domingo, 22 de abril de 2018

Viver distante da luz, da alegria e da paz, não é viver


LIÇÃO 112

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (93) A luz e a alegria e a paz habitam em mim.

Eu sou o lar da luz e da alegria e da paz. Eu as acolho no
lar que compartilho com Deus, porque sou uma parte d'Ele.

2. (94) Eu sou como Deus me criou.

Continuarei a ser como fui para sempre, criado pelo
Imutável como Ele Mesmo. E sou um com Ele e Ele comigo.

3. Para a hora:
A luz e a alegria e a paz habitam em mim.

Para a meia hora:
Eu sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 112

Lembremo-nos, como nos indica a introdução deste período de revisão, de reservar os primeiros e os últimos cinco minutos de nosso dia de vigília para as práticas com as ideias de hoje. Lembremo-nos também de que a exploração das lições deste período está a cargo de cada um de nós.

Temos aqui, com cada um desses momentos de cinco minutos e/ou com qualquer intervalo de tempo que dediquemos às práticas, mais uma nova oportunidade de aprender [ou lembrar] o que, de fato, somos. Mais uma oportunidade de aprender a só nos identificarmos com nossos anseios mais profundos, de luz, de alegria e de paz, que já estão satisfeitos, por sermos quem somos.

Não há como viver longe da luz, da alegria e da paz, se aprendermos, reconhecermos e aceitarmos e praticarmos a ideia que afirma que ainda somos como Deus nos criou. Sempre seremos. Viver longe da luz, da alegria e da paz não é viver. É recusar-se a aceitar a Vontade de Deus para nós - para cada um de nós e para todos nós. 

Às práticas?


*

ADENDO:

2017. Abril, dia 22: De Villamayor de Monjardin a Viana (31 km)

A alvorada é cedo. Logo depois das seis acordo para ir ao banheio e já me preparo para o "desayuno", o café da manhã. Nenhum movimento de ninguém. Aparentemente não há aqui nenhum peregrino disposto a sair cedo.

Qual é o plano de hoje? Daqui a Los Arcos, o ponto seguinte para quem está seguindo o guia ao pé da letra, são cerca de doze, quase treze, quilômetros.

Os próximos pontos de parada possíveis são Samsol, acerca de sete quilômetros de Los Arcos, e Torres del Rio, cerca de um quilômetro depois de Samsol. Penso, então, que vou tentar chegar a Viana, o que daria uma caminhada de trinta e um quilômetros. Está bom para um peregrino inexperiente, neste que é o sétimo dia da caminhada, não?

Bem, saio de Villamayor uns minutos depois das oito.

Aqui, mais um parêntese.

O que serve de guia e de indicador para o peregrino são as conchas-símbolo do Caminho e a infinidade de setas amarelas que assinalam por onde seguir, em que direção andar. Normalmente, vê-se uma seta a cada 200/300, no máximo, 500 metros. E a advertência diz que se você andar mais de um quilômetro e não vir uma seta é melhor voltar ao ponto em que viu a última e retomar o caminho a partir daí.

Mas quem diz?

Tudo segue muito bem até aqui. Demoro cerca de duas horas e meia para alcançar Los Arcos, onde me abasteço de um suco e de água, além de alguns minutos de descanso.

Daí, sigo para Samsol, aonde chego às 12 horas. Há um bar-restaurante agradável, com mesas numa área externa com árvores frutíferas e não, uma espécie de fonte com água corrente. Pássaros buscando restos de alimentos nas mesas fazem a festa.

Almoço aí: um "bocadillo de jamon y queso" e "una cerveza". Aí já está Peter, um dos "estranja" de não me lembro onde, de saída. Vai esticar até Viana. Despedimo-nos.

Quarenta e cinco minutos depois, saio de Samsol seguindo as setas e ando, e ando, e ando. Logo ao sair do bar, as setas indicavam um caminho que levava à estrada de asfalto e a atravessava. A partir da travessia o caminho bifurca: à esquerda, onde não se vê seta alguma. A lógica diz para continuar pela direita, onde avisto várias pilhas enormes de feno.

Depois de andar cerca de uma hora sem encontrar nenhum sinal - teimosia? - de que estou no caminho certo, já meio cansado para voltar ao ponto de onde parti, resolvo ir em frente, na direção de uma antena de celular, presumo, gigante que avisto. Como estou subindo, penso que de lá vou ver alguma indicação do caminho. 

Nada!

Há uma construção um pouco à frente, à esquerda, onde imagina poder encontrar alguém para pedir orientação.

Nada! Ninguém! Só vacas!

Do ponto a que cheguei, porém, enxergo uma estrada asfaltada. Carros passam numa direção e noutra. Poucos, é verdade. 

Perdido! No meio do nada, num país estranho. 

Decido então, seguir descendo na direção da estrada. É provável, bem provável, digo para mim mesmo, que lá encontra alguma placa indicativa, algum sinal que me diga onde estou e para onde devo ir.

Chego na estrada e escolho caminha para a minha esquerda, uma vez que não há placa alguma e descubro, logo em seguida, uma espécie de confluência de estradas. Há acima de terreno em que me encontro uma "Autopista" que despeja uma parte dos carros nesta estrada local.

Sem saber direito o que fazer, decido andar pela "Autopista", o que - descubro um pouco mais tarde - é proibido e passível de multa. Pela marcação da quilometragem na via é possível saber quantos quilômetros ando e quanto tempo demoro entre uma marca e outra - cerca de seis ou sete minutos para fazer um quilômetro.

Adiante, vejo placas que apontam para Logroño: a cerca de quinze quilômetros, e sigo. Carros em alta velocidade passam por mim, procuro ficar o mais à margem possível, andando às vezes do lado de fora da proteção de metal que há na estrada. Alguns buzinam. A rodovia tem câmeras.

Chego a andar mais ou menos três ou quatro quilômetros, quando uma viatura da polícia rodoviária espanhola me alcança e faz sinais para que eu pare. Os policiais param a viatura à margem da rodovia, alguns metros adiante de mim e me pedem para alcançá-los. Um dos guardas, bem compreensivo e paciente, me fala da proibição e do perigo e me pergunta porque não telefonei. Digo-lhe que não sabia, que não tinha como telefonar. O outro, meio mal-humorado, diz sentir muito mas que vai ter de me multar porque foram acionados por vários motoristas que ligaram para a central informando que havia um "peaton" na autopista. Além disso há também as várias câmeras que me registraram a andar na via.

Digo-lhes que tudo bem, que eu não sabia. O guarda mais simpático diz que também já fez o Caminho. O outro me pede os documentos e aplica a multa - cinquenta euros -, que pago passando o cartão na maquininha que eles trazem consigo. Ele preenche a papelada e me dá as minhas vias, pedindo que eu ponha a mochila e os bastões no carro e entre.

Embarcado na viatura, eles partem na direção de Viana. A cerca de dois quilômetros do ponto onde estávamos vejo a placa indicando a saída para Viana. Não posso deixar de pensar que se eles tivessem se demorado apenas uns dez minutos mais para me alcançar eu teria chegado sozinho. Teria andado muito mais, é claro.

Depois da saída, uns poucos minutos e estamos no trevo de Viana. Eles me desembarcam, indicam a direção e se despedem. Assim que eles parte e tomam o caminho de volta, percebo que deixei meus bastões na viatura. Penso, então, que agora sim, a multa ficou cara. 

Um detalhe a registrar aqui é que quase que invariavelmente, mesmo quando se está andando em terreno plano, a chegada a um povoado implica sempre numa subida enorme que exige um grande esforço. Não é diferente com Viana.

Após a subida exaustiva, chego ao albergue, que cobra oito euros pelo pernoite e não oferece nada, a não ser a cama. É meio velho e aparenta falta de cuidados. A moça da recepção parece estar muito mal-humorada. Também pode ser um registro equivocado meu por conta do que passei para chegar até aqui. 

Depois do registro no albergue e do banho, saio para jantar. Ainda no restaurante alguém me avisa que meus "amigos" policiais passaram procurando por mim lá no albergue. Ao chegar na acomodação 3, cama 41, meus bastões estão lá. Intactos.

Incluo aqui um registro do pôr-de-sol em Viana, feito às 21:10 horas, o que seriam 16:10 hora no Brasi:



Durmo tranquilo, após o cuidado com os pés. Creio que o calor durante a caminhada pelo asfalto foi responsável pelo começo da apresentação de bolhas em meu pé esquerdo.

Amanhã a aventura recomeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário