quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Abandonar o velho para viver apenas o presente

LIÇÃO 243

Não julgarei nada do que acontecer hoje.

1. Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei aquilo que tem de permanecer além de minha compreensão atual. Não pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos de minha percepção, que são tudo o que posso ver. Reconheço hoje que isto é verdadeiro. E, por esta razão, fico desobrigado de julgamentos que não posso fazer. Deste modo, eu me liberto e liberto àquilo que vejo para ficar em paz tal como Deus nos criou.

2. Pai, hoje deixo a criação livre para ser ela mesma. Aceito todas as suas partes, nas quais me incluo. Somos um só porque cada parte contém a memória de Ti e porque a verdade tem de brilhar em todos nós como um só.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para as práticas desta quarta-feira, dia 31 de agosto, como eu disse no comentário desta mesma lição no ano passado, remete imediatamente à lição de número 132: Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que ele fosse. Uma lição de importância muito grande para a meta do desaprender aquilo que o mundo nos ensina, que praticamos durante os exercícios da primeira parte deste Livro de Exercícios.

Lembremo-nos, para reforçar o aprendizado, que o tema que orienta nossas práticas atuais é: O que é o mundo? Uma pergunta que se justifica porque, de verdade, se formos honestos para com nós mesmos, não sabemos o que ele é. E temos sérias dúvidas acerca do que somos, não é mesmo?

Então, como eu dizia também no comentário do ano passado, como aprender ou apreender o significado do mundo, enquanto o mantemos preso a conceitos e pré-conceitos, baseados apenas na experiência de nossas percepções individuais, que mudam tantas vezes quantas mudam as posições de um ponteiro que marca os segundos em um relógio? (Alguém ainda lembra como é um relógio com ponteiros, rsrsrsrs?).

A verdade é que, se, de fato, prestamos atenção às práticas da primeira parte, aprendemos que elas se destinavam a nos oferecer instrumentos e ideias para que desaprêndessemos os conceitos e pré-conceitos do sistema de pensamento que recebemos do e no mundo [do ego, do falso eu], que aprendemos ao longo do tempo. E que continuamos e continuaremos a aprender enquanto ainda influenciados por aquele sistema, vivendo esta experiência, neste mundo.

Ora, repito, o desaprender de um sistema de pensamento por si só pode facilitar o aprendizado de outro [ou preparar para um salto a uma consciência mais abrangente]. É mais ou menos como aquela historinha zen, se vocês lembram, uma xícara cheia não pode receber mais chá do que sua capacidade, não importa o quanto continuemos a vertê-lo. Para colocar chá novo e quente é necessário esvaziá-la primeiro.

Lembremo-nos de que a ideia que praticamos hoje também tem a ver com a exortação de Jesus a que voltemos a ser como as criancinhas, não no sentido de uma regressão a um estado infantil, mas no sentido de se poder experimentar o mundo e as coisas do mundo sempre como se fora a primeira vez.

As criancinhas não têm nenhum pré-conceito. Olham para o mundo com os olhos da inocência. E conseguem se maravilhar com as coisas mais simples, que nós já reputamos corriqueiras. A xícara de sua inteligência continua a se esvaziar depois de cada experiência. E as deixam prontas para receberem o chá da sabedoria e da informação que se lhes apresente. O tempo não tem significado para elas. Seu maravilhar-se com a vida e com as formas que a vida lhes revela é sempre novo. E se renova a cada instante, a cada experiência, a cada descoberta.

O segredo [se é que existe algum] de que nos esquecemos - por acumularmos conceitos e pré-conceitos ao longo de nossa jornada, sem os descartamos a cada passo na direção do novo - é a prontidão que as crianças têm para aprender. A capacidade que elas têm de se entregarem à experiência, à brincadeira presente, sem reservas. A capacidade de abandonar o que aprenderam anteriormente, a brincadeira anterior, para viverem apenas a do momento. E, como o Curso ensina, elas sabem naturalmente que não precisam fazer nada. Basta ser!

É a isso que as práticas de hoje, feitas de forma honesta e aberta, podem, mais uma vez, nos conduzir.

Um comentário:

  1. Mouss
    Este teu comentário está absolutamente SENSACIONAL!
    Obrigada de verdade!
    A lição de hoje é maravilhosa também.
    Sigo praticando...
    Bjs

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