quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Todos os pensamentos de ataque são sempre do ego

 

LIÇÃO 26

Meus pensamentos de ataque ferem minha invulnerabilidade.

1. É certamente óbvio que, se podes ser atacado, não és invulnerável. Tu vês o ataque como uma ameaça real. Isto acontece em razão de acreditares que podes, de fato, atacar. E aquilo que teria efeitos por teu intermédio também tem de ter efeitos sobre ti. É esta lei que, em última instância, te salvará, mas tu a estás utilizando de modo equivocado agora. Por isto, tu tens de aprender de que modo ela pode ser usada em favor de teus maiores interesses mais do que contra eles.

2. Uma vez que teus pensamentos de ataque serão projetados, terás medo do ataque. E, se temes o ataque, tens de acreditar que não és invulnerável. Por esta razão, os pensamentos de ataque te tornam vulnerável em tua própria mente, que é o lugar aonde estão os pensamentos de ataque. Pensamentos de ataque e invulnerabilidade não podem ser aceitos simultaneamente. Eles se contradizem.

3. A ideia para hoje apresenta o pensamento segundo o qual tu sempre atacas a ti mesmo primeiro. Se os pensamentos de ataque impõem a crença de que és vulnerável, seu efeito é o de enfraquecer tua percepção de ti mesmo. Deste modo eles atacam tua percepção de ti mesmo. E, por acreditares neles, não podes mais acreditar em ti mesmo. Uma imagem falsa de ti mesmo vem tomar o lugar daquilo que tu és.

4. A prática com a ideia de hoje te ajudará a compreender que a vulnerabilidade, ou a invulnerabilidade, é o resultado de teus próprios pensamento. Nada exceto teus pensamentos pode te atacar. Nada exceto teus pensamentos pode te fazer pensar que és vulnerável. E nada exceto teus pensamentos pode provar para ti mesmo que isto não é verdade.

5. Pede-se seis períodos de prática para a aplicação da ideia de hoje. Deve-se tentar dois minutos inteiros para cada um deles, embora o tempo possa ser reduzido para um minuto se o desconforto for grande demais. Não o reduzas mais do que isso.

6. Deves começar o período de prática repetindo a ideia para hoje, fechando os olhos, em seguida, e revisando as questões não-resolvidas, cujos resultados estão sendo causa de inquietação para ti. A inquietação pode tomar a forma de depressão, angústia, raiva, uma sensação de inconveniência, medo, pressentimento e fixação. Qualquer problema ainda indefinido que tenda a voltar a teus pensamentos durante o dia é um sujeito adequado. Tu não serás capaz de utilizar um número muito grande em qualquer um dos períodos de prática, porque deve-se dedicar a cada um um tempo maior do que o de costume. A ideia de hoje deve ser aplicada da seguinte forma: 

7. Primeiro, cita a situação:

Eu estou preocupado com ____________ .

Em seguida, examina cada resultado possível que ocorra em relação a isso e que te cause preocupação, referindo-te a cada um de modo bem específico, dizendo:

Tenho medo de que ________________ aconteça.

8. Se estiveres fazendo os exercícios de forma adequada, deves encontrar cerca de cinco ou seis possibilidades aflitivas à disposição para cada situação que usares, e é bastante provável achares mais. É muito mais proveitoso examinar por completo algumas poucas situações do que tatear em um número maior. À medida que a lista de resultados previstos para cada situação continuar, é provável que aches alguns deles menos aceitáveis, especialmente aqueles que te ocorrerem perto do final. Na medida do possível para ti, porém, tenta tratar todos do mesmo modo.

9. Depois de citares cada resultado do qual tenhas medo, dize a ti mesmo:

Este pensamento é um ataque contra mim mesmo.

Conclui cada período de prática repetindo a ideia de hoje para ti mesmo mais uma vez.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 26

"Meus pensamentos de ataque ferem minha invulnerabilidade."

Caras, caros,

Comecemos a exploração de hoje com um texto retirado do livro A ridícula ideia de nunca mais te ver, da escritora espanhola Rosa Montero. Diz o seguinte:

Como é difícil a relação com o nosso organismo. Somos nosso corpo, mas não podemos evitar a sensação de alteridade, de estranheza, de reféns da própria carne. Em certos casos patológicos, (...) as pessoas não são capazes de reconhecer seus braços, suas pernas, seu rosto, e chegam a se mutilar. Mas não é preciso estar doente para sentir esse distanciamento do físico: daí o ser humano ter inventado a alma. A ideia de que somos espíritos presos dentro de um invólucro carnal é tão poderosa, tão persuasiva, que você tende a pensar assim mesmo que não seja crente.

Não é bem verdade o que ela diz? Ou melhor, não lhes parece ser a mais pura verdade o que a escritora diz?
E qual é a relação entre o que ela diz e a ideia para nossas práticas hoje? Haverá alguma?

É claro que muitas e muitos de nós, já com uma certa familiaridade com o ensinamento, vão perceber de cara que ao dizer "somos nosso corpo", ela está contrariando o que o Curso diz a respeito do que somos de fato. Porém, logo adiante, falando da alteridade e da estranheza que experimentamos todas e todos nós por vezes na relação com o corpo, ela fala da invenção da alma, da ideia de que somos espíritos habitando corpos. Uma ideia poderosa.
E mesmo que não acreditemos somos tentados a pensar assim, não é mesmo?

Isto está relacionado à invulnerabilidade. Somente os corpos são vulneráveis. O que somos não pode ser atacado, e a ideia de sermos espíritos é a ideia mais poderosa que podemos alimentar. É só o ego que quer que acreditemos que somos apenas corpos e que tudo o que podemos apreender do mundo vem tão somente da percepção dos sentidos.

Ora, sendo espírito, acreditando-nos espíritos, podemos abraçar a ideia de que somos todos um e de que não podemos atacar de fato nem uma única pessoa daquelas que povoam o mundo conosco, porque nada do que fizermos a elas vai mudar o que elas são na verdade. Os pensamentos de ataque são do ego. Só o ego pode pensar em atacar, mas tudo o que ele pode atacar, na ilusão, são os corpos. Assim, não há como ninguém ter sua invulnerabilidade ameaçada, a não ser na ilusão de que o ataque a ela é possível.

Somos espírito. É este pensamento que devemos cultivar e alimentar em nós. Todo e qualquer pensamento de ataque fere em primeiro lugar àquela ou àquele que o teve. Fere o ego. Mas nunca sua invulnerabilidade. Para aprender isso praticamos.

Às práticas?

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