sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A percepção dos sentidos não é um guia confiável

LIÇÃO 336

O perdão me permite saber que as mentes são unidas.

1. O perdão é o meio designado para o fim da percepção. O conhecimento se restabelece depois que: primeiro, a percepção se modifica para, em seguida, dar lugar àquilo que permanece para sempre além de seu mais profundo alcance. Pois imagens e sons podem servir, no máximo, para despertar a memória que está além de todos eles. O perdão varre as distorções e abre o altar escondido à verdade. Seus lírios refletem a luz para o interior da mente e a chamam para voltar e olhar para dentro, para encontrar aquilo que ela procura fora inutilmente. Pois aí, e só aí, se restabelece a paz de espírito, pois essa é a morada do Próprio Deus.

2. Possa o perdão varrer meus sonhos de separação e de pecado na paz. Deixa-me, então, meu Pai, olhar para dentro e achar Tua garantia de que minha inocência se mantém; Tua Palavra permanece inalterada em minha mente, Teu Amor ainda habita em meu coração.

*

COMENTÁRIO:

A ideia que vamos praticar nesta sexta-feira, dia 2 de dezembro, deve servir para nos abrir os olhos, a mente e o coração para o fato de que nunca houve um momento em que nos tenhamos separado de Deus. Conforme o Curso ensina, as mentes são unidas. Não existem pensamentos privados. As ideias não deixam sua fonte. E a união das mentes não autoriza a pensar que existem várias mentes diferentes, uma em cada corpo, que se comunicam entre si. Não é assim!


Na verdade, todos nós nos valemos de uma ligação a uma só Mente, a qual estamos conectados o tempo todo, quer conscientes disso ou não. É mais ou menos como a Matrix, que o filme mostrava. A questão é que, como observa Guimarães Rosa, em geral "... vivemos, de modo incorrigível, distraídos das coisas mais importantes", em uma das estórias de seu livro Primeiras Estórias. Isto é, cedemos aos apelos do falso eu e nos perdemos em um mundo de coisas e pessoas aparentemente separadas, às quais atribuímos características e valores diferentes a partir de nossa percepção equivocada de umas e outras.

E, voltando ao que eu disse também no ano passado a este respeito, se pensarmos bem, chegaremos a esta mesma conclusão, ainda que por caminhos diferentes. Ou será que algum de nós tem consciência do momento em que deixamos de perceber, de saber, que "as mentes são unidas"? Em que momento passamos a acreditar na ideia de separação?

É claro, repito, que este mundo de aparência em que acreditamos estar, e que cremos ser real e verdadeiro, nos oferece uma avalanche de informações e de coisas, e de provas de sua realidade, que muitas vezes nos atordoa e exige um esforço sobre-humano até para respirar de forma tranquila e pensar de forma clara.

Mas também é fato de que desde a Antiguidade, os filósofos lidam com a ideia de que a percepção que nos oferece os sentidos não é um guia confiável. Do mesmo modo que nos diz o Curso, Heráclito, filosofo que viveu há cerca de 500 anos antes de Cristo, já dizia que "o conhecimento sensível [isto é, o conhecimento aparente daquilo que se percebe pela via dos sentidos] é enganador e deve ser separado pela razão". 


Isto é o mesmo que dizer que não podemos confiar nas percepções do corpo, nem acreditar na separação aparente de corpos. Ou na separação das mentes, ou mesmo em sua divisão. É para chegarmos à compreensão disso que praticamos.



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