quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Só o perdão nos permite acessar a paz do espírito


LIÇÃO 334

Reivindico, hoje, as dádivas que o perdão dá.

1. Não vou esperar outro dia para achar os tesouros que meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos desaparecem, mesmo porque se baseiam em percepções falsas. Permite que hoje eu não aceite dádivas tão mesquinhas novamente. A Voz de Deus oferece a paz de Deus a todos que ouvem e escolhem seguí-Lo. Esta é minha escolha hoje. E, assim, vou encontrar os tesouros que Deus me dá.

2. Busco apenas o eterno. Pois Teu Filho não pode se satisfazer com nada menos do que isso. O que, então, pode servir de consolo para ele, a não ser aquilo que Tu ofereces a sua mente confusa e coração amedrontado, para lhe dar segurança e lhe trazer paz? Quero ver meu irmão sem pecado hoje. Esta é Tua Vontade para mim, pois deste modo verei minha inocência.

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COMENTÁRIO:

A ideia que o Curso nos oferece para as práticas nesta quinta-feira, dia 29 de novembro, tem a ver com tomar posse da herança de filhos de Deus, a que temos direito natural, por ainda sermos tal qual Deus nos criou, conforme ensina o UCEM de várias maneiras e em várias ocasiões ao longo do texto e dos exercícios.

Tem a ver com o perdão, que é a forma de acessar essa herança. E perdoar o mundo é o mesmo que abandoná-lo, é o mesmo que abrir mão dele, para ganhá-lo por inteiro, à luz da percepção verdadeira, sabendo que ele não vai durar, que ele não é eterno e não tem senão o valor que lhe damos, que é sempre temporário e variável. Por dependente da percepção que temos e que, ora nos mostra algo como útil, ora como inútil.

Perdoar o mundo, como eu já disse antes, em sintonia com o que o Curso ensina, é esquecer o passado. É entregar o mundo e seu futuro a seu próprio destino, sem qualquer intenção de controle, sem qualquer pretensão de saber ditar a ele "melhores" modos e comportamentos.

Repetindo, perdoar o mundo é reconhecer que ele não tem nada que queiramos realmente. É dar a ele apenas o valor que lhe é devido por sua impermanência, por sabê-lo passageiro e mutável, reconhecendo a diversidade apenas como aspectos diversos da mesma ilusão, que o cria e constrói a partir de pensamentos baseados na crença em uma ideia que valoriza a separação, como se ela fosse verdadeira, esquecendo-se da Unidade, de que todos somos partes.

Para nos lembrarmos de tudo isso, ofereço-lhes mais uma vez a passagem do livro Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, na qual ele nos apresenta a compreensão disto, a partir da percepção do Menino, em um trecho de uma das estórias:

"E, vindo outro dia, não no não-estar-mais-dormindo e não-estar-ainda-acordado, o Menino recebia uma claridade de juízo - feito um assopro - doce, solta. Quase como assistir às certezas lembradas por um outro; era que nem uma espécie de cinema de desconhecidos pensamentos; feito ele estivesse podendo copiar no espírito ideias de gente muito grande. Tanto, que, por aí, desapareciam, esfiapadas.

"Mas naquele raiar, ele sabia e achava: que a gente nunca podia apreciar, direito, mesmo as coisas bonitas ou boas, que aconteciam. Às vezes, porque sobrevinham depressa e inesperadamente, a gente nem estando arrumado. Ou esperadas, e então não tinham gosto de tão boas, eram só um arremedo grosseiro. Ou porque as outras coisas, as ruins, prosseguiam também, de lado e do outro, não deixando limpo lugar. Ou porque faltavam ainda outras coisas, acontecidas em diferentes ocasiões, mas que careciam de formar junto com aquelas, para o completo. Ou porque, mesmo enquanto estavam acontecendo, a gente já sabia que elas já estavam caminhando para se acabar roídas pelas horas, desmanchadas..." 

Não lhes parece que as práticas podem nos levar mais depressa ao encontro de nós mesmos, no Ser, em Deus, com Ele?

OBSERVAÇÃO: Este comentário reprisa com as pequenas modificações necessárias e uns poucos acréscimos o comentário feito a esta mesma lição no ano passado. Continuo sem meu computador e postando de modo precário.

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