segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Três grandes lições. E uma quarta.

Uma das lições que considero mais importantes para minha vida me foi dada por um amigo, padre franciscano, frei Wilson João, há muitos anos. Ele disse, na ocasião, que um dos segredos para se viver bem é estar sempre preparado para o inesperado. Isto, aparentemente, é "chover no molhado", óbvio, lógico e simples. Mas não é tão fácil quanto parece. Porque gostamos de ter o controle das coisas, tudo aquilo que surge de modo inesperado nos pega, muitas vezes, desprevenidos. Esquecemo-nos de que o controle é falso e de que, de fato, a maior parte do tempo, não temos nem mesmo o controle sobre nossos próprios pensamentos. Apenas porque não damos a eles a devida atenção.
Aliás, esta ideia de controle sobre os pensamentos traz em si a segunda grande lição de minha vida. A primeira que aprendi depois de ter contato com o UCEM. Quem a deu foi Anna Sharp, professora querida do UCEM, que em um dos primeiros encontros de que participei, ao falar das emoções, disse que nossas emoções - todas - são apenas o resultados de processos bioquímicos em nosso organismo, processos estes que são desencadeados pelos pensamentos. Na ocasião ela disse, com todas as letras, que podemos, sim, regular e controlar todas as nossas emoções, bastando para isso que prestemos atenção à força e ao poder que damos a determinados pensamentos. Isso equivale a dizer que aqueles de nós que prestam atenção a seus pensamentos são capazes de alterar seu estado de espírito da forma que bem entenderem, quando quiserem, para experimentar cada vez mais o contato com a alegria perfeita, sem se deixarem enganar por estados emocionais que possam afastá-los dela.
A terceira grande lição, em meu modo de entender, me foi dada por uma fala de São Francisco, em um livro biográfico que narrava uma viagem dele com um grupo de soldados na época das Cruzadas. Certa noite, se bem me lembro, conversando com um soldado ele afirmou que "a paz entre os homens jamais será conseguida contra outros homens, nem de resto contra qualquer coisa que seja". A ideia é esta. A frase talvez não seja exatamente assim porque a cito de memória, uma vez que emprestei o livro a um amigo e nunca mais o vi. Nem o amigo.
Mas comecei este texto pensando em citar uma frase do UCEM que me parece conter outra grande lição, que tem a ver com todas estas de que falei acima. Ao se referir à pergunta a respeito de como a mente pôde criar o ego, o Curso diz que esta é a melhor pergunta que podemos fazer, mas que é uma à qual não faz sentido responder em termos de passado, "porque o passado não importa e a história não existiria se os mesmos erros não estivessem sendo repetidos no presente".
E por que repetimos no presente os erros do passado? Esta é uma pergunta que me fiz durante muitos anos, até cruzar com o livro O Homem à Procura de Si Mesmo, de Rollo May, que a respondeu falando da necessidade que cada um de nós tem de experimentar por si mesmo. Apesar dos exemplos da história, quer seja a de cada indivíduo no grupo de que faz parte, quer seja a da humanidade toda, pelas informações que nos chegam ao conhecimento, precisamos testar para comprovar e aprovar, ou desaprovar, pessoalmente, um comportamento, uma atitude ou uma solução para uma questão qualquer que nos aflija. Isto é, a maioria de nós não é adepta daquela frase famosa que diz que o tolo só aprende - quando aprende - a partir de seus próprios erros, enquanto o sábio aprende também com os erros dos outros. Somos todos tolos a maior parte do tempo. Ou vivemos como tolos. Porque é o que o mundo nos ensina.
Assim, talvez, seja interessante experimentar por alguns momentos pôr em prática a ideia que nos traz a lição do UCEM para este dia 9 de fevereiro, a de número 40, que trata de nos ensinar a "reivindicar algumas da coisas felizes" a que temos direito por sermos o que somos. O Curso nos aconselha a usar a ideia a cada dez minutos, se for possível. Se não, que a usemos sempre que for possível, dizendo simplesmente: Eu sou abençoado como um Filho de Deus. Quem sabe esta ideia seja o começo de uma mudança que vai nos preparar para o inesperado, que vai nos fazer parar quando aparecer em nós o pensamento de lutar contra, ou de ser contra qualquer coisa, e que vai nos ensinar a colocar a atenção em nossos pensamentos como forma de aprendermos a assumir o controle pelas emoções que criamos em relação a todos os esperados e inesperados que se apresentarem a nossa experiência. Aliás, é bem possível que esta ideia nos mostre que tudo o que se apresenta a nós é uma bênçao, que normalmente não sabemos reconhecer ou agradecer.

2 comentários:

  1. Obrigada pelo texto de hoje, veio a calhar mesmo, hoje me "distrai" e pronto lá estava eu com o cavalo nas costas, ou seja com o ego me dominando, ainda bem que podemos começar tudo de novo!!
    Falando em livros, estou lendo "Conversando com Deus", se você adivinhar quem me emprestou te dou uma bala ...risos ...
    Tem uma parte que Deus diz que a vida nao é uma escola:
    A escola é um lugar para onde você vai se há algo que não sabe e deseja saber.Não é um lugar para onde vai se já se sabe uma coisa e deseja apenas experimentar o seu conhecimento...
    Só saberemo o que somos quando soubermos o que não somos,primeiro temos que não ser para sermos,se não existisse o medo como saberiamos que o oposto dele é o amor? Precisamos saber que o medo existe para sabermos que o amor existe...
    é meio complicado
    Então fazemos coisas que não devemos para sabermos o que devemos fazer, quando na verdade não existe o que "não devemos" porque não existe certo e errado, apenas ação e reação...
    Desta forma temos que agradecer quando fazemos algo que não somos para enfim sabermos quem somos, ou agradecer quando experimentamos o ego para sabermos o oposto dele ...
    Alias temos que agradecer por tudo!!
    Bom efim é isso ... será que estou correta? Mas se não existe o correto, bom será que aprendi o oposto então ??? risos ... vou começar a estudar filosofia .... ser ou não ser ...bjs Duda

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  2. É isto mesmo... e muito mais... é tudo. Absolutamente tudo. O que acontece é que, no comum de nossos dias, não temos consciência de nós criamos tudo o que nos cerca. Certo ou errado. Certo e errado. Preto e branco e todo o resto. E pensamos em cada coisa, e em nós mesmos, como separados de todas as outras coisas. Assim, há muito mais de nós mesmos naquilo que pensamos não ser do que naquilo que pensamos ser. Porque normalmente rejeitamos aquelas partes de nós que não nos agradam. A sombra. O lado negro da força, rs... Por isso, às vezes, precisamos entrar em contato com a mesma situação ou experiência mais de uma vez. Para integrá-la como parte de nós mesmos. Algo de que tínhamos esquecido. Aliás filosofia é uma das coisas que precisamos nos lembrar, que faz parte de nossas necessidades para apreender o mundo. Como todos sabem a palavra significa "amigo da sabedoria", ou do saber. Um bom começo é o livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. E é bom lembrar que "tudo está absolutamente certo exatamento da forma como está". Agora e sempre.
    Obrigado por comentar e compartilhar.

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