terça-feira, 6 de outubro de 2009

O que ainda precisamos aprender?

Ainda não dei as boas vindas a Ana Paula Maranhão, que se juntou a nós há alguns dias e algumas lições atrás. Seja bem-vinda, Ana Paula. Espero que você encontre aqui motivos para continuar sua busca e que este espaço sirva para você compartilhar conosco sua(s) experiência(s) de aprendizado e as descobertas a respeito de si mesma que o Curso lhe deu, dá ou ainda vai dar. Aquelas que você julgar conveniente dividir conosco, é claro.

Carmen, querida, obrigado por seus comentários e muito obrigado por você oferecer sua contribuição e nos convidar também a refletir acerca das questões que continuam a nos desafiar e nos estimulam a seguir em frente. Você já entendeu que, no geral, em qualquer situação, falamos sozinhos, não? Sempre! Ou quase sempre. Ou você ainda carrega a expectativa ilusória de que pode fazer qualquer coisa para que outro(s) mude(m) sua(s) forma(s) de pensar e ver o mundo? Você ainda não percebeu que aquilo a que chamamos de diálogo não existe? Que só somos capazes do que convencionamos chamar de monólogo? Ou você tem a ilusão de que alguém, quem quer que seja, nalgum momento ouve o que você diz?

Não, não! Em geral, gostamos tanto de nossa própria voz que só conseguimos ouvir a nós mesmos. Tanto isso é verdade que se pode comprovar facilmente. E não sou só eu quem diz isso. Muita gente já disse isso antes. Ao vivo ou por escrito. Por exemplo, dada uma situação qualquer, quando não somos os protagonistas dela, nossos ouvidos vão escutar de quem fala apenas aquilo que encontra eco em nossa voz interior. Isto é, só vamos ouvir do(s) outro(s) aquilo que já existe dentro de nós e que a fala do(s) outro(s) corrobora, confirma. Em outras palavras, todos nós só ouvimos o que queremos ouvir.

Carl Rogers, o psicólogo da educação, dedicou toda sua vida ao estudo das maneiras pelas quais aprendemos, e ao desenvolvimento da compreensão dos mecanismos pelos quais facilitar a aprendizagem. São famosos, clássicos, nos cursos de Psicologia da Educação, seus livros Tornar-se Pessoa e Liberdade Para Aprender, nos quais a ideia básica, grosso modo, é o permitir-se ao aluno que ele se desenvolva, num clima livre e amoroso, na direção daquilo que ele [já] é potencialmente, ajudando-o tão somente a dar os passos iniciais, quando necessário. Orientando-o a respeito dos recursos de que ele dispõe internamente e acerca das formas de aprender, e fornecendo-lhe fontes renovadas e renováveis para a busca e para a pesquisa, sempre que for o caso.

Ao final de sua vida, Rogers concluiu que só aprende quem quer e só aquilo que quer e julga necessário para sua vida. Exatamente como nos diz o Curso: "Ninguém aprende a menos que queira e acredite que precisa do aprendizado de alguma forma" (T-1.VI.1:2). Por que, então, ainda teimamos em ficar surpresos quando alguém aparentemente - em nosso julgamento - dá demonstrações de que não aprendeu nada? Ou não demonstra estar disposto a fazer o esforço necessário ao aprendizado? Ou resiste a ele? Pretensa onipotência do ego, que quer, na ilusão de mundo que cria, que todos andem de acordo com o passo que ele quer determinar.

Estamos muito acostumados a questionar as posições de outras pessoas em relação a seus modos de vida, sua postura, e dizemos muitas vezes não entender como alguns de nós, nossos semelhantes, se sujeitam a experimentar formas de viver que se nos afiguram absurdas, incompatíveis com as escolhas que fizemos, ou faríamos, para nossas vidas. Imputamos, por exemplo, aos moradores de rua e mendigos, faltas que acreditamos terem, sem saber, ou melhor, sem nos apercebermos da verdade que há na afirmação de que não existe "nenhuma falta na criação de Deus" (T-1.VI.1:3). Apenas nos arvoramos em juízes do que vemos e ficamos transtornados porque não acreditamos que o transtorno está, verdadeiramente, no fato de que sempre que nos aborrecemos de alguma maneira é porque vemos algo que não existe (LE-6). Como acreditar nisto, no entanto?

A ideia da lição 279, para as práticas deste dia 6 de outubro, nos dá algumas pistas.

A liberdade da criação assegura minha própria liberdade.

1. O fim dos sonhos está garantido para mim, porque o Filho de Deus não foi abandonado pelo Amor d'Ele. Somente em sonhos há um momento em que ele parece estar na prisão e esperar por uma liberdade futura, se ela existir de algum modo. Na realidade, porém, seus sonhos acabaram, e a verdade se instalou no lugar deles. E agora a liberdade já é dele. Devo esperar pela libertação preso a correntes que já foram cortadas, se Deus me oferece a liberdade agora?

2. Aceitarei Tuas promessas hoje e depositarei nelas minha fé. Meu Pai ama o Filho Que Ele criou como Seu Próprio Filho. Tu me negarias as dádivas que me deste?

Lembremo-nos da orientação de dar uma passada de olhos no texto introdutório a esta série de lições antes das práticas. Agora, para complementar o comentário que fazia acima, convido-os a uma reflexão mais profunda a partir do que nos diz o Curso, e quero lembrar-lhes também que, em qualquer caso, "A melhor defesa, como sempre, é não atacar a posição do outro, mas, em lugar disso, proteger a verdade" (T-3.I.2:1). [Nós, via de regra, não sabemos o que é a verdade.] Ou: "Se atacas o erro em outra pessoa, tu te ferirás. Não podes conhecer teu irmão quando o atacas" (T-3.III.7:1-2). Para finalizar, sem me estender por demais, utilizando ainda a orientação que nos dá o texto, vejamos o que ele nos diz que ainda precisamos aprender, e que, é claro, a prática dos exercícios pode, e busca, nos ensinar: "Agora precisas aprender que só a paciência infinita produz efeitos imediatos. Ela é o caminho no qual troca-se o tempo pela eternidade. A paciência infita invoca o amor infinito e ao produzir resultados agora, torna o tempo desnecessário" (T-5.VI.12:1-3).

2 comentários:

  1. Eu nunca posso atacar o erro de ninguém, porque não estou no mesmo lugar nem na mesma posição. Se, eu estivesse nas mesmas condições, e os pressupostos fossem iguais provávelmente faria o mesmo. Impossivel atacar, porque é impossivel julgar. O amor não julga, o amor apoia.

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  2. Maravilha, Welwitschia. Obrigado.

    Como você mesma diz, e o Curso concorda plenamente, o amor não ataca, não julga. O amor aceita, entende, acolhe e apoia.

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