quarta-feira, 23 de maio de 2018

A busca de viver uma vida espiritual: seus benefícios


LIÇÃO 143

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(125) Hoje recebo a Palavra de Deus em paz.

(126) Tudo o que dou é dado a mim mesmo.


*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 143

"Minha mente contém só o que penso com Deus."

Hoje recebo a Palavra de Deus em paz.

Tudo o que dou é dado a mim mesmo.

Hoje vamos revisar mais duas ideias das práticas recentes, com o firme propósito de nos aquietarmos para, em primeiro lugar, ouvir e receber em nós a Palavra de Deus e para, em seguida, aprender que tudo o que damos damos apenas a nós mesmos. Sempre. Em toda e qualquer circunstância.

Se voltarmos ao  texto que apresentava a ideia para as práticas da lição 126  leremos lá que a ideia - a de que tudo o que damos é apenas a nós mesmos que damos - é completamente estranha para o ego, que se vê separado e distante de tudo e de todos, lutando para tentar manter em pé as ilusões que criou e nas quais acredita.

Seguindo, pois, as orientações que recebemos antes, podemos descobrir nisto a importância das práticas. Em primeiro lugar, para aprendermos que é só no silêncio e em paz que nós podemos nos abrir à Voz por Deus e receber em nós Sua Palavra com alegria.

Em segundo, para compreendermos que, em contato com o divino em nós, podemos abandonar todas as crenças a que o ego quer nos induzir, eliminando, assim, as ilusões que nos impedem de chegar ao conhecimento de nós mesmos e de entrar em contato com o que somos, na verdade, em Deus.

Para auxiliar nas práticas e estender a reflexão a respeito do que fazemos ao praticar, ofereço-lhes também aqui, mais uma vez, um pequeno texto inspirado no que diz Joel Goldsmith acerca dos benefícios que advêm da busca de viver uma vida espiritual.

É o seguinte:

O que tu e eu recebemos como benefício de nosso estudo e das práticas das lições é muito menos importante do que aquilo que o ensinamento faz no sentido de elevar o mundo inteiro. Devemos nos lembrar, tu e eu, que não existe um Curso separado e apartado de nossa consciência e da Consciência Única, Una e Infinita. Não existe um Curso pairando no espaço. Só existe no mundo um Curso que é ativo na consciência e, a menos que seus princípios encontrem atividade e expressão na tua [e na minha] consciência individual, eles não se expressarão no mundo. Daí a responsabilidade que cada um de nós tem de viver a partir destes princípios, de viver estes princípios em sua vida.

Ou ainda, parafraseando o que diz Elio D"Anna:

Toda a ação verdadeira nasce - só pode nascer - de um estado de imobilidade, de paz, de silêncio e de tranquilidade, que permitem à luz que se apresente e inunde a vida do ser. Tudo o que aparentemente alguém cria e se manifesta é apenas resultado da permissão que esse alguém dá à luz de se apresentar nesta ou naquela forma escolhida.

Às práticas?

*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Maio, dia 23: De Muxia a Fisterra (30 km)

A alvorada, aqui também, é cedo. Há que recolher as roupas nos varais, ajeitar, ou reajeitar tudo na mochila, preparar os pés para o último trecho da caminhada.

Saio de Muxia uns quinze minutos antes das oito, sem café. Não havia nada aberto ainda. Comecei a andar a partir do ponto mais extremo de Muxia: a Punta da Barca, passando de novo pelas rochas e seguindo a direção indicada pelas setas. Andei cerca de meia hora antes de perceber que havia esquecido os óculos de leitura no beliche, no albergue. 

Voltei. Peguei os óculos e saí novamente. Aí, já que tinha me atrasado de montão mesmo, parei para tomar café no "a de loló", um hotel e restaurante próximo ao albergue. Quem encontro ao entrar? Exatamente, Jantina e Marÿke, as duas holandesas.

Pedi a segunda opção de café do cardápio, uma opção mais completa. Aí, só deixei Muxia, de fato, alguns minutos depois das nove horas.

Quinze quilômetros depois, no ponto em que era obrigatório carimbar a credencial, em Lires, parei para almoçar num lugar chamado As Eiras. Muito bom. "Pulpo a gallega". A moça que me atendeu se chama Begônia, como a flor.

A caminhada se revela difícil. Um sol escaldante desde cedo. Sigo em frente e entro numa mata de reflorestamento. Nunca gostei tanto dos tais pinheiros americanos.

A cerca de sete quilômetros do destino, encontrei Jesus.

Eu passava por uma serraria enorme logo depois do fim da mata. O caminho, as indicações ficaram confusas e meio que fiquei sem saber em que direção seguir. Desci um trecho e achei que não era por lá. Voltei e passei de novo nas proximidades da serraria, perto de uma casa grande com dois cachorros enormes e com cara de poucos amigos que, graças a Deus pareceram não me notar.

Mudei a direção e, à medida que avançava, alguém me chamou, era Jesu, numa casa um pouco acima de onde eu estava, que me ofereceu água da fonte e um suco de ananás com uva para beber. Encheu minhas garrafas com água da fonte, convidou-me para descansar um pouco na sombra e me deu um dedo de prosa.

Jesu é natural de Ciudad Real, de "La Mancha", perto da Andaluzia.

Ele me diz que fez alguns caminhos algumas vezes e há cinco anos se dedica, nesta casa que é de sua família, pelo que entendi, a ajudar os peregrinos. Pelo prazer de ajudar apenas, e para trocar impressões com gente que vem todo o mundo.

Diz que o caminho verdadeiro é o peregrino que faz. Seguir as setas é seguir numa direção que nos indicam outros, por medo de nos perdermos. Mas não há "perdida". As setas, hoje, levam a albergues, hostals, restaurantes, hotéis: este é melhor do que aquele e aí por diante. Isto não é peregrinação: é negócio.

Despedimo-nos. Agradeço-lhe e ele me deseja "buen camino", informando que há apenas mais seis ou sete quilômetros pela frente.

Os seis ou sete quilômetros mais longos que já caminhei. Parece-me que não vou chegar nunca. E quando chego ao povoado, descubro que há um longo trecho antes de eu chegar ao centro, ao pontos onde estão os albergues e os lugares que acolhem peregrinos.

Por volta das cinco e meia chego. Cansado, suado, sem saber onde ficar. Quero, preciso, urgentemente de uma cerveja. Descendo por uma rua em direção ao que parece ser o porto, encontro um bar e paro. Tiro a mochila das costas, largo os bastões e peço à moça que está no balcão uma cerveja "grande". Ela me pergunta qualquer coisa que não compreendo bem, mas respondo afirmativamente e volto à mesa. No momento seguinte, um atendente chega com uma jarra com um litro de cerveja. Isto é o "grande" aqui. Ou o que ela me perguntou.

Dali, consulto os folhetos e pergunto ao atendente a respeito de uma pensão próxima. Vou até lá. Tudo certo. Faço meu registro e vou procurar o albergue Municipal, que é, pelas informações que recebi, onde posso obter a Fisterrana. 

Encontro primeiro uma agência de passagens de ônibus e compro passagem para o primeiro ônibus de amanhã, dia 24, para Santiago.

Depois, no Albergue Municipal, obtenho o selo/carimbo do Concello de Fisterra - Fin da Ruta Xacobea, na credencial e a Fisterrana, o certificado que atesta minha chegada a pé a Fisterra, como fim da rota. E, em seguida, encontro Marcel. Conversamos um tantinho, ele diz que vai descansar um pouco e combinamos de nos encontrar por volta das nove e meia, nove e quarenta no Farol para o pôr-de-sol no fim da terra.

Volto para a pensão: Casa Velay. Tomo banho e atualizo meu caderno de anotações.

Um pouco antes das nove, saio para descobrir o caminho para o Farol. Paro num supermercado, compro uma fruta e umas castanhas e sigo. Estou de sandálias. E descubro que vou ter de andar cerca de três quilômetros numa subida para chegar ao tal Farol.

Mas, de acordo com um ditado que minha avó materna usava muito: "o que não tem remédio remediado está". Vou. E quem diz que encontro Marcel? Há um número grande de pessoas, turistas, peregrinos e locais pelo que entendi que subiram para ver o pôr-do-sol, que é um espetáculo à parte. Vejam algumas fotos abaixo:





A primeira mostra que, a certa altura da caminhada, é possível ver o mar ao longe.

A segunda é uma vista parcial de Fisterra da janela da pensão onde fiquei.

A terceira mostra um dos últimos momentos do sol se pondo no fim da terra.

O sol se põe tarde, mas achei que, encontrando Marcel, íamos comer alguma coisa, beber alguma coisa. Desço na direção da vila, passando pelo cais e por alguns armazéns, e chego a uma rua que deve ser a rua onde estão todos os bares e restaurantes de Fisterra. Mas muitos estão fechados ou fechando por causa do horário. Encontro um aberto, paro e peço uma salada mista, pão e uma cerveja. A moça que me atende traz uma senhora salada, uma verdadeira refeição. Vou bebendo a cerveja, comendo a salada devagar e apreciando o movimento das pessoas. Aqui, onde estou, também já está começando a movimentação para encerrar as atividades do dia. 

Fico mais alguns minutos, peço a conta, pago e me vou. Dormir para acordar cedo, amanhã.

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