LIÇÃO 116
Para revisão pela manhã e à noite:
1. (101) A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.
A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita. E eu só
posso sofrer a partir da crença em que existe outra vontade
separada da d'Ele.
2. (102) Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim.
Eu compartilho a Vontade de meu Pai para mim, Seu Filho.
Tudo o que quero é o que Ele me dá. Tudo o que existe é o
que Ele me dá.
3. Para a hora:
A Vontade de Deus para mim é a felicidade perfeita.
Para a meia hora:
Eu compartilho a Vontade de Deus de felicidade para mim.
*
COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 116
Continuemos nossa revisão com vistas a aprender ou re-aprender, reconhecer e aceitar como verdades, a primeira ideia para as práticas e, como desdobramento natural dela, e não menos verdadeira, a segunda das ideias de hoje. Ambas pressupõem e afirmam a verdade de que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma, uma vez que tudo o que queremos e buscamos, de fato, façamos o que quer que façamos, pensemos o que quer que pensemos, é a felicidade. Ou me engano?
Para chegar a ela [à felicidade], precisamos das práticas de hoje. E das práticas de todos os dias. Precisamos delas para aprender de uma vez por todas que só é possível se acreditar no sofrimento quando acreditamos que existe em nós uma vontade diferente da Deus, separada da d'Ele. Isto é, quando acreditamos em um Deus separado de nós e daquilo que somos, na verdade.
De acordo com o ensinamento do Curso, o mundo não precisa, nem deve, ser um local de sofrimento, até porque ele só existe como projeção do que pensamos que ele é, isto é, da interpretação que fazemos dele. Mas como já sabemos só nós mesmos escolhemos nossos pensamentos. Se já aprendemos que nossa única função aqui é a salvação, como e por que manter o mundo aprisionado a pensamentos de escassez, de falta, de necessidades, de dor, de sofrimento, de doença, de separação e de morte?
"Tu não precisas fazer nada."
Esta é uma das ideias centrais do ensinamento. O que ela significa, no entanto, não tem nada a ver com o que o ego entende por não fazer nada. Ela se refere, sim, à entrega. Isto é, no sentido mais profundo que podemos encontrar para ela, esta ideia significa render-se à condição de Filho de Deus. Aceitar-se como filho de Deus e acreditar, pondo em prática, a ideia de que ainda somos como Deus nos criou. Sempre fomos. Sempre seremos. Ou como abaixo.
Ela também se relaciona de forma estreita à aceitação de outra das ideias centrais do ensinamento:
"Eu [ainda] sou como Deus me criou".
Isto é, nada do que eu faça ou de que possa pensar em fazer pode macular minha inocência ou pureza. É preciso também que estejamos dispostos a aceitar por completo o fato de que não sabemos o que é melhor para nós, em nenhuma circunstância, mesmo quando pensamos ser capazes de decidir sozinhos, por nós mesmos.
Todas as decisões que tomamos e todas as escolhas que fazemos, ou pensamos fazer, só podem nos levar na direção certa, se forem permeadas por nossa busca pela orientação do Ser em nós. Afinal, não sabemos escolher nem decidir sozinhos. Por quê? Porque é só na ilusão que podemos escolher. Há apenas uma escolha a se fazer, o Curso ensina: é a decisão de escolher o Céu. Como uma lição diz: "O Céu é a decisão que tenho de tomar". Sem esta decisão não há como encontrar sentido em nada do que nos acontece. Não há como se chegar à salvação.
E a salvação não é nada mais do que dar ouvidos, com seriedade, porém, com alegria ao que as ideias que revisamos hoje nos dizem. O que poderia ser melhor do que reconhecer, aceitar e compreender de uma vez por todas que a Vontade de Deus para nós é a felicidade completa e perfeita, e que compartilhamos da Vontade d'Ele?
A salvação é também cura para nossas percepções equivocadas, cura para esta crença em uma separação que não existe, nem pode jamais existir. E cura para o Curso é isso: "curar é devolver à alegria". O que é a mesma coisa que devolver à unidade. Assim, a salvação, a cura, a alegria e a felicidade completas e perfeitas são todas formas diferentes de definir a única Vontade de Deus para nós, que em nenhuma hipótese pode ser diferente da nossa.
É nesta direção que nos encaminham as práticas. Hoje é todos os dias.
A elas, pois.
*
ADENDO:
Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo)
2017. Abril, dia 26: De Grañon a Villafranca Montes de Oca (28,5 km)
Saímos. Quer dizer, Tina e Márcio e Alexandre saíram antes de mim, creio que lá pelas seis e quarenta, seis e cinquenta. Minha saída se deu depois das sete.
O plano inicial, em conversa que tivemos é chegar hoje até Tosantos, que - disse-nos alguém - tem um albergue similar ao de Grañon, que revelou ser aquela experiência incrível de que falei.
Ao se sair de Grañon, o primeiro ponto do caminho é Redecilla del Camino, a que se seguem Castildelgado, Viloria de Rioja, Villamayor de Rio e, finalmente, Belorado, uma cidade um pouco maior do que as anteriores, pequenas vilas, vilarejos, no caminho.
Parei em Belorado para um lanche - por volta das 10:30 h - e para ver se nalgum lugar era possível achar uma capa de chuva razoável, uma vez que a que trouxe comigo do Brasil rasgou na primeira vez que foi preciso usá-la.
Tentativa inútil.
Uma loja - um bazar em que uma chinesa de má vontade me mandou procurar inutilmente nalgum ponto nos fundos da loja - não tinha. Parei, entrei numa papelaria e perguntei a uma das pessoas que atendia lá - uma moça - se ele poderia me indicar algum comércio para eu comprar a bendita capa de chuva. A resposta dela foi a de que ela acreditava que eu não ia encontrar nada do tipo em Belorado. Seu conselho foi o de que eu comprasse uma cortina de box numa loja de eletrodomésticos e similares das imediações para quebrar o galho.
Agradeci e parti. Não resta outra coisa a fazer a não ser caminhar.
Ponto seguinte: Tosantos. Nenhuma alma viva aparente. Seguindo, Villambista. Não senti firmeza para parar. Depois destes dois pontos, chega-se a Espinosa del Camino, onde só há um albergue que abriga apenas oito pessoas. O detalhe: uma placa na porta do estabelecimento continha o seguinte aviso: "não abre às quartas". O dia? Quarta-feira, é óbvio.
Resta, então, seguir para Villafranco Montes de Oca, cerca de quatro quilômetros adiante. No caminho passa-se pelo Monasterio de San Felices.
Ao chegar a Villafranco, o peregrino tem uma bela acolhida no Albergue San Antonio Abade - na verdade um hotel muito bom -, que tem acomodações do tipo albergue para peregrinos, além das acomodações privativas, por um preço mais salgado. O peregrino pode pernoitar por sete euros em quartos com beliches, ou em camas baixas, em acomodações separadas, por dez euros. Tina e Márcio resolveram pagar por um quarto privativo. Eu escolhi uma cama baixa. Alexandre, eu soube depois, ficou em Belorado.
O albergue-hotel oferece também um jantar para os peregrinos que é servido das sete às nove da noite, com um cardápio especial por doze euros.
Ao chegarmos, fomos brindados também pela neve. Uma neve rala, que confirmava o frio que sentíamos durante a caminhada. Depois de escolher minha baia (qualquer cama vazia no alojamento), que dava direito a um pequeno armário para guardar os "terens", um bom banho e um trato nos pés, com cada vez mais bolhas, desço à cafeteria para comer algo em lugar de almoço antes da "cena", que ainda vai demorar um tempo e para pôr em dia este relato.
A conexão com a internet é ótima.
O jantar, chegada a hora, é servido em um ambiente muito agradável. Várias mesas distribuídas em um salão grande, com muitos, mas muitos mesmo, peregrinos. Chego um pouco mais tarde e só há um lugar numa mesa, com uma moça francesa, de quem não tem jeito de eu lembrar o nome. As mesas onde há gente que conheço já estão ocupadas.
Escolhemos os pratos, a moça e eu, uma garrafa de vinho e conversamos. E comemos. E conversamos. Se eu entendi direito o francês dela, ela trabalha como "coiffeuse" em um salão nas imediações de Montpellier, no sul da França.
Após o jantar, vamos todos para os alojamentos, para descansar. Amanhã tem mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário