domingo, 5 de fevereiro de 2012

Cabe a cada um sofrer o dia ou ter prazer nele.


LIÇÃO 36

Minha santidade envolve tudo o que vejo.

1. A ideia de hoje estende a de ontem daquele que percebe para o percebido. Tu és santo porque tua mente é parte da Mente de Deus. E, porque és santo, tua visão também tem de ser santa. "Impecável" quer dizer sem pecado. Tu não podes ser ligeiramente sem pecado. És impecável ou não. Se tua mente é parte da Mente de Deus, tens de ser impecável, ou uma parte da Mente d'Ele seria pecadora. Tua visão está relacionada à Santidade d'Ele, não a teu ego e, por isso, não a teu corpo.

2. Pede-se para hoje quatro períodos de prática de três a cinco minutos. Tenta distribuí-los de modo razoavelmente uniforme e faz as aplicações mais breves com frequência, para preservar tua proteção o dia inteiro. Os períodos de prática mais longos devem tomar esta forma:

3. Primeiro, fecha os olhos e repete a ideia para hoje várias vezes, lentamente. Em seguida, abre os olhos e olha bem devagar a tua volta, aplicando a ideia de modo específico a qualquer coisa que observares em teu exame casual. Dize, por exemplo:

Minha santidade envolve aquele tapete.
Minha santidade envolve aquela parede.
Minha santidade envolve estes dedos.
Minha santidade envolve aquela cadeira.
Minha santidade envolve aquele corpo.
Minha santidade envolve esta caneta.

Durante estes períodos de prática, fecha os olhos e repete a ideia para ti mesmo. Em seguida, abre os olhos e continua como antes.

4. Para os períodos mais breves, fecha os olhos e repete a ideia; olha a tua volta quando repetires mais uma vez e conclui com mais uma repetição de olhos fechados. Todas as aplicações devem, é claro, ser feitas bem devagar, tão sem esforço e sem pressa quanto possível.

*

COMENTÁRIO:

Vou reprisar o comentário feito a esta lição no ano passado. Vejam, pois, aí:


Um dos personagens de Clarice Lispector, no livro Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, chega à descoberta de que nenhum dia é comum, se visto a partir da consciência de que somos absolutamente responsáveis por tudo o que nos acontece e também por tudo o que acontece no mundo, que nos chegue à consciência.

O trecho em que a autora fala desta descoberta diz o seguinte:

"De algum modo já aprendera que cada dia nunca era comum, era sempre extraordinário. E que a ela cabia sofrer o dia ou ter prazer nele. Ela queria o prazer extraodinário que era tão simples de encontrar nas coisas comuns: não era necessário que a coisa fosse extraordinária para que nela se sentisse o extraordinário."

Isto, de certa forma, é a mesma coisa que descobrir-se a própria santidade ou a santidade de tudo e de todos. A condição natural da alegria que está além de quaisquer julgamentos que possamos fazer de nós mesmos, das coisas e do mundo. E é disto que trata a ideia que praticamos neste domingo, dia 5 de fevereiro.

A santidade de tudo só pode ser vista a partir do momento em que descobrimos nossa própria santidade. Isto é, quando descobrimos o extraodinário, que é simples de encontrar nas coisas comuns. Como diz Clarice a respeito de sua personagem, não é necessários que a coisa seja extraordinária para se sentir nela o extraordinário. 

E, como o Curso diz, a santidade é nossa condição natural. Embora acreditemos de forma equivocada que ser santo é algo reservado a poucos, a santidade é responsabilidade de todos e de cada um de nós. Ela não nos pede nada a não ser que sejamos o tempo inteiro o que sempre fomos, somos e seremos sempre.

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