segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Para nos livrarmos das falsas identificações


LIÇÃO 9

Eu não vejo nada tal como é agora.

1. Esta ideia, obviamente, resulta das duas anteriores. Mas, embora possas ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é improvável que ela signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, neste ponto a compreensão não é necessária. De fato, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer tuas ideias falsas. Estes exercícios se ocupam da prática, não da compreensão. Tu não precisas praticar aquilo que já compreendes. Na verdade, visar à compreensão e pressupor que já a tens seria andar em círculos.

2. É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Esta ideia pode ser bastante assustadora e pode encontrar resistência ativa sob inúmeras formas. No entanto, isso não impede sua aplicação. Não se pede nada mais do que isso para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo afastará um pouco as trevas e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha ficado livre dos escombros que o escureciam.

3. Estes exercícios, para os quais três ou quatro períodos de prática são suficientes, envolvem olhar ao redor de ti e aplicar a ideia do dia a qualquer coisa que vejas, lembrando-te da necessidade de aplicação que não faça distinções e da regra essencial de não excluíres nada. Por exemplo:

Eu não vejo esta máquina de escrever tal como ela é agora.
Eu não vejo este telefone tal como ele é agora.
Eu não vejo este braço tal como ele é agora.

4. Começa com as coisas mais próximas de ti e depois estende o alcance para fora:

Eu não vejo aquele cabide de casacos* tal como ele é agora.
Eu não vejo aquela porta tal como ela é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como ele é agora.

5. Salienta-se mais uma vez que, embora não se deva tentar uma inclusão total, tem-se de evitar qualquer exclusão específica. Certifica-te de que és honesto para contigo mesmo ao fazer esta distinção. Podes ser tentado a escondê-la.



*NT: Vide nota à tradução da lição conforme publicação em 9 de janeiro de 2010. 

*

COMENTÁRIO:

Vejam só que interessante. Procuro e procuro, e procuro e mais procuro, e nada de encontrar. Queria usar mais uma vez alguma coisa dos comentários de Tara Singh [lembram-se dos comentários a estas dez primeiras lições feitos no ano passado?] para ampliar e estender a reflexão a respeito da ideia que o Curso nos oferece para as práticas nesta segunda-feira, dia 9 de janeiro. Não achei.


Mas vejam só o que achei em um livro que traz alguns aforismos iogues de Patanjali, comentados por Swami Prabhavananda e Christopher Isherwood. Ao falar a respeito do sofrimento em um dos aforismos, Patanjali diz que ele pode ser evitado, já que "o sofrimento é provocado pela falsa identificação de quem experimenta com o objeto experimentado". O comentário feito por Swami e Christopher se vale do Bhagavad-Gita que diz a certa altura que:


A alma iluminada...
pensa sempre: "Não estou fazendo nada."
Seja lá o que for que veja,
ouça, toque, cheire, coma,
Estará sempre certa de que:
"Não estou vendo, não estou ouvindo;
são os sentidos que veem e ouvem
e tocam as coisas sensíveis".


Não lhes parece que isso tem tudo a ver com aquilo que vamos praticar com a ideia de hoje, e que certamente está intrinsecamente ligado a todas as ideias anteriores de nossas práticas? Eis aí, eu diria, a razão por que estas primeiras lições são tão importantes. Elas nos dão o fundamento lógico a partir do qual podemos desmontar o aprendizado do mundo, baseado nos sentidos, tão enganadores quanto o falso eu, cuja meta é nos convencer de que somos, de fato, capazes de ver e de que tudo o que existe é apenas a ilusão de um mundo que, parece-nos, construímos a partir dos sentidos.

2 comentários:

  1. Moisés
    Já eu, achei com facilidade o teu comentário do ano passado para a lição de hoje. Quer umas aulas? rs...
    Veja abaixo...
    Assinado: Assessoria Super Especial (e modesta) ao Blog, rs...
    Bjs
    _____________________________________________

    domingo, 9 de janeiro de 2011

    Testar nossa capacidade de atenção ao agora
    LIÇÃO 9


    Eu não vejo nada tal como é agora.

    COMENTÁRIO:

    Neste domingo, dia 9 de janeiro, já somos capazes de, conforme comentei anteriormente, a partir do contato com a ideia de que só vemos o passado, perceber de forma mais clara que, nas condições normais em que vivemos, habitualmente distraídos de nós mesmos e de praticamente tudo o que nos rodeia, não somos capazes de ver nada tal como se apresenta no momento presente. No agora.

    O que nos diz Tara Singh** a este respeito? Diz ele que:

    "Nós olhamos para tudo por meio de imagens do pensamento que mantêm vivo o passado. Essas imagens não são reais porque o que é real existe agora [neste exato momento]. Preocupadas com pensamentos do passado, nossas mentes alimentam ilusões sem fim. Nós não estamos no agora. Se estivéssemos no agora - neste momento - não seríamos capazes de dar nome a nada. Quando isolamos e damos nome a uma flor, por exemplo, não a vemos. Quando se "vê" algo agora, ele nos liga à eternidade.

    "Uma flor não pode existir se, por milhões de anos, não choveu ou se não houve ar e luz do sol. Quantas folhas se prestaram a fazer o solo à volta dela. Uma flor pode nos ligar à verdadeira criação deste planeta [e deste universo]. Ele é uma expressão alegre do eterno, da energia criativa. Ela não está limitada pelo tempo.

    "Mas nós não podemos experimentar a completude no presente porque estamos presos no passado. O que poderia ser pior?

    As práticas podem nos levar a experimentar o agora, se dedicarmos toda a nossa atenção à lição, ainda que apenas por um instante.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Nina...

    Mas eu não me referia a este comentário... estava me referindo ao livro de onde tirei o comentário, que ainda não consegui encontrar. Porque o que aproveitei dele no ano passado era apenas uma agulha num palheiro. Aí pensei em tirar mais algumas das sugestões que ele trazia a respeito de como praticar a ideia da lição de hoje.

    De qualquer forma muito obrigado pela atenção. E obrigado por comentar.

    Beijos.

    ResponderExcluir