segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Para deixar a vontade seguir as forças cósmicas


LIÇÃO 317

Sigo pelo caminho escolhido para mim.

1. Tenho um lugar específico a ocupar; um papel só para mim. A salvação espera até eu aceitar este papel como aquilo que escolho fazer. Até eu fazer esta escolha, sou escravo do tempo e do destino humano. Mas quando eu, com disposição e alegria, seguir pelo caminho que o plano de meu Pai escolheu para eu seguir, então, reconhecerei que a salvação já está aqui, já foi dada a todos os meus irmãos e já é minha também.

2. Pai, é Teu caminho que escolho hoje. Escolho ir aonde ele me levar, escolho fazer o que ele quiser que eu faça. Teu caminho é inevitável e o fim é seguro. A lembrança de Ti me espera nele. E todas as minhas tristezas terminam no Teu abraço, no abraço que Tu prometeste a Teu Filho, que pensou equivocadamente se ter perdido da proteção segura de Teus Braços amorosos.

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COMENTÁRIO:

Como já há algum tempo não me refiro ao jagunço Riobaldo, resolvi, nesta segunda-feira, 12 de novembro, reprisar quase que por inteiro o comentário feito a esta lição no ano passado. Creio que ele continua pertinente e pode nos auxiliar a aprofundar a reflexão com a ideia que o Curso nos oferece para as práticas hoje. Segue, pois aí:

Em um dos trechos de sua obra maior, Grande Sertão: Veredas, fazendo a fala do jagunço Riobaldo manifestar um desejo que todos, lá bem no fundo, sem saber manifestar muitas vezes, temos - e que já citei aqui há algum tempo -, Guimarães Rosa diz:

"Queria entender do medo e da coragem, e da gã que empurra a gente a fazer tantos atos, dar corpo ao suceder." 

Isto é, muitas vezes, em várias situações diferentes, nos perguntamos por que razão fizemos esta ou aquela coisa, ou mesmo o que levou Fulano ou Sicrano a procederem desta ou daquela forma. Algumas delas - muitas também -, sem entender que somos nós mesmos os responsáveis pelas escolhas que fazemos. Ou seja, perguntamo-nos a respeito das razões que nos levaram a agir deste ou daquele modo, ou das que levam outros a suas ações, como se houvesse alguma coisa fora de nós que pudesse determinar a direção de nossos atos.

O próprio Rosa na continuação de sua fala conclui que:

"O que induz a gente para más ações estranhas, é que a gente está pertinho do que é nosso por direito, e não sabe, não sabe, não sabe!"

A ideia que praticamos neste domingo pode dar a impressão de que alguém que não nós mesmos escolheu um caminho que nos dispomos a seguir, quando resolvemos aceitar a ideia que o Curso nos oferece. Ledo engano!

Apesar de a ideia nos pôr em contato com a necessidade de tomar uma decisão que envolve seguir um caminho aparentemente já escolhido, não é exatamente assim que devemos pensar a seu respeito. Ela, e o Curso de modo geral, apenas nos pede que reconheçamos a necessidade de aceitar o função que nos cabe no plano de Deus, não passiva, mas conscientemente. Isto é, decididos a tomar posse daquilo que é nosso por direito e não sabemos, não sabemos, não sabemos!

Para tanto, como o Curso nos ensina não é preciso fazer nada. Mas um "não fazer nada" que também não é passivo. Um "não fazer nada" que envolve a decisão de aceitar o papel que Deus reservou a cada um de nós para alcançarmos e vivermos a alegria completa e perfeita, que é Sua Vontade para todos e para cada um de nós, conforme já aprendemos com este ensinamento. Na verdade, um papel que envolve a decisão de render-se à Vontade de Deus, que, como aprendemos aqui, é a mesma que a nossa. 

Ou, para usar as palavras de Francis Utéza, um estudioso de Guimarães Rosa, em seu livro, JGR: Metafísica do Grande Sertão, referindo-se ao ensinamento dos taoistas e comparando-o à fala de Rosa a que me referi acima:

"... o homem só encontra seu exato lugar na imensa espiral do universo se deixar sua vontade acompanhar as forças cósmicas que regem o movimento".

É disso que trata hoje a nossa prática.


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