segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É preciso abrir mão do mundo para ganhar o mundo

LIÇÃO 311

Vejo todas as coisas como quero que sejam.

1. A percepção vem depois do julgamento. Depois de julgar, vemos então aquilo que queremos ver. Pois a vista serve simplesmente para nos oferecer o que queremos. É impossível não ver aquilo que queremos ver e deixar de ver aquilo que escolhemos ver. Com quanta certeza, então, o mundo real tem de vir saudar a visão sagrada de qualquer pessoa que adota o propósito do Espírito Santo como sua meta para a visão. Porque ela não pode deixar de olhar para aquilo que Cristo quer que veja e de compartilhar o Amor de Cristo por aquilo que vê.

2. Não tenho nenhum objetivo hoje a não ser o de olhar para um mundo liberado, livre de todos os julgamentos que fiz. Pai, esta é Tua Vontade para mim hoje e, por isso, ela tem de ser também a minha meta.

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COMENTÁRIO:

Vejo todas as coisas como quero que sejam [Lição 312]. Julgo todas as coisas como quero que sejam [Lição 311]. Poderia ser diferente? Não! A não ser que continuássemos no auto-engano de acreditar que existe alguma coisa fora de nós. Ou que existe uma vontade diferente da Deus. Ou que existe algo fora de Deus.

Faço este comentário tendo em mente uma conversa que tive com minha irmã na última sexta-feira. Uma longa conversa que incluia a percepção de que todos estamos errados, quando acreditamos que o que vemos é alguma coisa diferente de ilusão. Ou quando acreditamos existir alguma coisa fora de nós, dinheiro, poder, prestígio, por exemplo, que possa fazer com que o mundo venha a ser de alguma forma um lugar mais fácil de se viver.

Notar, perceber, entender, trazer à consciência, aceitar e reconhecer que "A percepção vem depois do julgamento" (grifo meu) é IMPORTANTÍSSIMO. Aqui, na compreensão disto, está a chave para se entender as razões pelas quais nossas experiências se apresentam a nós desta ou daquela forma. É nosso julgamento que determina a percepção que vamos ter. Ou como o Curso diz em outro momento: "A percepção é um espelho, não um fato". Vejam bem: "Depois de julgar, vemos então aquilo que queremos ver". Pois a visão dos olhos do corpo, ou a percepção de qualquer de nossos sentidos, só nos oferece aquilo que queremos, aquilo que escolhemos ver, tocar, cheirar, ouvir ou saborear, provar. O mesmo acontece em relação ao que escolhemos sentir a partir da percepção. A experiência se apresenta, nós a interpretamos [damos um significado a neutralidade dela em nosso julgamento] e decidimos sofrer, sentir dor, raiva, medo, culpa, mágoa e assim por diante.

É preciso que nos lembremos daquilo que o Curso ensina e que muitas vezes passa desapercebido por nossos sentidos humanos. Nós nunca, ou quase nunca, reagimos aos fatos. Só reagimos à interpretação que fazemos deles. É por esta razão que, em geral, não conseguimos nos desvencilhar de um hábito, abandonar uma crença que nos impede de desfrutar da alegria de viver o presente. Estamos amarrados à crença de que podemos ver de modo diferente sem mudar, de fato, as crenças, sem ir fundo naquilo que nos aprisiona para questionar as razões pelas quais na maior parte do tempo não vivemos a vida que queremos viver.

Acho que a esta altura do aprendizado e das práticas já deve ser possível a cada um de nós refletir de forma honesta acerca da verdade da ideia que praticamos nesta segunda-feira, dia 8 de novembro, bem como daquela que praticamos ontem. Ambas são básicas para aprendermos a pôr em xeque o porquê de vermos o mundo do modo como o vemos. E de ainda acreditar que há alguma coisa real no que vemos.

Lembram-se das primeiras lições que nos diziam que nada do que vemos tem qualquer significado? Ou que somos nós quem damos significado a tudo que vemos? Ou que não entendemos nada do que vemos? Ou ainda aquela que nos garante que nunca estamos transtornados, aborrecidos, magoados ou preocupados pela razão que imaginamos, pois só nos aborrecemos ou preocupamos com ideias que vêm do passado, um tempo que não existe?

Na verdade, o Curso nos ensina também que não somos capazes de ver as coisas - ou pessoas - para as quais olhamos como elas são no momento em que dirigimos nosso olhar para elas, pois nossos pensamentos não têm qualquer significado e só vemos o passado. Porque julgamos para poder ver o que queremos. Nossos pensamentos são julgamentos que fazemos e transformam muitas vezes o que vemos em "uma forma de vingança".

Bem feito! Não é assim que reagimos quando alguém vem nos contar que lhe aconteceu alguma coisa acerca da qual já o (a) havíamos alertado? E quantas vezes "torcemos" para que alguém, que não nos quis ouvir, se dê mal para provar que estávamos certos?  Quantas vezes pedimos uma prova concreta para um pensamento que sabemos correto, mas no qual não queremos acreditar porque vai de encontro à crença que queremos manter, sabendo que "o concreto" é apenas mais uma forma de ilusão que materializamos?

Daí o Curso nos perguntar a certa altura se queremos ser felizes ou ter razão. Não é possível ter os dois. Aliás, é preciso aprendermos a abrir mão de todas as certezas que não venham do Amor. Precisamos aprender a abrir mão do mundo inteiro para ganhar o mundo. Precisamos nos entregar por inteiro ao espírito, se quisermos, de fato, encontrar a paz de espírito por que ansiamos e que só o Amor de Deus pode nos dar.

2 comentários:

  1. .

    Oi Moiss ...

    Esse seu comentário, foi tão bem explicado, que se o levarmos em consideração e o praticarmos, ( e que é o mesmo do ensinamento), mas de forma mais clara, estaremos a salvo bem mais "rápido" dessa ilusão toda, e de todo infurtúnio que ela nos traz. Obrigada mais uma vez, pela sua clareza em nos transmitir as lições, sempre nos oferece esse apoio, esse complemento tão rico e facilitador.

    Muito grata ... sempre ... meu querido ...
    Milagres a todos.

    Carmen.

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  2. Eu que agradeço, Carmen, querida.

    Há quanto tempo, não? Você estava viajando? Muito ocupada? De férias?

    Espero você à noite.

    Obrigado por comentar.

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