segunda-feira, 14 de maio de 2018

"Só a Luz cuida de tudo efetivamente." (Riva)


LIÇÃO 134

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

1. Vamos revisar o significado de "perdoar", pois ele está sujeito a ser distorcido e a ser percebido como algo que exige um sacrifício injusto da ira justa, uma dádiva injustificada e não merecida, e uma negação total da verdade. Sob tal ponto de vista, o perdão tem de ser percebido como uma simples loucura excêntrica e este curso parece basear a salvação numa extravagância.

2. Corrige-se facilmente esta perspectiva distorcida do que significa o perdão, quando podes aceitar o fato de que não se pede perdão para aquilo que é verdadeiro. Ele tem de se limitar àquilo que é falso. Ele não se aplica a qualquer coisa a não ser a ilusões. A verdade é criação de Deus e não tem sentido perdoá-la. Toda a verdade pertence a Ele, reflete Suas leis e irradia Seu Amor. Isto precisa de perdão? Como podes perdoar o inocente e eternamente benigno?

3. A principal dificuldade de tua parte para achar o perdão genuíno é que ainda acreditas que tens de perdoar a verdade e não ilusões. Tu compreendes o perdão como uma tentativa inútil de olhar para além do que existe; ignorar a verdade, em um esforço infundado para te enganar tornando verdadeira uma ilusão. Este ponto de vista distorcido reflete apenas o poder que a ideia de pecado conserva sobre tua mente, na maneira como pensas a teu próprio respeito.

4. Por acreditares que teus pecados são reais, olhas para o perdão como engano. Pois é impossível pensar no pecado como verdadeiro e não acreditar que o perdão é uma mentira. Desta forma, o perdão é realmente apenas um pecado, como todos os outros. Ele diz que a verdade é falsa e sorri para os degenerados como se eles fossem tão inocentes quanto a grama; tão brancos quanto a neve. Ele está iludido quanto àquilo que pensa poder realizar. Ele quer ver como certo o que é claramente errado; o repulsivo como bom.

5. O perdão não é nenhuma saída sob tal ponto de vista. Ele é apenas mais um sinal de que o pecado é imperdoável, no melhor dos casos a ser escondido, negado ou chamado por outro nome, pois o perdão é uma traição à verdade. A culpa não pode ser perdoada. Se pecas, tua culpa é eterna. Aqueles que são perdoados sob o ponto de vista de que seus pecados são reais, são ridicularizados de forma deplorável e duas vezes condenados; primeiro por si mesmos, por aquilo que pensam ter feito, e mais uma vez por aqueles que os perdoam.

6. É a irrealidade do pecado que torna o perdão natural e totalmente são, um alívio profundo para aqueles que o oferecem; uma bênção serena aonde ele é recebido. Ele não encoraja as ilusões, mas as recolhe alegremente, com uma risada suave e as deposita aos pés da verdade de forma benigna. E, aí, elas desaparecem por completo.

7. O perdão é a única coisa que representa a verdade nas ilusões do mundo. Ele vê a inutilidade delas e ignora francamente as milhares de formas com que elas podem se apresentar. Ele olha para as mentiras, mas não se engana. Ele não presta atenção aos guinchos auto-acusadores de pecadores enlouquecidos pela culpa. Ele olha para eles com olhos serenos e lhes diz simplesmente: "Meu irmão, o que pensas não é a verdade".

8. A força do perdão é sua honestidade, que é tão íntegra que vê ilusões como ilusões, não como verdade. É por esta razão que ele vem a ser o esclarecedor diante das mentiras; o generoso restituidor da simples verdade. Em função de sua capacidade de ignorar o que não existe, ele abre caminho para a verdade, que está bloqueada pelos sonhos de culpa. Agora estás livre para seguir no caminho que teu perdão verdadeiro abre para ti. Pois, se um irmão recebe esta dádiva de ti, a porta está aberta para ti mesmo.

9. Há um modo muito simples de achar a porta para o perdão verdadeiro e de percebê-la totalmente aberta em boas vindas. Quando te sentires tentado a acusar alguém de pecado sob qualquer forma, não deixes que tua mente se demore naquilo que pensas que ele fez, pois isto é auto-engano. Pergunta, em vez disso: "Eu me acusaria de fazer isto?".

10. Deste modo, verás alternativas para a escolha em termos que a tornam significativa e manterás tua mente tão livre da culpa e da dor quanto o Próprio Deus pretendia que ela fosse, e como, na verdade, ela é. São apenas as mentiras que querem condenar. Na verdade, a única coisa que existe é a inocência. O perdão se coloca entre as ilusões e a verdade; entre o mundo que vês e aquele que fica além dele; entre o inferno da culpa e o portão do Céu.

11. Do outro lado desta ponte, tão poderosa quanto o amor que depositou sua bênção sobre ela, todos os sonhos de mal e de ódio e de ataque são trazidos à verdade tranquilamente. Eles não se mantêm para inchar e rugir, e para aterrorizar o tolo sonhador que acredita neles. Ele é acordado suavemente de seu sonho pela compreensão de que aquilo que pensava ver nunca existiu. E, agora, ele não pode achar que todas as saídas lhe foram negadas.

12. Ele não tem de lutar para se salvar. Ele não tem de matar os dragões que pensava que o perseguiam. E também não precisa erguer os sólidos muros de pedra e as portas de ferro que pensava o poriam em segurança. Ele pode retirar a armadura pesada e inútil feita para acorrentar sua mente ao medo e ao sofrimento. O passo dele é leve e, quando ele levanta o pé para seguir adiante, uma estrela fica para trás para indicar o caminho àqueles que o seguem.

13. O perdão tem de ser praticado, pois o mundo não pode perceber seu significado nem te oferecer um guia para te ensinar sua benevolência. Não há nenhum pensamento em todo o mundo que leve à mínima compreensão das leis a que ele obedece, nem do Pensamento que ele reflete. Ele é tão estranho ao mundo quanto tua própria realidade é. E, não obstante, ele une tua mente à realidade em ti.

14. Hoje praticamos o perdão verdadeiro para que o momento da união não se demore mais. Pois queremos nos encontrar com nossa realidade em liberdade e em paz. Nossa prática vem a ser as pegadas que iluminam o caminho para todos os nossos irmão, que nos seguirão até a realidade que compartilhamos com eles. Para que isto possa se realizar, vamos dar um quarto de hora duas vezes hoje e passá-lo com o Guia Que compreende o significado do perdão e Que nos foi enviado para ensiná-lo. Peçamos a Ele:

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

15. Em seguida, escolhe um irmão conforme Ele te orientar e enumera, um a um, seus "pecados", à medida que passarem por tua mente. Certifica-te de não te demorares em nenhum deles, mas imagina que estás usando as "ofensas" dele apenas para salvar o mundo de todas as ideias de pecado. Reflete por um breve instante a respeito de todas as coisas ruins que pensaste dele e pergunta a ti mesmo a cada vez: "Eu me condenaria por isto?".

16. Deixa que ele fique livre de todos os pensamentos de pecado que tinhas em relação a ele. E, agora, estás preparado para a liberdade. Se até agora estás praticando com disposição e honestidade, começarás a experimentar uma elevação, uma redução de peso sobre teu peito, uma sensação de alívio profunda e nítida. Deve-se dedicar o tempo restante à experiência de libertação de todas as correntes pesadas que buscaste colocar sobre teu irmão, mas que foram colocadas sobre ti mesmo.

17. Deve-se praticar o perdão ao longo do dia, pois ainda haverá muitos momentos nos quais esquecerás o significado dele e atacarás a ti mesmo. Quando isto acontecer, permite que tua mente veja além desta ilusão, enquanto dizes a ti mesmo:

Que eu perceba o perdão tal como ele é. Eu me acusaria de
fazer isto? Não colocarei esta corrente sobre mim mesmo.

Em tudo o que fizeres lembra-te disto:

Ninguém é crucificado sozinho, mas, ao mesmo tempo,
ninguém pode entrar no Céu por si mesmo.

*

COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 134

"Que eu perceba o perdão tal como ele é."

Repito o comentário já feito a esta lição em anos anteriores, inclusive o título da postagem. Assim:

A lição de hoje traz, de novo, uma ideia para as práticas que vai nos ensinar a perceber o valor do perdão verdadeiro.

Deste modo:

Vamos revisar o significado de "perdoar", pois ele está sujeito a ser distorcido e a ser percebido como algo que exige um sacrifício injusto da ira justa, uma dádiva injustificada e não merecida, e uma negação total da verdade. Sob tal ponto de vista, o perdão tem de ser percebido como uma simples loucura excêntrica e este curso parece basear a salvação numa extravagância.

Corrige-se facilmente esta perspectiva distorcida do que significa o perdão, quando podes aceitar o fato de que não se pede perdão para aquilo que é verdadeiro. Ele tem de se limitar àquilo que é falso. Ele é não se aplica a qualquer coisa a não ser a ilusões. A verdade é criação de Deus e não tem sentido perdoá-la. Toda a verdade pertence a Ele, reflete Suas leis e irradia Seu Amor. Isto precisa de perdão? Como podes perdoar o inocente e eternamente benigno?

Este aprendizado do perdão tal como ele é não é obviamente o passo que tem de se seguir de forma obrigatória ao que aprendemos das lições anteriores? Isto é, a liberar o mundo de tudo o que pensávamos a seu respeito e a não dar valor àquilo que não tem valor?

Como posso liberar o mundo, se não for capaz de perdoar? Como posso deixar de dar valor ao que não tem valor, se não conseguir perdoar? 

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

É isso que preciso aprender a fazer. Pois, enquanto eu pensar que alguém pode fazer verdadeiramente para mim alguma coisa pela qual eu o tenha de perdoar, ainda não liberei o mundo, ainda estou dando valor àquilo que não tem valor. Estou buscando me eximir da responsabilidade que tenho para com tudo o que acontece em minha vida e me considerando uma vítima deste mundo.

A lição continua:

A principal dificuldade de tua parte para achar o perdão genuíno é que ainda acreditas que tens de perdoar a verdade e não ilusões. Tu compreendes o perdão como uma tentativa inútil de olhar para além do que existe; ignorar a verdade, em um esforço infundado para te enganar tornando verdadeira uma ilusão. Este ponto de vista distorcido reflete apenas o poder que a ideia de pecado conserva sobre tua mente, na maneira como pensas a teu próprio respeito.

Por acreditares que teus pecados são reais, olhas para o perdão como engano. Pois é impossível pensar no pecado como verdadeiro e não acreditar que o perdão é uma mentira. Desta forma, o perdão é realmente apenas um pecado, como todos os outros. Ele diz que a verdade é falsa e sorri para os degenerados como se eles fossem tão inocentes quanto a grama; tão brancos quanto a neve. Ele está iludido quanto àquilo que pensa poder realizar. Ele quer ver como certo o que é claramente errado; o repulsivo como bom.

O perdão não é nenhuma saída sob tal ponto de vista. Ele é apenas mais um sinal de que o pecado é imperdoável, no melhor dos casos a ser escondido, negado ou chamado por outro nome, pois o perdão é uma traição à verdade. A culpa não pode ser perdoada. Se pecas, tua culpa é eterna. Aqueles que são perdoados sob o ponto de vista de que seus pecados são reais, são ridicularizados de forma deplorável e duas vezes condenados; primeiro por si mesmos, por aquilo que pensam ter feito, e mais uma vez por aqueles que os perdoam.

É a irrealidade do pecado que torna o perdão natural e totalmente são, um alívio profundo para aqueles que o oferecem; uma bênção serena aonde ele é recebido. Ele não encoraja as ilusões, mas as recolhe alegremente, com uma risada suave e as deposita aos pés da verdade de forma benigna. E, aí, elas desaparecem por completo.

Na verdade, o Filho de Deus não pode pecar. Apesar de te acreditares separado de Deus e de teus irmãos e de todos os teus semelhantes, ainda és como Deus te criou. Somos todos. E somos um. Não há o que perdoar em ti, nem em mim e nem em ninguém, a não ser a percepção equivocada. Por isso a lição nos leva a pedirmos:

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

E o que é o perdão? É a lição que lança uma luz diferente da luz do mundo sobre ele:

O perdão é a única coisa que representa a verdade nas ilusões do mundo. Ele vê a inutilidade delas e ignora francamente as milhares de formas com que elas podem se apresentar. Ele olha para as mentiras, mas não se engana. Ele não presta atenção aos guinchos auto-acusadores de pecadores enlouquecidos pela culpa. Ele olha para eles com olhos serenos e lhes diz simplesmente: "Meu irmão, o que pensas não é a verdade".

A força do perdão é sua honestidade, que é tão íntegra que vê ilusões como ilusões, não como verdade. É por esta razão que ele vem a ser o esclarecedor diante das mentiras; o generoso restituidor da simples verdade. Em função de sua capacidade de ignorar o que não existe, ele abre caminho para a verdade, que está bloqueada pelos sonhos de culpa. Agora estás livre para seguir no caminho que teu perdão verdadeiro abre para ti. Pois, se um irmão recebe esta dádiva de ti, a porta está aberta para ti mesmo.

Nós nos enganamos com o que ensina o sistema de pensamento do mundo - o sistema de pensamento do ego, do falso eu, em vista de sua percepção equivocada - , pensando que podemos, de fato, "perdoar" alguém por alguma coisa que ele, ou ela, tenha feito. 

Nosso engano se deve ao fato de que ainda não aprendemos por completo que tudo o que "aparentemente" nos acontece é sempre resultado de uma escolha que nós mesmos fazemos, mesmo quando o que se apresenta a nossa experiência não tem - para a nossa forma de perceber, a partir dos sentidos - nada a ver com o que pensamos ter escolhido e/ou pedido. Isto porque, na verdade, quase nunca nos relacionamos com os fatos. Nós quase que só nos relacionamos, em geral, com a interpretação que fazemos dos fatos, como o Curso ensina.

Reconhecer isto é chegar à porta que se abre para o perdão verdadeiro, que só podemos dar a nós mesmos, uma vez que é apenas nossa percepção que percebe a ilusão como verdadeira, como algo a ser perdoado. A lição fala também do modo de que podemos nos valer para chegar ao perdão.

Assim:

Há um modo muito simples de achar a porta para o perdão verdadeiro e de percebê-la totalmente aberta em boas vindas. Quando te sentires tentado a acusar alguém de pecado sob qualquer forma, não deixes que tua mente se demore naquilo que pensas que ele fez, pois isto é auto-engano. Pergunta, em vez disso: "Eu me acusaria de fazer isto?".

Deste modo, verás alternativas para a escolha em termos que a tornam significativa e manterás tua mente tão livre da culpa e da dor quanto o Próprio Deus pretendia que ela fosse, e como, na verdade, ela é. São apenas as mentiras que querem condenar. Na verdade, a única coisa que existe é a inocência. O perdão se coloca entre as ilusões e a verdade; entre o mundo que vês e aquele que fica além dele; entre o inferno da culpa e o portão do Céu.

A única coisa que existe é a inocência... Isto não traz uma sensação de alívio? Não tira todo o peso, toda a carga de culpa e de pecado que pusemos sobre os ombros? Os nossos ombros e os ombros dos que andam nesta jornada conosco. 

Que eu perceba o perdão tal como ele é.

É muito importante para o desenvolvimento do trabalho que fazemos de busca da consciência e do conhecimento de nós mesmos, que reconheçamos e aceitemos a verdade que a lição de hoje nos oferece e que pratiquemos para empregá-la em nosso viver diário, a fim de percebermos que é só a ilusão que precisa ser perdoada. A verdade apenas é.

Sigamos, pois, o restante das orientações para as práticas, que nos dá a lição, certos de que não há nada a perdoar. Deus não perdoa. Ele não vê o erro. Não vê o pecado. Só a ilusão faz isto. Só a percepção equivocada pode fazer isto e pensar que há qualquer verdade na ilusão.

Deixo-os, mais uma vez, com um texto do mestre Rivaldo Andrade, que já está na luz, ou que, como nós, cada um de nós e como todos nós, sempre esteve, embora não tenhamos consciência disso o tempo todo, e que pode ser de grande ajuda para que se entenda a verdade que a lição de hoje traz. Ele diz o seguinte:

Fique aqui e só aqui.

Pare de lembrar.

A luz [a verdade] é ausência de lembranças [de passado].

Saiba que Deus não perdoa, apenas não lembra. Adão, lembrando, inventou o conhecimento e caiu do paraíso. Por isso Jesus recomenda tanto o perdão, pois este é simplesmente uma forma de esquecimento, uma eliminação de lembranças, [um apagar] de arquivos [da memória]. Mas, eliminação de qualquer arquivo que seja, por mais lindo e importante que pareça. Só Deus realmente importa.

Com nosso HD [a mente] vazio, a mente, inundada pela Luz, roda instantaneamente qualquer programa que nos seja apresentado e podemos ver com mais facilidade a profundidade de tudo. Uma mente cheia de lembranças é como um HD superlotado. Qualquer mancha na superfície deterá nossa compreensão. Crenças são vírus que guardamos e que danificam todo o sistema gerando divisão, interesses e, consequentemente, medos, mágoas e ódios. 

Há [aparentemente] muita doença no mundo porque o homem acredita muito. Com isso acaba não vendo nada como é simplesmente, pois coloca uma lembrança em cima de tudo o que vê. Aí, não vê mais o que é, a realidade simples. Só vê lembranças[Lembram da lição "Eu só vejo o passado"?]. E isso impede o fluxo natural da simplicidade maravilhosa do eu interior, que abençoa e purifica a vida constantemente. 

Passada [um]a situação [qualquer que seja ela], delete o arquivo [perdoe e esqueça]. Deixe o HD sempre vazio, livre para a paz original do eu ordenar divinamente o pensamento no eterno e ilimitado agora em que a vida se manifesta.

Só a Luz cuida de tudo efetivamente.


Às práticas?

*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Maio, dia 14: De Triacastela a Sarria (21,5 km)

Saio de Triacastela um pouco depois das sete. Perto das dez, paro na Casa do Franco para o café da manhã. Dois ovos fritos com jamón e pão, um suco de laranja e um café americano. Uma parada de cerca de meia hora.

Assim, recomeço a andar por volta das dez e meia e duas horas depois já estou em Sarria, quer dizer, na entrada da cidade. E demora ainda um bocado até chegar ao albergue. Apesar dos muitos altos e baixos do caminho que escolhi fazer, diferente do que aparece no guia e que devia me fazer passar por Samos, onde disseram depois alguns amigos peregrinos há um monastério incrível que acolhe peregrinos. 

Encontro no caminho, tão logo me dirijo para o centro de Sarria, o albergue Puente Ribeira, onde me registro, escolhendo um quarto individual. Depois de me instalar tomo um banho fantástico, checo as mensagens de uns e outros e saio para almoçar. Escolho uma pizzaria entre os muitos restaurantes à beira do rio. Peço uma pizza e uma cerveja.  

Quando a pizza chega, percebo que é muito grande. Mas logo depois um peregrino se aproxima. Há uma TV no restaurante que transmite a corrida de fórmula um, na qual ele está interessado. Ele senta comigo e come um pedaço, enquanto conversamos um pouco e ele dá umas espiadas na TV.

Depois, sigo para o Casco Antiguo, que é como os espanhóis chamam a parte histórica das cidades. Sarria me parece muito interessante. Daqui se está a apenas 100 quilômetros de Santiago. Muitos peregrinos, muitos estudantes, começam sua caminhada aqui, uma vez que em Santiago, o peregrino que comprovar - pelos carimbos na credencial - ter caminhado os cem quilômetros tem direito a receber a "Compostelana": o certificado oficial de que fez a caminhada. Isso faz com que haja muito mais peregrinos ao longo do caminho a partir daqui.

Encontro Darren, com Ursula, sua mulher que acabou de chegar. Ela é uma das pessoas que vão caminhar apenas os últimos 100 quilômetros. Pergunto-lhe de Marcel e ele me diz que ficou combinado de se encontrarem por volta das seis para ir beber alguma coisa em algum lugar e, quem sabe, jantar.

António aparece em seguida. Está à procura de uma feira agrícola que está acontecendo na cidade. Despeço-me de Darren e de Ursula e sigo com António. Achamos a feira. Ela acontece uma vez a cada ano e é dirigida para agricultores, que mostram animais, máquinas agrícolas. Mas diz'se que as barracas de comida são algo à parte.

António pergunta a alguém a respeito do horário de fechamento e uma moça responde que não há um horário estabelecido, quando a comida acabar, ou quando as pessoas já não estiverem no local. 

Descemos de volta, ele não almoçou ainda. Vai buscar Mayara para almoçarem na feira

Marcelo me envia uma mensagem querendo saber onde estou. Diz que está na feira, mas que precisa dormir. Digo-lhe que eu também vou tirar um cochilo. Volto ao albergue e durmo quase duas horas.

Penso em ir à missa, às 19:30 horas, mas perco o horário. Vou até um supermercado próximo do albergue. Compro bananas e laranjas, e um suco, pensando no jantar e no café de amanhã.

Saio um pouco antes das oito e encontro novamente Darren, Ursula, Marcel, Vanessa e José, um espanhol. Eles estão procurando um lugar para uns aperitivos, mas um lugar que não seja de turistas e sim frequentado por locais. José descobre um lugar perto e vamos. Muito bom.

Digo-lhes que não preciso comer, mas acabo beliscando uma coisa e outra para acompanhar a cerveja. Marcel pede "pimientos, queso manchego" e uma tábua de frios. Tudo regado a vinho, cerveja, água com gás e um "vino verano", que Ursula pede: algo como vinho com gelo e limão. Não me atrevo a provar.

Quando olhamos para os relógios já são quase dez horas. Isso não é hora de peregrino estar na rua. Pedimos a conta, dividimos e nos vamos.

Hora de dormir.

Mas quem diz que durmo? Meu primeiro piriri na Espanha, no Caminho. Deve ter sido o "chorizo". Tenho de ir ao banheiro a cada quinze minutos, meia hora. Penso que isso é bom para uma limpeza intestinal, mas receio a possibilidade de andar sob esta condição: a de ter de ir ao banheiro a cada meia, uma hora. Há trechos muitos longos, às vezes, em que não se encontra nada nem ninguém, que dirá um banheiro em boas condições. Haverá mato? Conseguirei fazer bem os últimos 100 quilômetros.

Envio uma mensagem a minha irmã, que me passa a sequência numérica de Grabovoi, para curar diarreia: 5843218, que passo a usar em seguida. E tento dormir um pouco.

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