quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O que queremos para nossa vida?


LIÇÃO 216

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (196) Só posso crucificar a mim mesmo.

Tudo o que faço, faço a mim mesmo. Se ataco, eu sofro. Mas, se eu perdoar, a salvação me será dada.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 4 de agosto, vamos revisar uma ideia que contém uma verdade que não aprendemos com o mundo. O mundo nos ensina a julgar, a condernar, a atacar e a crucificar todos os que se apresentam em nossos caminhos como culpados pelo estado de coisas que vivemos. Um estado que, aliás, nunca é de nossa própria responsabilidade, uma vez que nós "sabemos" o que fazemos e o que queremos, enquanto os outros estão todos errados, a se dar ouvidos ao sistema de pensamento do ego.

O Curso diz várias vezes, em diversos pontos diferentes, que oferece um ensinamento muito simples. Afinal, como ele diz a certa altura, o que pode ser mais simples do que descobrir que ilusão é ilusão e que só a verdade é verdadeira?

E é isto que a ideia para as práticas de hoje nos ajuda a aprender e a compreender. Pois ela é apenas extensão é consequência natural de outra lição que diz: "Tudo o que dou é dado a mim mesmo" (Lição 126).

Isto não é simples de se aprender? Sim! Sim! É simples, mas não é fácil. E por quê? Por estarmos hipnotizados pelos modos e sugestões do mundo [do ego], grande número de vezes não nos apercebemos de que o que fazemos só atinge mais fundo, de fato, a nós mesmos.

Apesar de todos já termos experimentado em algum momento a dor que resulta de se ferir alguém, o ego nos convida a relevar esta dor e a esquecê-la, sob a justificativa de que o que fizemos era o que aquela pessoa merecia.

Na verdade, sabemos que não é assim. Pois sempre que buscamos ferir ou atacar alguém é a nós mesmos que machucamos mais. É pagamos o preço em culpa. E a culpa gera o medo. E não conseguimos mais ficar em paz.

Será isto que queremos de verdade para nossa vida?

8 comentários:

  1. Refleti bastante sobre tudo isso hoje e sobre o encontro de ontem também. Acho que voltei para o meu centro. Ontem dei uma saida, uma derrapada. Realmente faz um mal tremendo desejar algo para alguém que não seja o bem.
    Tenho me sentindo um tanto quanto bipolar...Enfim...melhor continuar praticando...
    Obrigada!
    Bjs

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  2. Eba, viva, Nina. Este é um ótimo começo.

    Alguns pontos do livro podem ser de auxílio em situações de conflito que se apresentem.

    Aí vão:

    "Agora tens de aprender que apenas a paciência infinita produz efeitos imediatos... A paciência infinita invoca o amor infinito e, ao produzir resultados agora, ela torna o tempo [e qualquer acontecimento no tempo] desnecessário."

    "Sempre que não estiveres totalmente alegre é porque reagiste com uma falta de amor a uma das criações de Deus."

    "Curar é devolver a alegria."

    "Curar ... é corrigir a percepção em ti e em teu irmão pelo compartilhar do Espírito Santo com ele."

    E também se pode pensar um pouco no jagunço Riobaldo, no livro "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa. A certa altura do livro ele nos diz:

    "... Moço! Deus é paciência. O contrário, é o diabo. Se gasteja. O senhor rela faca em faca - e afia - que se raspam. Até as pedras do fundo, uma dá na outra, vão-se arredondinhando lisas, que o riachinho rola. Por enquanto, que eu penso, tudo quanto há, neste mundo, é porque se merece e se carece. Antesmente preciso. Deus não se comparece com refe, não arrocha o regulamento. Pra que? Deixa: bobo com bobo - um dia algum estala e aprende: esperta. Só que, às vezes, por mais auxiliar, Deus espalha, no meio, um pingado de pimenta..."

    E em outro ponto:

    "... O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza!"

    E, para terminar este longuíssimo comentário, um trecho em que Riobaldo estava mal, com raiva, sem dor, sem doença mesmo, e disse o seguinte:

    "Do que de uma feita, por me valer, eu entendi o casco de uma coisa. Que, quando eu estava assim, cada de-manhã, com raiva de uma pessoa, bastava eu mudar querendo pensar em outra, para passar a ter raiva dessa outra, também, igualzinho, soflagrante. E todas as pessoas, seguidas, que meu pensamento ia pegando, eu ia sentindo ódio delas, uma por uma, do mesmo jeito, ainda que fossem muito mais minhas amigas e eu em outras horas delas nunca tivesse tido quizília nem queixa. Mas o sarro do pensamento alterava as lembranças, e eu ficava achando que, o que um dia tivessem falado, seria por me ofender, e punha significado de culpa em todas as conversas e ações. O senhor me crê? E foi então que eu acertei com a verdade fiel: que aquela raiva estava em mim, produzida, era minha sem outro dono, como coisa solta e cega. As pessoas não tinham culpa de naquela hora eu estar passeando pensar neles. Hoje, que enfim eu medito mais nessa agenciação encoberta da vida, fico me indagando: será que é a mesma coisa com a bebedice de amor?... Mas, na ocasião, me lembrei de um conselho que Zé Bebelo, na Nhanva, um dia tinha me dado. Que era: que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quanto se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é. (...) Entendi. Cumpri. Digo: reniti, fazendo finca-pé, em força para não esparramar raivas..."

    O que tudo isso quer dizer? Exatamente a mesma coisa que a lição diz: "Só posso crucificar a mim mesmo". E também a mesma coisa que lemos ontem durante o encontro, e que é a outro lição a que me referi: "Tudo o que dou é dado a mim mesmo".

    Obrigado por compartilhar.

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  3. *
    Moisés, meu querido ...

    !!!! QUE MARAVILHA !!!!

    Que acertado ....

    E podemos inclusive observar, que não é necessário nenhuma aptidão gramatical, ou sabedoria literária, pra se ser sábio ... se doar conhecimento e se fazer entender ...
    ( como já vi na vida, em outros personagens como esse, com quem a vida me presenteou, e de quem aprendi pérolas )

    E ... será que Guimarães Rosa teve algum encontro secreto com o Espírito Santo também, antes de nós ??? .... rsrsrsrs ....

    Obrigada irmaozão ... sempre !
    .

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  4. Estou maravilhada... Bela lição! Adoro... Vou inspirar-me nele para fazer uma pequena reflexão no meu mural do Facebook.
    Será assim:
    Todos os pensamentos e representações que eu tenho do mundo e dos outros, partem de mim. Se vejo bem, ele está em mim e partilho com os outros. Se vejo mal, ele fica em mim e passa a atormentar-me sob a forma de culpa e medo. Escolho ver o bem.

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  5. Oi, Carmen, "u homi", Guimarães Rosa,não é uma maravilha mesmo? Sua sabedoria, o que ele diz em todas as suas estórias.

    É claro que ele estava com contato com o divino em si, ao escrever/criar tudo o que escreveu.

    O quer dizer, pelo que se sabe dele, é que ele estava inteiramente aberto à vida, a todas as experiências que se apresentavam, sem julgá-las e sem julgar a ninguém pelas experiências que tinha.

    Obrigado por comentar.

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  6. Olá, Welwitschia, querida.

    Tudo bem com você, por aí. Ainda bem que de vez em quando nos encontramos pelo fb, não?

    Esta sua reflexão me lembra exatamente o que Ken Wilber diz a respeito de como podemos identificar quando nossa forma de olhar para o mundo e para tudo o que há nele está certa ou equivocada.

    Diz ele que, quando olhamos para o mundo e o que vemos nos informa simplesmente, estamos vendo bem.

    Se olhamos para o mundo e o que vemos nos incomoda, nos perturba, de alguma forma, estamos olhando de forma equivocada e temos de mudar nossa maneira de olhar.

    Pois, como sabemos, tudo começa em nós mesmos. Em cada um. Não há nada fora de ti, o UCEM afirma.

    Obrigado por compartilhar.

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  7. Obrigada Moisés. Mm quando me ausento penso sempre em voltar, as tuas lições têm operado milagres em mim. Beijo

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  8. É um prazer enorme, Welwitschia...

    Mas lembre-se de que só podemos aprender quando nos abrir para tudo o que a vida nos apresenta.

    Como diz Richard Bach: "Você é levado em sua vida pela criatura viva interior, o ser espiritual brincalhão que é o seu ser verdadeiro".

    Obrigado por se manifestar e marcar sua presença aqui.

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