segunda-feira, 28 de maio de 2018

Ninguém tem necessidade de se defender de nada


LIÇÃO 148

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(135) Se me defendo, sou atacado.

(136) A doença é uma defesa contra a verdade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 148

"Minha mente contém só o que penso com Deus."

 Se me defendo, sou atacado.

A doença é uma defesa contra a verdade.

De que forma podemos explorar as duas ideias que o Curso oferece para as práticas de hoje? O que podemos pensar ou dizer a respeito desta ideia: "Se me defendo, sou atacado."? Será que algum de nós já parou para pensar a respeito? Será que algum de nós já se deu conta da verdade e do milagre que estão por trás desta ideia aparentemente tão simples, tão lógica? Já percebemos que quando estamos esperando ser atacados por alguém, por alguma coisa que fizemos, ou por algo que deixamos de fazer e que nos pesa na consciência, nossa posição é sempre defensiva? Parece-nos que tudo o que o outro diz é um ataque, mesmo que a pessoa com quem conversamos não tenha a menor ideia da razão pela qual estamos nos defendendo. Mesmo que o que ela diga não tenha a menor intenção de nos atacar. 

E que dizer da segunda ideia, então? Aparentemente, antes de entrar em contato com o Curso, nunca ouvimos dizer coisa parecida. Uma doença sempre nos pareceu algo que acontece, algo que vem por conta do tempo, de maus cuidados em relação a nossos corpos, de acidentes, de maus tratos na infância ou de quaisquer outras causas que justifiquem que alguém desenvolva algum tipo de doença. Mas, acredito, jamais passou pela cabeça de ninguém que não tenha tido contato com o Curso a ideia de que a doença é uma defesa contra a verdade. 

Que verdade?  Vejamos, pois. Paremos para refletir. Para descobrir a verdade e o milagre por detrás desta segunda ideia também.

Por que ficamos doentes? Porque acreditamos que podemos ser atacados pela verdade. É daí que vem nossa crença na necessidade de defesas. Mas, se ainda somos como Deus nos criou, o que poderia nos atacar? Ou não acreditamos que ainda somos tal qual Deus nos criou?

O Curso ensina que nunca houve um tempo em que nos separamos de Deus. Isto quer dizer que a ideia de uma existência separada d'Ele é apenas ilusão. Aliás, podemos pensar até que acreditar na ilusão de uma vida à parte de Deus é que é, sim, um ataque a Ele. Mas é também um ataque que só pode ser feito pelo ego, pelo falso eu, pela imagem equivocada que construímos de nós mesmos. Isto é, um ataque da ilusão à verdade, que não pode ter nenhum efeito.

Como já lhes disse antes, é esta percepção equivocada que temos de nós mesmos e, por consequência, do mundo inteiro e de tudo o que aparentemente existe nele, que nos põe permanentemente na defensiva, pois faz que nos vejamos como criaturas frágeis, destinadas a voltar ao pó, de onde se diz que viemos. Mas o que volta ao pó é apenas aquela parte ilusória de nós, que é feita de pó. O que somos, na verdade, não pode morrer, nem virar pó.

No entanto, ao nos identificarmos com um corpo perecível - a forma que temos na ilusão da percepção -, que está sujeito ao ataque de parte de nós mesmos, de outros de nós mesmos, da passagem do tempo, das condições climáticas e de todas as coisas que povoam o mundo amedrontador que construímos a partir desta percepção distorcida, damos à ilusão um poder sobre nós que ela não tem e nos deixamos enganar pelo ego, que se vale do poder que atribuímos a algo que não existe.

O fato de vivermos na defensiva, identificador do julgamento que fazemos de nós mesmos, e que projetamos em tudo o que vemos, abre espaço para o ataque, melhor dizendo, autoriza a que nos sintamos atacados pelas outras pessoas e por outras coisas vivas, vírus, bactérias, animais, grandes e pequenos, visíveis e invisíveis; e por coisas aparentemente inanimadas, utensílios, plantas, líquidos e alimentos. 

É para nos libertarmos da crença na separação, que gera a ideia da necessidade de defesa, que revisamos hoje. A primeira das ideias para as práticas deste dia ensina de forma clara como deslocar o ataque de qualquer coisa aparentemente externa a nós, atribuindo-o à única fonte de onde ele pode surgir: de nossa posição de defesa. 

É claro que isto contraria aquele pensamento do mundo segundo o qual "a melhor defesa é o ataque" e ensina que não há necessidade de defesas, que não podemos ser atacados por nada nem por ninguém, a não ser por nossa própria percepção equivocada de nós mesmos, que constrói todo este mundo de ilusões em que pensamos habitar. Na verdade, a melhor defesa não é o ataque. A melhor defesa é acreditar que ainda somos como Deus nos criou, na inocência e na pureza e na alegria, que permitem o olhar amoroso para tudo e para todos porque não percebe nenhum ataque, porque não cogita a possibilidade de atacar a nada nem a ninguém.

A segunda informa a razão pela qual inventamos a doença, que consegue ser, ao mesmo tempo, uma forma de defesa e de ataque. Contra a verdade e contra nós mesmos. Sempre. Por mais que queiramos nos auto-enganar atribuindo uma doença qualquer a alguma coisa exterior a nós, todas as doenças são escolhas que fazemos - claro que na maior parte das vezes de forma inconsciente - e das quais nos valemos para atacar a verdade, ou para fazê-la calar, quando não queremos aceitar a completa e total responsabilidade por tudo aquilo que nos acontece na vida. 

Quem quer de forma consciente assumir que cria para si mesmo todas as experiências e situações por que passa? Quem quer assumir conscientemente que as pessoas que o/a cercam são as pessoas que ele/ela mesmo escolheu para o bem ou para o mal? E reconhecer e aceitar que elas cumprem um papel que ele/ela mesmo atribuiu a elas e que ele/ela deve ser grato/a por isso? 

Que se dirá, então, da possibilidade de encontrar alguém capaz de aceitar a responsabilidade por tudo o que vê no mundo, isto é, por tudo aquilo que lhe chega à consciência, sabendo que cabe apenas a si mesmo mudar o que vê, perdoando-se pela percepção equivocada para perdoar o mundo inteiro?

Pratiquemos, portanto, hoje, para aprendermos a abandonar tanto a defensiva quanto o ataque, entregando-nos por inteiro à verdade cujo conhecimento, segundo o que nos disseram que Jesus disse, nos libertará. 

Às práticas?

*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Maio, dia 28: De Madri a São Paulo (Voo CA907/Air China - Terminal 1 - Aeroporto de Barajas)

Acordo dez minutos antes das cinco para ter tempo de terminar os preparativos para a viagem, antes da chegada do carro que vai me levar do hotel ao aeroporto. O horário para tal é cinco e meia. 

Tudo pronto, desço à recepção do hotel, o motorista já está lá. Saímos. Em apenas quinze minutos ele me deixa no Terminal 1 do Aeroporto de Barajas.

Procuro nos monitores as informações acerca do voo. Estão lá. Balcões de atendimento: do 246 ao 250. Mas ainda não abriu. Já há uma fila enorme. Espera-se e se espera. Abriu! A fila anda rápido. Ainda não são sete horas e check-in já está feito. Próximo passo: passar pela revista. Feito! Passar pela Polícia para carimbar a saída no Passaporte. Passo antes numa loja e compro um cinto. A calça ameaça cair.

Portão B20. Embarque a partir das oito horas. São sete e meia e já faz uma hora que espero.

Um anúncio, por volta das oito horas, diz que houve mudança de portão. Agora, o embarque será pelo portão B25. Aí, vai-se para lá. É perto. Mas faz-se uma pequena confusão porque ainda não se sabe como o embarque vai ser feito.

Uma vez que, em geral, as pessoas adoram filas, uma fila se forma a partir do ponto onde alguém para. Eu estou na frente, mas não estou em nenhuma fila. Quando o embarque vai começar, vem alguém da companhia e diz que os passageiros que estão viajando desde Beijing/Pequim, vão formar uma fila à direita e vão ter prioridade, os demais, à esquerda com prioridade apenas para aquelas pessoas que têm necessidades especiais, grávidas, mães e pais com bebês e assim por diante. Não há prioridade por idade.

Como estou bem na frente de todos, porém, antes de as filas se formarem, acabo por ficar bem na frente na fila da esquerda e embarco quase que imediatamente. Poltrona 53A (janela) da classe econômica. Logo depois das asas do avião, que é novo e bastante confortável, mesmo para a classe econômica.

O atendimento durante o voo é bom, a comida pode ser classificada entre razoável e boa, comparada à maioria dos voos. O único problema é a comunicação, porque todos os avisos são dados primeiro em mandarim e, depois, num inglês meio que incompreensível que falam os chineses.

Todos embarcados. Avião pronto para decolar. Há um atraso de 25 minutos na decolagem, em relação ao horário previsto. A duração estimada do voo será de nove horas e quarenta e sete minutos. A previsão de chegada em São Paulo é às 13:57 horas, horário local. Espera-se um voo tranquilo. E é. Foi.

Pousamos em Cumbica às 14:05 horas. Um atraso de vinte minutos em relação à previsão inicial. O piloto descontou alguns minutos do atraso da decolagem durante o percurso. 

Em terra, passo pelo controle de passaporte, pela restituição da bagagem, pelo free shopping (duty free) e saio.

A minha espera, Cleide, minha sempre namorada, Arthur, meu filho mais novo, Emanuel, o mais velho, e sua esposa, Priscila, e meu netinho Lucas. Eles trazem chimarrão pronto. Há quarenta e cinco dias que eu não tomo chimarrão. Uma emoção indescritível. Abraços, beijos, fotos, risos e o primeiro chimarrão depois de tantos dias fora. E o último também, por enquanto, porque a água quente acabou.

Vamos, em seguida para o estacionamento, saímos do aeroporto a vamos para uma churrascaria no caminho. Comemos muito bem e comemoramos a volta. E matamos a saudade.

Agora, o destino é Itanhaém!

Cleide e eu nos despedimos e voltamos para casa.

Ah, como é bom voltar. Depois de uma viagem super tranquila, apenas um pouco de neblina na serra, cá estou. De volta ao aconchego.

E fim da história. Fim da peregrinação. Mas como todo fim significa abrir as portas para um novo começo, vamos esperar para ver aonde a história vai nos levar.

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