sábado, 28 de março de 2009

Teu caminho tem um coração?

Como o Curso nos aconselha a praticar mais do que uma vez por dia, volto à lição 87 e às ideias de hoje com um comentário que escrevi para um amigo e que, de alguma forma, tem a ver com o momento que vivem todas as pessoas do grupo de estudos do UCEM de que fazemos parte aqui em São Paulo.

É inútil tentar resistir à Vontade de Deus.

A se acreditar nas informações que chegaram até nós, ao longo do tempo, o próprio Jesus, no momento de escolher atender à necessidade de ser crucificado, quem sabe com alguma sensação humana de medo, uma vez que habitava um corpo, pediu que o Pai afastasse de si aquele cálice, para, em seguida, render-se inteiramente a Ele, pedindo que se fizesse Sua Vontade e não a dele, Jesus.

As lições que revisamos hoje nos colocam exatamente nesta posição. A primeira pede que exercitemos em nossa mente a idéia “Eu quero que haja luz”. Mas será que é isso que quero mesmo? No ego, é já mais ou menos claro [é?] para todos nós, estudantes de milagres, que não. O que o ego deseja, de fato, em sua ilusão de onipotência, é nos manter na escuridão, nas trevas, esconder a luz do mundo em mim, em cada um de nós. Aconselhando-nos a atacar, a guardar mágoas e a cultivar um sentimento de culpa que, na verdade, não nos cabe, não nos pertence.

A utilização desta primeira idéia nos exorta a deixar que a luz seja nosso guia hoje, para a seguirmos aonde quer que ela nos leve, para podermos experimentar, ainda que por breves momentos, a paz da percepção verdadeira.

A segunda idéia a ser revisada hoje pede que pratiquemos o reconhecimento de que não existe nenhuma vontade a não ser a de Deus.

E voltamos, assim, à idéia com que abri esta conversa. A idéia de que, por mais que se possa resistir, mais dia, menos dia, vamos ter de nos render à Vontade de Deus. Ela é a única vontade que existe. E, o melhor de tudo isso, é que a aceitação e o reconhecimento desta verdade não nos afastam da alegria, da felicidade, da harmonia, ou da paz. Ao contrário, é a aceitação dela que nos dá a segurança inabalável por nos garantir que já estamos salvos.

O exercício desta segunda idéia diz mais ainda. Diz que só podemos nos sentir amedrontados quando pensamos existir outra vontade diferente da de Deus. E que só podemos atacar, e só atacamos, quando estamos com medo, e que só quando tentamos atacar é que podemos acreditar que nossa segurança eterna está ameaçada. É preciso aprender que isso não acontece nunca. Nossa segurança e salvação residem exatamente no fato de não haver outra vontade exceto a de Deus.

É preciso termos sempre em mente que, como diz o ditado antigo, “todos os caminhos levam a Roma”. Entendendo-se, de uma vez por todas, que todos os caminhos, a se pensar na veracidade desta segunda idéia que exercitamos hoje, reconhecendo-a e aceitando, nos levam a Deus e que não existe nenhum tempo e nenhum lugar MAIS adequado para que nos voltemos para Ele. Cada um vai se encontrar, e encontrar o caminho que leva a Deus DENTRO de si mesmo, na hora exata, quando tomar a decisão de abrir seus olhos e seu coração. Acordando para o fato de que todas, absolutamente todas, as tentativas que fazemos para nos afastar d’Ele vão sempre resultar infrutíferas. Por outro lado, precisamos nos convencer também de que não somos capazes [apenas no sentido de que não nos cabe, não nos compete], ou, se o somos, não temos o direito de exercer nossa vontade própria para indicar ou escolher quais caminhos são mais indicados, ou melhores, para quem quer que caminhe conosco ao longo de nossa jornada.

Como dizia o “brujo” Don Juan, de Castañeda, todos os caminhos não são nada mais do que caminhos. O importante é você saber, é você se perguntar, se seu caminho tem um coração. Se tiver você pode segui-lo tranquilamente. Caso ele não tenha, é preciso mudar. É preciso escolher outro.


Destaco aqui dois pontos importantíssimos a serem lembrados em qualquer ocasião que nos assalte alguma dúvida, quer a respeito de nossa função no mundo, quer a respeito da Vontade de Deus para nós:

Nada real pode ser ameaçado.
Nada irreal existe.
Nisto está a paz de Deus.

Eu estou aqui apenas para ser verdadeiramente útil.
Eu estou aqui para apresentar Aquele Que me enviou.
Eu não tenho de me preocupar acerca do que dizer ou fazer, porque Aquele Que me
enviou me orientará.
Eu estou feliz de estar aonde quer que Ele queira, sabendo que Ele vai comigo.
Eu serei curado na medida em que permitir que Ele me ensine a curar.

2 comentários:

  1. É...o meu intelecto, ou seja, os meus dois neurônios (o tico e o teco) parecem entender isto, apenas no nível do intelecto, o que me atormenta é como trazer isto para a prática do dia a dia. E olha que acho que tenho avançado e conseguido aumentar a conciência sobre quantos milagres acontecem, dos quais não percebemos, no automatismo em que vivemos. Com o exercício de "brincar" com a lição do dia no escritório, melhoramos, mas não é fácil trazer isto para o coração, pelo menos não o tempo todo.

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  2. Talvez se possa pensar em fazer o movimento contrário...isto é, levar o coração para isto. Na prática isso não é nada mais do que o "lembrar-se de si" que Gurdjieff recomendava. E é claro que é muito mais fácil dizer do que fazer. Mas é para isto que serve a prática dos exercícios.
    Obrigado por compartilhar.

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