domingo, 1 de fevereiro de 2009

O mundo serve para quê?

Hoje, antes de falar da lição que o UCEM nos oferece, gostaria de tecer alguns comentários específicos, não apenas a respeito da ideia que o exercício traz, mas também acerca da forma como ela chega até nós, leitores de língua portuguesa.
É claro que, antes de mais nada, precisamos agradecer à Lilian pela maravilhosa tradução que seu imenso trabalho nos deu. No entanto, acho que todos podemos contribuir para o melhor entendimento daquilo que o livro quer nos dizer, "traduzindo" algumas ideias de um modo que facilite e/ou simplifique a mensagem de forma que ela possa ser mais claramente compreendida e, desta maneira, melhor aplicada na prática.
A lição de hoje, em sua forma original diz o seguinte: I have invented the world I see. E aqui acho que é preciso algum comentário a respeito do tempo verbal da língua inglesa. O uso do verbo "to have" em suas formas do presente [o que é em português o presente do indicativo] mais um verbo no particípio dá origem, em inglês, a um tempo verbal chamado "present perfect", que não tem correspondente em português. Este tempo normalmente se refere a uma ação que começou, no passado, e que continua a acontecer agora, no presente. Assim, creio que a melhor tradução para a ideia de hoje é: Eu invento o mundo que vejo. Porque tratamos aqui de um processo que não acabou. Um processo que, aliás, não acaba nunca.
Outra observação cabe em relação ao verbo "inventar". Dos nove possíveis significados [vide Dicionário Houaiss de Sinônimos] que ele tem em português, seis deles trazem como sinônimo o verbo "criar". Nada mais óbvio, então, que afirmar que a ideia de hoje pode ser traduzida como: Eu crio o mundo que vejo. O que é, se pensarmos em tudo o que já foi dito neste espaço anteriormente, expressão da mais absoluta verdade, considerando-se os ensinamentos do UCEM.
Aproveitemos, pois, para refletir, ainda que brevemente, nas possibilidades que a ideia de hoje nos traz. Além de incluir nesta reflexão, é claro, espaço e tempo para pensar quanto das informações e afirmações que nos chegam espelham, de fato, a verdade. Quanto daquilo que vemos e ouvimos falar de alguém traduz a verdade ou apenas uma forma que quem nos fala tem para traduzir o que entende? Quanto daquilo que nós mesmos dizemos revela a verdade ou apenas uma interpretação que fizemos ou fazemos dos fatos? Quantos fatos são, de verdade, fatos ou fantasias que "criamos" ou "inventamos" a respeito de acontecimentos ou de situações que gostaríamos fossem fatos?
Mais importante que tudo, porém, me parece, em relação à ideia de hoje é entendermos de uma vez por todas que o mundo não está à procura de vítimas. Que não somos - nenhum de nós é - a vítima do mundo que vemos, para lembrar também a lição de ontem. O mundo, como o vemos, e tudo o que existe nele, é uma criação individual nossa. O que equivale a dizer, como diz Miguel Torga em seu livro A Criação do Mundo, que existem tantos mundo quantos são os indivíduos. E que cada um cria, inventa, e constroi, o mundo no qual quer viver, apresente-se ele do modo que for.
Entender isso implica reconhecer a responsabilidade que cada um de nós tem com seu mundo, aquele que compartilha com todos. Ao mesmo tempo nos dá plena e total liberdade para mudar toda e qualquer coisa que não atenda nosso desejo de viver a alegria permanentemente.
Conto com sua contribuição e comentários.

3 comentários:

  1. Que ótimo além de aprendermos o ensinamento do livro aprendemos um pouco de Inglês!!Hoje não tenho perguntas concordo plenamente com a lição de hoje!!Ninguém é vítima, criamos o mundo que vemos. Bjs

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  2. O texto é perfeito, mas praticar o "nao sou vitima", é um exercicio bem dificil. Novamente a autoresponsabilidade e o poder divino que temos dentro de nós.

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  3. É claro que sabemos, no fundo, que ninguém é vítima do mundo, nem de resto de qualquer situação ou de qualquer pessoa. E sabemos disso também intelectualmente. O que necessariamente não torna fácil o exercício de viver no mundo. Porque normalmente nos deixamos envolver, nas situações todas que se apresentam a nós, pelas emoções antes de pôr nossa atenção ao significado que a situação nos oferece. Vivemos, no automático, lembrando de um texto anterior, a maior parte do tempo, esquecidos da "tal" responsabilidade. É como se renegássemos nossa participação na autoria da obra que é a construção de nossa vida. Ora porque nos sentimos incapazes de fazer dela uma obra-prima, ora porque não gostamos do que vemos. E vezes sem conta porque nos parece muito mais fácil jogar a culpa ou a responsabilidade no outro ou outros que povoam nosso mundo.
    Duda e Sylvia, obrigado por comentarem. Aqui, assim, aprende-se inclusive português, espero.

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