quarta-feira, 3 de agosto de 2011

"A ação do Espírito Santo é terapêutica."

LIÇÃO 215

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (195) O amor é o caminho que sigo com gratidão.

O Espírito Santo é meu único Guia. Ele caminha comigo no amor. E eu dou graças a Ele por me mostrar o caminho a seguir.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

O comentário feito a esta lição no ano passado buscava fornecer a todos os frequentadores deste espaço mais elementos para o aprofundamento das práticas com a ideia desta quarta, dia 3 de agosto. Assim como penso que fazem todos os comentários.

No ano passado dividi com vocês uma das muitas mensagens que Helen Schucman recebeu da "Voz", esta de 1975, está registrada no livro Absence from Felicity, de Kenneth Wapnick. A mensagem, de acordo com Ken, era uma advertência a Helen, e, por extensão, a nós todos no mundo inteiro, a não acreditar que apenas nosso desejo de ouvir seja suficiente para ouvirmos verdadeiramente. Acho que vale voltar lá e dar uma espiada.

Também a este respeito, como lembra Ken no livro citado, o Curso nos adverte categoricamente: "Não confies nas tuas boas intenções. Elas não são suficientes" (T-18.IV.2:1-2).

Buscando, então, não perder o fio da meada e manter a tentativa de lhes fornecer mais dados para explicar por que razão o Curso e todos os seus professores consideram as práticas extremamente importantes, valho-me mais uma vez do que diz Thomas Keating, em seu livro Intimidade com Deus, que citei ontem em um comentário.

Quando ele se refere ao que chama de Oração Centralizadora, podemos aproveitar o que ele diz e pensar na lições não como práticas concentradoras, nem como exercícios de atenção. O que as práticas nos oferecem diariamente é mais um "exercício de intenção. É nossa vontade, nossa faculdade de escolha, que cultivamos [com as práticas]. A vontade é também nossa faculdade de amor espiritual, que é primordialmente uma escolha. Pode ser acompanhada de sentimentos de amor, mas não os requer. O amor divino não é sentimento [pelo menos não no sentido em que pensamos a respeito do sentimento]. [O amor divino] É disposição ou atitude de submissão contínua e [de cuidado] pelos outros, semelhante [ao cuidado] que Deus tem conosco e com toda coisa viva.

"[Precisamos notar que as práticas com as quais nos comprometemos são a] aceitação não só da presença divina [em primeiro lugar, em nós mesmos], mas também da ação divina. Nossa experiência durante um período de [prática] (ou mesmo fora dele) precisa ser entendida no contexto de nosso relacionamento com o Espírito que é, acima de tudo terapêutico. Por quê? Porque estamos doentes! Se achamos que estamos bem e experimentamos essa atividade curativa (o termo tradicional é 'purificante' [ou purificadora]) ela pode nos causar grande surpresa. Às vezes, em lugar da tranquilidade jubilosa que esperamos do descanso em Deus, encontramos movimentos turbulentos de nosso inconsciente, inclusive emoções fortes e até lágrimas. Algumas medicações são dolorosas, não por ser esse o desejo do médico, mas porque nossa doença é tal que exige um remédio drástico.

"A vontade desenvolve o hábito de submissão à crescente presença e ação de Deus. Nesse ínterim, a influência do Espírito em nossa [prática] também aumenta... [Podemos imaginar o Espírito vindo em nossa direção.] À medida que nossa prática... se aprofunda há uma interação na qual às vezes nossa atividade tranquila predomina e, outras vezes, o Espírito assume."

Em alguns momentos, a partir da fidelidade à pratica diária, podemos mesmo ter a sensação de uma espécie de consciência da ação divina em nós e no mundo.

Isso não significa, no entanto, que, porque recebe o consolo espiritual proporcionado pela prática do recolhimento ou porque se deixou absorver por Deus na prática da unidade, a pessoa se tornou santa. "Como a ação do Espírito Santo é terapêutica, pode [sim!] significar que estamos tão doentes, que precisamos de atenção especial! Assim, não devemos nos envaidecer com essas coisas. Por outro lado, também não resistimos a elas, porque talvez sejam exatamente o que é preciso para nossa cura".

É por isso que o Curso ensina que "os milagres são apenas o sinal de tua disposição em seguir o plano de salvação do Espírito Santo, reconhecendo que tu não conheces o que ele é. [Não é tua/[nossa] função fazer
o trabalho do Espírito Santo] "e a não ser que aceites isso, não poderás aprender qual é a tua função".


Perdoem-me se o conteúdo deste comentário lhes parecer por demais longo, mas ele me parece muito oportuno para enriquecer e complementar as práticas da ideia de hoje, ao mesmo tempo que, acredito, serve para trazer luz aos diferentes estados emocionais que muitas vezes se manifestam em nós durante e depois das práticas.

2 comentários:

  1. Caros, caras,

    Lembrando-me de nossa conversa de ontem à noite, durante e depois da leitura do UCEM, vem-me à mente a ideia de que a maior parte do tempo andamos em círculos, no escuro, sem saber que direção tomar. Uma ideia, aliás, que não é nenhuma novidade para nenhum de nós.

    A ideia para as práticas de hoje abre uma clareira na direção da luz. O Curso não nos orienta a uma busca pela perfeição porque, ele diz, sabe, parte do princípio de que já somos perfeitos em Deus.

    Assim é que ele afirma: "não precisas fazer nada" e nos alerta para o fato de que já somos aquilo que buscamos.

    Em que momento, então, nos perdemos de Deus?

    No momento em que nos perdemos de nós mesmos. Quando passamos a dar ouvidos à crença em uma separação que não existe. No momento em que passamos a dar importância ao que "os outros" dizem e pensam, acreditando que é possível que "outros" existam separados de nós. No momento em que passamos a acreditar na ideia de que podemos ser atacados e que essa ideia (fruto da crença na separação) justifica que ataquemos também, como resposta natural àquilo que julgamos ser um ataque.

    Ora, isso gerou uma necessidade insana de defesas ["Se me defendo sou atacado"] e deu início ao círculo vicioso de ataques e defesas. Precisamos nos prevenir das coisas, das pessoas, das situações, das circunstâncias, do futuro e de tudo aquilo que aparentemente escapa ao nosso controle.

    A questão é: o que podemos controlar?

    Nada! Nada! Nada! Absolutamente nada, a não ser nossos próprios pensamentos.

    A leitura que fizemos ontem diz, a certa altura: "Tu não podes 'ser' atacado, o ataque não 'tem' justificativa e tu 'és' responsável por aquilo em que acreditas".

    O que isso quer dizer? Exatamente o que diz. Isto é, "nada pode me ferir exceto meus pensamentos", como diz uma das lições que já vimos antes, à qual ainda voltaremos neste ano. Ou aquela que vamos revisar amanhã: "Só posso crucificar a mim mesmo".

    ... continua

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  2. ... continuação...

    Um 'post' de uma amiga no facebook dizia: "aquilo que não me faz bem, não me faz falta". Isto é, aquilo que me afasta da paz e da alegria é algo em que não preciso nem mesmo pensar.

    Ou a culpa faz bem a alguém?

    Por que, então, alguns de nós escolhem carregar este fardo, Ana Claudia, rsrsrsrs? Voltando à leitura de ontem: "Todo mundo ensina e ensina o tempo todo. Esta é uma responsabilidade que assumes inevitavelmente no momento em que aceitas qualquer premissa [qualquer crença, ideia, pensamento, orientação, conselho - venham de onde vierem] e ninguém pode organizar a própria vida sem alguma sistema de pensamento".

    Mais uma vez: não temos, na verdade, controle sobre absolutamente nada, a não ser sobre nossos próprios pensamentos. E o que isso significa?

    Significa que podemos escolher tantas vezes quantas forem necessárias os pensamentos em que queremos acreditar. O tempo inteiro!
    A todo instante!

    Para não me estender muito e para não cansá-los, vou recomendar de novo a leitura, no capítulo 17, dos subtítulos VI. Estabelecer a meta, VII. O chamado para a fé e VIII. As condições da paz. Lembrando que quando sabemos aonde queremos ir, não importa o caminho que escolhemos. Por outro lado, apesar de sabermos (?), em teoria, que traçar um caminho em linha reta encurta o tempo da jornada, muitas vezes podemos encontrar a beleza e chegar a grandes descoberta pelos atalhos, desvios e curvas da estrada. Cabe, pois, a cada um de nós escolher o caminho que lhe convém. Pois, parafraseando o 'brujo' Don Juan, de Castañeda, vale seguir por qualquer caminho que tenha um coração.

    Para encerrar gostaria de lembrá-los algo que também não é novidade para mais ninguém. O Curso diz sempre a mesma coisa, da primeira à última página, de forma circular - será que é porque ele sabe que andamos em círculos, perdidos de nós mesmos? - para que cada um aprenda, ou lembre, o que precisa aprender, ou lembrar, no momento em que se decidir a voltar verdadeiramente toda sua vida para Deus, para o divino em si mesmo. Porque não há meio termo. E é aqui que eu queria chegar.

    A mensagem central do Curso, tal como foi a mensagem de Jesus há mais de dois mil anos, é o perdão. O perdão que só podemos oferecer a nós mesmos. Sempre! É sempre um equívoco pensar que alguma coisa fora de nós tem de ser perdoada.

    E é por isso, acredito, que o texto termina quando nos oferece a possibilidade de escolher outra vez [leiam, por favor, da p. 718 à 721]. Ao dizer que "as provações são apenas lições que deixaste de aprender, que se apresentam mais uma vez para que, onde antes fizeste uma escolha equivocada, possas agora fazer uma melhor e assim escapares de toda a dor que aquilo que escolheste antes te trouxe. Em toda dificuladade, toda aflição e a cada confusão, Cristo te chama e diz docilmente: 'Meu irmão, escolhe outra vez'".

    Vamos nos propor a busca de aprender a melhorar nossas escolhas?

    Paz e bem!

    Moisés

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