segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Somos aquilo que buscamos encontrar

LIÇÃO 326

Sou um Efeito de Deus para sempre.

1. Pai, fui criado em Tua Mente, um Pensamento santo que nunca deixou seu lar. Sou Teu Efeito para sempre e Tu és minha Causa para todo o sempre. Continuo a ser tal qual Tu me criaste. Ainda habito o lugar em que Tu me puseste. E todos os Teus atributos moram em mim, porque é Tua Vontade ter um Filho tão semelhante a sua Causa, que a Causa e Seu Efeito são indistinguíveis. Deixa-me saber que sou um Efeito de Deus e que, por isso, tenho o poder de criar do mesmo modo que Tu. E que é assim tanto no Céu quanto na terra. Sigo Teu plano aqui e sei que no fim Tu reunirás Teus efeitos no Céu sossegado de Teu Amor, onde a terra se desvanecerá e todos os pensamentos separados se unirão na glória na condição de Filho de Deus.

2. Vejamos a terra desaparecer hoje, primeiramente transformada e, em seguida, perdoada, inteiramente desvanecida na Vontade santa de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Leio em Criação Imperfeita, o novo livro do físico brasileiro, Marcelo Gleiser, um novo mito da criação, adequado aos tempos modernos que vivemos, sob a ótica de todas as descobertas e hipóteses científicas a respeito até o momento presente. De acordo com ele, no novo mito: "A Santíssima Trindade... é o Espaço, o Tempo e a Matéria. Não existe um Criador; nenhuma mão divina guia a transição do Ser ao Devir* [ao Vir a Ser], a emergência do cosmo a partir de uma existência atemporal. O Universo surgiu por si mesmo, uma bolha de espaço vinda do vazio: creatio ex nihilo, a criação a partir do nada".

O que vocês acham? Que lhes parece?

No mesmo parágrafo, porém, que está logo no início do livro, Marcelo diz que: "Essa possibilidade nos parece implausível, já que tudo o que ocorre à nossa volta resulta de uma causa. Será que o Universo é diferente? Será que tudo pode mesmo surgir do nada? Sem uma causa?"

E na continuação: "A causa que deu início a tudo, o primeiro ele da longa corrente causal que leva da criação do cosmo ao presente, é tradicionalmente conhecida como a Primeira Causa. Para iniciar o processo da criação, nada pode precedê-la: a Primeira Causa não pode ter uma causa; ela tem de ocorrer por si só. O desafio é como implementar essa misteriosa Primeira Causa, como dar sentido a algo que parece violar o bom-senso".

E o livro vai tratar de buscar, à luz da Ciência, dar uma resposta para tal desafio, uma vez que não lhe serve a dada pelas religiôes até agora.

A lição para esta segunda-feira, dia 22 de novembro, nos oferece para as práticas a ideia de que somos um efeito de Deus para sempre. Uma ideia que passa ao largo das questões da ciência e das religiões, pois ensina a nos considerarmos efeitos da Causa Primeira, efeitos de Deus, Pensamentos d'Ele, que criam da mesma forma que Ele.

Não há, pois, razão alguma para se pensar em um universo criado pronto, acabado, ou em um tempo em que nada existia. Conforme o Curso ensina nunca houve um tempo em que Deus não existisse e, por consequência,  também nunca houve um tempo em que todos os Seus Pensamentos não existissem n'Ele e com Ele.

Este mundo e este universo, para os quais buscamos uma causa, são apenas frutos de uma ilusão de separação que nunca existiu, uma vez que Criador e criatura continuam a ser uma coisa só. Isto é, de acordo com Alam Watts, parafraseando o ensinamento dos Upanixades: "nunca houve um tempo em que o mundo começou". Dito de outro modo, a Criação é sempre agora, no momento presente, não tem começo nem fim. Ou, como diz o Curso, seu começo e fim são o mesmo.

*NOTA: É interessante pensar que essa possível transição do Ser ao Devir [ao Vir a Ser, ao tornar-se] só faz sentido quando se acredita em uma separação entre a Causa e o Efeito. Na verdade, conforme nos ensina o Curso e como buscam nos ensinar quase todas as tradições espirituais conhecidas, esta separação nunca aconteceu. Assim, quando pensamos que nosso estar-no-mundo cumpre a função de uma busca de nos tornarmos o que somos, isso só faz aumentar o equívoco e a crença na ideia da separação. Não podemos vir a ser o que já somos. Sempre fomos, somos e seremos eternamente o Ser que buscamos encontrar, ou vir a ser.

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