sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"O amor não é amado." S. Francisco

LIÇÃO 246

Amar meu Pai é amar Seu Filho.

1. Que eu não pense que posso achar o caminho para Deus, se tiver ódio em meu coração. Que eu não tente ferir o Filho de Deus e pensar que posso conhecer meu Pai ou meu Ser. Que eu não deixe de me reconhecer e ainda acredite que minha consciência pode conter meu Pai ou que minha mente pode compreender todo o amor que meu Pai sente por mim e todo o amor que retribuo a Ele.

2. Aceitarei o caminho que Tu escolheres para chegar a Ti, meu Pai. Pois nisso serei bem-sucedido, porque é Tua Vontade. E quero reconhecer que aquilo que Tu queres é também o que quero, e só isso. E, por isso, escolho amar Teu Filho. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Já lhes lembrei aqui de São Francisco, que, ao se perceber envolvido pelo amor do Pai, ao mesmo tempo em que se dava conta de que tudo o que existe, na verdade, existe apenas como manifestação daquele amor, exclamou: "O amor não é amado".

Pois, se não amamos a todos os filhos de Deus, e a criação toda, como podemos pensar que O amamos? É esta ideia que vamos praticar nesta sexta-feira, dia 03 de setembro.

O Curso nos fala que todo seu ensinamento se destina a nos fazer entender que existe apenas uma escolha e que nem mesmo esta é, de fato, uma escolha. Pois, deixados a nós mesmos no equívoco do que pensamos ser, não saberíamos escolher. Daí o ensinamento nos orientar na direção do entendimento de que a Vontade de Deus e a nossa são uma só e a mesma.

Ora, dirão vocês, pensarão, e alguns se perguntarão: - E o livre arbítrio? Se não temos escolha e vamos inevitavelmente chegar à conclusão de que nossa vontade e a de Deus são a mesma, onde fica o livre arbítrio? Não estaremos todos predestinados?

Ofereço-lhes como resposta a estas questões, e desculpem-me desde já por ela ser um pouco extensa, a resposta que Ramana Maharshi deu a uma pergunta similar: Quem é predestinado e quem tem livre arbítrio? Ramana disse:

"Todas as ações que o corpo realizará já estão decididas quando este corpo começa a existir; a única liberdade que se tem é a de se identificar ou não com o corpo. - Quando se desempenha um papel numa peça, todo papel é escrito com antecedência e a gente se comporta com fidelidade, quer seja o César que é apunhalado, quer seja o Brutus que apunhala, não sendo afetada pois sabe não ser tal pessoa. Da mesma forma, aquele que compreende a sua identidade com o Eu imortal desempenha seu papel no palco humano sem medo nem ansiedade, sem esperança nem arrependimento, não se deixando afetar pelo papel desempenhado. Se fôssemos perguntar que realidade temos quando todas as nossas ações são [pre] determinadas, isso só serviria para levar à indagação: Quem, pois, sou eu? Se o ego que julga tomar decisões [ou fazer escolhas] não é real e no entanto eu sei que ele existe, o que é a minha realidade? Isto (...) é uma excelente preparação para a verdadeira busca.

"A opinião aparentemente antagônica, porém, de que o homem constrói seu próprio destino não é menos verdadeira, uma vez que tudo [no mundo dos sentidos e das percepções] acontece sob a lei de causa e efeito [ou ação e reação] e cada pensamento, palavra ou ação produz sua repercussão...
- Uma vez que os seres colhem os frutos de suas ações segundo as leis de Deus, a responsabilidade é deles, não de Deus.

Continuando... ou estendendo a pergunta: E, "se como se diz, tudo acontece em obediência ao destino, até mesmo os obstáculos que nos retardam e impedem de efetuar com êxito a meditação [ou a prática dos exercícios, neste caso] talvez tenham de ser considerados insuperáveis, pois são ditados por um destinho irrevogável. Como, então, podemos esperar superá-los?...

Ramana fala: - Isto, a que se chama destino impedindo a meditação, existe apenas para a mente extrovertida [a que se baseia no sistema de pensamento do ego e acredita na ilusão] e não para a mente introvertida [a que se volta para si mesma e busca ouvir a Voz por Deus]. Por isso, aquele que na busca de Si orienta-se interiormente, permanecendo tal como é [isto é, acreditando que continua a ser como Deus o criou], não se atemoriza diante de qualquer empecilho que talvez se apresente à prática da meditação [ou à prática dos exercícios diários no nosso caso]. O simples ato de pensar em tais obstáculos é o maior dos empecilhos. [Aqui, eu diria que este ato é revelador do fato de que a pessoa ainda não tomou a decisão, ainda não se pôs, de verdade, a caminho da busca de Si.]

Ramana diz mais que "a ideia de um destino irrevogável pode levar - e leva - à ideia de que é inútil dar murro em ponta de faca, de que não adianta rebelar-se contra um destino que não pode ser contrariado, mas não significa que não se deva nunca fazer qualquer esforço. O homem que diz - Tudo é predestinado, por isso não farei esforço algum - está introduzindo à força a pressuposição - e eu sei o que está predestinado -. Pode acontecer de estar ele destinado a um papel em que o esforço seja necessário".

2 comentários:

  1. Mouss
    Ainda não cheguei aqui, mas vou...rs...
    Só deu tempo de ler...
    Bj

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  2. Olá Moisés...

    A lição do dia de hj na minha opinão é uma das melhores, e mais profundas.
    Com tua permissão levo teu comentário p/ o meu blog.

    Bençaos amorosas.

    Tereza

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