sábado, 22 de janeiro de 2011

Aprendendo a questionar nossas opiniões e crenças

LIÇÃO 22

O que vejo é uma forma de vingança.

1. A ideia de hoje descreve precisamente o modo pelo qual qualquer pessoa que mantenha pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Tendo projetado sua raiva sobre o mundo, ela vê a vingança prestes a golpeá-la. Deste modo, o próprio ataque dela é percebido como auto-defesa. Isso se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a pertubarão e povoarão seu mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

2. É desta fantasia cruel que queres escapar. Não é uma notícia alegre ouvir que isso não é real? Não é uma revelação feliz descobrir que podes escapar? Tu fizeste aquilo que queres destruir; tudo aquilo que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.

Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:

Este é o mundo que realmente quero ver?

A resposta certamente é óbvia.

*

COMENTÁRIO:

Não lhes parece interessante que pensemos um pouquinho a respeito das formas e dos meios de que nos valemos para ratificar nossas opiniões e nossas crenças, quando alguma coisa que se apresenta a nossa experiências aparentemente as desafia ou as põe em xeque?

Acabei há pouco a leitura de um livro que trata da investigação histórico-crítica da vida de Jesus, com base nas evidências que sobreviveram ao tempo e chegaram até nós. Originais de documentos, manuscritos, objetos, relatos de historiadores da época, entre vários outros. Caso seja de interesse de alguém, o livro se chama Quem Jesus Foi? Quem Jesus não Foi? e seu autor é Bart D. Ehrman, "um dos maiores especialistas em estudos bíblicos e origens do cristianismo".

O que isso tem a ver com a ideia para nossas práticas deste sábado, dia 22 de janeiro?

Bem, não é de forma alguma difícil perceber a relação, se pensarmos que, entre as inúmeras informações que a maioria de nós não recebeu a respeito da Bíblia, o autor dos livros nos diz que um sem número de vezes, para que o Novo Testamento chegasse a nós na forma que chegou, foi necessário mudar os fatos, adaptá-los, para que se adequassem aos interesses dos que o escreveram. Um modo de vingar-se daqueles que tinham opiniões ou crenças diferentes.

Ora, a ideia que praticamos hoje nos revela que o que vemos "é uma forma de vingança". O que é o mesmo que dizer que nós ajustamos todas as coisas que vemos para que caibam no formato que lhes queremos dar, para que aparentem coerência com nossas opiniões e para que não ameacem nem desafiem nossas crenças.

Assim, creio, vale repetir uma vez mais todo o comentário feito no ano passado a esta mesma lição, que começa dizendo: "Bem feito! Eu não avisei?"

Não é assim que pensamos ou que nos expressamos, quando vemos acontecer a alguém alguma coisa que julgamos desagradável, a respeito da qual havíamos alertado a pessoa?

Isso não é um exemplo de vingança? Uma vingança que vem atender a nosso desejo interior de que se concretize o que antevíamos ou profetizávamos. Uma vingança que nos mantém presos ao passado, que nos serve de baliza a partir da qual nos sentimos autorizados a fazer nossas previsões e julgamentos, como se quiséssemos determinar os comportamentos que as pessoas vão ter em função do que "conhecemos" de seu passado.

Não queremos ver de modo diferente. Esquecemo-nos de que "tudo muda o tempo todo no mundo", como bem diz o cantor.

Quando nos imobilizamos na rigidez, aprisionados em imagens que criamos e vemos, às quais damos realidade, fazemos um esforço na direção contrária à da paz de espírito, à da visão. E nos afastamos do centro e de nós mesmos. Damos força à crença na separação e nos vingamos do mundo acreditando na ilusão. É óbvio que a resposta que ele nos dá é a confirmação de que estamos certos. E o ego se tranquiliza e se rejubila. Atingiu seu objetivo.

As práticas de hoje visam a abrir nossos olhos para mais esta artimanha do ego.

2 comentários:

  1. Moises, querido,

    Fico com tudo o que você ofereceu aqui nesse seu comentário – tudo me serve! Tudo é magnificamente ilustrativo de coisas que faço “sonhando”. Acolho toda a sua contribuição para fortalecer o meu empenho de não perder de vista o meu compromisso de me libertar do que construo por mim mesma.

    Todo o meu agradecimento a você.
    Marilia

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  2. UAU Mouss, mandou bem, como certamente diria...dirá, a Carmen. É isso aí!
    Haja prática!
    Obrigada!
    Bjs

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