso aprendizado da necessidade de que mudemos nosso modo de olhar para tudo e para todos: Deus vai comigo aonde eu for

O poema diz o seguinte:

Carrego teu coração comigo (carrego-o em
meu coração) nunca estou sem ele (a qualquer lugar
que vou, tu vais comigo, meu amado; e qualquer coisa que seja feita
apenas por mim é teu fazer, meu querido)
                                                             não temo
nenhum destino (pois tu és meu destino, meu amor) não quero
nenhum mundo (pois belo tu és meu mundo, minha verdade)
e és tu que estás no que quer que seja que uma lua sempre queira dizer
e no que quer que seja que um sol cante sempre és tu

aqui está o segredo mais profundo que ninguém conhece
(aqui está a raiz da raiz e o broto do broto
e o céu do céu da árvore dita vida; que cresce
mais alto até do que a alma pode esperar ou do que a mente pode esconder)
e esta é a maravilha que mantém as estrelas separadas

Carrego teu coração (eu o carrego em meu coração)

Isto, viver isto, é viver a experiência da Presença de Deus, constante e permanentemente em nossos caminhos. Ou pode-se pensar que o "tu" a quem se refere o poema não é Deus?

Às práticas?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Nosso interesse deve estar apenas no reino de Deus


LIÇÃO 300

Este mundo dura só um instante.

1. Este é um pensamento que pode ser usado para dizer que a morte e a dor são o destino inevitável de todos os que vêm aqui, pois suas alegrias desaparecem antes de serem possuídas ou mesmo apreendidas. No entanto, ele também é a ideia que não permite que nenhuma percepção falsa nos mantenha sob seu controle, nem represente mais do que uma nuvem passageira em um céu eternamente sereno. E é esta serenidade, sem nuvens, inegável e segura, que buscamos hoje.

2. Buscamos Teu mundo sagrado hoje. Pois nós, Teus Filhos amados, perdemos o rumo por algum tempo. Mas ouvimos Tua Voz e aprendemos exatamente o que fazer para sermos devolvidos ao Céu e a nossa Identidade verdadeira. E hoje damos graças porque o mundo dura só instante. Queremos ir além deste diminuto instante para a eternidade.

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COMENTÁRIO:

Mais ou menos como digo sempre, cada vez que chegamos aqui, tanto para os que chegam pela primeira vez quanto para os que já estão chegando pela segunda, terceira ou quarta vez a partir do início das postagens deste blogue: Parabéns a todos nós, que chegamos a esta lição de número trezentos. 

Este é um marco importante. E como eu disse outras vezes também, não é pouco pensar que passamos trezentos dias deste ano buscando manter a mesma sintonia. Buscando lembrar-nos - uma, duas, três, quantas vezes mais for possível a cada um -, de voltar à presença do divino em nós mesmos. Com o passar do tempo e com a familiarização com as práticas, as lições diárias passam a ser compromisso pessoal, de cada um com o divino em si, imprescindíveis.

Talvez, possamos, este ano também, aproveitando a ideia para nossas práticas desta sexta-feira, 26 de outubro, nos perguntar de novo: Quanto tempo dura um instante?, que é o tempo que dura o mundo de acordo com a ideia que praticamos hoje. Será que esta ideia não serve para que cheguemos, de uma vez por todas à conclusão de que o único tempo que existe é o presente, o agora?

Será que não vamos ser capazes, ao praticar esta ideia, de voltar nossa atenção por completo ao uso que fazemos do tempo - do presente, do "único tempo que existe"? Será que estamos vivendo a vida que nos dá a alegria e a paz completas e perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós, de acordo com o que o Curso ensina?

Ou será que continuamos a adiar a tomada de decisão, acreditando que há muito tempo para isso? Ainda é muito cedo para eu tomar a decisão de voltar para Deus? Será que o mundo pode me oferecer alguma coisa que Deus não tem? Por que razão acho tão difícil tomar a decisão de fazer o que o Curso me pede para fazer? Por que razão o contato com o espírito, com o divino interior me assusta?

"Buscai em primeiro lugar o reino de Deus, e o resto vos será dado por acréscimo", esta é uma das mensagens de Jesus, no tempo em que viveu. E Joel Goldsmith, ao se referir a esta mensagem, alerta para o fato de que quando nos decidimos por Deus, temos de tomar a decisão sem pensar no "resto". Isto é, o "resto", certamente será o suficiente e até mais do que o suficiente para que vivamos a abundância, a alegria e a paz neste instante que o mundo dura. 

Quem de nós vai ter coragem de se arriscar?

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A verdade do que somos é sempre presente e eterna


LIÇÃO 299

A santidade eterna habita em mim.

1. Minha santidade está muito além de minha própria capacidade de entender ou conhecer. No entanto, Deus, meu Pai, Que a criou, reconhece minha santidade como a d'Ele. Nossa Vontade conjunta a compreende. E Nossa Vontade conjunta sabe que isso é verdade.

2. Pai, minha santidade não vem de mim. Ela não é minha para ser destruída pelo pecado. Ela não é minha para sofrer ataques. Ilusões podem escondê-la, mas não podem extinguir sua radiância nem turvar sua luz. Ela continua a ser perfeita e intocada para sempre. Todas as coisas são curadas nela, pois continuam a ser tal qual Tu as criaste. E eu posso conhecer minha santidade. Pois a Própria Santidade me criu, e eu posso conhecer minha Fonte porque é Tua Vontade que Tu sejas conhecido.

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COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 25 de outubro, repetindo o que eu disse no ano passado, a ideia que vamos praticar busca nos devolver à condição natural do Filho de Deus. É a prática desta ideia que pode nos pôr em contato com aquilo que somos verdadeiramente. Aquilo em que acreditemos nos ter transformado a partir das experiências que vivemos neste mundo não tem importância, pois só existe naquela parte de nossa mente que acredita ser possível uma existência separa da Deus. 

É apenas a ilusão, a imagem falsa que fazemos de nós mesmos, que cria e constrói este mundo, em que aparentemente vivemos. E toda a ideia de busca e todos os esforços que fazemos nos vários caminhos que trilhamos servem apenas para confirmar aquilo que o Curso diz, que é a mesma coisa que nos dizem todos os mestres de todos os tempos. Nós já somos aquilo que buscamos.

É por isso, pois, que as ideias da alegria e da paz, perfeitas e completas, bem como a da santidade são, como já disse anteriormente, recorrentes no Curso, por serem elas a condição natural do Filho de Deus. Aprender a reconhecer e internalizar a santidade em nós é o que vai nos permitir viver na alegria e na paz perfeitas. É o que vai nos devolver à Graça, ao Eu, de que fala Ramana Maharshi, quando diz, conforme já vimos antes, que:

"As pessoas não entendem a verdade nua e crua e - a verdade de sua consciência de cada dia, sempre presente e eterna. Essa é a verdade do Eu. Existe alguém que não esteja consciente do Eu? Embora não gostem de ouvir falar disso, as pessoas estão ávidas por saber o que vai além [de suas vidas momentâneas] - céu, inferno, reencarnação. Exatamente porque elas amam o mistério e não a verdade pura, as religiões as mimam - para, finalmente, trazê-las de volta ao Eu. Por mais que possam vagar, vocês devem retornar em última instância ao Eu; portanto, por que não subsistir no Eu [na santidade] aqui e agora?

"... a Graça está sempre presente desde o princípio. A Graça é o Eu. Não é algo para ser conseguido. Basta reconhecer sua existência.

"Se a realização não fosse eterna, não valeria a pena. Assim, o que buscamos [a santidade, a Graça, o Eu] não é algo que deve ter começado a existir, mas algo que é eterno e está presente agora mesmo, presente em sua própria consciência [algo que habita em nós].

"[Na verdade], passamos [aparentemente e na ilusão apenas] por todo tipo de práticas e princípios vigorosos para nos tornarmos o que já somos agora [o que sempre fomos e seremos eternamente]. Todo [o] esforço serve simplesmente para nos livrarmos da impressão errada de que estamos limitados pelas aflições desta vida.

"Inicialmente, é impossível para você não fazer esforço. Quando você vai mais fundo, é impossível para você fazer esforço."

O aparente esforço que precisamos fazer inicialmente só é necessário porque "no estado do viver, as coisas vão enqueridas [amarradas] com muita astúcia: um dia é todo para a esperança, o seguinte para a desconsolação", como nos ensina o jagunço Riobaldo.

Porém, ele mesmo nos alerta para o fato de que: "Somente com a alegria é que a gente realiza bem - mesmo até as tristes ações". 


Às práticas?

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A necessidade da atenção e de voltar-se para Deus


LIÇÃO 298

Eu Te amo, Pai, e amo Teu Filho.

1. Minha gratidão permite que meu amor seja aceito sem medo. E, dessa forma, sou, afinal, devolvido a minha realidade. O perdão retira tudo o que se intrometia com minha vista sagrada. E eu chego perto do fim da jornada sem sentido, de carreiras loucas e de valores artificiais. Em lugar disso, aceito o que Deus estabeleceu como meu, certo de que só nisso serei salvo; certo de que atravesso o medo para encontrar meu amor.

2. Pai, venho a Ti hoje porque não quero seguir nenhum caminho a não ser o Teu. Tu estás a meu lado. Teu caminho é seguro. E eu estou grato por Tuas dádivas de refúgio garantido e de saída para tudo o que quer esconder meu amor por Deus, meu Pai, e por Seu Filho santo.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 24 de outubro, é necessário, como sempre, que fiquemos de olhos bem abertos a tudo e a todos. É preciso que voltemos toda a atenção para a ideia a que o Curso nos oferece para as práticas, uma vez que, em geral. como eu disse no ano passado, não estamos acostumados a declarar nosso amor a Deus. Muito menos, de forma honesta e sincera, a qualquer um de seus filhos, a quem, às vezes dizemos amar, mas com um amor condicionado ao atendimento de certas exigências do falso eu.

Por esta razão, vamos voltar nossa atenção para aquilo que é necessário aprendermos para alcançar o reino de Deus em nós, de acordo com o que nos instrui Joel Goldsmith em um de seus livros, uma de minhas leituras do momento, que se intitula O Despertar da Consciência Mística. Consciência a que também poderíamos chamar de "consciência espiritual". 

Para entendermos melhor o que significa atenção, voltar-se para o espírito, ou voltar-se para si, ou para Deus, a partir do que diz Joel, precisamos estar dispostos a sentar duas ou três vezes por dia, para lembrarmos a nós mesmos de toda a verdade que pudermos lembrar a respeito de Deus, do reino divino, do universo divino e da criação de Deus, para depois descansarmos. N'Ele. E esta disposição quem pode nos dar é o desejo muito grande, o desejo ardente de conhecer o Reino de Deus e de vivê-lo.

Dou-lhes a seguir uma pequena oração/meditação que nos oferece Joel, para que exercitemos manifestar nosso desejo pelo Reino. Um desejo que tem necessariamente de reconhecer como verdadeira a declaração que nos pede para fazer a ideia para as práticas de hoje:

Pai, agora, fala. Estou pronto para ouvir Tua Voz. Estou receptivo a Tua Presença. Tenho só um desejo - não é daqui de fora. Não estou interessado em conseguir emprego, posição, riqueza, fama, fortuna ou felicidade - nem mesmo paz, nem mesmo segurança. Meu único desejo nesta vida é Te conhecer. Este é meu único desejo. Entrego a Ti, Pai, este mundo inteiro. Devolvo-Te todos e todas as coisas que estão nele. Deixa-me apenas Te ter em mim. Já não peço graças para mim mesmo ou para qualquer outra pessoa. Deixa-me apenas Te conhecer. 

Às práticas?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Buscar um modo diferente de olhar para o mundo


LIÇÃO 297

O perdão é a única dádiva que dou.

1. O perdão é a única dádiva que dou, porque ele é a única dádiva que quero. E tudo o que dou, dou a mim mesmo. Esta é a fórmula básica da salvação. E eu, que quero ser salvo, quero fazê-la minha, para que ela seja o modo como vivo em um mundo que precisa de salvação, e que será salvo quando eu aceitar a Expiação para mim mesmo.

2. Pai, quão seguros são Teus caminhos; quão seguro o resultado final deles, e quão confiantemente já está estabelecido cada passo de minha salvação, e realizado por Tua graça. Graças sejam dadas a Ti por Tuas dádiva eternas, e graças Te dou por minha Identidade.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que o Curso nos oferece para as práticas desta terça-feira, dia 23 de outubro está relacionada de modo direto à mensagem central de Jesus, que chegou até nós, de sua passagem por este mundo: o perdão, a se dar crédito a tudo o que se disse e diz a respeito dele. Também está intrinsecamente ligada à vida e à mensagem de São Francisco, que também foi capaz de viver em sua vida a mensagem ligada às palavras de Jesus, pelas informações que temos de historiadores e estudiosos da vida e da obra do santo.

Assim, aproveitemos para lembrar ainda uma vez do comentário feito a esta lição em anos anteriores. Voltemo-nos para São Francisco a para o que ele diz em sua oração, conhecida mundialmente.  Pois, se ouvirmos, de fato, o que ele diz em sua oração, aliando suas palavras à ideia que praticamos hoje, vamos ser capazes de aprender que "é perdoando que se é perdoado", e que tudo o que precisamos fazer para obter aquilo que queremos é oferecê-lo por primeiro.

Como eu já disse antes também, Leonardo Boff, em seu livro A Oração de São Francisco, começa sua mensagem a respeito da frase "É perdoando que se é perdoado" dizendo que: "Uma das dimensões mais surpreendentes e até escandalosas da mensagem de Jesus é o anúncio de que seu Deus é um Deus de amor incondicional e de irrestrita misericórdia. [Um Deus que] Oferece a todos o seu amor e o seu perdão, mesmo quando não [Se] depara com a contrapartida deste amor. [Um Deus que] Ama até 'os ingratos e maus' "(Lc 6, 35).

Há ainda na mesma oração mais uma referência ao perdão que diz "onde houver ofensa, que eu leve o perdão". Repetindo: para fazer isto, é preciso que estejamos dispostos a seguir a orientação do Curso e buscar um modo diferente de olhar para o mundo, é preciso querer ver para "ver" verdadeiramente. Para tanto, ele nos oferece estas práticas diárias.

Quando nos decidirmos, de fato, a olhar para o mundo de modo diferente, aprenderemos a eliminar a pouco e pouco o julgamento que fazemos daquilo que vemos. Este é o caminho que vai nos oferecer a visão de um mundo perdoado.

E que tal relembrar da Oração de São Francisco mais uma vez?

Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Às práticas?


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Oferecer a vida inteira a Deus, em agradecimento


LIÇÃO 296

O Espírito Santo fala por meu intermédio hoje.

1. O Espírito Santo precisa de minha voz hoje, para que o mundo inteiro possa ouvir Tua Voz e escutar Tua Palavra por intermédio de mim. Estou decidido a deixar que Tu fales por meio de mim, pois não quero nenhuma palavra a não ser as Tuas e não quero ter nenhum pensamento que esteja separado dos Teus, pois só os Teus são verdadeiros. Eu quero ser o salvador do mundo que fiz. Pois, tendo-o amaldiçoado, quero libertá-lo, para poder achar saída e ouvir a Palavra que Tua Voz sagrada vai dizer para mim hoje.

2. Hoje ensinamos aquilo que precisamos aprender, e só isso. E, por isso, a meta de nosso aprendizado se torna uma meta sem conflitos e pode ser facilmente alcançada e realizada. Quão alegremente o Espírito Santo vem para nos resgatar do inferno, quando permitimos que Seu ensinamento, por nosso intermédio, convença o mundo a buscar e a achar o caminho natural para Deus.

*

COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 22 de outubro, vou repetir integralmente os comentários publicados para esta mesma lição no dois últimos anos. Acho que a reflexão sugerida naquele momento ainda é cabível e pertinente, e pode auxiliar nas práticas. Aí vai, então:

A ideia que o Curso apresenta para nossas práticas hoje aprofunda e amplia o alcance da ideia da lição de ontem. É preciso que ofereçamos nossas vidas, que nos rendamos espontaneamente ao Espírito Santo para podermos ser um veículo da comunicação perfeita, para aprendermos a depositar sobre o mundo, e sobre todas coisas do mundo, o olhar amoroso que Ele nos ensina e para podermos oferecer ao mundo apenas as palavras que nos chegam por Sua Voz.

Para tanto, vejamos o que podemos aprender das palavras de um poema de Rainer Maria Rilke, o grande poeta alemão. Haverá alguma ligação entre o que ele diz e o que a lição de hoje quer nos ensinar?

Se a ti, vizinho Deus, eu incomodo às vezes
com rude batimento no meio da noite
é que de quando em quando te ouço respirar
e sei que estás sozinho no salão.
E, se careces de algo, lá não há ninguém
que te ofereça um gole às mãos tateantes...
Sempre atento estou eu: ao menor sinal teu
eu estou muito perto.

Só existe entre nós uma fina parede,
por acaso: se houvesse, por acaso,
de tua boca ou da minha algum chamado,
ela se desfaria
sem alarme ou ruído.

De imagens tuas ela é toda feita:
imagens que em tua frente se põem - nomes.
E, tão logo se acende em mim a luz
com que te reconhece a profundeza minha,
ela some como um reflexo na moldura.

E meus sentidos, que em pouco se debilitam,
desligados de ti - ficam sem pátria.

Se ao menos uma vez tudo se aquietasse...
Se se calassem o talvez e o mais-ou-menos
e o riso a minha volta...
Se o barulho que fazem meus sentidos
não perturbassem mais minha vigília...

Então, num pensamento multifário,
poderia eu pensar-te até os teus limites
e possuir-te (só o tempo de um sorriso)
e oferecer-te a vida inteira, como
um agradecimento.


domingo, 21 de outubro de 2012

É o espírito em nós que nos aconselha a questionar


LIÇÃO 295

Hoje o Espírito Santo olha através de mim.

1. Cristo pede para usar meus olhos hoje para, desta forma, redimir o mundo. Ele pede esta dádiva para poder me oferecer paz de espírito e afastar todo o medo e toda a dor. E, quanto se afastam de mim, os sonhos que eles pareciam depositar sobre o mundo desaparecem. A redenção tem de ser única. Quando sou salvo, o mundo é salvo comigo. Pois todos nós temos de ser redimidos juntos. O medo se apresenta de muitas formas diferentes, mas o amor é um só.

2. Meu Pai, Cristo me pediu uma dádiva, e uma dádiva que dou para que ela me seja dada. Ajuda-me a usar os olhos de Cristo hoje, para, deste modo, permitir que o Espírito Santo abençoe todas as coisas sobre as quais eu venha a pousar me olhar, para que Seu Amor misericordioso possa permanecer em mim.

*

COMENTÁRIO:

Preparei-me para fazer um comentário diferente daqueles que fiz nos dois últimos anos para a lição deste domingo, dia 21 de outubro, mas, em função de algo que li* logo pela manhã, na sexta-feira ainda, achei que valia a pena manter a mesma linha de raciocínio que ele tem para chamar a atenção para a necessidade de que estejamos sempre atentos para questionar toda e qualquer informação que chegue até nós. 

Se voltamos um pouquinho que seja de nossa atenção a uma ou duas das ideias que praticamos nos últimos poucos dias, veremos que elas nos aconselham, entre outras coisas, a esquecer o passado de meu irmão, ou que nos dizem que o passado passou, se foi, e não pode nos tocar, ou ainda uma que nos pedem  para praticar ver só a felicidade deste momento.

Assim como eu disse anteriormente, isto é, nos comentários que estou repetindo, refletindo a  respeito dessas ideias de dias atrás, não há como não pensar no fato de que, conscientes disso ou não, ainda nos debatemos, hoje, em tentativas de encontrar novas interpretações para as palavras atribuídas a Jesus que chegaram até nós, ditas há mais de 2.000 anos. Penso que devem ser muito poucos os que se perguntam: - Quem pode garantir que o que ele disse mesmo seja o que os escritos e escritores nos trouxeram ao longo do tempo?

E que dizer, então, dos textos de que nos valemos até hoje e que são muito mais antigos do que os ditos "evangelhos" do Novo Testamento que o cristianismo nos legou?

Não estaremos todos sugestionados por uma história que foi sendo escrita apenas para atender aos interesses de uns poucos que queriam exercer algum poder sobre um grande número de pessoas, condicionando-as a este ou àquele comportamento, sob a ameaça de uma condenação a um castigo eterno e permanente após a morte do corpo. Uma possibilidade inconcebível, na verdade. Afinal, os registros todos que temos são feitos, ou foram feitos, apenas por meia dúzia de pessoas, que nos contam o que viram de acordo com sua percepção. Será que outras testemunhas não diriam coisas diferentes?

Um dos livros que li a respeito dos textos chegaram até nós diz que: "Quem quer que lesse um livro na Antiguidade nunca estava cem por cento seguro de que estava lendo o que o autor escrevera. Palavras podiam ter sido trocadas. E, de fato, eram, mesmo que só um pouco".

E por quê? Porque "as pessoas que reproduziam textos por todo o império [romano] não eram, normalmente, aquelas que queriam ler os textos. Os copistas, em geral, reproduziam os textos para outros", sempre por encomenda.

Assim, remetendo a Orígenes, afirma o autor que muitas vezes "as diferenças entre os manuscritos se tornaram gritantes, ou pela negligência de algum copista ou pela audácia perversa de outros; ou eles descuidavam de verificar o que transcreveram ou no processo de verificação acrescenta(va)m ou apaga(va)m trechos, como mais lhes agrad(ass)e".

Somos sugestionáveis! Mas, sabendo disso, não lhes parece ser mais fácil olhar para tudo e questionar os mapas que estão nos apresentando, perguntando-nos, ou a quem os oferece a nós,  se eles têm alguma a coisa a ver, de fato, com a geografia do caminho que queremos trilhar ou se não serão apenas mais alguns instrumentos destinados a nos indicar a direção errada, ou uma direção que atenda somente aos interesses dos fazedores e vendedores de mapas?

É claro que este comentário poderia ser muito mais extenso, dada a imensa gama de possibilidades e de questões que ele suscita. Mas deveria? O que quero com ele é apenas chamar sua atenção para o fato de que não pode ser senão por meio do Espírito Santo, do divino em nós, [alguns podem preferir chamar isso de consciência] que poderemos ter acesso à verdade a respeito de nós mesmos e do que somos de fato.

E é para isto que nos orienta a ideia das práticas de hoje. Pois, ainda de acordo com o livro de que falava acima, "... o único modo de entender o que um autor quer dizer é conhecer o que suas palavras - todas as suas palavras - realmente querem dizer". E quero crer que conhecer significa acolher as palavras experimentalmente, ou seja, encontrar seu eco dentro de nós mesmos, como expressão do divino em nós.

Há, porém, que nos lembrarmos de que, além disso, todas as palavras estão sempre sujeitas a milhares de interpretações, que variam de acordo com o interesse, com o objetivo e com a experiência de quem quer que esteja lidando com elas. E, mesmo que venhamos a conhecer "todas as palavras" de um autor, o que elas "realmente" querem dizer está além de nossa percepção. E muitas vezes até além da percepção do próprio autor. [Lembram-se da diferença entre percepção e conhecimento?]

Qualquer um, que não o autor, pode se identificar com as palavras dele, pode concordar com o que ele diz, pode discordar e pode até mesmo entender o que ele diz como não tendo absolutamente nada a ver com a realidade de que ele fala, pelo menos não com a realidade da forma como vista por este leitor discordante.

No entanto, se emprestamos nossos ouvidos interiores ao Espírito Santo, para tentar ouvi-Lo a partir da compreensão amorosa do divino em nós, é bastante provável que cheguemos à comunicação perfeita. É bem provável que cheguemos a comungar com o(s) outro(s), partilhando o entendimento de que somos um, e de que a diversidade, em lugar de nos separar, nos une e enriquece nossa experiência dando-lhe uma variedade de matizes e cores que ela não teria em muitas circunstâncias, vistas apenas com os olhos do corpo, ouvidas apenas com os ouvidos do corpo. Sentidas apenas com os sentidos do humano em nós.


* NOTA: A notícia que li, para quem ficou curioso, dizia respeito a um exemplar da Bíblia com mais de 1.500 anos, encontrado na Turquia, que, dizia a nota, passou a ser preocupação para o Vaticano. Será que o Vaticano fez alguma coisa com a Bíblia que conhecemos hoje, que um exemplar mais antigo do que todos aqueles aos quais temos acesso pode vir a mostrar algum podre, alguma fraude, alguma modificação no texto para induzir incautos fiéis a se sujeitarem aos dogmas e leis que o Vaticano quer que se sujeitem os cristãos que acreditam na infalibilidade do Papa? Que acreditam que o Papa é, de fato, o sucessor natural de Pedro Apóstolo?

sábado, 20 de outubro de 2012

"Ninguém tem a licença de fazer medo nos outros."


LIÇÃO 294

Meu corpo é uma coisa inteiramente neutra.

1. Eu sou um Filho de Deus. E posso ser outra coisa também? Deus criou o mortal e o perecível? Que utilidade tem para o Filho amado de Deus aquilo que tem de morrer? E, não obstante, uma coisa neutra não percebe a morte, pois não se investe pensamentos de medo aí, tampouco se coloca um arremedo de amor sobre ela. Sua neutralidade a protege enquanto tiver uma utilidade. E, mais tarde, ela é abandonada. Ela não está doente, nem velha, nem ferida. Ela só não tem mais função, é desnecessária e é dispensada. Permite que eu não a veja como mais do que isso hoje, útil por algum tempo e própria para atender a uma necessidade, para manter sua utilidade enquanto puder ser útil e para ser substituída então por um bem maior.

2. Pai, meu corpo não pode ser Teu Filho. E aquilo que não é criado não pode ser pecador nem inocente; nem bom nem mau. Permite, então, que eu use este sonho para ajudar em Teu plano, a fim de que despertemos de todos os sonhos que fizemos.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para nossas práticas deste sábado, dia 20 de outubro, traz-nos para reflexão o tema da neutralidade do corpo. E, se voltarmos nossa atenção para o que as primeiras lições nos ensinaram, haveremos de lembrar que o Curso diz que só nós mesmos damos valor, ou atribuímos significado, ao que vemos. Pois o mundo - e tudo o que há nele, inclusive nossos corpos - é neutro.

É por isso que o Curso em certo momento nos aconselha: "Esquece-te deste mundo, esquece-te deste curso e vem com as mãos totalmente vazias ao teu Deus". A Deus em ti mesmo. Isto é, vale dizer, volta-te apenas para dentro de ti, esvazia tua mente de qualquer desejo e de qualquer intenção e experimentarás Deus, pois não há nada a não ser Ele.

Quando ainda estamos, de alguma maneira, sob a influência do falso eu [o ego] - o que quer dizer que ainda damos importância às formas, aos sentidos e à percepção -, acreditamos que eles podem ser meios de encontrar a felicidade e a alegria plenas neste mundo, mesmo este curso pode ser - e é - usado pelo ego para nos confundir. 

Assim, como eu já disse, precisamos aprender a abandonar quaisquer medos que tenhamos do destino que está reservado aos corpos, como a quaisquer outros veículos de comunicação e instrumentos de que nos valemos para viver aqui.

Precisamos também aprender e incluir em nossa experiência a convicção de que o "corpo é uma coisa inteiramente neutra", conforme o Curso ensina, e que, por isso, não há razão para que ninguém nos queira ensinar a temer sua perda. 


Lembremo-nos, então, mais uma vez do que nos ensina o jagunço Riobaldo, já citado outras vezes:

"... enquanto houver no mundo um vivente medroso, um menino tremor, todos perigam - o contagioso. Mas ninguém tem a licença de fazer medo nos outros, ninguém tenha. O maior direito que é meu - o que quero e sobrequero -: é que ninguém tem o direito de fazer medo em mim."


Tanto isto é verdade que nem o Próprio Deus nos impede de fazer qualquer coisa que queiramos. Nem nos julga, nem quer nos punir e castigar por qualquer crença que tenhamos. Nem mesmo quando, equivocadamente, nos acreditamos separados d'Ele, repetindo o final do comentário anterior a esta lição.