terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Confiar em si mesmo e nos outros



13. O que é um milagre?

1. Um milagre é uma correção. Ele não cria e nem muda verdadeiramente em absoluto. Ele apenas olha para a catástrofe e lembra à mente que o que ela vê é falso. Ele desfaz o erro, mas não tenta ir além da percepção, nem suplantar a função do perdão. Deste modo, ele permanece nos limites do tempo. Não obstante, ele abra caminho para a volta da intemporalidade e para o despertar do amor, pois o medo tem de desaparecer sob o efeito da solução benéfica que ele traz.

2. Um milagre contém a dádiva da graça, pois é dado e recebido como único. E, desta forma, põe bem à mostra a lei da verdade a que o mundo não obedece, porque deixa de entender por completo os caminhos dela. Um milagre inverte a percepção que estava de cabeça para baixo anteriormente e, desta maneira, põe termo às estranhas distorções que eram evidentes. Com isto a percepção fica aberta à verdade. Com isto vê-se o perdão como justificado.

3. O perdão é o lar dos milagres. Os olhos de Cristo os entregam a todos que eles olham com misericórdia e amor. A percepção permanece correta na visão d'Ele e aquilo cuja finalidade era amaldiçoar vem para abençoar. Cada lírio de perdão oferece o milagre silencioso do amor ao mundo inteiro. E cada um é depositado diante da Palavra de Deus, sobre o altar universal ao Criador e à criação, na luz da pureza perfeita e da alegria infinita.

4. Aceita-se o milagre primeiro com base na fé, porque pedí-lo indica que a mente está pronta para compreender aquilo que ela não pode ver e não entende. Mas a fé trará suas evidências para demonstrar que aquilo em que se baseava de fato existe. E, assim, o milagre justificará tua fé nele e demonstrará que se baseava em um mundo mais verdadeiro do que aquele que vias antes; um mundo livre daquilo que pensavas existir.

5. Milagres caem do Céu como gotas de chuva reparadora sobre um mundo árido e empoeirado, a que criaturas famintas e sedentas vêm para morrer. Agora elas têm água. Agora o mundo tem vida. E os sinais de vida brotam em todos os lugares, para demonstrar que aquilo que nasce não pode morrer jamais, pois aquilo que tem vida é imortal.

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LIÇÃO 341

Só posso atacar minha própria inocência,
E é apenas isso que me mantém a salvo.

1. Pai, Teu Filho é santo. Eu sou aquele a quem Tu sorris com amor e com ternura tão serenos, e profundos e tranquilos, que o universo sorri de volta para Ti e compartilha Tua Santidade. Quão puros, quão seguros, quão santos, então, somos nós, morando no Teu Sorriso, com todo o Teu Amor concedido a nós, vivendo em unidade Contigo, em fraternidade e Paternidade totais; em inocência tão perfeita que o Senhor da Inocência pensa em nós como Seus Filhos, um universo de Pensamento que O completa.

2. Não vamos, então, atacar nossa inocência, pois ela contém da Palavra de Deus para nós. E estamos salvos em seu reflexo benigno.

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COMENTÁRIO:

Chegamos, nesta terça-feira, dia 7 de dezembro, à décima-terceira instrução especial cujo tema [O que é um milagre?] deve orientar e dar unidade às lições e ideias que vamos praticar nos próximos dez dias, lembrando-nos também de voltar à instrução pelo menos uma vez a cada dia.

Se nossa atenção se voltou em algum momento para os acontecimentos dos últimos dias no Rio de Janeiro, e se aquilo nos pareceu absurdo, irracional, intolerável, um indício da proximidade do fim do mundo; ou se ainda ficamos divididos entre acreditar que as ações policiais foram certas, erradas ou exageradas, ou que "bandido, traficante, bom é bandido morto ou preso", esquecendo-nos de que não somos nunca capazes de ver/perceber o quadro completo, talvez seja bom e necessário aproveitarmos o que a instrução para este período nos diz logo no início: o milagre "não cria e nem muda verdadeiramente em absoluto. Ele apenas olha para a catástrofe e lembra à mente que o que ela vê é falso". Ou, se preferirmos, voltando mais uma vez à lição 312, para nos lembrarmos de que "a percepção vem depois do julgamento".

Ainda com o foco de nossa atenção na forma com que vemos/percebemos as coisas, pessoas e situações do mundo, no mundo - e o próprio mundo -, vamos aproveitar um exemplo de reflexão tirado do livro de D. Patrick Miller, O Livro da Fé Prática, preciosa indicação - em um dos comentários no blogue dia destes - de nossa querida Carmen Thiago [Obrigado, Carmen, querida.], sempre atenta a nossos aprendizados, sempre disposta a contribuir de forma generosa oferecendo exemplos de sua própria experiência e de seu aprendizado pessoal.

Referindo-se à confiança como um dos quatro passos que ele recomenda para se chegar a uma fé prática, Miller fala, a certa altura, da necessidade de se "confiar em si mesmo e nos outros", da seguinte forma:

"É sempre verdadeiro, mas nem sempre evidente que confiamos uns nos outros exatamente na mesma medida em que confiamos em nós mesmos. Eis um exemplo extremo: um bandido o [a] aborda na rua e, apontando um revólver, exige dinheiro. Você consegue confiar nele? Ao que parece, não.

"E se você pudesse confiar em si mesmo e entender a motivação e o desespero dele, de forma tão rápida, clara e completa que pudesse desarmá-lo só com palavras? E se você percebesse o ataque dele como um pedido de ajuda e soubesse exatamente o que fazer, a fim de ambos se salvarem? Se pudesse confiar em si mesmo a tal ponto extraordinário, então poderia acreditar que seu atacante é inofensivo.

"Não sei se isso seria possível para mim, mas de algum modo essa capacidade parece estar além do limite da possibilidade. Acho que precisamos imaginar-nos com essa capacidade e por ela precisamos lutar; em vez de deixar prevalecer nosso atual desejo de vingança, que se torna cada vez maior contra aqueles que nos ferem. E imagino que a rota mais rápida para essa capacidade positiva não é a do treinamento em autodefesa verbal ou em estratégias de negociação, mas aquela do aprendizado que leva a reconhecer e [a] ceder aos ataques cruéis que perpetramos contra nós mesmos todos os dias. Se estivermos frequentemente mantendo nosso coração sob a mira de um revólver, então nosso espírito murcha e nossa desconfiança nos outros cresce rapidamente. Se não aprendermos a cuidar de nossos bandidos interiores - perguntando-lhes cuidadosamente do que precisam e explicando-lhes firmemente que suas necessidades devem ser atendidas de forma pacífica, sem prejuízo para os outros -, nunca saberemos como lidar de maneira eficaz com os bandidos de rua. Daí, teremos que comprometer cada vez mais recurso na vâ tentativa de 'mandá-los para a cadeia' - fato que só engrossará as paredes da prisão de nossa alma."

A ideia para as práticas de hoje pode, se nos permitirmos e nos abrirmos à luz do divino em nós, nos inspirar na reflexão acerca de nossa [a nossa, pessoal, e a de todos que aparentemente habitam este mundo conosco] inocência - a pureza e a santidade garantidas verdadeiramente pelo fato de  ainda sermos como Deus nos criou - como a única coisa que nos mantém a salvo.

3 comentários:

  1. Respondo aqui ao comentário e ao questionamento feitos pela Duda na lição 339, para que não fiquemos passeado de uma lição a outra, ou para não dar margem ao risco de a resposta não ser acessada.

    Assim é que digo: Pois é, Duda,

    Entre os nossos equivocos maiores e mais comuns está exatamente esta nossa "capacidade" de esquecer, rsrsrsrsrs, de agradecer. Por tudo, a todos, em todos os momentos. Em geral, somos mal-agradecidos, pois olhamos apenas para nossos próprios umbigos. Esquecemo-nos de que o outro, ou outros, que se apresentaram para assumir um papel que muitas vezes não quisemos assumir nós mesmos, merece toda a nossa gratidão. Esquecemo-nos mais de que, se não formos capazes de reconhecer e agradecer jamais seremos reconhecidos e nem obteremos a gratidão de que necessitamos para ratificar que nossas escolhas, e as ações que resultaram delas, foram adequadas. E pensaremos no outro, ou outros, como mal-agradecidos. Esquecendo-nos de que o que pensamos dele é exatamente o que pensamos de nós mesmos.

    E, falando em escolhas, é bom se dizer que é também um equívoco de nosso julgamento egóico pensar que não fazemos as melhores escolhas.

    Há muitos anos, Rollo May, em seu livro "O Homem à Procura de Si Mesmo" - livro a que volto repetidas vezes com uma certa frequência -, respondeu a esta questão para mim ao dizer que, em face de qualquer situação em que seja necessário tomar-se uma decisão, isto é, fazer uma escolha, só nos resta escolher, ou decidir, com o seguinte pensamento: de posse das informações que tenho no momento, esta é a melhor decisão que posso tomar, ou a melhor escolha que posso fazer. Se, no futuro, as coisas mudarem, se minha forma de ver e de pensar mudarem, posso certamente vir a mudar minha decisão e a fazer uma escolha diferente.

    Este pensamento deve nos deixar tranquilos, em paz, para tomarmos quaisquer decisões, sejam quais forem as circunstâncias, sabendo que a decisão que tomarmos, com certeza, será a melhor naquele momento.

    Voltando ao início e lembrando daquilo que o Curso nos ensina, não há nenhum outro lugar em que possamos estar em determinado momento que não seja o lugar certo, o único lugar, para estarmos. Isto é, reforçando mais uma vez o que já disse antes, é uma falácia, um engano, aquele pensamento que coloca a pessoa no lugar errado na hora errada, quando lhe acontece alguma aparente desgraça.

    Trazendo mais uma vez à consciência as quatro leis da espiritualidade que se ensinam na Índia - estou me repetindo? -, de que já falamos outras vezes, a pessoa que se apresentar em qualquer situação é sempre a pessoa certa e o momento em que iniciamos qualquer movimento também é o momento certo. Pois em qualquer situação, independente do que vemos nela, acontece apenas aquilo que podia ter acontecido.

    E se formos o tipo de pessoa que tem dificuldade para acessar estes lembretes nos momentos em que eles se fazem mais necessários, é claro que podemos escrevê-los e carregá-los conosco para consulta sempre que a necessidade se apresentar.

    E, como você se propõe a fazer, fique à vontade, por favor, para me contar de seus esquecimentos e de suas escolhas. Não acho que haja necessidade de nenhum "puxão de orelhas", não. O importante é que tomemos a decisão de lembrar e que a renovemos quantas vezes for preciso.

    Em todo o caso, vou estar por aqui. As portas estão sempre abertas a você e a quem quer que ache necessário perguntar ou solicitar uma explicação acerca do ensinamento e das formas pelas quais podemos incorporá-lo a nossa vida.

    Obrigado por compartilhar, Duda. E obrigado por sua confiança e disposição em se abrir, dividindo com todos nós suas impressões e dúvidas.

    Paz e bem!

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  2. Oi Moss, eu ja estava mesmo procurando sua resposta, achei que tivesse esquecido de mim rs!
    Muito obrigada, vou fazer uma bilhetinhos para nao me esquecer!!!
    Suas palavras me lembrou da Tania, que sempre nos consegue tirar "uma tonelada das costas".
    Muito obrigada pela sua paciencia, eu sou uma aluna esquecida, ou as vezes acho que preciso sempre reforcar uma resposta.
    Voce agradeceu por eu dividir as minhas impressoes, mas nem sempre eu tenho coragem de dizer tudo o que sinto, tenho certeza pelo meu ego, que me faz ter vergonha, e me faz "camuflar" algumas dores mais intimas, mas enfim quem sabe um dia eu consiga expor todos os meus sentimentos...
    De qualquer forma obrigada por estar a disposicao. bjsss

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  3. Não há de quê, Duda.

    Lembre-se da lição que diz que não existem pensamentos privados. É verdade o que você diz. Só o ego sente vergonha. Por que acha que está separado e quer nos convencer de que aquilo que fazemos ou pensamos é, às vezes, por demais horroroso para ser compartilhado.

    Na verdade, tudo o que cada um de nós pensa em determinado momento e que pode assustar já foi pensado antes. Não há nada que possamos fazer ou dizer que já não tenha sido feito ou dito.

    Obrigado por participar.

    Fique sempre à vontade para o que precisar.

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