sábado, 25 de setembro de 2010

Abrindo mão das tentativas de controle

LIÇÃO 268

Que todas as coisas sejam exatamente como são.

1. Que eu não seja Teu crítico hoje, Senhor, e julgue contra Tí*. Que eu não tente me intrometer em Tua criação para distorcê-la em formas doentias. Que eu me disponha a retirar meus desejos de sua unidade e a permitir, deste modo, que ela seja tal qual Tu a criaste. Pois assim serei capaz de reconhecer meu Ser da forma que Tu me criaste. Fui criado no amor e permanecerei para sempre no amor. O que pode me assustar, se eu permitir que todas as coisas sejam exatamente como são?

2. Que nossa visão não seja blasfema hoje e que nossos ouvidos também não deem atenção a línguas mentirosas. Só a realidade está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isto que buscamos hoje.

*Nota da tradução: No original esta primeira frase diz: Let me not be Your critic, Lord, today, and judge against You. Na tradução de Lillian Paes a frase ficou assim: Senhor, que eu não seja o Teu crítico, hoje, e nem julgue contra Ti. Apesar de não haver especificamente um elemento indicador do que a levou a incluir a partícula "nem" em sua tradução, pode-se pensar que a inferência foi um elemento oculto que deveria/poderia aparecer subentendido após a terceira vírgula do original, que deixaria a frase com a seguinte forma: Let me not be Your critic, Lord, today, and [let me not] judge against You. Em meu modo de ver, minha tradução abole este elemento subentendido sem prejudicar o entendimento do sentido da frase original, porque se eu me colocar na condição de crítico do Senhor, é forçoso que eu julgue contra Ele, que é o que não quero fazer, de acordo com a primeira parte da frase. Ora, se na primeira parte da oração eu peço para não ser crítico, o fato de a segunda obedecer à lógica que resultaria do fato de eu ser um crítico, que seria julgar contra o Senhor, não impede o leitor de perceber que, apesar de a frase dizer "e julgue contra Ti", no final o sentido é o de que da mesma forma que não quero ser crítico, não quero julgar. Alguém quer fazer alguma observação a respeito? 

*

COMENTÁRIO:

Eis aqui, na ideia que praticamos neste sábado, 25 de setembro, às claras a fórmula para se viver neste mundo, sem dor, sem perda, em segurança e em paz: abrir mão de querer exercer algum controle sobre as coisas.

Uma lição anterior, da primeira parte do livro de exercícios, já nos ensinava a dar tal passo: Libero o mundo de tudo o que pensava que ele fosse [Lição 132].

Aprendemos?

Enquanto, escorados na pretensa força e no pretenso conhecimento do ego, acreditarmos que podemos, de algum modo, ter controle sobre qualquer coisa que não apenas sobre nossos próprios pensamentos vamos continuar a viver no auto-engano. Aliás, também é auto-engano acreditar que não podemos controlar nossos pensamentos.

Se pensarmos bem, se prestarmos bastante atenção e olharmos de forma amorosa e desprovidad de julgamento ou preconceito para tudo o que vemos no mundo, há alguma coisa que acreditamos poder mudar e fazer melhor?

Quem assistiu ao filme "O Efeito Borboleta" [o primeiro] há de se lembrar de que qualquer mudança que o protagonista introduzia em uma experiência que ele julgava ser necessário mudar gerava um resultado inimaginável e muitas vezes "pior" do que aquele da situação que ele tentava modificar.

Imagino que, com certeza, se estivermos atentos, despertos, isto se aplica a tudo na vida. Um exemplo pode ser o da pupa presa no casulo aguardando o instante para rompê-lo e se transformar em uma linda borboleta. Se resolvêssemos ajudá-la, poupar-lhe o esforço aparentemente grande para um ser tão frágil e pequeno, qual seria o resultado? O que já sabemos. A ausência do esforço que só cabe a ela fazer só iria revelar uma borboleta sem forças para voar.

Há uma lição, a 21, entre outras, que também nos ensina o que fazer quando, por qualquer razão, não vemos só "a bondade da criação" em tudo o que vemos. Ela diz: Estou decidido a ver as coisas de modo diferente. Ou ainda a lição 28: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente. Porque, na verdade, ainda não vemos, cegos por todos os preconceitos que atulham nossas cabeças.

Para o ensinamento do UCEM, mais do que olhar com os olhos do corpo e depositar sobre o objeto que nosso olhar capta o reflexo de nosso pensamentos passados a respeito dele,  ver é comungar, é alcançar a comunicação perfeita com o objeto visto, sem separação, alcançar a unidade com ele e com Deus, sendo também o objeto. Pois para Deus todas as coisas são neutras e todas desempenham uma função igualmente importante para a realização de Seu plano para a salvação do mundo, o único que funcionará, para nos lembrarmos de outra das lições da primeira parte do livro.

Quando aprendermos a abrir mão de quaisquer tentativas de controlar qualquer coisa, entenderemos a orientação do divino em nós mesmos que nos diz: "Deixa que o espírito tome conta de tudo".

É isto que praticamos hoje.

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