quinta-feira, 18 de junho de 2009

Receber, acolher e oferecer a graça

A lição deste dia 18 de junho, a de número 169, diz: Pela graça vivo. Pela graça sou liberado. Falamos da graça ontem. A graça que recebemos como Filhos de Deus e que nos torna capazes de curar o mundo. Começando por curar a nós mesmos, pela mudança do modo de pensar. Começando por substituir todos os pensamentos de ataque por pensamentos de paz, por pensamentos amorosos.

Estou postando este comentário a esta hora apenas, porque fiquei sem internet até há pouco. E o que se pode fazer quando aquilo que precisamos fazer não pode ser feito no momento em que nos propúnhamos a fazê-lo, além de esperar, agradecer e refletir? Praticar o exercício da gratidão. Pois, afinal, não existe uma razão para tudo o que acontece, mesmo quando não a vemos, mesmo quando não a entendemos?

Isso me traz a algo que pensei ontem, a algo que escrevi ontem e que tem, acho, bastante a ver com a lição de hoje, assim como diz respeito a tudo o que buscamos aprender com o UCEM.Dizia a mim mesmo o que segue.

Penso muitas vezes no Salviano? Quem o conhece? Quem ainda não o conhece? Penso muitas vezes também na pergunta que ele nos faz repetidas vezes desde os primeiros contatos conosco e com a parte do ensinamento que afirma que tudo o que experimentamos aqui, neste mundo, é apenas uma ilusão. Uma ilusão que ajudamos a aumentar acreditando nela ou que ajudamos a trazer à verdade, quando cientes de que aqui só podemos mesmo, por meio dos sentidos e da percepção, vivenciar formas variadas de uma única e mesma ilusão: a de que, de alguma modo é possível estarmos separados de Deus.

Isto, o Curso nos diz, é algo que não aconteceu nunca, não acontece jamais e nem virá a acontecer em tempo algum no futuro. Aliás, o tempo também é parte da ilusão. E aí a aparece a pergunta do Salviano para nos provocar. Se, de fato, sempre estive, continuo e vou estar para sempre no "bem-bom" com Deus [em algum lugar a que chamamos de lá porque não conseguimos percebê-lo como o lugar em que nos encontramos o tempo todo aonde quer que estejamos], o que vim fazer aqui? Por que troquei meu estar com Deus por isto que vivo?

É claro que, se pensarmos bem, da maneira como nos ensina o Curso, a pergunta tem de ser reformulada, pois não existem maneiras de se responder à pergunta por quê. A forma correta é para quê. À propósito, quantos de nós já percebemos que as respostas que vamos encontrando ao longo de nossa jornada em direção a nós mesmos e a Deus só fazem suscitar outras perguntas, que, na verdade, são a tônica do movimento de busca. Isto é, quem não pergunta, não se move, não se mexe, não sai do lugar, não aprende e não pode lembrar.

É por isso que, vez em quando, um texto, uma frase, uma observação qualquer de alguém em determinado momento me remete à pergunta do Salviano reformulada pelo para quê? Para que mesmo vim aqui? E pode-se ainda fazê-la de vários jeitos diferentes. Um deles é, por exemplo, quando nos perguntamos: o que estou fazendo aqui mesmo? E algum esboço de resposta, algum indício de caminho parece se delinear. Parece-me que existe uma função bastante específica para cada um de nós neste e em todos os mundos existentes. E o livro diz isso de modo muito claro nas lições que vão da 61 à 66 e, em seguida, nas lições 98 e 99. Para culminar com a lição de número cem que declara simplesmente: Minha parte é essencial no plano de Deus para a salvação.

Isto significa dizer que há uma função no mundo que só eu posso cumprir. Um papel que cabe apenas ao Salviano representar, da mesma forma que existem papéis para todos e cada um dos que vêm aqui. Ou seja, há perguntas que só ele, Salviano, pode nos trazer, e ao mundo, para nos ensinar a nos lembrarmos de nós mesmos, do que somos, do que queremos, do que podemos e daquilo de que precisamos.

Talvez não exista uma resposta apenas - e eu diria que isso já é quase uma certeza -, uma vez que as perguntas são tantas quantas são as pessoas que vêm a este mundo. Formas diferentes de cada um de nós mesmos. Expressões diferentes de diferentes Pensamentos de Deus. Interessante, porém, é notar que cada pergunta que fazemos à verdade que habita em nós, dispondo-nos a ouvir, de olhos, ouvidos, mentes e corações abertos, encontra uma resposta capaz de inundar de paz e de alegria nossa existência, nosso estar-no-mundo. Porque nos remete sem sombra de dúvida à Unidade de que somos parte integrante e complementar.

Não há como fugir à responsabilidade que herdamos ao nascer neste mundo. Um mundo que vamos criando e construindo à medida que começamos a exercitar o livre arbítrio que trazemos todos na condição de Filhos de Deus. Ou dito de outra forma, ao escolhermos nascer neste mundo, trazemos a responsabilidade de recriá-lo a cada instante, de co-criá-lo com Deus para atender à Vontade d'Ele para nós, que é a de que experimentemos a alegria perfeita aonde quer que estejamos. Para isso precisamos aceitar a graça, recebê-la, agradecer por a termos recebido e oferecê-la a todos quantos partilham deste mundo conosco.

Nossa prática, hoje, que responde a todas as nossas questões, se abrirmos bem os ouvidos para ouvir com o entendimento que nos empresta o coração, trata disto: de nos ensinar a aceitar a graça, a recebê-la, a acolhê-la e à liberdade que ela traz consigo, aprendendo com isso também a oferecê-la ao mundo inteiro. Pois só assim ela pode ser nossa de verdade. E, como a lição sugere, não há forma melhor de fazer isso do que utilizando esta oração:

Pela graça vivo. Pela graça sou liberado.
Pela graça dou. Pela graça vou liberar.

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