sábado, 7 de janeiro de 2023

Só a atenção pode nos fazer viver no presente

 

LIÇÃO 7

Eu vejo só o passado.

1. É particularmente difícil acreditar nesta ideia a princípio. Porém, ela é a base lógica para todas as anteriores. Ela é a razão pela qual nada do que vês significa coisa alguma. 
Ela é a razão pela qual dás a todas as coisas que vês todo o significado que têm para ti. 
Ela é a razão pela qual não entendes nada do que vês.
Ela é a razão pela qual teus pensamentos não significam nada, e a razão pela qual eles são como as coisas que vês. 
Ela é a razão pela qual tu nunca estás transtornado pelo motivo que imaginas.
Ela é a razão pela qual tu estás transtornado porque vês algo que não existe.

2. É muito difícil mudar ideias antigas a respeito do tempo, porque tudo aquilo em que acreditas está radicado no tempo e depende de não aprenderes estas ideias novas a respeito dele. No entanto, é justamente por isso que precisas de ideias novas acerca do tempo. Esta primeira ideia a respeito do tempo não é, de fato, tão estranha quanto pode parecer de início.

3. Olha para uma xícara, por exemplo. Tu vês uma xícara ou simplesmente revês tuas experiências passadas de pegar um xícara, de estar com sede, de beber de uma xícara, de sentir a borda de uma xícara contra teus lábios, de tomar o café da manhã e assim por diante? Tuas reações estéticas à xícara não são também baseadas em experiências passadas? De que outra forma saberias se esse tipo de xícara se quebraria ou não se a deixasses cair? O que sabes a respeito dessa xícara exceto aquilo que aprendeste no passado? Tu não tens nenhuma ideia do que essa xícara é, a não ser pelo teu aprendizado passado. Então, tu a vês realmente?

4. Olha ao teu redor. Isso é igualmente verdadeiro a respeito de qualquer coisa para a qual olhes. Reconhece isso aplicando a ideia de hoje indistintamente para o que quer que capte teu olhar. Por exemplo:

Eu vejo só o passado neste lápis.
Eu vejo só o passado neste sapato.
Eu vejo só o passado nesta mão.
Eu vejo só o passado naquele corpo.
Eu vejo só o passado naquele rosto.

5. Não te demores em nenhuma coisa em particular, mas lembra-te de não omitir nada de modo específico. Olha rapidamente para cada sujeito e, em seguida, passa para o seguinte. Três ou quatro períodos de prática, que durem aproximadamente um minuto cada, serão suficientes.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 7:

Caras, caros,

Comecemos a jornada de práticas com a lição de número sete: "Eu vejo só o passado".

Parece-lhes verdadeira esta ideia, esta afirmação? 

Eu lhes diria que, depois destes anos todos de prática, nada me parece tão verdadeiro quanto esta ideia, esta afirmação? 

E por quê?

Porque, a rigor, se nos voltarmos para tudo o que aconteceu antes no mundo em que pensamos viver, vamos encontrar lá, em algum lugar do passado, a explicação para nos convencer de que o que experimentamos em nossas vidas, dia a dia, não passa de ilusão.

A ciência já concluiu que o tempo que pensamos viver de forma linear, passado, presente e futuro, não existe. Ou seja, o tempo como o contamos é apenas uma convenção. Há sociedades e civilizações que contam e vivem o tempo de modo diferente do nosso. Basta pensarmos, por exemplo, que para nós este é o ano de número 2023, no calendário dito gregoriano, adotado nalgum momento no passado, por razões que não vêm ao caso. Já para os judeus o ano em que eles vivem é o de número 5782.

O Curso vai nos trazer daqui a pouco a afirmação, que já conhecemos todos e todas, de que o único tempo que existe é o presente. 

Sabemos disso, e este é um dos grande problemas que enfrentamos e que nos impede de viver bem, de viver a vida boa, porque não conseguimos atinar como viver apenas no presente. E todos os problemas que advêm desta nossa, por assim dizer, "incapacidade" de viver "o presente", de viver "no presente", e apenas no presente, são o que nos atormenta, o que nos impede de viver de fato.

Prestemos bastante atenção às instruções que acompanham a ideia para as práticas. Já no primeiro parágrafo, ou primeiro ponto, ela nos revela a razão para praticarmos todas as ideias anteriores até aqui. Melhor dizendo, o fato de só vermos o passado é revelador de que as coisas que vemos não significam coisa alguma e das outras que se seguiram à primeira ideia das práticas.

Há um segredo para se viver o presente. Um segredo que não é segredo para ninguém, mas que poucas pessoas pensam serem capazes de praticar. Ou porque o julgam muito difícil, ou porque preferem não pensar a respeito, ou ainda porque preferem não se dar ao trabalho de fazer o esforço necessário para viver a vida a partir deste segredo.

E qual é o segredo? 

Simples, simples, simples! 

Atenção! 

Sim, basta ficarmos atentos, ou atentas, a tudo e a todos e todas a nossa volta, atentos às experiências que se apresentam, vivendo uma de cada vez integralmente, sem medo de ser feliz, seja qual for a experiência que se apresente. Afinal, não podemos ter controle sobre nada, absolutamente  nada no mundo, a não ser sobre nossos pensamentos. E é só a atenção que vai nos permitir escolher os pensamentos que queremos. As coisas do mundo, vamos aprender com o ensinamento, e o próprio mundo, são neutras. Não há nada que possamos fazer para mudá-las. Tudo o que podemos fazer é mudar nosso modo de olhar para elas, permitindo que elas sejam o que são. Libertando-as do passado e do que nos ensinou o mundo sobre elas. Precisamos olhar para tudo, todos e todas, como se víssemos pela primeira vez. O tempo todo.

Às práticas?


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