terça-feira, 5 de outubro de 2010

Escolhendo aprender a afinar o instrumento

LIÇÃO 278

Se eu for limitado, meu Pai não é livre.

1. Se eu aceitar que sou prisioneiro em um corpo, em um mundo no qual todas as coisas que aparentam viver parecem morrer, então, meu Pai é prisioneiro comigo. E é nisto que acredito quando afirmo que tenho de obedecer às leis que o mundo obedece; que as fragilidades e os pecados que percebo são reais e não se pode fugir deles. Se eu for limitado de qualquer modo, não conheço meu Pai nem meu Ser. E estou perdido para toda realidade. Pois a verdade é livre, e aquilo que é limitado não é uma parte da verdade.

2. Pai, não peço nada senão a verdade. Tenho muitos pensamentos tolos acerca de mim mesmo e de minha criação, e trago um sonho de medo em minha mente. Hoje não quero sonhar. Escolho o caminho para Ti em lugar da loucura e em vez do medo. Pois a verdade é segura e só o amor é certo.

*

COMENTÁRIO:

Pois não é que o jagunço insiste em dar o ar de sua graça? Vejam o que ele diz a certa altura do livro Grande Sertão: Veredas, e que pode servir para nossa reflexão acerca da ideia para as práticas desta terça-feira, dia 5 de outubro.

"... o demônio não existe real. Deus é que deixa se afinar à vontade o instrumento, até que chegue a hora de se dansar*. Travessia, Deus no meio..."

Isto é, o ego não existe realmente. Wei Wu Wei também afirma a mesma coisa com palavras diferentes. Diz ele: "nós não possuímos um ego. Estamos possuídos pela ideia de um". Por isso, quando acreditamos que qualquer coisa fora de nós pode nos atingir, fazer sofrer, trazer dor ou alegria, estamos apenas inconscientes das escolhas que fizemos. Ainda estamos afinando o instrumento à espera da hora de dançar. Ainda estamos na travessia. E, com certeza, Deus está conosco.

O jagunço comenta em outro ponto, ainda a este mesmo respeito, que: "Os morcegos não escolheram de ser tão feios tão frios - bastou só que tivessem escolhido de esvoaçar na sombra da noite e chupar sangue. Deus nunca desmente. O diabo é sem parar."

Em que queremos acreditar? No julgamento que fazemos das coisas, sob a orientação do ego, limitando-as a uma aparência que não reflete a pureza, a alegria e a vida que recebemos de Deus, ou na possibilidade de que tenhamos, sim, a escolha de afinar o instrumento para entoar a melodia em nosso próprio tom, em sintonia com o amor ilimitado de Deus? Se vocês ainda se recordam do que a Anna dizia, hão de se lembrar de que "Deus só diz sim". Por isso Ele nunca desmente. E o ego é que é sem parar.

Ou vocês não sentem nenhuma dificuldade para calar os pensamentos, os julgamentos, para aquietar a mente e deixar que o silêncio de Deus a preencha?

Para terminar este comentário, não há como não citar a sabedoria simples do jagunço Riobaldo, que afirma:

"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."

* A grafia da palavra é escolha do próprio Guimarães Rosa.

5 comentários:

  1. *
    Oi meus amados ...

    E por falar em ... afinar o instrumento para entoar a melodia em nosso próprio tom, em sintonia com o amor ...
    Aí vai uma no mesmo tom ...

    *
    MUSICANDO

    Dançando a dança cósmica
    no seu musical infinito
    sob a regência do Divino Maestro
    passo à passo reencontrei
    a divina dança sobre à dança insana
    desse mundo de ilusões,
    por onde experimentei ...

    O balanço da fé
    a marcha do destino
    a duração da tristeza
    o som da mudez
    o soneto de saudade
    o minueto da carência
    a balada da mágoa
    o timbre do grito
    o compasso da dor
    o ressoar da solidão
    o acorde da morte
    o toque da loucura
    a sonata da trégua
    a pausa da descrença
    o tom da esperança
    a harmonia do silêncio
    a afinação da verdade
    a valsa da alegria
    a melodia da paz
    o concerto milagroso do perdão
    a sinfonia divina do amor
    e a simples mas atemporal, nota de felicidade

    Cada freqüência à seu tempo,
    mas no tempo do agora,
    cadenciados, pelo ritmo da Vida,
    pelo eterno afora.

    Milagres a todos ...

    Carmen Thiago

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  2. Legal, Carmen... Lindo!

    Obrigado por sua bondade em dividir conosco seus insights poéticos da verdade.

    Obrigado por participar.

    Paz e bem!

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  3. Quero aproveitar este espaço também para fazer um agradecimento a um amigo, seguidor anônimo deste blogue.

    Graças a sua compreensão, gentileza e disponibilidade é que esta lição foi publicada, uma vez que no final de semana meu computador sofreu um acidente e ficou inutilizado.

    Ele então, a meu pedido, colocou seu computador e sua casa à disposição para que eu programasse a postagem de hoje, que todos vocês podem ler e comentar.

    Fica aqui registrado, portanto, meu mais sincero agradecimento.

    Obrigado!

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  4. *
    Oi amigo anônimo ...

    Tenho então que lhe agradecer também, já que permitiu o Moisés a fazer essa postagem maravilhosa, como sempre muito acertada e inspiradora, pois foi ela que me inspirou essa colocação poética.

    O que prova o tal efeito borboleta ...
    Uma simples ação que gera uma reação em cadeia, já que nada está separado ... o que o torna co-autor desse poema junto ao Mouss... rsrsrs

    Obrigada, por todos nós ...

    Milagres de montão a vc e todos ...

    Carmen.

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  5. Olá
    Eu também quero agradecer ao seguidor anônimo, pois sabemos que, como tudo é energia, a sua é sentida por todos nós seguidores que eventualmente comentamos e também pelos que acompanham sem comentar.
    Obrigada por estar conosco e pela solidariedade com o acidente do PC do Moisés.
    De resto, sigo trabalhando no exercício de lembrar, lembrar e lembrar...para que o "sim" de Deus faça eco com o meu ser e não com meu ego.
    Este Riobaldo é demais...
    Carmen, lindo poema!
    Bjs a todos

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