terça-feira, 31 de agosto de 2010

Para voltarmos a ser como as criancinhas

LIÇÃO 243

Não julgarei nada do que acontecer hoje.

1. Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei aquilo que tem de permanecer além de minha compreensão atual. Não pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos de minha percepção, que são tudo o que posso ver. Reconheço hoje que isto é verdadeiro. E, por esta razão, fico desobrigado de julgamentos que não posso fazer. Deste modo, eu me liberto e liberto àquilo que vejo para ficar em paz tal como Deus nos criou.

2. Pai, hoje deixo a criação livre para ser ela mesma. Aceito todas as suas partes, nas quais me incluo. Somos um só porque cada parte contém a memória de Ti e porque a verdade tem de brilhar em todos nós como um só.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para esta terça-feira, dia 31 de agosto, nos remete imediatamente à lição de número 132: Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que ele fosse. Uma lição de importância muito grande para a meta do desaprender aquilo que o mundo nos ensina, que praticamos durante os exercícios da primeira parte deste Livro de Exercícios.

O tema que orienta nossas práticas atuais é: O que é o mundo? Ora, como podemos aprender ou apreender o significado do mundo, se o mantivermos preso a conceitos e pré-conceitos, baseados apenas na experiência de nossas percepções individuais, que mudam tantas vezes quantas mudam as posições de um ponteiro que marca os segundos em um relógio? (Se é que alguém ainda se lembra como é um relógio com ponteiros).

A verdade é que, se estivemos atentos ao trabalho que fizemos durante a primeira parte, aprendemos que ele se destinava a nos ensinar a desaprender os conceitos e pré-conceitos do sistema de pensamento mundano [do ego], que aprendêramos ao longo do tempo. E que continuamos e continuaremos a aprender enquanto ainda influenciados por aquele sistema, vivendo esta experiência, neste mundo.

Ora, só o desaprender de um sistema de pensamento pode ser o facilitador do aprendizado de outro [ou um salto a uma consciência mais abrangente]. É mais ou menos como aquela historinha zen, uma xícara cheia não pode receber mais chá do que sua capacidade, não importa o quanto continuemos a vertê-lo. Para colocar um chá novo e quente é necessário esvaziá-la primeiro.

A ideia que praticamos hoje também tem a ver com a exortação de Jesus a que voltemos a ser como as criancinhas, não no sentido de uma regressão a um estado infantil, mas no sentido de experimentar o mundo e as coisas do mundo sempre como se fora a primeira vez. As criancinhas não têm nenhum pré-conceito. Olham para o mundo com os olhos da inocência. E conseguem se maravilhar com as coisas mais simples, que nós já reputamos corriqueiras. A xícara de sua inteligência continua vazia. Pronta para receber o chá da sabedoria e da informação que se lhes apresente. O tempo não tem significado para elas. Seu maravilhar-se com a vida e com as formas que a vida lhes revela é sempre novo. E se renova a cada instante, a cada experiência, a cada descoberta.

O segredo [se é que existe algum] de que nos esquecemos - por acumularmos conceitos e pré-conceitos ao longo de nossa jornada, sem os descartamos a cada passo na direção do novo - é a prontidão que as crianças têm para aprender. A capacidade de se entregarem à experiência, à brincadeira presente, sem reservas. A capacidade de abandonar o que aprenderam anteriormente, a brincadeira anterior, para viverem apenas a do momento. E, como o Curso ensina, elas sabem naturalmente que não precisam fazer nada. Basta ser!

É a isso que as práticas de hoje, feitas de forma honesta e aberta, podem conduzir.

8 comentários:

  1. Moisa, so passei para dar um alo.. sigo firme nas licoes! Essa licao para mim e mais dificil, pois tenho ainda um sistema de crencas muito forte em mim, que estou aprendendo a me libertar com a ajuda do blog e UCEM..quero muito experimentar essa liberdade de nao julgar!! tudo seria tao descomplicado!! Praticando sempre, eu chego la!!
    bjs

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  2. *
    Olá meus queridos ...

    Apenas compartilhando um poeminha ( que virou música), que fiz à uns 25 anos atrás e que o comentário de hoje do Moisés nessa lição, me fêz lembrar ... e que pensei em dividir ...

    .
    " Inocência perdida "

    Como eu queria reviver
    o puro mundo da imaginação
    vivo nas lembranças de infância e no coração
    mas morto nos conflitos esquisitos da razão

    Como eu queria me esconder
    do meu raciocínio atual
    debaixo da mesa abraçado ao meu cão
    do mesmo jeito como me livrava do bicho papão


    Como eu queria me entregar
    com a mesma emoção
    p'ra um simples passarinho
    e até mesmo p'ra um balão
    mas como, se estou tão crescido
    e tão inibido, adulto vulgar
    minha idoneidade e minhas vontades
    sei não vão se combinar

    Como eu queria me esquecer
    do tempo que o meu corpo abrigou
    da falsa liberdade que a idade me reservou
    como prêmio pelo preço que ela me custou

    Como eu queria me romper e me perder
    na inocência ultrapassada e me perceber
    mais vivo dentro do meu grito que diz
    que eu ainda sou criança, que devo brincar
    pra esquecer do mundo e não me preocupar

    Que a Paz de Deus esteja com todos !!!

    Bjss.

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  3. Olá, Cris...

    Todos nós ainda temos um sistema de crenças equivocado e muito forte, uma vez que ele continua a ser ensinado pelos sistema de pensamento do ego.

    É claro que os exercícios ajudam, mas é preciso mesmo que nossa tomada de decisão de olhar para o mundo de forma diferente continue a se ampliar mais e mais, para incluir o mundo inteiro na visão Crística.

    O fato de querermos mudar é sempre um bom começo é, claro, as práticas diárias e a atenção constante às manifestações e artimanhas do ego são imprescindíveis para que continuemos a caminhar na direção da alegria e da felicidade perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós e nossa própria vontade também, como já aprendemos.

    Obrigado por seu alô... obrigado por compartilhar.

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  4. Maravilha, Carmen...

    Precisamos ouvir esta música. Eu diria apenas que o título deveria ser "inocência esquecida", porque por mais que pensemos estar separados, viver num mundo imperfeito, de julgamento e de culpa, nossa inocência continua intacta. Continuamos a ser como Deus nos criou. Nem pode ser diferente.

    Engraçado que também pensei em uma música como ponto de partida no momento em que escrevia o comentário para esta lição. Uma música de um amigo que referindo-se ao conflito de Riobaldo, o jagunço do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, que não sabe se acredita na existência do diabo ou não diz em seu refrão: "Se creio crer em Deus, como não quer no outro? Sei dos pecados meus, todos".

    No entanto, a expressão é apenas um sofisma, pois, na verdade, acreditar em um, crer, de fato, implica abandonar qualquer possibilidade de crença no outro. Isto é, quando fazemos uma escolha entre duas ou várias opções, automaticamente, abandonamos a outra ou as outras. É claro que podemos voltar a elas, mas apenas quando nossa escolhar se revelar equivocada. Ou não nos levar na direção que pensávamos ter escolhido.

    Em outras palavras, quem de fato crê em Deus não pode acreditar no diabo. Uma vez que não existe nada além de Deus. É só no sistema de pensamento equivocado do ego, com sua dualidade, que se pode pensar na dúvida como uma opção válida. Quem crê em Deus não duvida d'Ele. Duvida, sim, da ilusão e de tudo o que ela traz com ela.

    Obrigado por sua música e por suas palavra. Obrigado por compartilhar.

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  5. Olá Caríssimos
    Li e pratiquei todas as lições...sábado, domingo, ontem...só não consegui postar comentários. Nesta série "O que é o mundo?" a lição de HOJE eu diria que é a mais sensacional e o teu comentário diz tudo, Moisés. Precisávamos ter ela escrita em neon piscante na frente dos nossos olhos a todo momento, pois creio que é o "pulo do gato". Entendo o que disse a Cristiane, mas tenho fé que com o MUITO PRATICAR consigamos modificar estas crenças. Eu acho que julgo bem menos hoje e quando me percebo julgando, na maioria das vezes consigo respirar e mudar o pensamento e às vezes que não consigo, já não me culpo tanto.
    Lindo poema, Carmen!
    Bjs a todos

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  6. Olá, Nina...

    É verdade o que dizes. Na verdade, precisaríamos ter um néon piscando permanentemente diante de nossos olhos com aquilo que o Gurdjieff aconselhava e buscava ensinar seus alunos a fazerem: "o lembrar-se de si".

    O letreiro podiam dizer simplesmente em todas as situações e circunstâncias:

    LEMBREM-SE DE SI MESMOS!

    O que, aliás, é o propósito das práticas diárias. Um lembrete para que nos voltemos para o divino em nós mesmos, e olhemos para o mundo a partir de seu olhar amoroso e compassivo.

    É claro que devemos voltar este mesmo modo de olhar também para nós mesmos, quando julgamos, para lembrar que ainda somos comos Deus nos criou. Nossa inocência original não pode ser maculada por nada do que façamos.

    E, é claro, não precisamos, nem devemos, nos culpar por nada, afinal tudo o que fazemos é experimentar. E, se pensarmos bem, como a própria Ciência poderia se desenvolver não fossem as experiências?

    Obrigado por comentar.

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  7. Bem-vindo, Abraao.

    Convido a todos para darem as boas vindas ao Abraao, que se juntou a nós hoje. É mais uma parte da luz que se apresenta para ampliar o foco e expandir o alcance da luz que somos na unidade.

    Obrigado por se juntar a nós, Abraao. Espero, em meu nome e no nome de todos os que acompanham os exercícios e comentários deste espaço que você se sinta em casa para comentar, compartilhar, criticar, quando for o caso, ou dar sua contribuição quando achar necessário.

    Bem-vindo, mais uma vez.

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  8. .
    .
    E realmente... essa lição de hoje, e em especial o cometário do Mouss...  é pra tocar fundo mesmo... que bem colocado Mouss ...

    Pois essa nossa ainda dificuldade de não liberar o mundo de nossos julgamentos, deixando a criação livre para ser ela mesma, e apenas "aceita-la" como se apresenta ... conseguir isso,
    não só libertamos o mundo como a nós mesmos, porque enquanto julgamos, nos mantemos 'refém" dos mesmos, e até que compreendamos isso, nos manteremos aprisionados em nossas próprias verdades, e qualquer tipo de prisão
    é sempre ... sinônimo de sofrimento ...

    Mais que aceita... a sua sugestão de mudar o nome para "inocência esquecida" ...
    é que qd a fiz a uns 25 ou 30 anos atrás, eu nem fazia idéia do UCEM ...  ainda não tinha esse "olhar" ...... rsrsrs

    E ... que sintonia, vc ter pensado em colocar uma música, justo hoje, que postei uma  ??? 
    vai ver os "anjos" estão querendo dançar... rsrsrsrs
    e mostro a música sim, qd quiser ... 

    E Obrigada ...sempre ...a você e a todos que dividem esse aprendizado nesse espaço tão providencial ... rsrsrs

    E bem vindo Abraão ...
    Por favor, sinta-se a vontade para fazer seus comentários
    e nos presentear com sua contribuição ... ok ???

    Bjss a todos ...

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