sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

De que podemos sentir medo na verdade?


LIÇÃO 13

Um mundo sem significado* gera medo.

1. A ideia de hoje é, na verdade, outra forma da anterior, exceto que ela é mais específica em relação à emoção despertada. De fato, um mundo sem significado é impossível. Não existe nada sem significado. No entanto, disso não decorre que não pensarás que percebes algo que não tem nenhum significado. Ao contrário, estarás particularmente inclinado a acreditar que, de fato, o percebes.

2. O reconhecimento da falta de significado desperta profunda ansiedade em todos os separados. Ele representa uma situação em que Deus e o ego "desafiam" um ao outro para decidir de quem é o significado a ser escrito no espaço vazio que a falta de significado oferece. O ego se lança de modo frenético para estabelecer suas próprias ideias aí, com medo de que, caso não o faça, o vazio seja utilizado para demonstrar sua própria impotência e irrealidade. E somente nisto ele está correto.

3. Por isso, é essencial que aprendas a reconhecer o sem significado e a aceitá-lo sem medo. Se tiveres medo, é certo que dotarás o mundo de características que ele não possui e o atulharás de imagens que não existem. Para o ego, ilusões são dispositivos de segurança, do mesmo modo que elas também têm de ser para ti, que te equiparas ao ego.

4. Os exercícios para hoje, que devem ser feitos cerca de três ou quatro vezes por não mais do que mais ou menos um minuto no máximo, de cada vez, devem ser práticados de um modo um pouco diferente dos anteriores. De olhos fechados, repete a ideia de hoje para ti mesmo. Em seguida, abre os olhos e olha a tua volta lentamente dizendo:

Estou olhando para um mundo sem significado.

Repete esta declaração para ti mesmo enquanto olhas ao teu redor. Então, fecha os olhos e conclui com:

Um mundo sem significado gera medo porque eu penso
que estou em competição com Deus.

5. Podes achar difícil evitar algum tipo de resistência a esta declaração final. Seja qual for a forma que tal resistência possa tomar, lembra-te de que estás, de fato, com medo de tal pensamento por causa da "vingança" do "inimigo". A esta altura, não se espera que acredites na declaração e, provavelmente, a rejeitarás como absurda. Observa com muito cuidado, porém, quaisquer sinais de medo, evidentes ou dissimulados, que ela possa despertar.

6. Esta é nossa primeira tentativa de declarar uma relação explícita de causa e efeito de um tipo que estás muito inexperiente para reconhecer. Não te demores na declaração final e tenta nem mesmo pensar nela, exceto durante os períodos de prática. Neste momento isso será suficiente.

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*NOTA DE TRADUÇÃO: Valem as observação feitas para as lições 11 e 12.

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COMENTÁRIO:

Lembram-se do comentário que fiz para esta lição em 13 de janeiro de 2010? E do comentário de 2011?

Parece-me que, incluindo apenas pequenas alterações, devo lembrá-los mais uma vez, já que nós todos, ou quase todos, de uma forma geral, como eu disse lá e repito aqui, ainda estamos aparentemente buscando o caminho para nós tornarmos aquilo que já somos e de que esquecemos. Ou para nos lembrarmos de que, como o Curso diz, a jornada que fazemos é uma jornada sem distância. E de que nosso esquecimento só se deu, e se dá, em função do medo que temos de enfrentar as crenças que nos foram ensinadas ao longo do tempo.

Revendo, pois, ligeiramente o que eu dizia nos dois últimos anos a respeito da ideia que vamos praticar nesta sexta-feira, 13, [isso lhes traz algum medo?, a lembrança de alguma superstição aprendida no passado?] o comentário era o seguinte: 


A lição deste dia 13 de janeiro começa, de forma mais contundente, a colocar "o dedo na ferida". A apontar as razões pelas quais nos apegamos às ilusões de mundo que construímos. E me faz lembrar de que o maior medo do ego (o falso eu), que pude observar e perceber até o presente - não apenas nos grupos de estudos de UCEM, mas em todas as circunstâncias em que alguém tem de enfrentar uma verdade que desafia seu modo de ver e de pensar o mundo -, é o de ter de abandonar suas crenças. É o de ter de se desfazer de suas ilusões. É o de perder o poder e o controle que pensa exercer sobre corpos e mentes daqueles que se acreditam apenas corpos, e que começam a despertar.

É certo que um mundo sem significado só pode gerar medo, uma vez que estamos todos, de algum modo, quer conscientes disso ou não, buscando um sentido para nossas vidas. E ouvir dizer que o mundo não tem significado pode ser uma verdadeira bofetada nas crenças que acalentamos. Tirar do mundo, e das coisas do mundo, o significado que damos a ele, e a elas... a tudo aquilo a que nos apegamos é como tirar o chão sobre o qual pisamos. Como viver, então, se aquilo em que acreditávamos, de fato, não existe? Como seguir adiante se tudo o que fazemos, na verdade, é repetir os equívocos, em função de vivermos prisioneiros das memórias e lembranças de um tempo -  o passado - que já não existe, ou de basearmos e dirigirmos nossas ações para outro tempo - o futuro - que também não existe?

Por isso, entre outras coisas, estou certo de que vale a pena continuar as práticas. Na pior das hipóteses, elas vão ensinar as formas pelas quais podemos dedicar mais e mais nossa atenção ao presente, a nós mesmos, a olharmos para dentro à procura do Ser, do que somos verdadeiramente, a calar a voz do falso eu e a buscar ouvir a Voz por Deus em nós mesmos. Vão nos permitir fazer, de fato, a escolha de abandonar cada vez mais o julgamento que o mundo ensina. E a limpar nossas memórias, para agirmos no mundo a partir da inspiração do presente. O único tempo que existe. 


Na verdade, só podemos nos sentir inseguros, indefesos e sujeitos a quaisquer ataques, quando nos esquecemos de Deus. Isto é, quando damos realidade à crença na separação. O medo que podemos sentir nada mais é do que acreditar que Deus em algum momento pode nos abandonar. Ou porque pecamos, ou porque não nos consideramos merecedores de Seu perdão, de Seu amor. Ou porque não nos vemos como filhos d'Ele. De fato, isso tudo é parte da ilusão que o mundo do falso eu nos ensina, e que as práticas vão nos ajudar a desaprender.

E aí pergunto de novo: que lhes parece? Faz sentido?


OBSERVAÇÃO: Acho que até vale a pena dar uma passada de olhos nos comentários que "rolaram" no ano passado. Até porque, com a mudança de locais e momentos, algumas circunstâncias a respeito das quais alguém comentou lá continuam as mesmas. O que significa que muitos de nós ainda mantemos as mesmas crenças na possibilidade de que este período do ano - qualquer que seja ele - traga desastres e enchentes e provoque mortes e desabamentos e deixe pessoas desabrigadas. É interessante notar que nos esquecemos de que, com Deus, nunca estamos sem abrigo.

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