segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Pensar sobre o passado é pensar apenas em ilusões

 

LIÇÃO 9

Eu não vejo nada tal como é agora.

1. Esta ideia, obviamente, resulta das duas anteriores. Mas, embora possas ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é improvável que ela signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, neste ponto a compreensão não é necessária. De fato, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer tuas ideias falsas. Estes exercícios se ocupam da prática, não da compreensão. Tu não precisas praticar aquilo que já compreendes. Na verdade, visar à compreensão e pressupor que já a tens seria andar em círculos.

2. É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Esta ideia pode ser bastante assustadora e pode encontrar resistência ativa sob inúmeras formas. No entanto, isso não impede sua aplicação. Não se pede nada mais do que isso para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo afastará um pouco as trevas e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha ficado livre dos escombros que o escureciam.

3. Estes exercícios, para os quais três ou quatro períodos de prática são suficientes, envolvem olhar ao redor de ti e aplicar a ideia do dia a qualquer coisa que vejas, lembrando-te da necessidade de sua aplicação indiscriminada, e da regra essencial de não excluíres nada. Por exemplo:

Eu não vejo esta máquina de escrever tal como ela é agora.
Eu não vejo este telefone tal como ele é agora.
Eu não vejo este braço tal como ele é agora.

4. Começa com as coisas mais próximas de ti e depois estende o alcance para fora:

Eu não vejo aquele cabide de casacos* tal como ele é agora.
Eu não vejo aquela porta tal como ela é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como ele é agora.

5. Salienta-se mais uma vez que, embora não se deva tentar uma inclusão total, tem-se de evitar qualquer exclusão específica. Certifica-te de que és honesto para contigo mesmo ao fazer esta distinção. Podes ser tentado a escondê-la.

*Nota de Tradução: Vide nota à tradução da lição conforme publicação em 9 de janeiro de 2010. 

*

COMENTÁRIO:

Explorando a Lição 9:

Caras, caros,

Continuemos.

Está claro para vocês que esta ideia é a razão pela qual só vemos o passado?

Na verdade, ninguém vê coisa alguma. Aquilo que alguém vê, ou pensa ver, é apenas seus pensamentos projetados para fora, para formar a imagem em que a pessoa pensa.

A preocupação da mente das pessoas, nossa preocupação, com o passado é que é a causa da concepção equivocada de tempo de que sofre nossa visão.

Nossa mente - a mente das pessoas em geral - não pode apreender o presente. E o presente é o único tempo que existe. Por esta razão é que nossa mente, além de não entender o tempo, não pode, de fato, compreender coisa alguma.

Vejam o que diz a escritora americana Siri Hustvedt, a respeito da apreensão do presente, em seu livro O verão sem homens:

"É impossível descortinar uma história enquanto a estamos vivendo; não tem forma, mas uma procissão incipiente de palavras e coisas, e sejamos francos: nunca se recupera o que se passou. A maior parte some mesmo. (...) O tempo não é externo - é interno. (...) Apenas nós temos passado, presente e futuro, e o presente é de todo modo uma experiência tão fugaz; mais tarde ele é retido e codificado ou escorrega para dentro da amnésia. A consciência é produto do retardo."

É por esta razão que o Curso afirma que o único pensamento inteiramente verdadeiro que podemos ter acerca do passado é que ele não está aqui, quer dizer, ele não existe. Assim, pensar a respeito do passado, de qualquer modo, é apenas pensar em ilusões.

Poucas pessoas percebem de forma clara as consequências de retratar o passado ou de prevenir-se do futuro. De fato, quando a mente faz isso, ela está simplesmente vazia, pois apenas pensa sobre nada.

É claro que o Curso não espera de nenhum, nem de nenhuma de nós, que aceitemos prontamente esta ideia e que passemos a viver a partir da consciência que ela que nos dar a respeito de nossa visão. É, no entanto, muito importante que a pratiquemos como as orientações nos pedem para fazer, pois só as práticas vão criar em nós aquela dúvida que vai dia a dia permitir que questionemos o que o mundo busca nos fazer crer.

Às práticas?

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